Grupos de Trabalho Aprovados
01 Políticas e Processos Decisórios em Museus e Patrimônio Cultural no Brasil
Coordenação
João Victor Polaro Soares / Júlia Erminia Riscado
Esta proposta de Grupo de Trabalho (GT) visa abordar pesquisas que conectem os estudos sobre Museus e Patrimônio Cultural com a agenda da política e os processos decisórios das instâncias governamentais brasileiras, sejam elas municipais, estaduais ou federais. Nosso objetivo é dialogar com pesquisas que compreendem como a política impacta diretamente na gestão e administração dos museus, memoriais, patrimônio e demais espaços musealizados, sejam eles caracterizados por políticas públicas, projetos legislativos ou decisões judiciárias. Entendemos que a inserção social dos museus e a participação das comunidades são fundamentais para a construção de políticas públicas que garantam os direitos dos detentores de gerir seus patrimônios. Nesse sentido, nosso GT pretende explorar como as instituições museológicas podem funcionar como dispositivos de transformação social, promovendo a inclusão e a diversidade. O debate teórico deste GT permitirá intersecções entre a Museologia e os estudos epistemológicos de bibliografias da Sociologia e Ciência Política entre outras. Abordaremos as formas pelas quais as políticas públicas, as legislações e as decisões políticas moldam a maneira como os museus e os patrimônios culturais são administrados e preservados, destacando a importância da participação comunitária e do engajamento social. Pretendemos fomentar a discussão sobre como os museus, como instituições sociais, educativas e políticas, podem provocar debates sobre problemas contemporâneos e servir como plataformas para a reflexão e a partilha de conhecimentos. Ao integrar as teorias e métodos do campo da Museologia com os estudos sobre inserção social, este GT visa contribuir para a compreensão e a promoção de práticas museológicas que sejam inclusivas e participativas. Convidamos pesquisadores que tenham interesse em explorar as interseções entre Museologia, Patrimônio Cultural e Política a se juntarem a nós neste GT, para juntos promovermos um debate enriquecedor sobre os desafios e as oportunidades de gestão e administração dos museus e patrimônios culturais no Brasil.
02 Patrimônio e Memória da Alteridade em Coleções Museológicas de Arte e Cultura Populares
Coordenação
Vânia Dolores Estevam de Oliveira
Elizabete de Castro Mendonça
Ricardo Gomes Lima
As novas tipologias de museus e, como decorrência disso, as novas configurações de acervos, trazem variadas possibilidades de pensar e exercitar a museologia, e ao mesmo tempo, desafios para a gestão de coleções, sobretudo nas ações de conservação e documentação de acervos museológicos. Este GT está em sua quarta edição no 6º Sebramus e tem como proposta congregar trabalhos sobre colecionismo, percursos, estudos de performances culturais e representações artísticas em coleções de museus, com ênfase nos acervos relacionados a expressões de cultura popular. Considerando que a atuação cultural, sobretudo na esfera museal, e mais pontualmente, no estímulo e apoio à cultura popular, é forma de luta e resistência, serão apreciados principalmente, mas não exclusivamente, trabalhos que abordem musealizações de acervos de arte e cultura populares e seus assemelhados, tais como objetos de cultos de matriz africana e de origem indígena, que apresentem aspectos não usuais, ou que causem estranheza no contexto tradicional da formação de coleções museológicas. Interessam-nos trabalhos que abordem os conceitos de arte e cultura populares, com possíveis implicações na política de constituição de acervo e nos sistemas de documentação e conservação das instituições museológicas; a exemplo de objetos que são alterados em sua forma física ao longo de sua trajetória no museu, por serem postos em interação constante com a realidade social circundante, ou por tomarem parte em eventos do calendário festivo das cidades em que se inserem, pelo envolvimento e ação comunitária. interessam-nos igualmente, acervos relacionados a temáticas incomuns ou que levantem questionamentos relativos à patrimonialização, documentação e conservação, em contraposição aos interesses e anseios da sociedade envolvida com o bem em questão. São bem vindos trabalhos de pesquisa e relatos de experiência que subvertem ou põem em discussão a origem e aquisição de acervos de arte e cultura populares que fujam aos padrões tradicionais de constituição das coleções museológicas. Resultados de disputas, em campos de tensão criados e performados no interior do mundo museológico, esses objetos espelham visões de mundo que têm se modificado, alterando também as instituições que os abrigam.
03 História e Cibermuseologia
Coordenação
Valério Rosa de Negreiros
Francisco de Assis de Sousa Nascimento
O Grupo de Trabalho está em sintonia com o tema geral do 6º SEBRAMUS, ao propor uma reflexão sobre as práticas museológicas contemporâneas em um cenário de avanço tecnológico. A cibermuseologia surge como um campo de estudo e prática que responde às demandas de preservação, salvaguarda e democratização do patrimônio cultural, unindo memória, tecnologia e inovação social. Com a crescente digitalização dos acervos e a virtualização das instituições museológicas, torna-se pertinente e necessário debater o impacto dessas tecnologias tanto na preservação física e digital dos patrimônios, quanto na mediação e no acesso do público a esses conteúdos. A cibermuseologia oferece formas de inserção social e ressignificação dos museus temas centrais abordados pelo SEBRAMUS. O objetivo deste Grupo de Trabalho é reunir pesquisadores/as e profissionais que atuam na interseção entre história e cibermuseologia para discutir como as tecnologias digitais podem tornar os museus mais participativos, inclusivos e inovadores. Além disso, busca-se refletir sobre os desafios e as oportunidades trazidas pela digitalização, curadoria digital, biossegurança de acervos e divulgação científica, elementos que estão diretamente relacionados ao campo museal contemporâneo, com foco na preservação e valorização do patrimônio cultural. Acolheremos trabalhos que reflitam sobre a cibermuseologia como uma subdivisão emergente da museologia, destacando sua relevância na preservação e popularização dos acervos científicos e culturais; que discutem como as tecnologias digitais fortalecem as práticas museológicas, especialmente na curadoria digital, acessibilidade e visitas virtuais, promovendo maior inclusão social; trabalhos que avaliem o impacto da virtualização dos museus na ampliação do acesso e sua contribuição para a inovação nos museus. Portanto, neste GT analisaremos o papel da cibermuseologia na qualificação profissional de trabalhadores/as de museus, museólogos/a; historiadores/as e pesquisadores/as em geral, destacando sua relevância para a inovação nos campos de curadoria e gestão de acervos. Temas como Memória, Tecnologia e Inovação Social, discutindo como a digitalização pode ressignificar os museus; Curadoria Digital e Divulgação Científica, explorando novas formas de exibir e interpretar coleções em ambientes virtuais; Acessibilidade e Inclusão Social, refletindo sobre a virtualização dos museus; Inovação Tecnológica e Museus, analisando o impacto nas redes de resistência social; a Formação Profissional e Cibermuseologia, abordando as oportunidades e desafios da profissionalização no campo serão bem-vindos neste GT.
04 Tragédias climáticas, resgates de acervos, espaços e memórias
Coordenação
Jeniffer Alves Cuty
Doris Rosangela Freitas do Couto
Nilza Cristina Taborda de Jesus Colombo
Em maio de 2024, diversas regiões do Rio Grande do Sul enfrentaram chuvas intensas, que ultrapassaram 600 milímetros em poucos dias, provocando enchentes, inundações e deslizamentos de terra, sobretudo, na serra, nos vales, na região metropolitana de Porto Alegre e no sul do Estado. As inundações afetaram residências e prédios que abrigavam funções diversas, tais como museus. As perdas foram significativas, com mais de 20 museus gravemente afetados no estado. Esta tragédia climática decorrente de fatores diversos, entre eles volumes excessivos de água combinados à negligência do poder público na manutenção e no investimento de sistemas de combate às situações extremas, estão no foco de estudo deste GT. O país enfrentou tragédias de grandes proporções também pelo rompimento de barragens, como em Mariana e Brumadinho (2019). No âmbito internacional, o ano de 1966 é um marco de destruição de documentos e acervos artísticos do Renascimento, tendo em vista a enchente de Florença, a partir do qual se construiu as bases teórico-metodológicas da Conservação Preventiva. Atualmente, compreendemos a Conservação Preventiva entrelaçada aos preceitos do gerenciamento de riscos como um conjunto de ações éticas diante dos acervos. Buscamos evidenciar estudos voltados às catástrofes climáticas e os seus impactos nas instituições museológicas e na relação de grupos sociais com locais atingidos. De igual forma, procuramos divulgar pesquisas que reflitam sobre os espaços físicos museais e suas conexões com os resultados das catástrofes, incluindo olhares sobre a arquitetura dos lugares de memória. Os relatos apresentados neste GT poderão vislumbrar a reflexão sobre resgates, ações solidárias e a necessidade premente de planos de segurança e emergência em museus, assim como arquiteturas resilientes.
05 Museologia e Educação: história, práticas e políticas públicas
Coordenação
Kamylla Passos
Mona Ribeiro Nascimento
Saulo Moreno Rocha
Qual o lugar da Educação na Museologia? Histórica e empiricamente esses campos se confundem, com aproximações, confluências e distanciamentos ao longo do tempo e das transformações socioculturais, econômicas e sociais. Mesmo antes do início das discussões acerca do papel social dos museus e o protagonismo da educação nesse contexto, o caráter educativo dessas instituições era evidenciado pela ação institucional e pelas mobilizações descritivas e/ou teóricas de seus profissionais. Desde os gabinetes de curiosidade, passando pela emergência do museu moderno e chegando aos museus de território e comunitários, é possível estabelecer diálogos com diversas correntes da educação e ideias pedagógicas, seja para compreender os fundamentos das práticas educativas museais ou para analisá-la à luz do tempo histórico específico em que foram realizadas. Entretanto, se estas aproximações vêm de longe, não faz muito tempo que a educação museal, com essa terminologia, se tornou no Brasil um campo autônomo com reflexões específicas e se propondo a um diálogo transdisciplinar entre os campos científicos da museologia e da educação. Assim, percebe-se a urgência de refletir sobre o lugar que a educação ocupa na museologia contemporânea e nas agendas do setor museal, lendo essas relações a partir de variadas lentes e entrecruzadas por diversas abordagens teóricas, metodológicas, práticas e políticas. É a educação museal um processo museológico? E sendo, qual o seu papel nos processos de musealização? Neste contexto, este GT acolherá trabalhos produzidos nas interfaces entre a Museologia e a Educação, com especial interesse em abordagens históricas e teóricas que analisem a prática educativa dos museus como um fenômeno inteligível a partir da ação de diferentes agentes, interessados no estabelecimento de relações entre os museus, a sociedade e o seu patrimônio. Envolvendo a relação da Museologia e Educação, em perspectiva histórica; Construção teórica nas relações entre museologia e educação; Relação das práticas educativas com a conservação, documentação, exposição, gestão e avaliação; Educação museal na formação em Museologia, na graduação e pós-graduação; Educação museal decolonial, contra-colonial e anticolonial; Educação museal, práticas sociais colaborativas e desenvolvimento social.
06 Museus e Ações Inclusivas
Coordenação
Rejane da Silveira Several
Márcia Regina Bertotto
Museus são espaços para compartilhar conhecimento que promovem a participação das comunidades a partir de práticas educativas acessíveis e inclusivas. A comunicação, nestes ambientes repletos de patrimônio, é essencial para as discussões contemporâneas inclusivas. Este Grupo de Trabalho, objetiva reunir pesquisas que abordem atividades, ações, experiências e práticas relativas à inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) em museus. Considerando que existem diversas formas de abordagem da inclusão, serão contemplados trabalhos que destaquem o acesso de PCDs aos museus, teorias referenciais sobre inclusão e acessibilidade e tipologias de deficiências, presentes na contemporaneidade. Também serão acolhidas perspectivas concernentes a ações culturais e práticas de público escolar em museus, estudos de público especializado em setores educativos de museus, bem como pesquisas que utilizam museus como espaços de educação não formal e inclusiva. Serão bem vindos trabalhos que dialoguem com políticas públicas de inclusão, análises sobre recursos de inclusão, direitos humanos, legislação e acesso à informação para PCDs. Sendo o museu uma instituição social transformadora, as temáticas que compreendam de que forma as atividades podem trazer a inclusão são importantes. Justificamos a proposta do GT no empenho de refletir, divulgar e debater a produção científica sobre acessibilidade e inclusão em museus reforçando e colaborando na ampliação de pesquisas e construção de políticas públicas que considerem e dinamizem a compreensão de que as pessoas possuem circunstâncias e necessidades distintas. Esperamos contar com diálogos profícuos que tenham como palco as diversas instituições e processos museais que procuram inserir novas possibilidades de saberes e fazeres alinhados com a Museologia Social na atualidade.
07 Museus, Memória e Museologia LGBTQIA+
Coordenação
Tony Willian Boita
Jezulino Lúcio Mendes Braga
Este Grupo de Trabalho visa reunir pesquisas que tratem de museus, memória e Museologia, com foco nas produções da comunidade LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers, Intersexuais, Assexuais e outras identidades de gênero e orientações sexuais), grupo historicamente excluído dos museus brasileiros. O principal objetivo é problematizar e analisar estratégias museológicas voltadas para a superação da LGBTfobia, conceito amparado pelas políticas públicas brasileiras, dentro do que se denomina Museologia LGBTQIA+. A proposta explora novas abordagens teóricas, contemplando políticas públicas, direitos humanos, estudos queer e interseccionalidade, além de promover práticas inovadoras, como a criação de museus e iniciativas comunitárias em memória e museologia social de tipologia própria voltados à comunidade LGBTQIA+. Além disso, pretende-se debater o fato museal e a cadeia operatória museológica, abordando a musealização de coleções representativas dessa comunidade e questões relacionadas à história dos museus, monumentos, patrimônios e arquivos. A ressignificação de exposições e acervos já existentes, as estratégias de formação de coleções, musealização de memórias orais, atualização das missões, visões, políticas e procedimentos técnicos e a invisibilização das sexualidades dissidentes em exposições de curta e longa duração são temáticas centrais que demonstram a diversidade de atuação e o potencial desta proposta. O Grupo de Trabalho, portanto, busca aprofundar essas discussões e ampliar o campo da Museologia LGBTQIA+ com novas abordagens. Paralelamente, propõe-se refletir sobre a incorporação desses temas no ensino de Museologia, tanto na graduação quanto na pós-graduação, fomentando o debate sobre o ensino, pesquisa e extensão das questões LGBTQIA+ no âmbito acadêmico e nas práticas museológicas.
08 Musealização da Arte: políticas identitárias, coletividades e a preservação de obras e acervos de arte
Coordenação
Anna Paula da Silva
Emerson Dionisio Gomes de Oliveira
Fernanda Carvalho de Albuquerque
A proposição da noção de museu, enquanto espaço que fomenta a diversidade, contempla as dinâmicas atuais de algumas instituições museais, especialmente por meio de aquisições de obras/objetos aos acervos e de exposições que almejam realizar, ou, que propiciam debates sobre pautas identitárias, coletividades, em meio aos seus processos de preservação e em suas práticas a serviço da sociedade e com participação das comunidades. Nesse sentido, coaduna-se com a proposição de Silvia Pantoja (2021) de “sistema confluente museológico” acerca dos “processos científicos das funções museais”, ou seja, processos de preservação/ de salvaguarda que envolvem pesquisa, documentação, conservação e comunicação. Os processos de musealização envolvem o desenvolvimento desse sistema confluente museológico, considerando escalas de análise das temporalidades e dos espaços (Silva, Oliveira, Cortês, 2023) de obras de arte e de objetos, bem como o agenciamento sobre eles, ou seja, a interpretação dos contextos dos bens culturais. Desse modo, o grupo de trabalho, Musealização da Arte: políticas identitárias, coletividades e a preservação de obras e acervos de arte, propõe diálogos sobre a produção artística, os processos institucionais e as perspectivas dos agentes envolvidos no que tange a produção de conhecimento sobre obras em espaços museais, a criticidade e as proposições das instituições, dos grupos sociais e dos indivíduos envolvidos — artistas, público, museólogas e outros profissionais de museus — acerca da produção artística, sobretudo quando se trata de inserção social e do debate das lacunas de representatividade em acervos. Espera-se comunicações que possam debater os processos de musealização da arte a partir de experiências artísticas e das obras de arte em museus e em outras instituições museais, considerando diálogos sobre identidades, memórias e patrimônios, a partir da documentação museológica, conservação preventiva, curadorias, expografias, ações culturais e educativa, inclusive vislumbrando possibilidades teóricas de diferentes museologias, das práticas em museus sobretudo com seus acervos/ suas coleções, nas provocações das obras e dos artistas às instituições, bem como as discussões acerca das pautas identitárias e decoloniais no sistema da arte.
09 Museologia, cultura digital e Inserção Social
Coordenação
Rafael Teixeira Chaves
Rita de Cássia Maia da Silva
Carmen Silva
Os avanços no uso de tecnologias digitais em museus apresentam um desafio para profissionais e pesquisadores: como garantir a coerência na aplicação dessas ferramentas, promovendo a participação das comunidades em experiências museológicas? Com o surgimento da web 2.0, a internet e as mídias digitais têm ampliado as oportunidades de partilha de conhecimentos, além de criar novas formas de interação entre grupos culturais e seu patrimônio. Nesse contexto, as instituições museais e seus profissionais são instigados a aprofundar o entendimento sobre o uso dessas tecnologias como um recurso para a transformação social, criando ambientes em que o protagonismo profissional e comunitário seja exercido de acordo com os princípios da museologia contemporânea. Este GT busca abrir espaço para o intercâmbio de experiências, métodos e debates sobre os impactos das tecnologias digitais da informação e comunicação nos processos museológicos e nas diversas experiências museais voltadas à difusão do patrimônio e à valorização das identidades como recursos para a democracia e a inclusão social. Questões como mobilização social e política, sustentabilidade, aplicação da LGPD, avanço das Fake News, uso da Inteligência Artificial e as mudanças cognitivas e psicológicas associadas ao avanço das TICs sobre a formação profissional e as formas de conceber os museus são temas transversais essenciais para refletir sobre o papel dessas instituições no mundo contemporâneo. Alinhado com os objetivos do 6º SEBRAMUS, este GT visa promover trocas e discussões que contribuam para a construção de conhecimentos e de políticas públicas que assegurem aos detentores a gestão de seus patrimônios, por meio da análise crítica dos impactos das TICs no campo museal e nos estudos da Museologia.
10 Ecomuseus e Museus Comunitários
Coordenação
Áurea da Paz Pinheiro
Rita de Cássia Moura Carvalho
Francisco Stefano Ferreira Dos Santos
O GT Ecomuseus e Museus Comunitários é um espaço para diálogos e trocas de experiências entre pesquisadores/as, profissionais e comunidades envolvidos em iniciativas museológicas de preservação do patrimônio cultural. Os museus comunitários e ecomuseus são agentes na valorização das memórias locais e no fortalecimento das identidades comunitárias. Esses espaços são concebidos como ferramentas de resistência e inovação social, uma vez que promovem a participação ativa das comunidades nas etapas dos processos museológicos, desde a documentação participativa até a gestão cotidiana das instituições. O GT acolherá experiências e reflexões que explorem o papel desses museus como mediadores de processos educativos e culturais, fundamentais para a inclusão social e para a construção de territórios sustentáveis. A educação patrimonial, por exemplo, é um dos eixos centrais dessas práticas museológicas, já que oferece ferramentas para que as novas gerações reconheçam o valor de seu patrimônio cultural, ao mesmo tempo em que cria oportunidades para o diálogo intergeracional. Além disso, esse GT se propõe a discutir o potencial transformador desses museus. O GT se propõe a discutir a formação de redes de cooperação entre museus comunitários, universidades e organizações não governamentais. A criação dessas redes de parceria fortalece as iniciativas locais, permitindo a troca de conhecimentos e a ampliação do impacto social e cultural dos museus comunitários e ecomuseus. Através dessas colaborações, torna-se possível não apenas compartilhar experiências, mas também desenvolver metodologias e estratégias para a sustentabilidade cultural e econômica desses espaços. A autonomia e a gestão comunitária, elementos centrais desses museus, são potencializadas por meio dessas parcerias, criando oportunidades para o financiamento de projetos, a formação de equipes e a realização de atividades educativas e culturais. Com esse enfoque, espera-se que o GT proporcione debates enriquecedores sobre as múltiplas formas de atuação nos campos da museologia social e da gestão comunitária dos patrimônios, inspirando outras iniciativas e ampliando o escopo das práticas de resistência cultural. A conexão entre museus, territórios e comunidades se revela, assim, como um aspecto essencial para o fortalecimento das identidades locais e para a promoção de um desenvolvimento social mais justo e inclusivo. Dessa maneira, os museus comunitários e ecomuseus não apenas preservam memórias, mas também constroem presentes e perspectivas de futuro mais solidários e participativos, onde a cultura e o patrimônio servem como pontes entre gerações e como catalisadores de transformação social e ambiental.
11 Pesquisas com Coleções e Museus Universitários
Coordenação
Mauricio Candido da Silva
Graciele Karine Siqueira
Ana Luisa de Mello Nascimento
Jéssica Tarine
O patrimônio histórico, cultural, artístico, natural e científico brasileiro é notadamente representado, em boa parte, nas coleções universitárias. Os acervos existentes nas instituições de educação superior são utilizados no tripé pesquisa, ensino e extensão e abrangem todos os campos do conhecimento. Na busca da preservação deste rico patrimônio, há mais de 30 anos, no Brasil, surgiram as primeiras iniciativas de grupos de profissionais, pesquisadores, docentes e estudantes com o objetivo de articular esses espaços para proteção e difusão do conhecimento científico produzido, a partir das coleções universitárias. Na atualidade esse movimento teve um novo impulso, onde várias iniciativas surgiram mostrando o seu potencial de articular o trabalho cooperativo necessário para a promoção deste conjunto patrimonial.
O Grupo de Trabalho Pesquisas com coleções e museus universitários dentro do 6º Sebramus busca reunir estudos que abordem essa temática e ampliar a discussão sobre o tema. As recentes publicações e encontros acadêmicos demonstram a existência de muitas experiências museológicas que privilegiam a partilha de conhecimentos, as relações entre o ser humano, seus patrimônios e os campi universitários. Estes espaços museais são entendidos como dispositivos de transformação social, que têm como potência a intervenção dos detentores dos patrimônios em suas comunidades. São instituições sociais, educativas e políticas, como dispositivos que provocam discussões de problemas recorrentes na contemporaneidade. Queremos com isso fortalecer o debate a partir da pluralidade de museus, de museologias e de formas de inserção social que oportunizam a construção de conhecimentos e de políticas públicas que possam garantir direitos aos detentores de gerir seus patrimônios.
Justificativa da relevância do tema
O patrimônio histórico, artístico, natural e científico brasileiro é notadamente representado em boa parte pelas coleções universitárias. De inestimável valor, as coleções abrigadas pelas universidades são preservadas para pesquisas e ensino e disponibilizadas de diferentes formas para a realização da extensão universitária. O propósito de organizar o Grupo de Trabalho de Coleções e Museus Universitários está associado à retomada da organização do Fórum Permanente de Museus Universitários Brasileiros, cuja justificativa está baseada na necessidade de estabelecer canais de comunicação entre os profissionais e pesquisadores que atuam em processos museais nesse tipo de instituição museológica. O Fórum completou 31 anos em 2023, e a próxima edição (8ª) será no segundo semestre de 2025, em Fortaleza, Ceará, mantendo a tradição retomada em 2018 após um hiato de doze anos (2006) sem a reunião dos profissionais e pesquisadores que atuam nas coleções e nos museus universitários brasileiros.
12 Museus e Ecomuseus em Zonas Úmidas: um dialogo oportuno
Coordenação
Luisa Gertrudis Duran Roca
Raul Dal Santo
Ana Lúcia Meira
Propomos este GT para estabelecer interseções entre museologia e patrimônio em zonas úmidas e contribuir com a definição de um campo específico que trate da gestão dos recursos patrimoniais nestes ecossistemas considerando sua importância para a sobrevivência do planeta. Reconhecemos que a interação natureza/cultura é processual e histórica e dela derivam bens e práticas que integram o patrimônio, com capacidade de se tornar recursos para o desenvolvimento sustentável. Nas zonas úmidas com maior força, o patrimônio atua como suporte da memória coletiva, da identidade cultural e da subsistência econômica das comunidades. Alertamos sobre a fragilidade e vulnerabilidade delas em decorrência das relações tensas e conflitivas entre meio ambiente e desenvolvimento. Os dados disponíveis são alarmantes: entre 1970 e 2015, 35% das áreas úmidas do planeta desapareceram. Fatores como o impacto do câmbio climático, o aumento exponencial da urbanização, as desigualdades socioespaciais, gentrificação, agropecuária extensiva, mineração, indústria e execução de obras de infraestrutura sem medidas compensatórias e a fragilidade dos marcos legais e administrações regionais e locais, têm causado processos de degradação e deslocamento/dispersão de grupos sociais tradicionais, comunidades indígenas e quilombolas que por gerações utilizaram as áreas úmidas responsavelmente e foram os verdadeiros guardiões do seu patrimônio. Salientamos a importância de sinergias entre acordos multilaterais e cartas patrimoniais pertinentes, em especial a Convenção de Ramsar sobre Zonas Úmidas (1971) e a Convenção de Patrimônio Mundial, Cultural e Natural (1972), ambas da Unesco. São bem vindas comunicações sobre atuações de museus e ecomuseus em Sítios Urbanos Históricos e Sitios Ramsar, com experiências positivas dignas de serem divulgadas, continuadas, expandidas ou replicadas. Relatos de casos negativos também são importantes para contribuir com a revisão e sugestão de medidas corretivas e compensatórias. Especial interesse terão comunicações que descrevem estratégias para o envolvimento de micro e macro comunidades a longo prazo, da cooperação de multiatores da biorregião e das redes internacionais, incluindo exemplos de parcerias bem-sucedidas e destacando os benefícios e os desafios desse engajamento.
Por fim, esperamos que os resultados do diálogo proposto evidenciem a importância e a responsabilidade da atuação de museus e ecomuseus em zonas úmidas para sua fruição sustentável, democrática e plural.
13 Museus e memórias traumáticas: a museologia produzida entre os embates de políticas de memórias
Coordenação
Ana Paula Brito
Letícia Julião
O Brasil tem sido território fértil para o desenvolvimento de novas vertentes de estudos museológicos, entre as quais despontam os processos de musealização de memórias traumáticas. À medida que a Museologia no país tem sido interpelada por atores antes marginalizados, pela história de violência no passado e no presente, por perspectivas decoloniais, ampliam-se as experiências que acolhem a imperiosa demanda de patrimonializar e musealizar memórias traumáticas. Nesse processo, convém sublinhar, a Museologia tem se somado a diversos campos de conhecimento na produção de contribuições teóricas e metodológicas, assegurando um aporte inovador e criativo para enfrentar o desafio da gestão de memórias sensíveis. Insere-se nesse horizonte, marcado por disputas de memórias e de discursos na esfera pública, a musealização de lugares de memória da ditadura brasileira (1964-1985), que ganhou impulso, sobretudo, após a publicação do Relatório da Comissão Nacional da Verdade, em 2014, e que tem progressivamente ocupado a agenda de pesquisa da Museologia (Brito, 2023). Da mesma forma, a violência histórica e sistemática infligida às populações indígenas, à população negra, aos grupos LGBTQIA+, ao lado da memória de vítimas de crimes ambientais vem ganhando visibilidade em museus e memoriais. O GT pretende acolher trabalhos que abordem museus e a Museologia que se dedicam à memória de crimes de lesa humanidade na sociedade brasileira, abrangendo, dentre outros aspectos, os desafios operacionais e disputas políticas; as peculiaridades da investigação e da salvaguarda nesses espaços; a mediação de conteúdos sensíveis a distintos públicos e as curadorias participativas. Ao dar continuidade aos debates promovidos pelo GT no último Sebramus, o objetivo é ampliar as discussões dessa nova vertente de estudos museológicos sob uma perspectiva interdisciplinar, estimulando a reflexão crítica sobre as políticas de memória, os museus e os direitos humanos.
14 Museus como Agentes de Transformação na Sociedade Contemporânea: Uma Perspectiva da Museologia Social
Coordenação
Anne Kareninne Souza Castelo Branco
Virginia Marques da Silva Neta
Maria do Amparo Alves de Carvalho
Desde a sua concepção entre os séculos XVIII e XIX, os museus têm desempenhado um papel social significativo como instituições culturais. Ao longo do tempo, os debates museológicos evoluíram, particularmente em relação às suas funções sociais e políticas. A emergência da Nova Museologia representou uma ruptura com abordagens tradicionais, propondo os museus como instrumentos de transformação social. Essa perspectiva ressalta a importância de atender às demandas da sociedade, transcendendo o papel de meros guardiões de coleções. Este simpósio nasce do desejo de refletir sobre a inclusão social aplicada à prática museológica, considerando os museus como espaços de produção de conhecimento, preservação da memória e história, além da conservação de objetos que refletem a diversidade humana ao longo do tempo. Nosso foco será examinar os diferentes cenários de museus: os já estabelecidos, aqueles em transformação e os novos espaços museológicos, analisando como cada um deles se posiciona em relação às questões sociais contemporâneas dentro da sociedade atual. Esses museus estão realmente se destacando em seu papel social, político e inclusivo? A comunicação entre esses espaços e o público promove uma integração efetiva ou limita-se à observação passiva? Também nos interessam trabalhos que explorem o conceito de inclusão social nos museus, entendendo-o como um compromisso ativo de engajamento com comunidades específicas. Essa abordagem interdisciplinar deve ser respaldada por parcerias com agências governamentais e a sociedade civil, além de demandar a implementação de legislações que promovam a equidade e combatam discriminações. Os museus, assim, tornam-se espaços capazes de construir narrativas sociais que fomentam o sentimento de pertencimento e a afirmação de identidade para grupos historicamente marginalizados. Compreendemos, portanto, que o papel dos museus na sociedade contemporânea é imprescindível, uma vez que atuam como agentes transformadores de realidades.
15 Acessibilidade em museus: reflexões sobre a inclusão das pessoas com deficiência
Coordenação
Gilson Antonio Nunes
Viviane Panelli Sarraf
A nova definição de museus aprovada pelo Conselho Internacional de Museus em 2022 estabelece que “um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos e ao serviço da sociedade que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe o patrimônio material e imaterial. Abertos ao público, acessíveis e inclusivos, os museus fomentam a diversidade e a sustentabilidade. Com a participação das comunidades, os museus funcionam e comunicam de forma ética e profissional, proporcionando experiências diversas para educação, fruição, reflexão e partilha de conhecimentos”. Desta forma a acessibilidade e a inclusão são incorporadas à definição. Depreende-se, portanto, que a acessibilidade e inclusão seja para todos os públicos, incluindo as pessoas com deficiência e pessoas neurodivergentes. Discutir os conceitos, metodologias, práticas, experiências e reflexões sobre o processo de inclusão das pessoas com deficiência e demais beneficiários da acessibilidade nos museus são o objetivo central deste grupo de trabalho. Considerando que o 6º SEBRAMUS - Seminário Brasileiro de Museologia tem como tema “Museus, Museologias e Inserção Social” onde se pretende discutir uma pluralidade de museus, de museologias e de formas de inserção social que oportunizam a construção de conhecimentos e de políticas públicas que possam garantir direitos aos/às detentores/as de gerir seus patrimônios, pode-se incluir a prerrogativa das pessoas com deficiência e neurodivergentes de acessarem esse universo de forma autônoma, segura e com o devido protagonismo. Para tanto a Museologia pode contribuir não só com reflexões teóricas bem como com a análise e desenvolvimento de recursos que permitam essa inclusão e participação. Possibilitando a eliminação das mais diversas barreiras que dificultam a fruição de equipamentos culturais, como museus, por essa parcela significativa da população que no Brasil somam aproximadamente 10 milhões de pessoas (segundo o Censo do IBGE de 2022). Para além dos direitos assegurados pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Nº 13.146, de 6 de julho de 2015) a esse contingente populacional, os museus possuem a obrigação legal de realizar a inclusão e propor programas e ações de acessibilidade conforme explicitado no Estatuto dos Museus (Nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009). Recentemente o Instituto Brasileiro de Museus realizou uma consulta pública para a criação do Programa Nacional de Acessibilidade em museus e Pontos de Memória - Acesse Museus preparando a implantação de uma política pública específica para o setor, ações que justificam a pertinência desse GT no 6º SEBRAMUS.
16 Conservação Participativa e de Bens Culturais Móveis
Coordenação
Silmara Kuster de Paula Carvalho
Vanilde Rohling Ghizoni
O Grupo de Trabalho Conservação Participativa e de Bens Culturais Móveis tem como missão divulgar e promover pesquisas sobre conservação aplicada em instituições tradicionais ou de iniciativa comunitária. Além disso, busca mediar debates e compartilhar experiências sobre processos de conservação já realizados ou em andamento, com o objetivo de implementar políticas de preservação de acervos culturais, materiais e imateriais. Conforme o Conselho Internacional de Museus (ICOM-CC, 2008), a conservação abrange a Conservação Preventiva, a Conservação Curativa e a Restauração. Com as novas abordagens no campo da Museologia, refletir sobre a Conservação Participativa torna-se uma oportunidade importante para repensar as atividades de conservação em espaços não tradicionais. A Conservação Participativa se destaca por envolver ativamente as comunidades locais no processo de preservação, promovendo um senso de pertencimento e responsabilidade compartilhada. Este engajamento comunitário é fundamental para garantir que as práticas de conservação sejam adaptadas às realidades locais e que os acervos culturais sejam preservados de maneira que reflita a diversidade e a riqueza das culturas envolvidas. Os temas abordados por este Grupo de Trabalho incluem aspectos teóricos e práticos da conservação, conservação participativa, gestão de riscos, política de preservação, pesquisa utilizando técnicas e métodos científicos e novas tecnologias. Além disso, o GT se dedica a explorar a integração de novas tecnologias e metodologias inovadoras que possam aprimorar as práticas de conservação, garantindo que estas sejam sustentáveis e eficazes a longo prazo. A troca de conhecimentos e experiências entre profissionais e pesquisadores é essencial para o desenvolvimento contínuo da área, promovendo uma abordagem colaborativa e interdisciplinar que enriquece o campo da conservação
17 História e Memória dos Museus e da Museologia
Coordenação
Henrique de Vasconcelos Cruz Ribeiro
Priscilla Arigoni Coelho
Ana Carolina Gelmini de Faria
O Grupo de Trabalho História e Memória dos Museus e da Museologia é dedicado à apresentação de pesquisas finalizadas ou em andamento sobre escritas da história e processos de construção de memórias sobre museus e práticas museológicas levadas a cabo por agentes do campo da Museologia em formulação de teorias, metodologias, políticas, projetos e ações, numa análise de biografia de coleções e objetos museológicos, bem como do itinerário profissional de agentes que legitimaram o campo. Dedica-se também à divulgação de trabalhos voltados à cientifização das práticas museológicas e sua institucionalização em cursos formação em Museologia, mapeando, assim, a história do ensino da Museologia. O GT se constituirá em um espaço de divulgação, reflexão e debates sobre as diferentes contribuições (teóricas e empíricas), institucionalizadas ou não, individuais e em grupo que constituíram o campo museológico brasileiro e atualmente são objeto de estudos na História, Museologia, Antropologia, Sociologia e outras áreas do saber. Destaca-se que este GT será uma continuidade dos debates iniciados no II Sebramus (Recife, 2015), III Sebramus (Belém, 2017), IV Sebramus (Brasília, 2019) e V Sebramus (Porto Alegre, 2022). Para o VI Sebramus (Teresina, 2025), quando o GT completa 10 anos de participações no evento, ampliamos o escopo para estudos que propõe analisar experiências de outros países, além do Brasil. Através desse espaço é possível não apenas que se conheçam os trabalhos sobre o tema que se tem desenvolvido no Brasil, mas também se fortaleça esse campo de pesquisa que muito tem crescido e contribuído para a elaboração de políticas e diretrizes no âmbito dos museus, da Museologia e do Patrimônio.
18 Museus Digitais e Inteligência Artificial: Tecnologias para a Preservação e Inclusão
Coordenação
Eliete Pereira
Claudia Leonor Oliveira
O avanço das tecnologias digitais e da Inteligência Artificial (IA) tem transformado profundamente a concepção, gestão e acessibilidade dos museus. Este Grupo de Trabalho (GT) propõe discutir as implicações dessas tecnologias no campo museológico, abordando suas contribuições e desafios. A digitalização de acervos, o uso de IA na gestão e curadoria, além de práticas inovadoras de mediação e interação com o público, são temas centrais deste debate. A digitalização de coleções museológicas permite o armazenamento seguro e o acesso remoto a bens culturais, democratizando o acesso ao patrimônio histórico, como exemplifica a Plataforma Tainacan. Nesse processo, surgem novas questões éticas e técnicas, como a curadoria digital e a preservação da integridade de objetos culturalmente sensíveis. A IA possui o potencial de otimizar a catalogação de acervos, criar experiências imersivas e personalizadas para os visitantes e auxiliar na análise de dados sobre o público. O uso de chatbots e assistentes virtuais baseados em IA também está se tornando uma prática comum, oferecendo novas formas de educação e interação com os acervos. Entretanto, a integração da IA nos museus traz desafios, como a necessidade de treinamentos especializados para as equipes e maiores investimentos em tecnologia. Além disso, questões como a privacidade dos dados dos visitantes e a sustentabilidade dessas tecnologias precisam ser consideradas. A digitalização também envolve o debate sobre a técnica e as tecnologias sob a perspectiva decolonial (HUI, 2021). A inclusão de setores historicamente excluídos dos processos de preservação e patrimonialização — indígenas, quilombolas, mulheres, entre outros — depende da apropriação das tecnologias digitais.
Este GT acolherá pesquisas e estudos de caso que proponham uma reflexão sobre o papel das tecnologias digitais e da IA na transformação dos museus, analisando como essas inovações podem contribuir para torná-los mais inclusivos e capazes de criar novos paradigmas de preservação e transmissão de conhecimento.
19 Museologia em Processo: Formação e Pesquisa
Coordenação
Maria Cristina Oliveira Bruno
Judite Santos Primo
Apresentamos a proposta de um grupo de trabalho para abordar as especificidades do ensino e da pesquisa em Museologia, considerando as suas implicações nas ações museológicas contemporâneas e os impactos nas políticas publicas.
Por um lado, pretende-se reunir pessoas que estudam, lecionam e pesquisam com o objetivo de discutir sobre metodologias de ensino nos cursos de graduação e pós-graduação; e, por outro lado, identificar os impactos das pesquisas acadêmicas nos diferentes contextos de políticas públicas para museus e ações museológicas, bem como, compreender como as pesquisas patrocinadas por agências de fomento, impactam na formação de novos perfis profissionais e nas linhas de pesquisas dos cursos de museologia.
Entendemos que nos últimos anos, cinco pontos devem ser considerados neste contexto:
• o novo olhar para as questões que envolvem os repertórios patrimoniais museológicos à luz das discussões sobre decolonialidade, diversidade cultural e direitos humanos e o quanto as pesquisas e as ementas de formação profissional estão evidenciando estas preocupações;
• o impacto da discussão sobre a nova definição de museus, realizada pelo ICOM - Conselho Internacional de Museus, e de que forma professores, estudantes e pesquisadores estão envolvidos nestes trâmites;
• a inserção dos estudantes, professores e pesquisadores nas discussões e ações sobre as políticas públicas museológicas e áreas afins.
• as reciprocidades entre formação profissional e inserção no mercado de trabalho;
• os resultados de pesquisas de pós-graduação e os diferentes alcances interdisciplinares em diversos campos de conhecimento.
Esses pontos foram selecionados, entre muitos outros, com o propósito de verificar qual é o impacto das pesquisas e dos cursos de formação nas múltiplas dimensões da museologia em processo e nas políticas públicas de cultura.
20 Documentação Museológica como Ferramenta para a Transformação Sociocultural
Coordenação
Renata Cardozo Padilha
Mara Lucia Carrett de Vasconcelos
Ana Celina Figueira da Silva
Este GT visa estimular a formação e o pensamento crítico por meio do levantamento de investigações teórico-metodológicas relacionadas à documentação museológica e sua interface com as outras disciplinas envolvidas no processo de musealização, a fim de identificar os principais elementos informacionais que representam à diversidade social dos acervos culturais existentes nas instituições museológicas, bem como analisar as metodologias e técnicas que envolvem os processos documentais no século XXI. A documentação en quanto registro de bens é uma prática identificada já na Antiguidade. Entretanto, os estudos e diretrizes sobre documentação no campo da Museologia tem como um importante marco a criação do Comitê Internacional de Documentação (CIDOC/ICOM), nos anos de 1950, dando início a procedimentos técnicos de normatização e registros de bens culturais em museus e que se expande, ao longo das próximas décadas até final do século XX, com discussões que envolvem padrões mínimos de metadados e controle de vocabulários e terminologias. Com a virada do século, identifica-se que as transformações sociais, culturais e tecnológicas, bem como os problemas latentes da nossa sociedade como o racismo, o machismo, a lgtbfobia, o capacitismo, manifestam-se com força nas discussões do campo museológico e requerem mudanças na prática, refletindo na representação da informação nos museus. Considerando a diversidade dos processos museológicos na contemporaneidade, compreendemos que os procedimentos documentais devem atender primordialmente às necessidades informacionais dos públicos e dos grupos representados nas coleções, à salvaguarda e autenticidade dos acervos e à legalidade e ética das instituições museológicas. Para tanto, o GT visa uma abordagem interdisciplinar sobre novas dimensões teórico-metodológicas da documentação museológica que considerem as variedades tipológicas de acervos, os grupos representados e suas narrativas e as áreas envolvidas, e que proponham debates contemporâneos a respeito de temas como acervos digitais, arte contemporânea, diversidade sexual, questões étnico-raciais, interculturalidade, gestão e curadoria compartilhada, repatriação e restituição, acervos operacionais (em uso nos territórios), dentre outros.
21 Museologias, Patrimônios Industriais e Inserções Sociais
Coordenação
Geovana Erlo
Alice Bemvenuti
Olivia Silva Nery
O campo da Museologia é plural, polifônico e dinâmico, assim como o pensar acerca do patrimônio industrial. Compreender a participação das comunidades com seus saberes na construção de novos paradigmas, instiga a reflexão acerca de abordagens plurais, seja os processos de colaboração e a produção nos espaços de memória, seja para o reconhecimento das diferenças e discussão quanto às questões emergentes na construção de museus, projetos de memória, formação de coleções, constituição de acervos, núcleos de pesquisa e organizações com perspectivas inclusivas e acessíveis a interação social. Interessa a discussão a partir das interrelações entre Museologias e Patrimônios Industriais, que compartilhem desafios e investigações em processo ou consolidadas, em torno à gestão e gestão popular de memórias, identidades e referências culturais. Tendo em vista os elementos mencionado, o GT “Museologias, Patrimônios Industriais e Inserções Sociais” tem por objetivo acolher o debate sobre experiências que relacionem as múltiplas interfaces das Museologias e dos Patrimônios Industriais aos processos de inserção e mobilização de sujeitos em, para e com iniciativas museológicas, dialogando com os fazeres em educação, educação patrimonial, educação museal, o desenvolvimento e a expressividade comunitária. As comunicações submetidas devem trazer contribuições teóricas e práticas podendo trazer referências acerca de debates conceituais, instituições museais e espaços de memória, universidades e projetos de extensão, memórias do trabalho e do trabalhador, relações de gênero e mundo do trabalho, territórios e técnicas de trabalho, afetividades e manifestações artísticas, participação, governança, gestão e autogestão de comunidades, mobilizações e movimentos sociais, inclusão, equidade e acessibilidade, desenvolvimento local e tantos outros temas geradores que contribuam para o fortalecimento da inserção social nos campos patrimoniais e museais.
22 Exposições, Curadorias e Diálogos Interculturais
Coordenação
Vanessa Barrozo Teixeira Aquino
Julia Nolasco Leitão de Moraes
O GT visa reunir pesquisas no âmbito teórico, prático e experimental que contribuam para reflexões contemporâneas sobre o papel das exposições em um contexto intercultural. A partir de diferentes premissas e abordagens curatoriais e expográficas, as exposições se constituem como enunciados discursivos sustentados em diferentes regimes de valor, disputas de narrativas e arranjos técnico-práticos com vistas à divulgação científica, artística e cultural, à preservação e valorização de variadas expressões de memórias e patrimônios, à problematização de questões relevantes para a sociedade e/ou à luta por pautas sociais afirmativas. Antes unicamente compreendidas como resultado de processos autocráticos ou endógenos aos museus, hoje as exposições podem ser caracterizadas pelas diferentes agências que as compõem e por aquelas que são capazes de produzir, sendo possível afirmar sua natureza potencialmente intercultural. Tendo em vista a diversificação e pluralização dos sujeitos e das perspectivas socioculturais que atravessam os museus nas suas mais diferentes interfaces técnicas, políticas e simbólicas, destaca-se a transformação do conceito de curadoria, assim como de suas ações, articulações e atores sociais. Considerando a complexidade das temáticas, o GT está interessado, sobretudo, em proporcionar um espaço de encontros, diálogos e reflexões críticas sobre a produção curatorial de exposições em diversas concepções e áreas do conhecimento. Trata-se de oportunizar a socialização e o debate de iniciativas oriundas de diferentes prismas, considerando projetos expositivos vinculados à instituições culturais públicas e/ou privadas, à iniciativas museológicas comunitárias, de curadorias individuais e/ou coletivas, de formatos físicos e/ou digitais, de caráter fixo e/ou itinerante e de periodicidades variadas, contemplando exposições de longa, média ou curta duração.
23 Museologia da Antinegritude: Radicalidade da Resistência à Impossibilidade da Memória
Coordenação
Vinícius Santos da Silva Zacarias
Há uma crítica fundamental para investigação advinda da corrente afro-pessimista: é de fato possível que a polis política e cultural brasileira insira os negros em seu projeto memorial de nação, se ela não insere os negros como cidadãos de direito à memória? A miscigenação como mito fundador, e ao mesmo tempo apaziguador, da sociedade brasileira outorgou ao país uma ideologia nacional de valorização multiétnica, mas centralizando em três etapas históricas a supremacia política e epistemológica do branco. Primeiro, alhanando processos de escravização negra e indígena; segundo, considerando exótico, culturalista e popular o “outro” negro; e terceiro, solicitando certa crítica ao racismo, porém moderada e prudente à mesma cadeia representacional e alienante. Como resultado, por meio das práticas que orientam a teoria, assistimos museus pautando noções frágeis e introdutórias sobre representatividade e protagonismo negro. No entanto, o cânone do pensamento museológico, embora tensionado pela perspectiva reparadora de alcunha “museologia social”, ainda continua pautado no dispositivo ocidental da contemplação e na díade branca/não-branca.
Este grupo de trabalho tem como objetivo tensionar tanto a teoria do processo museológico, quanto as práticas de preservação patrimonial que contribuam na subversão radical do pensamento museológico. Para isso, esperamos trabalhos que apresentem exemplares práticos de experiências que denunciem e ofereçam propostas criativas, inovadoras e rupturas para pensar o negro brasileiro sobre o viés do afropessimismo e da antinegritude no mundo. Portanto, entendendo que o enfrentamento baseado no conceito de “racismo” não dá conta de refletir sobre a condição do negro e sua cultura, pois um projeto de aniquilação ativa-passiva do sujeito negro se mantém em curso. Por se tratar de um campo de discussão filosófica ainda ascendente, dialogaremos com propostas sobre museus comunitários que denunciam práticas de violência racial; ideias radicais de “anti-museu”; performances artísticas e políticas realizadas em museus tradicionais; exposições-protestos sobre a condição do negro brasileiro; apagamentos e apropriações sistemáticas da cultura negra; práticas memorialistas de acervos sensíveis; relatos de experiências radicais de insurgência negra; além de investigações em acervos que revelem a circunscrição da subjetividade negra na modernidade, a objetificação do negro nos museus e a resistência deste mesmo objeto-acervo; e, por último, mas não menos importante, práticas de valorização, preservação e resistência da ancestralidade negra e ameríndia.
24 Museologia e Arqueologia: processos, contextos e práticas educativas
Coordenação
Itamar Soares Oliveira
Igor Linhares de Araújo
Este GT é um espaço de discussão interdisciplinar com foco na musealização do patrimônio arqueológico em diversos contextos, tipologias de museus e práticas educativas. A pretensão é contribuir para a reflexão crítica sobre os processos museológicos, oferecendo uma plataforma para a apresentação de investigações que dialogam com os métodos e abordagens curatoriais aplicados ao patrimônio arqueológico. Esses processos podem ser abordados sob diferentes perspectivas, sejam elas históricas, contemporâneas ou voltadas para cenários futuros. O GT acolherá trabalhos que exploram a interface entre a museologia e a arqueologia, instigando reflexões acerca dos modos de abordagem desses patrimônios e suas implicações para as comunidades, tanto no que diz respeito às suas características identitárias quanto à relação entre a educação em não formais, como os museus. O GT pretende se tornar um fórum onde as implicações dessas práticas curatoriais para a educação patrimonial, arqueologia pública e divulgação científica possam ser amplamente discutidas e aprofundadas, trazendo contribuições para a formação cultural e democrática. Serão aceitos trabalhos de diferentes naturezas, sejam de cunho empírico, como pesquisas finalizadas ou em andamento, ou ainda relatos de experiência que apresentem resultados práticos e inovadores. Também serão bem-vindos trabalhos de natureza teórica, como ensaios críticos, que promovam uma análise aprofundada sobre o campo. O GT valoriza investigações que, além de refletirem sobre os processos metodológicos e curatoriais, avancem no debate sobre a interação entre os museus e o público, considerando as práticas educativas que emergem desses espaços e suas contribuições para o fortalecimento da cidadania. É esperado que os trabalhos submetidos ao GT abordem as diferentes maneiras pelas quais o patrimônio arqueológico é tratado nos museus, desde a preservação até a exposição e interpretação desses bens culturais. Tais investigações devem levantar questões sobre como essas práticas impactam as comunidades locais, ajudando a fortalecer as identidades culturais, além de promover um diálogo construtivo sobre políticas públicas voltadas à preservação, gestão cultural e à promoção de uma educação patrimonial eficaz. O GT também se propõe a explorar as políticas públicas de preservação e musealização do patrimônio arqueológico, refletindo sobre os desafios enfrentados e as soluções propostas no âmbito da gestão cultural. Nesse sentido, debates sobre acessibilidade, inclusão e o papel dos museus na democratização do acesso ao conhecimento arqueológico são fundamentais. A partir dessas discussões, espera-se que sejam delineadas possibilidades que ampliem a participação das comunidades nos processos de preservação e difusão do patrimônio arqueológico, contribuindo, assim, para o desenvolvimento social e cultural, comprometido com a construção de uma sociedade mais inclusiva e democrática. O GT pretende discutir as implicações desses processos educativos e curatoriais para a construção de uma cidadania crítica e informada, comprometida com o fortalecimento das democracias e o respeito às diversidades culturais. Dessa forma, o GT se configura como um espaço essencial para aqueles/as que buscam contribuir com as reflexões sobre os múltiplos aspectos da museologia e arqueologia, promovendo debates que fomentem a construção de um futuro mais inclusivo, educativo e socialmente responsável