O Congresso “Sociolinguística: variação e interfaces” diz respeito a estudos sobre variação linguística nas diferentes propostas da Sociolinguística, em suas múltiplas versões: Sociolinguística Variacionista, Sociolinguística Funcional, Sociolinguística Cognitiva, Sociolinguística Paramétrica, Sociolinguística Histórica, Sociofonética e Dialetologia Pluridimensional. Cada uma dessas áreas trabalha com a noção de variação. Mas será que a noção trabalhada envolve a definição proposta por William Labov, para quem “variação” é a possibilidade de dizer a mesma coisa de duas ou mais formas com o mesmo valor de verdade”? Sabemos, de antemão, que a Sociolinguística Educacional não adota a mesma concepção. Seu tratamento é mais qualitativo diante dos fatos variáveis que são observados na escola. No Brasil, nem sempre todas essas áreas são trabalhadas nas mesmas instituições, mas podemos encontrar até três ou quatro delas em um mesmo Programa de Pós-Graduação. A hipótese que investigamos nos diz que nem sempre a variação é vista da mesma forma por todas as áreas. O que nos faz afirmar isso é o comportamento encontrado em cada uma das áreas. Na dialetologia pluridimensional, por exemplo, temos as duas visões: se de um lado as cartas apresentadas pelo Atlas Linguístico no Brasil apresenta resultados que envolvem sexo, idade ou escolaridade, trabalhando-se, por exemplo, o comportamento da coda no português, das vogais pretônicas, etc., de outro, há cartas que se preocupam apenas como as variáveis se distribuem em todo o Brasil, e, nesse caso, se observa, por exemplo, como determinados itens lexicais se distribuem pelo país. A metodologia utilizada para se trabalhar a noção de variação, muitas vezes, muda de uma área para a outra. Se na Sociolinguística Educacional, temos uma abordagem mais qualitativa, nas outras temos uma abordagem mais quantitativa, empregando-se programas ou linguagem da estatística.
As contribuições dos estudos sociolinguísticos em termos de ciência, tecnologia e inovação é muito saliente, quando observamos as grandes contribuições que se revelam em suas produções veiculadas por meio de livros, artigos em periódicos e em comunicações em congressos e outros similares. Em termos de tecnologia, muito se tem trabalhado com a utilização de novos programas e pacotes de programa que trazem uma atualização da linguagem estatística. Esse fato envolve atividades inovadoras para a área da linguística, em um momento em que muitos atores estão envolvidos, desde os professores que atuam nos programas de pós-graduação até seus alunos orientandos. Todos esses fatos ligados à ciência, à tecnologia e à inovação têm sido utilizados também em função do sistema de ensino.
Entendemos ser fundamental, nesse momento, essa discussão que promovemos nesse Congresso, que reunirá pesquisadores das diferentes universidades brasileiras e também de algumas universidades estrangeiras.
Nesse evento, prestaremos duas homenagens: uma a William Labov e outra a Anthony Julius Naro, o primeiro é o grande introdutor da Sociolinguística no Mundo; o segundo, o principal responsável por trazer a Sociolinguística para o Brasil. Discutir a variação na língua é algo que esteve sempre presente em suas vidas. A eles, devemos muito!