A saúde digital constitui o conjunto de processos inovadores, em uma infraestrutura de comunicação, informação e tecnologia, que visa a garantia de princípios
de equidade, acessibilidade e universalidade na construção de um sistema de saúde. A saúde digital ultrapassa o diagnóstico e tratamento de doenças de forma remota, e se corrobora, sobretudo, na digitalização de serviços e na incorporação de tecnologias emergentes para a ampliação da qualidade de vida física, mental e social, das populações, com o surgimento de novos modelos de atenção de bem-estar e saúde, que transformam as relações entre profissionais e consumidores.
O atendimento remoto, a utilização de algoritmos, o armazenamento em nuvem, o uso da robótica e Internet das Coisas (IoT), bem como a integração de dados em plataformas constituem as múltiplas competências da Saúde Digital no atendimento de indivíduos em diversos momentos – incluindo promoção, proteção, triagem, consulta, diagnóstico, laudo e até mesmo cirurgia, tratamento e recuperação em saúde.
Tendo em vista os inúmeros desafios colocados pela pandemia da COVID-19, a Saúde Digital se consolidou como opção viável e tópico relevante ao prover e fomentar soluções digitais nos cuidados em saúde. Ademais, as oportunidades trazidas por ela são capazes de superar o momento atual, seja por meio de estratégias de vigilância e controle epidemiológico, seja para a implementação de melhores práticas no acompanhamento de pacientes, garantindo maiores taxas de recuperação e menores custos, além de propiciar e democratizar o acesso de uma saúde de atenção e qualidade para as mais diversas populações que atualmente sofrem com entraves, seja no nível econômico, social ou geográfico.
O período de pandemia constituiu uma oportunidade ímpar não apenas para o avanço das práticas em Saúde Digital, mas também a exploração dos caminhos
regulatórios que levassem a digitalização de serviços e a incorporação de novas tecnologias em saúde no Brasil. Esse período impôs aos setores público e privado de todo o mundo o desenvolvimento, adoção e/ou aprimoramento de ações relacionadas à saúde digital. No Brasil, houve aumento dos investimentos em telemedicina e telessaúde, bem como a evolução dos serviços de coleta e disponibilização de dados para vigilância epidemiológica. De acordo com o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, em 2022, um em cada três médicos brasileiros realizou teleconsulta. Além disso, 80% guardaram dados de exames eletronicamente e 68% fizeram prescrição de remédios em formato eletrônico.
Um dos gargalos no sistema público e privado é o acesso ao sistema e o tempo que leva entre o atendimento e sua resolução, neste caso, a telemedicina permitiu o acesso e as novas tecnologias que viabilizaram esta conexão em um cenário com muitas possibilidades.
A transformação digital permite aos consumidores vivenciarem uma jornada de cuidados transparente, conectada por meio de plataforma de consultas e cuidado digital.
Esse novo modelo, exige também uma nova forma de atendimento dos colaboradores. A saúde conectada torna-se cada vez mais relevante para desafogar a hospitalização pois permite a realização de iniciativas de prevenção e monitoramento da saúde. Entretanto não se pode acreditar que os problemas que existem presencialmente serão eliminados no virtual, às vezes até se repetem, mas existem boas possibilidades de logística, mais proteção de dados e outros benefícios aos usuários.
A utilização da tecnologia em saúde não tem a ver com a substituição do fator humano, mas a sua realocação em questões mais apropriadas e necessárias na
automação de processos. Segundo Patrícia Hatae, Diretora de TI do Grupo São Cristóvão Saúde, o futuro não visa a substituição dos profissionais de saúde. “Ensinamos as máquinas a raciocinar pela coleta de dados, para que assim possam ser uma ferramenta mais assertiva de auxílio aos médicos na tomada de decisões, como diagnósticos com análises preditivas, como, por exemplo, identificação de achados críticos em exames de imagens e cruzamento de informações”.
Reforçando ainda sobre a não substituição do profissional de saúde, o Dr.Claudio Lottenberg, oftalmologista e presidente do conselho do Hospital Israelita
Albert Einstein e presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde (ICOS); sempre haverá espaço para o profissional de saúde em inúmeras ações no cuidado das pessoas, entretanto nada interfere na aplicação e no uso da tecnologia para as tarefas mecânicas que não precisam da interferência humana. A digitalização da saúde num primeiro momento é vista como a salvação, depois vemos que não funciona como o desejado e entra em descrédito e na fase subsequente chega-se ao ponto de equilíbrio, que ainda vamos.
A expectativa das evoluções tecnológicas são positivas para o futuro da saúde, desde o poder de processamento das informações, da conectividade e para projetos de prontuários únicos com interoperabilidade que poderá beneficiar não só pacientes, mas os profissionais e a indústria em geral.
A transformação digital na área da saúde tornou a tecnologia um fator irreversível em todos os segmentos do setor. Os novos modelos de negócios vão desde aplicativos móveis para facilitar o agendamento de consultas, até serviços mais complexos de avaliação de pacientes, gestão de planos, telemedicina e healthtechs. Tais ferramentas aliadas à saúde comprovam, cada vez mais, os benefícios em desenvolver mecanismos e dispositivos eficientes para a medicina.
Pensando nisso, Fórum de Saúde Digital MT, em sua 1ª edição, abordará sobre o cenário em toda a cadeia da saúde, o impacto de tecnologias como inteligência artificial, big data, monitoramento, dispositivos móveis e telemedicina. As normas da lei geral de proteção de dados (LGPD) que podem gerar multas complexas, também serão abordadas durante o Fórum. Discutiremos sobre projetos, parcerias e intensificação de tecnologia e inovação em MT, abordando a transformação e digitalização do setor, que está provocando o surgimento de novos modelos de negócios, aumento da complexidade e novos desafios para todo o ecossistema de saúde.
O evento reunirá diversos profissionais das áreas de saúde e TI, de forma híbrida, que tirão a oportunidade de debater importantes assuntos do contexto, além da realização de networking e troca de conhecimento.