Correio da Manhã/Arquivo Nacional
Policiais militares vigiam protesto de estudantes no Centro
do Rio de Janeiro contra a ditadura militar em 1º de abril de 1968
No ano em que o golpe militar de 1964 faria 60 anos, presenciamos
uma sucessão de eventos que jogaram pimenta no imaginário político brasileiro.
Uma suposta tentativa de golpe, ainda sob investigação, escancarou a fragilidade
da democracia, reconquistada a duras penas.
O Brasil se integra a um movimento ameaçador encontrado em
outras partes do mundo. Vimos democracias regredindo ao autoritarismo em
lugares tão distantes e diversos como a Hungria, a Turquia, a Índia e até os Estados
Unidos, a insígnia das liberdades democráticas. Para piorar, o retrocesso tem
sido caracterizado como um movimento de baixo para cima, com líderes
autoritários chegando ao poder por meio do voto popular ao invés dos golpes de
estado impulsionados pelas elites, como vimos há algumas décadas.
Este cenário desafia o senso comum acadêmico segundo o qual
a democracia é ponto pacífico como o melhor sistema político. Embora os estudos
claramente conectem a democracias ao bem-estar individual, seja em termos
econômicos, sociais ou políticos, em oposição às ditaduras, não podemos ignorar
a pimenta nos olhos que foi o surgimento do slogan “intervenção militar já”
bradado sem qualquer constrangimento nos anos do governo Bolsonaro.
Neste contexto o LAFICS (Laboratório de Ensino, Pesquisa e
Extensão em Filosofia e Ciências Sociais) da UFTM realizará o evento “60 anos
do golpe militar no Brasil”, composto por palestras, mesas-redondas e
workshops, com o intuito de promover a divulgação de estudos, pesquisas e
experiências sobre o golpe militar e seus desdobramentos.
O evento tem como público-alvo os estudantes dos cursos de
Graduação e Pós-Graduação, servidores da UFTM, pesquisadores e comunidade em
geral. Desse modo, o evento contribuirá para a formação intelectual de
estudantes e pesquisadores, além de possibilitar espaço de intercâmbio de
conhecimentos com profissionais de outras instituições do país e interação com
a comunidade interessada na temática.