6º Seminário Internacional de Estudos sobre Discurso e Argumentação (SEDiAr)

6º Seminário Internacional de Estudos sobre Discurso e Argumentação (SEDiAr)

presencial Universidade Federal de Goiás Campus Samambaia - Goiânia - Goiás - Brasil

Sobre o evento

Totalmente presencial


As três primeiras edições do SEDiAr ocorreram em distintos estados brasileiros. A primeira edição, em 2012, teve como anfitriã a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), situada na cidade de Ilhéus, Bahia, e contou com 300 participantes, sendo 101 com apresentação de trabalho. A segunda edição, em 2014, ocorreu na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, e contou com 298 comunicações de trabalho e com aproximadamente 1000 participantes no total. A terceira edição, em 2016, foi organizada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), na cidade de São Cristóvão, Sergipe, e atingiu os 486 trabalhos apresentados, tendo mais de 1200 pessoas inscritas nas atividades gerais. 

Importante destacar que, em 2016, o SEDiAr torna-se formalmente um evento internacional, porque, além de reunir pesquisadores de diferentes países (Brasil, Argentina, Portugal, França e Israel), como já aconteceu nas edições anteriores, teve a participação de estudantes da América Latina.

Com o objetivo de consolidar o processo de internacionalização do SEDiAr e promover laços de cooperação internacional entre os pesquisadores, o SEDiAr realizou sua quarta edição, em 2018, na cidade de Buenos Aires, Argentina. O evento contou com 763 participantes nas atividades em geral, dos quais 633 foram trabalhos apresentados, sendo 488 do Brasil, 126 da Argentina e 19 de outros países, o que revela o interesse do público brasileiro pelo SEDiAr.

Em virtude da pandemia do Covid-19, o V Seminário Internacional de Estudos sobre Discurso e Argumentação (SEDiAr) foi cancelado. E, após a pandemia, o 5º SEDiAr teve lugar na cidade de São Paulo, em abril de 2023, tendo como anfitriã a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e contando com pesquisadoras e pesquisadores de instituições do Brasil, Argentina, Colômbia e Canadá para ministrar conferências, mesas-redondas e minicursos. Como forma de luta pela volta à normalidade, toda a programação do evento ocorreu no modo presencial. E, mesmo em período pós-pandêmico, o evento conseguiu acolher 412 comunicações de trabalho, com mais de 790 pessoas inscritas nas atividades em geral.  

Vale ressaltar ainda que o 5º SEDiAr abrigou a primeira reunião para constituição da Associação Brasileira de Argumentação (ABA), que viria a ser fundada em 4 de outubro de 2023 na Universidade Federal Fluminense (UFF), durante o 37º Encontro Nacional da ANPOLL.

Assim, o SEDiAr passa a se vincular à recém fundada Associação Brasileira de Argumentação (ABA), para ajudar a integrar pesquisadoras e pesquisadores dedicados à consolidação do campo de pesquisa da Argumentação no Brasil enquanto área de conhecimento multidisciplinar constituída por saberes oriundos de distintas áreas de conhecimento como Letras (Linguística, Literatura e Linguística Aplicada), Filosofia, Educação, Psicologia, Direito, Ciências, Matemática e outras áreas de interesse, para instituir o espaço de representação dos Estudos da Argumentação na academia brasileira e colaborar para potencializar resultados de pesquisa acadêmica em ações que possar gerar impacto positivo na sociedade.

Nesse contexto, a 6ª edição do SEDiAr será recebida pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e terá lugar de 20 a 22 de maio de 2025, na cidade de Goiânia, Goiás. É a primeira vez que o SEDiAr ocorrerá no Centro-Oeste, o que nos enche de alegria, e responsabilidade, por poder sediá-lo pelas terras de cá, no belo cenário do cerrado brasileiro. O evento está com 551 participantes inscritos nas atividades em geral, dos quais 350 para comunicação de trabalhos.

Organização

Comissão Organizadora

Rubens Damasceno-Morais 

(UFG, Goiás, Brasil)

Rodrigo Seixas 

(UFG, Goiás, Brasil)

Eduardo Lopes Piris 

(UESC, Bahia, Brasil)

Mariano Dagatti 

(UNER, Entre Ríos, Argentina)


Organização                                                           Apoio

                                                     

                                                                                                                     

Convidados

Conferencistas confirmados

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Atividades

Conferências

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Calendar

Inscrições

Pagamento da taxa de inscrição para participação com comunicação de trabalho prorrogada somente até 06/04/2025!

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Pouco dinheiro para viajar? Atenção, estudantes de graduação e pós-graduação!

Aproveitem os Benefícios do ID Jovem para participar do nosso evento!


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Como emitir?
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Como usar?
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Local do Evento

Onde ficar em Goiânia?

Seguem três indicações de hospedagem em Goiânia:


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Endereço: Av. das Indústrias, 75 - Santa Genoveva, Goiânia - GO, 74670-600

Telefone: (62) 3639-1003


Castro's Park Hotel

Endereço: Av. República do Líbano, 1520 - St. Oeste, Goiânia - GO, 74115-030

Telefone: (62) 3096-2000


Ibis Styles Goiânia Marista

Endereço: R. 15, Quadra H24 Lote 07 09 - St. Marista, Goiânia - GO, 74150-020

Telefone: (62) 3623-8850

Cronograma

CRONOGRAMA

 

05/06/2024

Abertura do período de submissão de proposta para coordenação de Simpósio Temático.

05/09/2024

Encerramento do período de submissão de proposta de coordenação de Simpósio Temático.

24/09/2024

Divulgação dos Simpósios temáticos aprovados;

Abertura do período de submissão de resumos para participação em Simpósio Temático.

12/01/2025

19/01/2025

Encerramento do período de submissão dos resumos (prazo prorrogado)

Até 03/02/2025

Envio das cartas de aceite pelo sistema do evento

03 a 28/02/2025

Pagamento da taxa de inscrição  – 1º lote 

01 a 31/03/2025

Pagamento da taxa de inscrição  – 2º lote 

15/04/2025

Divulgação da programação geral do evento

20 a 22/05/2025

Realização do evento

Até 31/07/2025

Publicação dos Anais

 

Valores

VALORES PARA PARTICIPAÇÃO NO EVENTO

 

Modalidade

Faixas, Prazos e Valores*

Participação com apresentação de trabalho

Categoria

1º lote

(03 a 28/02/2025)

2º lote

(01 a 06/04/2025)

Estudante de Graduação

R$ 70,00

R$ 90,00

Estudante de Pós-Graduação, Graduado, Especialista**, Mestre**, Doutor** e Professor de Educação Básica

R$ 140,00

R$ 180,00

Professor de Ensino Superior (IES), Instituto Federal (IF), Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT)

R$ 280,00

R$ 360,00

Participação em minicurso

De 25/02 a 31/03/2025

R$ 90,00

Participação como ouvinte

De 25/02 a 28/04/2025

isento


* Membros associados da Associação Brasileira de Argumentação (ABA) têm desconto de R$ 50,00 em qualquer categoria ou vencimento e também nos minicursos. Caso deseje se filiar, visite o site da ABA, em: https://www.ababrasil.net/associe-se 

** Esta faixa de valor se aplica apenas a Especialistas, Mestres e Doutores que não estejam com vínculo de professor em IES, IF ou EBTT ou de pesquisador com qualquer tipo de bolsa. 

Nossas redes sociais

Siga-nos em nossas redes sociais para acompanhar outras notícias sobre o 6º SEDiAr, a Revista EID&A e a Associação Brasileira de Argumentação 


https://www.facebook.com/SEDiAr.oficial/                        https://www.instagram.com/_sediar/ 

Normas para submissão de resumo (prazo encerrado)

Envie seu resumo até 19/01/2025 e, depois de receber a carta de aceite, faça sua inscrição a partir de 03/02/2025.


Para se inscrever no 6º SEDiAr, você deve, primeiramente, submeter seu resumo, clicando no botão <REALIZAR SUBMISSÃO>, que está localizado ao fim das Áreas temáticas. Você fará a inscrição somente a partir de 01/02/2025, por meio do pagamento da taxa de inscrição.


Quem pode apresentar trabalho em um Simpósio Temático?

Poderão comunicar trabalhos estudantes de graduação que fizeram Iniciação Científica, Trabalho de Conclusão de Curso ou Projetos de Ensino (Residência Pedagógica ou PIBID), estudantes de pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado), bem como pessoas com mestrado ou doutorado concluídos.

 

Normas para o envio de resumo

  • Período para envio: de 21/09/2024 a 19/01/2025;
  • Será permitido o envio de apenas um resumo por autor e/ou coautor (ou seja, somente é permitida a apresentação de um único trabalho);
  • Cada resumo só poderá ter um ou dois autores, não sendo permitido um terceiro autor;
  • O resumo deve ter aderência à proposta do Simpósio Temático (leiam os resumos dos ST);
  • Os resumos podem ser escritos em português ou em espanhol. Casos excepcionais serão avaliados pela comissão organizadora;
  • O resumo deve ser submetido em arquivo editável (*.doc ou *.docx) via sistema do evento, sendo uma versão com identificação de autoria e outra versão sem identificação;
  • O resumo deve seguir as normas de formatação abaixo.

 

Normas de formatação do resumo para comunicação de trabalho

  • Sem formatações especiais ou inserção de logotipos ou informações sobre o evento, informar apenas o que se solicita abaixo:
  • Na primeira linha, título da comunicação (em caixa alta, negrito, centralizado, fonte Arial tamanho 12);
  • Duas linhas abaixo, com alinhamento à direita, fonte Arial tamanho 12, nome completo do primeiro autor
  • Na linha seguinte, vínculo institucional do primeiro autor, com nome completo mais a sigla da instituição entre parênteses;
  • Na linha seguinte, nome completo do segundo autor, se for o caso;
  • Na linha seguinte, vínculo institucional do segundo autor, quando houver, com nome completo mais a sigla da instituição entre parênteses;
  • Duas linhas abaixo, alinhamento justificado, espaço 1, fonte Arial tamanho 12, texto do resumo, de 250 a 300 palavras, contendo: (a) breve exposição da temática a ser tratada; (b) justificativas; (c) objetivos; (d) quadro teórico-metodológico; (e) resultados obtidos ou esperados.
  • Na linha seguinte, alinhamento justificado, espaço 1, fonte Arial tamanho 12, devem constar quatro palavras-chave (iniciais maiúsculas, separadas por ponto final).


INSCRIÇÃO NO EVENTO OCORRERÁ SOMENTE NO PERÍODO DE PAGAMENTO DAS TAXAS


Submissões (prazo encerrado)

Veja abaixo os resumos dos Simpósios Temáticos

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Simpósios Temáticos (ST)

ST01 - A SEMIOTIZAÇÃO SOB A ÓTICA DA SEMIOLINGUÍSTICA: A ARGUMENTAÇÃO COMO PROPOSTA INTERSUBJETIVA DO MUNDO

Ilana da Silva Rebello - Universidade Federal Fluminense (UFF)

Luciana Paiva de Vilhena Leite - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

De acordo com Charaudeau, todo ato de linguagem é uma mise en scène que comporta, no mínimo, quatro sujeitos, sendo dois situacionais e dois discursivos, que, por meio de signos verbais e/ou não verbais, têm por finalidade proceder a uma semiotização do mundo em que um mundo a significar passa a um mundo significado e, consequentemente, interpretado pela ótica de um sujeito. A troca entre sujeitos é controlada por um contrato de comunicação, responsável, dessa forma, pela organização da matéria linguística, nos vários modos de organização discursiva, definidos por Charaudeau como o conjunto de procedimentos que utiliza determinadas categorias de língua para ordená-las de acordo com as finalidades discursivas do ato de comunicação. O sujeito, mais ou menos consciente dos espaços de restrição e da margem de manobra proposta pela situação de comunicação, utiliza categorias de língua ordenadas nos modos de organização do discurso para produzir sentido, através da configuração de um texto. Assim, dependendo dos objetivos visados, do lugar social e dos papéis dos participantes, o eu-comunicante, sujeito que põe em cena o eu-enunciador, poderá utilizar sequências de um ou de vários modos em seu texto, de forma que, no jogo da enunciação, possam estar presentes vários modos de organização do discurso, conforme o projeto de dizer do enunciador. Dessa forma, sob a perspectiva principal da Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, mas com a possibilidade de interface de áreas inter e transdisciplinares, a proposta deste simpósio é reunir pesquisas que abordem o tema da argumentação em sua dimensão mais ou menos explícita e em diferentes corpora de pesquisa, através da contribuição de diversas áreas do saber, pondo em evidência a produtividade do quadro teórico da semiolinguística para esse fim, com vistas a contribuir para a formação e para o enriquecimento dos participantes, bem como para o progresso das pesquisas em Análise do Discurso. A proposta também pretende focar o olhar para pesquisas que considerem a argumentação no bojo de gêneros que, tradicionalmente, não sejam pensados como aqueles em que a argumentação seja o modo preponderante. Nesse sentido, podem ser consideradas pesquisas que abordem corpus ficcionais, imagéticos, multimodais, entre outros.

 

ST02 - ARGUMENTAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMATICA

Antonio Sales - Universidade Anhanguera (UNIDERP)

João Paulo Attie - Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Refletir sobre a argumentação em educação matemática suscita uma série de questões relevantes, especialmente sobre conceitos a ela relacionados, tais como a prova, a demonstração, a explicação, a justificativa, o raciocínio, a compreensão e até mesmo a retórica e o discurso, entre outros. Neste Simpósio Temático, estarão congregados trabalhos que apresentem estudos e pesquisas que podem abranger desde a fundamentação teórica relacionada a tais aspectos, como também aos conceitos ou às práticas fundamentadas na Argumentação no Ensino e ou na Aprendizagem de Matemática, em diversos contextos e abordagens metodológicas, dentre as quais podemos citar teóricos como Balacheff (1988), Duval (1993), Toulmin (2007), Perelman, & Olbrechts-Tyteca, (2006), Stylianides (2017) e Habermas (1999). A existência e a permanência de um espaço para discussões, reflexões e análises sobre a Argumentação no campo da Educação Matemática se justifica por algumas razões principais, entre as quais destacamos: a relevância do conhecimento matemático e de suas aplicações, tanto em termos individuais quanto em termos socialmente instituídos – a despeito da invisibilidade aparente da qual essa importância se reveste – a potencialidade da educação matemática, enquanto promotora de uma cidadania crítica e reflexiva e, por último, mas não menos importante, a singular importância da argumentação nesse campo, como um alicerce para a superação de modelos de ensino e de aprendizagem baseados no binômio memorização e repetição. Dessa forma, esse Simpósio Temático tem como objetivos principais: 1) possibilitar a socialização de conhecimentos e o debate sobre Argumentação em Educação Matemática, sob diversos olhares teóricos e percursos metodológicos e 2) divulgar pesquisas que tenham como objeto de estudo a análise desse tema. O perfil teórico metodológico esperado para as intervenções é de natureza qualitativa ou quantitativa. A estratégia utilizada pelos participantes durante o Simpósio será por meio da exposição de trabalhos, do diálogo e de questionamentos sobre as concepções teóricas e metodológicas relacionadas aos discursos e à argumentação nos espaços nos quais acontece a educação matemática, aos usos da argumentação e demonstração nesses espacos, especialmente nas aulas de matemática, e a importância da argumentação na formação para a cidadania de alunos, futuros professores ou professores em exercício, entre outros.

 

ST03 - ARGUMENTAÇÃO MULTIMODAL E COLABORATIVA NA ANÁLISE DE PROJETOS DE FORMAÇÃO SUSTENTÁVEL E EMANCIPADORA

Fernanda Liberali - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)

Isabel Cristina Michelan de Azevedo - Universidade Federal de Sergipe (UFS)

A argumentação multimodal e colaborativa desempenha um papel crucial na ação e formação de educadores, impactando significativamente o desenvolvimento tanto dos educadores quanto dos estudantes. Integrando múltiplos modos de comunicação como texto, imagem, som, movimento e gesto, essa abordagem permite uma compreensão mais rica e abrangente dos processos educacionais e dos resultados alcançados. No contexto de diferentes iniciativas acadêmicas e de extensão, a argumentação multimodal e colaborativa promove práticas educacionais mais inclusivas e dinâmicas, facilitando o engajamento e a reflexão crítica entre todos os envolvidos. Esse tipo de investigação acadêmica-científica e esses modos de agir no âmbito educacional contribuem para conscientização de pesquisadores e professores acerca das alternativas para a contraposição a diferentes problemas sociais, como a gestão de resíduos, a manutenção das instalações comunitárias, o consumo de água, o nível de conhecimento ambiental, entre tantos outros. Para que a justiça social e a resistência sejam efetivadas na sociedade contemporânea, esforços coletivos, em distintos espaços sociais, são necessários e o engajamento em atividades destinadas à justiça, ao combate à desigualdade social, a busca pela equidade nos espaços formativos e em ambientes de trabalho, entre outras situações, são bem-vindos. Metodologicamente, interessa-nos propostas que promovam a integração de abordagens qualitativas e quantitativas na argumentação multimodal colaborativa, fundadas em métodos qualitativos, com apoio em variados instrumentos e técnicas, como filmagens de eventos, entrevistas e histórias de vida, que fornecem saberes valiosos para ajustar programas e intervenções, garantindo uma compreensão mais profunda dos impactos ético-políticos e sociais. Assim, neste Simpósio Temático, entende-se que a argumentação multimodal e colaborativa contribui para a conscientização e educação social e ambiental, sobretudo ao incentivar a sensibilização e a produção artística e cultural. Em termos de educação cultural e comunitária, destacam-se o desenvolvimento de currículos abertos e voltados à valorização de grupos sociais variados, a participação comunitária e a preservação cultural. Assim, serão acolhidas propostas que destacam ações de linguagem interessadas em questões éticas e culturais e que querem discutir como a argumentação pode colaborar com a investigação, análise, compreensão, enfrentamento e superação desses desafios. Entende-se que as propostas podem integrar abordagens qualitativas e quantitativas na argumentação, visando enriquecer a avaliação dos acontecimentos sociais e a compreensão mais profunda dos impactos éticos, políticos e sociais.

 

ST04 - ARGUMENTAÇÃO NA EDUCAÇÃO: EXPERIÊNCIAS DE ENSINO A PARTIR DE ESTRATÉGIAS  POTENCIALMENTE ARGUMENTATIVAS

Sylvia De Chiaro - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Nádia Oliveira da Silva - Centro Universitário Boa Viagem (UniFBV)

O uso da argumentação no contexto de ensino desempenha um papel crucial no desenvolvimento de habilidades que envolvem o pensamento crítico, reflexivo e metacognitivo. Isso porque se trata de uma atividade social e discursiva que utiliza a linguagem para justificar ou refutar posicionamentos ao considerar perspectivas alternativas, visando aumentar ou diminuir a aceitabilidade dos pontos de vista tratados entre pares que buscam resolver uma diferença de opinião (van Eemeren et al., 1996; van Eemeren; Grootendorst, 2002). Desse modo, um processo intrínseco à argumentação é a revisão de perspectivas, sendo essencial para a construção do conhecimento e a prática reflexiva (Leitão, 2000). Dado o seu teor epistêmico, houve um maior interesse por parte de pesquisadores e educadores em compreender qual a função que atividades argumentativas desempenham em contextos de ensino-aprendizagem. Em linhas gerais, esses estudos apontam que a promoção de um ambiente argumentativo viabiliza a reflexão crítica e a ampliação de critérios utilizados na análise dos argumentos, ou mesmo na mudança de pontos de vista (a exemplo De Chiaro, 2020; Ramínez, 2012; 2018). Uma das explicações para tal feito é o fato da argumentação se tratar de uma atividade que envolve processos cognitivos e discursivos fundamentais na construção do conhecimento e na prática reflexiva, como, por exemplo, a habilidade de construir um ponto de vista de maneira clara e fundamentada, o estímulo à revisão dos próprios pensamentos e consequente desenvolvimento das habilidades de raciocínio dos envolvidos (Leitão, 2011). Baseada nessas considerações, esta sessão de trabalho (ST) visa fomentar discussões sobre experiências de ensino fundamentadas na utilização de estratégias pedagógicas potencialmente argumentativas, em diferentes contextos educacionais e áreas do conhecimento. Aqui, entende-se que uma estratégia potencialmente argumentativa (EPA) deve ser derivada de um desenho pedagógico em argumentação que seja intencionalmente mediada e planejada de modo a estimular o exercício desta forma discursiva no contexto da educação (De Chiaro, 2024). Nesse sentido, propõem-se um espaço no qual pesquisadores e/ou professores de diferentes áreas de atuação e conhecimento possam compartilhar e difundir conhecimentos atrelados à construção e o implemento de Estratégias Potencialmente Argumentativas (EPA) no contexto de ensino. Isso pode ser feito a partir de relatos de experiência, investigações e/ou dados empíricos que atestem a eficácia e os benefícios atrelados ao uso desses instrumentos pedagógicos.

 

ST05 - ARGUMENTAÇÃO NO ENSINO DAS CIÊNCIAS: DESAFIOS, ABORDAGENS E PERSPECTIVAS

Valter César Montanher - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP)

José Antônio Bezerra de Oliveira - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

A implementação da argumentação vem ganhando espaço no ensino de ciências, sendo reconhecida por muitos pesquisadores e professores sua importância para o desenvolvimento do pensamento crítico e para a compreensão de conceitos científicos. Existem dificuldades na integração da argumentação em práticas pedagógicas, como a falta de formação específica na teoria e prática argumentativa, a resistência dos estudantes a metodologias ativas, e a complexidade na avaliação do desenvolvimento das competências em argumentação e do aprendizado disciplinar dos estudantes em situações argumentativas. Neste contexto, a presente proposta de Simpósio Temático emerge a partir da reflexão sobre a necessidade de desenvolver e aplicar estratégias pedagógicas que promovam um ensino e aprendizagem mais reflexivos e críticos das Ciências Naturais, Exatas e da Terra, em que a argumentação desempenha um papel essencial. Para nós, a argumentação facilita o desenvolvimento de habilidades cognitivas específicas, como a análise crítica, a resolução de problemas e a tomada de decisões baseadas em evidências. Assim, ao argumentar, os estudantes compreendem melhor os conceitos das ciências e se envolvem com o processo científico, questionando e avaliando as informações de maneira crítica. Neste sentido, esta proposta de Simpósio Temático visa trabalhos que tratem de: (a) discutir os fundamentos teóricos da argumentação no contexto educacional e científico, explorando como esses princípios podem ser aplicados efetivamente no ensino de ciências; (b) identificar e analisar metodologias que favoreçam a argumentação em espaços formais e não-formais de ensino das ciências, tais como as metodologias ativas; (c) compartilhar experiências e evidências empíricas sobre a eficácia dessas abordagens, apresentando resultados de estudos de caso e pesquisas recentes; e (d) promover um debate sobre melhores práticas para a formação de docentes, oferecendo orientações para integrar a argumentação de maneira eficaz no currículo. A interdisciplinaridade é algo desejável, com ênfase em estudos de caso, análises de corpora argumentativos e avaliações quantitativas e qualitativas das práticas pedagógicas. Esperamos comunicações que tragam contribuições teóricas e empíricas significativas, além de reflexões inovadoras sobre a aplicação da argumentação no ensino das ciências. Ademais, essa proposta visa abordar os desafios atuais de promover um ensino mais reflexivo e crítico, que qualifique os estudantes a desenvolver habilidades argumentativas robustas e a aplicar o conhecimento científico de maneira eficaz e responsável.

 

ST07 - ATO ÉTICO-RESPONSÁVEL, DIALOGISMO E CULTURA DA ARGUMENTAÇÃO: IMPLICAÇÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS

Luciano Novaes Vidon - Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Vivian Pinto Riolo - Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Uma cultura da argumentação, segundo Zarefsky (2009), se caracterizaria, fundamentalmente, por valorizar a contraposição discursiva, isto é, por colocar em interação discursos e contradiscursos, pontos de vista e perspectivas em contraposição, como também defendem, por exemplo, Plantin (2008; 2011) e Grácio (2011; 2016). Uma cultura da argumentação contribuiria, assim, para um ambiente mais democrático, igualitário ao conjunto de vozes sociais que disputam os temas em pauta, assuntos em questão, segundo Plantin (2008). A perspectiva dialógica do Círculo de Bakhtin se insere nesse horizonte epistêmico ao conceber as relações dialógicas como vitais para a compreensão das enunciações e interações argumentativas, éticas e políticas. Tais interações discursivo-argumentativas não são de uma ordem puramente lógica, mas, conforme Bakhtin (2010), incidem sobre elas centros valorativos que se definem na situacão concreta do uso da linguagem. Assim, o valor atribuído ao outro, à palavra alheia, e à situação de interação é que rege a palavra própria em seu ato ético e responsável, e igualmente define a orientação da contrapalavra na argumentação, o que afirma o vínculo afetivo entre os pares e o tom do discurso. Neste sentido, o presente Simpósio Temático se propõe a receber propostas de trabalhos de pesquisa, tanto teóricas, quanto aplicadas, em que o foco é a argumentação vista como uma prática social, discursivo-ideológica. Trata-se de um espaço multidisciplinar em que pesquisadores das áreas do discurso, do texto, e da educação, entre outras, voltados para a argumentação, em diferentes perspectivas, possam se reunir e dialogar. Trazer a argumentação para o centro do debate teórico é confrontar as diferentes perspectivas que foram e vem sendo construídas a respeito dessa prática. Incluem-se aqui a retórica clássica, a nova retórica perelmaniana, a teoria da argumentação de Toulmin, a perspectiva dialogal de Plantin e interacional de Grácio, bem como as investidas da Linguística e da Linguística Aplicada sobre esse tema. Outrossim, incluem-se, também, perspectivas discursivas, como a dialógica, do Círculo de Bakhtin, a enunciativa de Ruth Amossy e Patrick Charaudeau, e a semiótica discursiva, de Greimas e de seus desdobramentos em semioticistas contemporâneos. Propõe-se, portanto, um espaço para diálogos teórico-metodológicos com pesquisas sobre a argumentação nos diferentes campos da atuação humana.

 

ST08 - DISCURSOS E IDENTIDADES: NARRATIVAS ARGUMENTATIVAS

Alexandre Ferreira da Costa - Universidade Federal de Goiás (UFG)

Luana Alves Luterman - Universidade Estadual de Goiás (UEG)

O Simpósio Temático “Discursos e Identidades: narrativas argumentativas” objetiva reunir propostas de comunicação relacionadas aos estudos do discurso, identidades e narrativas de professores no contexto do ensino de línguas. Nessa perspectiva, serão bem-vindas contribuições de pesquisas finalizadas ou em andamento, assim como relatos de práticas e experiências de pesquisas aplicadas no contexto da educação básica que articulem acerca das possibilidades de estudo sobre identidades, discursos e os seus encadeamentos no enunciado. Nesse sentido, o simpósio parte de pesquisas que reconhecem o potencial argumentativo e identitário do discurso em narrativas de docentes no contexto escolar. Para tanto, o simpósio se fundamenta na Teoria de Análise do Discurso Crítica desenvolvida por Norman Fairclough, em 1989, com destaque à Teoria Social do Discurso, reconhecendo a Análise Crítica do Discurso (ACD) como uma proposta teórico-metodológica. No que tange a relação intrínseca entre argumentação e linguagem, a proposta apoia-se nos trabalhos de Ducrot (1987) e Anscombre (1995), linguistas franceses que discutem sobre a orientação semântica do enunciado. Não podemos parar de pensar nessa relação dialética, considerando que o discurso é moldado pela estrutura social, visão presente nos trabalhos de Bakthin e do Círculo, bem como a fecundidade das teorias bakhtinianas a cerca da compreensão responsivo-ativa, na análise da argumentação. Com as contribuições de Fairclough (2016) é discutido sobre os efeitos constitutivos do discurso: 1) o discurso contribui para a construção de identidades sociais ou posições de sujeito; 2) o discurso constrói relações sociais; 3) o discurso contribui para a construção dos sistemas de conhecimentos e crenças. A ideia de trabalhar com as narrativas é por propiciar e criar espaço para momentos pedagógicos no ensino de línguas, nos quais as pessoas podem se conectar consigo e com outras, como esboça Goodson (2019). Seguindo essas vertentes teóricas e metodológicas, defende-se a ideia de que não há poder sem resistência, daí a possibilidade de mudanças no discurso e no modo como é representada as identidades nos discursos. Dessa maneira, a constituição desse simpósio temático se justifica pela contribuição que os estudos nele desenvolvidos oferecem ao campo das relações entre discurso, argumentação e identidades. As propostas em exame devem ser resultado de processos de dar sentido e organizar o mundo de forma compreensivo-ativa, por meio de enunciados que revelam verdades identitárias, com atividades participativas e dialógicas, sejam de forma individual ou coletiva.

 

ST09 - ENSINO DA ARGUMENTAÇÃO NA PERSPECTIVA DIALÓGICA DO DISCURSO: ALGUMAS ABORDAGENS

Maria Inês Batista Campos Noel Ribeiro - Universidade de São Paulo (USP)

Thiago Jorge Ferreira Santos - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Neste simpósio, temos por objetivo propor um espaço para a discussão sobre pesquisas de pós-graduação, pós-doutorado e iniciação científica concluídas ou em andamento com foco no tema da argumentação em diferentes níveis de ensino. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC/2018) e os currículos estaduais, como o Currículo Paulista (2019, 2020) e o Currículo Base do Território Catarinense (2019, 2020), descrevem diversas habilidades relacionadas à argumentação nos eixos do componente curricular de língua portuguesa. Uma das competências gerais da BNCC é a “Argumentação”, sendo transversal às outras áreas (Humanidades, Ciências da Natureza e Matemática). Os documentos orientadores para a educação básica e os estudos científicos destacam as novas formas de argumentação em meio digital nos textos nativos digitais (PAVEAU, 2021), enfatizando diversos recursos e funções argumentativas, como aquelas desempenhadas tanto pelos links (SAEMMER, 2015), quanto pela hipermídia (ROJO, BARBOSA, 2014). Ademais, constata-se que o trabalho com os textos argumentativos, não raro, traz dificuldades para estudantes (em diversos níveis de ensino) que advém dos bancos escolares com a ideia de que dissertar é argumentar, assim para uma boa produção do texto argumentativo basta conhecer a estrutura introdução-desenvolvimento-conclusão. Ainda nesse binômio, a argumentação, majoritariamente, está presente em textos escritos, negligenciando a argumentação no texto oral e os procedimentos argumentativos dos textos verbo-visuais. No escopo dessas problemáticas, a proposta é discutir as seguintes perguntas norteadoras: a) Como e quais mecanismos textuais, discursivos e enunciativos favorecem o ensino da argumentação na leitura/escuta e produção textual argumentativa (escrita, oral e multimodal)?; b) Que saberes são necessários para os professores ensinarem os gêneros do discurso que demandam argumentação?; c) Como os textos digitais propiciam o ensino da argumentação?; d) Quais relações possíveis entre argumentação, ensino e outras áreas do conhecimento? Acolhemos pesquisas ancoradas na perspectiva teórico-metodológica da Análise Dialógica do Discurso (BAKHTIN, 2016; VOLÓCHINOV, 2017, 2019) em diálogo com outras abordagens teóricas do campo de estudos do texto e discurso, bem como a linguística aplicada e ciências da educação; e que apresentam análises de dados obtidos de diversos objetos, como sequências didáticas, manuais escolares e apostilados; textos digitais em várias esferas de atividades humanas, além de materiais produzidos por estudantes e professores de língua portuguesa na formação inicial ou continuada.

 

ST10 - ENSINO DA ARGUMENTAÇÃO SOB DIVERSAS PERSPECTIVAS: DA LÓGICA INFORMAL À ARGUMENTAÇÃO NO DISCURSO


Antonio Lailton Moraes Duarte - Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Kleiane Bezerra de Sá - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)


Este simpósio temático abre espaço para um debate sobre o ensino da argumentação sob diversas perspectivas, desde a lógica informal, passando pela retórica clássica até a argumentação no discurso. Para a teoria da argumentação no discurso (TAD), argumentar é tentativa de modificar, de reorientar, ou mais simplesmente, de reforçar, pelos recursos da linguagem, a visão das coisas da parte do alocutário (Amossy, 2011). Seguindo as concepções da autora, a Linguística Textual (LT) toma de análise o texto como evento delimitado como unidade comunicativa de coerência em contexto (Cavalcante et al., 2022) e defende que a argumentação é constitutiva de todo texto. Neste quadro, objetivamos identificar diferentes métodos para desenvolver habilidades e competências argumentativas nos variados níveis educacionais, em consonância com as práticas sociais de linguagem e as diversas formas de interação argumentativa. Desse modo, espera-se que os trabalhos que compõem este simpósio intervenham: (1) refletindo acerca do lugar da argumentação no ensino formal, para discutir as possibilidades de introduzir práticas pedagógicas baseadas em práticas sociais de linguagem dirigidas ao desenvolvimento das capacidades argumentativas de estudantes da educação básica ao ensino superior; (2) discutindo sobre as práticas argumentativas cotidiana e acadêmicas, como ferramentas para a construção responsável da cidadania e como meio para a aprendizagem de conteúdos disciplinares; (3) socializando experiências didáticas que se valem de práticas sociais multiletradas, em que se demonstrem que as práticas pedagógicas precisam ir além do modelo tradicional de ensino de redação de textos dissertativos e ensaios acadêmicos, como indicam as demandas educacionais e os sistemas educativos; (4) discutindo propostas alinhadas às demandas contemporâneas de uso da linguagem propiciados pelas teorias argumentativas em suas diferentes perspectivas e vertentes, seja da retórica clássica, da nova retórica, da argumentação na língua, da pragmadialética, da argumentação erística, da argumentação do discurso, da argumentação polêmica, dentre outras; (5) analisando critérios reguladores da variabilidade dos diferentes graus da argumentatividade nos textos e sua implicação para o ensino da argumentação; (6) apresentando reflexões teóricas, procedimentos analíticos adequados à didatização e propostas de ensino de argumentação, que possam servir de recurso para docentes em qualquer nível de ensino.

 

ST11 - ENSINO DE ARGUMENTAÇÃO EMANCIPADORA: ASPECTOS CONCEITUAIS E EXPERIENCIAIS

Eduardo Lopes Piris - Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

Glícia Azevedo - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

O termo “ensino de argumentação emancipadora” consiste numa expressão encapsulada, cujo significado busca compreender, ao mesmo tempo, uma perspectiva emancipadora da educação e uma concepção de argumentação como prática social de linguagem. A premissa é que o planejamento de ensino materializa a esperança como forma de superar a situação-limite na qual dada comunidade vê o agravamento de suas condições de vida e vislumbra a tensão entre a denúncia de um presente intolerável e o anúncio da necessidade de construir um futuro político, ético e esteticamente melhor. No ensino da argumentação emancipadora, é fundamental que sejam considerados e desenvolvidos, conjuntamente, os eixos de criticidade, reflexividade e dialogicidade, bem como três conceitos-chave que sustentam o planejamento de ensino de argumentação emancipadora: (i) a concepção freiriana de ensino-aprendizagem; (ii) a concepção dialógica de linguagem; (iii) a perspectiva interacional de argumentação. Isso posto, a sistematização do ensino de argumentação emancipadora requer a análise de aspectos conceituais e experienciais, uma vez que, ao focalizar a práxis social com vistas à participação cívica, interventiva e emancipadora de uma coletividade, são as variáveis situacionais, advindas de cada experiência, que oferecem contornos singulares a essa proposta de ensino. Tal perspectiva suscita, de um lado, os pressupostos teóricos da argumentação prática, cuja dinâmica interacional requer dos participantes a identificação de uma exigência (problema) que deve ser removida, a discussão sobre as alternativas de remoção dessa exigência como forma de resolver ou dirimir um problema comum e a elaboração negociada de uma proposta de ação e, de outro lado, a compreensão sobre o lugar das paixões na argumentação como prática social, já que consideramos, com Paulo Freire, o sonhar e o esperançar como o motor da luta contra a opressão e a injustiça. Partindo desses pressupostos, neste simpósio temático (ST), temos o interesse de reunir comunicações orais que tratem de experiências (finalizadas ou em andamento) de ensino de argumentação emancipadora para que possamos mapear aspectos conceituais e experienciais que as singularizam e que as atravessam. Com isso, pretendemos vislumbrar possibilidades de sistematização dessa proposta de ensino. Em razão desse interesse, priorizamos, neste ST, comunicações que tratem de dados advindos de pesquisas de intervenção nas áreas da Linguística Aplicada e de Letras, orientadas teórico-metodologicamente pela concepção dialógica da linguagem, pelos estudos de letramento de vertente sociocultural, pelos estudos da argumentação interacional e pela perspectiva da educação crítica.

 

ST12 - ENSINO DE ARGUMENTAÇÃO PARA O SÉCULO XXI: TEXTO, LEITURA E ESCRITA

Ana Lúcia Tinoco Cabral - Instituto de Pesquisas Linguística “Sedes Sapientiae” para Estudos de Português da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (IP/PUCSP)

Sueli Cristina Marquesi - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP)

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) preconiza o ensino da argumentação, com vistas a formar cidadãos atuantes, que contribuam para a discussão e solução dos problemas da sociedade. Dessa forma, o documento destaca o saber argumentar como uma das competências gerais para a Educação básica. Conforme o documento, argumentar se faz por meio de “dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões” (BRASIL, 2018, p. 9). O documento acrescenta ainda a importância de que essas decisões “respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta (BRASIL, 2018, p. 9). Embora a BNCC esteja voltada para a formação básica, entendemos que os preceitos que ela traz relativamente à importância da argumentação para a vida cidadã estendem-se igualmente para a formação profissional universitária seja qual for a área de formação, seja qual for o nível, uma vez que saber argumentar constitui uma competência fundamental para a vida em sociedade, o que justifica o interesse de professores e pesquisadores. Considerando a importância da argumentação para a atuação política e cidadã, é pertinente abordar temas sensíveis da sociedade contemporânea e as mais diversas manifestações, inclusive nas redes digitais. Com base nessa reflexão inicial, o presente simpósio tem por objetivo promover a discussão e a reflexão em torno do ensino da argumentação nos mais diversos níveis do ensino, desde o básico até a pós-graduação. Para tanto, convocamos a participação de professores e pesquisadores dedicados ao estudo da argumentação e sua aplicação no ensino da argumentação, tratando especialmente de questões textuais, tanto na escrita quanto na leitura, e considerando a organização textual argumentativa, as estratégias linguísticas, enunciativas e os efeitos de sentido. Assim sendo, a base teórica é a da Linguística Textual em diálogo com Análise Textual dos Discursos, os Estudos da Enunciação, a Teoria da Argumentação na Língua, a Argumentação no Discurso e a Nova Retórica.  Serão aceitos trabalhos que, dentro das abordagens teóricas apontadas, apresentem estudo ou proposta prática que contemplem temas sensíveis da sociedade contemporânea e considerem o agir na sociedade global por meio da Argumentação. 

 

ST13 - O TEXTO COMO ESPAÇO DE NEGOCIAÇÃO: ABORDAGENS ARGUMENTATIVAS NO ENSINO

Sâmia Araújo dos Santos - Universidade Federal do Ceará (UFC)

Suelene Silva Oliveira - Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Este simpósio propõe reunir trabalhos que exploram a Linguística Textual, com ênfase na concepção do texto como um evento irrepetível e um acontecimento interativo. Nesta perspectiva, o texto é visto como uma unidade comunicativa de coerência, funcionando como um espaço dinâmico de negociação de sentidos. A coerência, assim redefinida, torna-se uma condição indispensável para a constituição do texto (Cavalcante et al., 2022). Com base nessa abordagem, defendida pelo grupo de pesquisa Protexto (Grupo de Pesquisa em Linguística), a argumentação é entendida como parte inerente da linguagem, capaz de impulsionar a negociação nas estratégias de textualização em contextos sociointeracionais (Cavalcante et al., 2020).Inspirando-se nas reflexões de Amossy (2018), o simpósio pretende analisar práticas discursivas que, mesmo sem a necessidade de uma tese explícita ou posicionamento claro do locutor, como em entrevistas, memes, conversas e crônicas, ainda carregam uma dimensão argumentativa. Amossy expande o conceito de argumentatividade ao sugerir que o discurso possui o poder de "orientar os modos de ver, pensar e sentir dos interlocutores" (Cavalcante et al., 2020, p. 30). Essa discussão encontra ressonância na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que destaca a argumentação como uma das dez competências gerais essenciais para os alunos da educação básica. A BNCC enfatiza a capacidade de "argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns" (Brasil, 2018, p. 30). Tal competência, vital para a formação educacional, deve ser cultivada em todos os níveis de ensino, desde a educação básica até a pós-graduação. Contudo, a reflexão proposta na BNCC se concentra em textos de sequência argumentativa dominante, como artigos de opinião, dissertações e artigos científicos, cujo objetivo é persuadir e engajar os interlocutores nas opiniões defendidas (Adam, 2019; Amossy, 2018). Conclui-se que a diversidade de modos de argumentar deve ser integrada ao ensino de língua portuguesa, mesmo que documentos prescritivos, como a BNCC, não afirmem explicitamente que todos os textos possuem um caráter argumentativo. Este simpósio, portanto, convida à reflexão sobre o texto como um evento irrepetível, explorando as práticas discursivas com dimensão argumentativa ou visada argumentativa, e como estas podem ser incorporadas ao contexto educacional.

 

ST15 - TEXTO, ARGUMENTAÇÃO E ENSINO

Suzana Leite Cortez - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Vanda Maria Elias - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Tomando por base o que preconizam documentos curriculares para o ensino de língua, a exemplo da BNCC, que postula a capacidade de “Analisar informações, argumentos e opiniões manifestados em interações sociais e nos meios de comunicação” (Brasil, 2018, p.83), como uma das competências para o ensino de português, este simpósio propõe-se a discutir como os textos podem ser trabalhados na escola com atenção especial para sua argumentatividade. O tema da argumentatividade dos textos vem sendo problematizado pela linguística textual (LT) brasileira desde os primeiros trabalhos de Ingedore Koch que contribuíram para fundar a tradição de estudos sobre questões da argumentação na linguística textual. Conforme afirma Cavalcante (2016, p.106), isto “não traduz uma reivindicação da LT como disciplina que teoriza sobre a argumentação, mas como uma disciplina que sempre, e por diferentes conduções metodológicas, incluiu a argumentação como um pressuposto inegável e como uma motivação para a análise de diversas estratégias de organização textual”. Por este entendimento e, em conformidade com Cavalcante, pode-se dizer que atualmente há quatro vertentes que lidam com as questões da argumentação na LT: i) trabalhos orientados pela Teoria dos Blocos Semânticos, de M. Carel e O. Ducrot, ii) estudos que seguem a Análise Textual dos Discursos, com base em Jean-Michel Adam, iii) trabalhos que adotam os critérios da Semiolinguística de Patrick Charaudeau e iv) estudos que se fundam em postulados da Retórica e da Nova Retórica através de trabalhos como, por exemplo, o de Ruth Amossy. Mesmo com esta diversidade, característica da natureza interdisciplinar da LT, o que as abordagens têm em comum é o fato de se voltarem ao estudo do texto considerando, especialmente, aspectos enunciativos e pragmáticos. Nesta convergência, o simpósio destina-se a trabalhos que se dedicam a discutir e investigar as questões da argumentação ou a argumentatividade dos textos no ensino da leitura e da produção textual sob diferentes enfoques no campo da LT. Dentre as questões da argumentação que podem ser analisadas no trabalho com o texto no ensino de língua, citamos o estudo do encadeamento de enunciados, da progressão textual, dos articuladores textuais, das sequências textuais, da referenciação, da intertextualidade, do tópico discursivo, do ponto de vista, da responsabilidade enunciativa, das provas retóricas (ethos, pathos e logos), da heterogeneidade enunciativa, etc. Espera-se que os trabalhos possam articular o estudo da argumentatividade dos textos, seja na leitura, seja na produção textual, com temas de relevância social em pauta no ensino de língua.

 

ST16 - VOZES QUE PERSUADEM: ANÁLISE DA ARGUMENTAÇÃO EM CONTEXTOS ESCOLARES

Silvio Ribeiro da Silva - Universidade Federal de Jataí (UFJ)

Sebastião Carlúcio Alves Filho - Faculdade de Gestão e Inovação (FGI)

O papel central da argumentação, enquanto prática discursiva, tanto no contexto educacional quanto nas interações sociais mais amplas e diversas, é indiscutível e fundamental. Ainda existem, contudo, desafios significativos e complexos que precisam ser enfrentados para uma melhor compreensão de como as técnicas argumentativas são ensinadas, aprendidas e aplicadas na prática cotidiana. Um dos problemas centrais que será abordado neste simpósio é a maneira como as teorias de argumentação têm sido efetivamente colocadas em prática em ambientes escolares, especialmente no que diz respeito ao uso de livros e materiais didáticos utilizados para esse fim. Com isso, pretendemos analisar, com base nos trabalhos que serão apresentados, a forma como a argumentação está sendo implementada nas práticas escolares e educacionais. A justificativa para a realização deste simpósio está na necessidade de promover um diálogo interdisciplinar que integre não apenas as teorias da argumentação, mas também as práticas pedagógicas e a análise dos contextos de interação nos quais a argumentação se faz presente e é essencial. Buscamos, assim, contribuir de maneira significativa para a construção de uma sociedade mais reflexiva, crítica e bem-informada, na qual a argumentação possa servir como uma ferramenta eficaz para o diálogo e a resolução de conflitos. Assim, os objetivos do simpósio são: (1) discutir as diferentes abordagens teóricas da argumentação em uso no contexto escolar atual; (2) explorar as diversas metodologias que são utilizadas para ensinar e analisar a argumentação em ambientes escolares, seja por meio do uso ou não de livros e materiais didáticos específicos; (3) identificar práticas pedagógicas eficazes que podem ser implementadas para fortalecer e desenvolver a capacidade argumentativa dos alunos de forma geral. O perfil teórico-metodológico esperado para as intervenções durante o simpósio abrange uma abordagem interdisciplinar, que combina contribuições e perspectivas da Linguística, Retórica, Educação e Ciências Sociais. Esperamos que as apresentações incluam análises qualitativas e quantitativas, estudos de caso detalhados e revisões teóricas, com foco particular na aplicação prática das teorias de argumentação. Ao reunir pesquisadores de diferentes campos e especialidades, este simpósio pretende fomentar uma compreensão mais profunda e prática da argumentação, contribuindo para a educação de sujeitos que sejam capazes de participar ativamente e de maneira crítica não só na esfera escolar, mas também nas interações extraescolares e na sociedade como um todo.

 

ST17 - A ARGUMENTAÇÃO E AS ESCRITAS DE TEOR TESTEMUNHAL COMO GESTOS DE RESISTÊNCIA

Luciano Tocaia Magnoni - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Fábio Ávila Arcanjo - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Este simpósio tem por objetivo reunir professores e pesquisadores que promovam o debate a partir de pesquisas iniciais, em andamento ou finalizadas sobre (contra)discursos de resistência associados ao testemunho. Amplamente difundido no campo dos estudos literários e (ainda) em menor proporção no âmbito dos estudos linguísticos, a noção de testemunho é consideravelmente multifacetada quando abordada no quadro das ciências humanas, em virtude da flutuação terminológica que caracteriza o conceito, o que o faz ser considerado por uns como gênero do discurso, por outros como um teor, um modo discursivo ou apenas um efeito de sentido. No que diz respeito às condições de produção, partimos do princípio de que a noção de testemunho emerge a partir das barbáries do século XX, com destaque para a Segunda Guerra Mundial, deslizando, a posteriori, para os inúmeros embates e conflitos traumáticos de teores étnico, racial e sexual, instaurados da segunda metade do século XX ao início deste século. Assim sendo, o testemunho pode ser considerado um ato de resistência aos discursos mobilizados por grupos hegemônicos, que primam em operar um enquadramento da memória (Pollak, 1989), segregando a voz de sujeitos pertencentes a grupos minoritários. É nesse sentido que pensamos o testemunho, isto é, como uma possibilidade de escape do sítio da outridade (Seligmann-Silva, 2023), a partir de uma desorganização da fala (Orlandi, 2004), na qual, a contrapelo, os sujeitos estigmatizados resistem ao silenciamento imposto por formações ideológicas vigentes. Nesse âmbito, a escrita testemunhal é fundamentalmente argumentativa, funcionando como um mecanismo de combate de sentidos (Orlandi, 2023), no qual são colocados em movimento outro conjunto de formações discursivas, na inscrição de atos de resistência à invisibilidade social, à inaudibilidade,  à exclusão, dentre outros. Dessa forma, aceitam-se, neste simpósio, propostas de comunicação sob o viés de abordagens teórico-metodológicas de natureza discursiva e/ou argumentativas relacionadas ao trabalho com o testemunho e resistência, encenados por determinados sujeitos, em contextos diversos, como, por exemplo, os sobreviventes da Shoah e demais genocídios, pessoas em situação de rua, migrantes, povos originários, membros da comunidade LGBTQIAP+, entre outros. Ademais, é bastante desejável que as apresentações possam, em alguma medida, refletir sobre aspectos ideológicos, sociais e/ou psicanalíticos, em um gesto de mobilização de categorias argumentativas e/ou discursivas voltadas para lidar com as diversas relações porosas existentes entre o silenciamento e os atos de resistência.

 

ST18 - A ARGUMENTAÇÃO NA INTERAÇÃO: REVERBERAÇÕES DA TENSÃO ARGUMENTATIVA

Rui Alexandre Grácio - Universidade de Aveiro, Portugal

Rubens Damasceno-Morais - Universidade Federal de Goiás (UFG)

São múltiplas as abordagens teóricas da argumentação. Adoptando um ponto de vista linguístico, Ducrot e Anscrombre desenvolveram uma “teoria da argumentação na língua”, no qual o conceito de orientação é fundamental. Perspectivando a argumentação no quadro da análise do discurso, R. Amossy elaborou uma “teoria da argumentação no discurso”, defendendo que neste há sempre uma dimensão argumentativa e que, em casos mais específicos, podemos falar de “visada argumentativa”. Autores como Perelman e Olbrechts-Tyteca conceberam a argumentação como uma “nova retórica” e outros autores privilegiaram a dimensão lógico-informal da argumentação. No presente Simpósio Temático, propomos convocar a abordagem que desenvolve uma teoria da argumentação “na interação”, privilegiando a noção de tensão argumentativa e tomando como pano de fundo a ideia de que a  oposição argumentativa é essencial para considerar as práticas argumentativas a partir da interação entre discursos e situações circunstanciadas, procurando assim captar e analisar a forma como se desenvolvem as dinâmicas argumentativas em que o discurso de um e o discurso do outro de confrontam e se desenvolvem. Nessa perspectiva, a atividade argumentativa é vista como “irredutivelmente biface” (Plantin), isto é, enunciativa e interacional, devendo ser analisada de forma mais aberta, na flagrância de um conflito que se transmuta em diálogo racional, ou, em outras palavras, numa “questão argumentativa”. Ali entender as regras do jogo faz parte do próprio jogo em que a argumentação não é apenas questão de raciocínio, nem tampouco a mera constatação da existência de pontos de vista antagônicos. Nessa perspectiva a argumentação é vista como uma costura interacional entre proponente, oponente, terceiro e afins, num jogo actancial em que mais importa observar como se constroem argumentações diversas, independentemente se se trata de ‘boa’ ou ‘má argumentação.  Propormos, assim, que as comunicações interessadas em participar deste simpósio olhem para a argumentação em interação e que enfatizam a dependência dos discursos e dos argumentos de um dos lados dos discursos e dos argumentos do outro lado, num movimento de aprofundamento das dissensões com as quais a argumentação procura lidar. Aguardamos, desse modo, sua participação para estabelecermos um debate produtivo e instigante acerca da argumentação em situações de interação.

 

ST19 - ANÁLISES DA ARGUMENTAÇÃO DISCURSIVA PELO CRITÉRIO DA INTERTEXTUALIDADE

Ana Paula Lima de Carvalho - Instituto Federal do Piauí (IFPI)

Patrícia Sousa Almeida de Macedo - Universidade Federal do Pará (UFPA)

Neste Simpósio Temático, pretendemos reunir trabalhos decorrentes de pesquisas já concluídas ou em andamento que discutam sobre a intertextualidade como critério analítico da argumentação em textos de diversas semioses e de variados gêneros. Na esteira dos estudos desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa Protexto (UNILAB), encampamos o pressuposto teórico da Análise da Argumentação no Discurso, proposta por Ruth Amossy, de que a argumentação é constitutiva da linguagem, podendo, portanto, ser identificada e/ou abstraída de todo e qualquer texto. Para além do que sugeriu a analista do discurso, apontando critérios lexicais, morfossintáticos e pragmáticos como instrumentos de análise dessa argumentação inerente aos discursos, nossa saudosa orientadora de tese de doutorado, Mônica Magalhães Cavalcante, defendeu a possibilidade de o fazermos por parâmetros de textualização, tais como a referenciação, a sequencialidade, a topicalidade e a intertextualidade. Desde 2016, os estudos sobre a argumentatividade discursiva retoricamente orientada têm sido incluídos na agenda de pesquisas do Protexto, ensejando trabalhos de grande relevância para o fortalecimento da Linguística Textual no Brasil. Esses trabalhos também serviram para ampliar as perspectivas de análise sobre esses fenômenos tipicamente textuais, tendo sido bastante proeminentes os que se debruçam sobre a intertextualidade. Assim, buscamos conhecer investigações que reexaminem as seleções intertextuais como estratégias, a um só tempo, de textualidade e de argumentatividade, mobilizadas com vistas a influenciar os modos de ver, de pensar e de sentir do interlocutor, em uma análise retoricamente orientada da argumentação. Os trabalhos, portanto, poderão apresentar análises de textos que busquem demonstrar: a) as formas pelas quais relações intertextuais instauram auditórios específicos em textos de um dado gênero; b) como as seleções intertextuais permitem entrever os pressupostos dóxicos implicados em certos textos; d) como o ethos, o logos e/ou o pathos poderiam ser abstraídos de um dado texto a partir da identificação das escolhas intertextuais do locutor. Quanto mais diversificados forem os exemplares textuais, semióticos e genéricos das ocorrências intertextuais, além da heterogeneidade tipológica do fenômeno intertextual (flutuando entre intertextualidades estritas e amplas), tanto mais frutíferas poderão ser as trocas interacionais durante a realização deste simpósio. Dessa forma, também esperamos que os proponentes apresentem resultados em dados, corpus ou corpora de textos que relevem de gêneros variados das esferas discursivas midiática, escolar, acadêmica, jurídica, religiosa, dentre outras de natureza institucionalizada.

 

ST20 - ARGUMENTAÇÃO E LINGUÍSTICA TEXTUAL EM INTERAÇÕES DIGITAIS

 

Mariza Angélica Paiva Brito - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)

Mayara Arruda Martins - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)

 

A Linguística Textual (LT) brasileira tem se firmado como uma área essencial para a compreensão das estratégias argumentativas, especialmente no contexto das interações digitais, onde a argumentação se manifesta de maneira intensa e multifacetada. Focada no estudo do texto como uma unidade de sentido em contexto, a LT oferece ferramentas teóricas e metodológicas para a análise da argumentação nos tecnotextos, como indicado por Cavalcante et al. (2022). Este campo dialoga com a Teoria da Argumentação no Discurso (TAD), de Amossy (2020), ao considerar que a argumentação é inerente a todo discurso, influenciando sutilmente os modos de ver, pensar e sentir dos interlocutores. Cada texto possui uma dimensão argumentativa porque possibilita uma suposição de alteridade entre os participantes da interação. Essa suposição de confronto de pontos de vista justifica a afirmação de que todo texto é argumentativo. A argumentação só se efetiva na interação, envolvendo um "orador" (ou locutor) dotado de intencionalidade, que visa persuadir o auditório, composto pelo interlocutor e pelo terceiro. No ambiente digital, a argumentação adquire novos contornos, pois os textos circulam em ecossistemas como Instagram, X (antigo Twitter) e outras plataformas, frequentemente adotando modalidades polêmicas e estratégias de interação. A LT, ao analisar essas práticas, revela como processos referenciais, intertextualidade e marcas de heterogeneidade enunciativa contribuem para a construção de sentidos e para a negociação de posicionamentos entre interlocutores e terceiros. Esses processos são fundamentais para entender como as vozes dos sujeitos se entrelaçam no espaço digital, permitindo uma análise refinada dos embates textuais que ocorrem nesse ambiente. A análise textual em contextos digitais também se beneficia da integração entre LT e argumentação, especialmente ao considerar a dimensão emocional dos discursos (pathos) e a maneira como os textos mobilizam emoções para influenciar os interlocutores. Violência verbal e desqualificação do outro, por exemplo, emergem como estratégias argumentativas amplificadas nas interações digitais, onde a polêmica e a polarização se tornam elementos centrais do texto. Este simpósio temático busca explorar as contribuições da LT para a análise argumentativa dos tecnotextos, destacando como essa integração teórica e metodológica pode enriquecer a compreensão dos fenômenos discursivos contemporâneos. A proposta é evidenciar a relevância das estratégias de textualização e argumentação no estudo das práticas comunicativas digitais, demonstrando como a LT pode dialogar com outras abordagens teóricas para oferecer uma análise crítica e aprofundada dos textos em suas diversas manifestações.

 

ST21 - ARGUMENTAÇÃO E POLÊMICA NO ESPAÇO PÚBLICO

Paulo Roberto Gonçalves-Segundo - Universidade de São Paulo (USP)

Lucas Nascimento Silva - Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Leis sobre aborto, demarcação de terras indígenas, linguagem “neutra”, questões de gênero, direitos LGBTI+, direita x esquerda, religião x estado laico, liberdade de expressão, políticas afirmativas e tantos outros temas sensíveis têm sido objeto de muitas polêmicas no espaço público nacional e internacional, sobretudo no espaço público digital. Essas controvérsias, muitas vezes, dão o tom do debate público ao desencadear polarizações discursivas, colocando em lados opostos opiniões públicas diversas. Assim, por vezes, essas disputas têm servido para propor e gerir discussões importantes a diferentes grupos sociais, mas, ao mesmo tempo, têm servido também de estratégia política para políticos extremistas se elegerem e colocarem em risco importantes direitos conquistados por movimentos sociais e minorias. Para compreendermos melhor nossa democracia em sua pluralidade pulsante, é fundamental analisarmos como se argumenta e se polemiza nas arenas públicas. Para tanto, nosso objetivo, neste simpósio, é congregar pesquisas que se voltam ao estudo de polêmicas, controvérsias, disputas públicas de sentido, marcadas pela argumentação e contra-argumentação em múltiplos espaços interacionais, sejam nas ruas, nas páginas dos jornais, nas plataformas digitais, dentre outras materialidades discursivas. São bem-vindos trabalhos que se debruçam sobre o argumentar de forma complexa, orientados por procedimentos metodológicos e articulações teóricas que visem a romper fronteiras rígidas, por meio da articulação entre conceitos e instrumentos condizentes com o que tem sido produzido hoje no âmbito das dimensões lógica, retórica, dialética, dialógica, discursiva e multimodal da argumentação. Nesse sentido, esperam-se trabalhos que: (i) discutam conceitos produtivos para a análise de formas públicas de dissenso, como o de controvérsia (Dascal, 2008), argumentário (Plantin, 2008; da Silva; Gonçalves-Segundo, 2024), polêmica (Amossy, 2017), evento polêmico (Nascimento, 2019), dentre outros, de forma a ampliar e/ou problematizar os conhecimentos vigentes sobre eles; (ii) debatam procedimentos metodológicos para a análise argumentativa de corpora variados com foco na depreensão dos sentidos, das posições e das razões em disputa na arena pública; (iii) apresentem resultados parciais ou finais de pesquisas orientadas ao estudo de polêmicas e/ou de controvérsias, lastreadas em uma articulação entre diferentes dimensões da argumentação; (iv) discutam o papel social dessas formas públicas de dissenso no âmbito do funcionamento democrático contemporâneo, levando em conta o fortalecimento da desinformação (Wardle; Derakhshan, 2018), do negacionismo (Hoofnagle; Hoofnagle, 2007) e do cancelamento (da Hora; Martins; Karhawi, 2021).

 

ST22 - ARGUMENTAÇÃO E TECNOTEXTOS

Ananias Agostinho da Silva - Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)

Eduardo Paré Glück - Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH)

Nas interações mais cotidianas ou em ambientes digitais, as estratégias de textualização por meio das quais o locutor delineia o seu projeto de dizer despontam sempre um caráter tecnolinguageiro, no sentido de que são caracterizadas pela confluência de vários sistemas semióticos, mas também profundamente influenciadas pela interveniência da tecnologia. É assumindo essa perspectiva ecológica e pós-dualista de linguagem, proposta por Marie-Anne Paveau (2021), que a Linguística Textual busca conferir, hoje, na análise de textos em ambientes on-line, igual importância aos aspectos linguageiros e tecnológicos, reconhecendo que a linguagem, nesses ambientes, é sempre compósita, indistintamente formada de matéria linguística e não linguística. Assume, também, a partir de Ruth Amossy (2017; 2018), que, em todo texto, há algum grau de argumentatividade, manifestado a partir de uma visada retórica intencionalmente elaborada pelo locutor/enunciador e explicitamente materializada na configuração textual, ou revelado pelo conjunto das estratégias de textualização que lhes permite colocar em cena seu ponto de vista ou o ponto de vista de outros enunciadores. Na confluência entre essas abordagens, este simpósio buscará refletir sobre questões fundamentais que envolvem a argumentação e os textos em contextos digitais, chamados aqui de tecnotextos. Trata-se, portanto, de promover uma discussão ampliada acerca de como aspectos da tecnodiscursividade (Paveau, 2021) implicam em estratégias de construção da argumentação (Amossy, 2017; 2018), que podem ser evidenciadas por critérios textuais (Cavalcante et al, 2020; 2022). Este simpósio se justifica pela relevância ainda bastante atual da análise do texto em contexto digital, sobretudo no que diz respeito ao funcionamento dos seus aspectos argumentativos e tecnolinguageiros. Desse modo, com este simpósio, acredita-se que o diálogo entre essas abordagens possa fornecer dispositivos relevantes para o analista investigar a complexidade de textualidades que circulam em ecossistemas digitais. Portanto, o principal objetivo deste simpósio temático é congregar trabalhos que possam analisar a construção da argumentação em textos de diferentes ecossistemas digitais, focalizando a mobilização de estratégias tecnolinguageiras e o seu funcionamento textual-argumentativo, como, por exemplo, pelo uso de elementos lexicais ou referenciais na construção do ponto de vista, pelo uso de intertextualidades, pela organização tópica, pelas estratégias de (im)polidez etc. Com esse delineamento, diferentes perspectivas teóricas da argumentação poderão contribuir para este simpósio temático, estejam elas relacionadas à Linguística Textual e à Análise do Discurso Digital.

 

ST23 - ARGUMENTAÇÃO E(M) RECURSOS EDUCACIONAIS

Cristiane Dall’ Cortivo Lebler - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Elizandro Maurício Brick - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

A argumentação tanto pode ser tomada como um objeto em si, em que se estudam suas especificidades, suas técnicas, quanto um elemento presente nos discursos que circulam em nosso cotidiano, uma vez que a língua e os mais variados sistemas semióticos, de forma geral, são atravessados pela argumentatividade. Em maior ou em menor grau, de forma mais ou menos evidente, há autores que defendem que nossos discursos são permeados - e até mesmo constituídos - por uma dimensão argumentativa, ainda que na sua essência o aspecto persuasivo não esteja presente. Por outro lado, os materiais didáticos - recursos educacionais físicos ou digitais - são elementos significativamente presentes nos espaços educacionais de todos os níveis de formação e cumprem distintas funções no processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, além das questões atinentes à dimensão pedagógica, tecnológica e do conteúdo presentes implícita ou explicitamente nos materiais didáticos, há a dimensão comunicativa. O estudo dessa dimensão, independente área do conhecimento a respeito da qual versam esses materiais, visa dar a conhecer as formas de dizer, os valores inscritos nesses discursos, as imagens do ethos e do auditório que se projetam, formas veladas ou explícitas de persuasão - ou seja, elementos que introduzem, de forma compulsória, o caráter argumentativo, inclusive em uma perspectiva política. Face a essa delimitação, e considerando a relevância dos temas abordados, este simpósio temático tem como objetivo reunir trabalhos que se inscrevam no grande tema da argumentação e que se dediquem à análise da dimensão argumentativa de materiais didáticos. Podem constituir objeto dessa análise elementos que tenham sido inseridos, com finalidade pedagógica, em um contexto educacional formal ou informal, em quaisquer modalidades e níveis de ensino, sejam eles livros didáticos, recursos educacionais digitais e recursos educacionais abertos, de qualquer área do conhecimento, cuja análise tenha sido realizada com base em teorias que tomem a argumentação como objeto de estudo.

 

ST24 - ARGUMENTAÇÃO NO DIREITO E SUAS MANIFESTAÇÕES DISCURSIVAS: ENFOQUES TEÓRICOS, METODOLÓGICOS E ANALÍTICOS

Rosalice Pinto - Universidade Nova de Lisboa (IFILNOVA/CEDIS)

Maria das Graças Soares Rodrigues - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Os estudos sobre a argumentação, apesar de toda a sua tradição aristotélica, só vieram a se densificar, como se sabe, a partir do final da 2a Guerra Mundial, com o surgimento das obras de Perelman & Olbrechts-Tyteca (1958) e a de Toulmin (1958). A primeira vindo a influenciar, prioritariamente, os trabalhos francófonos ; e a segunda, os anglófonos. Esses trabalhos precursores foram fulcrais para que pesquisadores desenvolvessem esse campo de estudo a partir de critérios metodológicos e analíticos específicos, seguindo perspectivas teóricas diversas. Dentre essas várias abordagens, citam-se, a Teoria da Argumentação no Discurso (Amossy, 1999, 2000) ; a Linguística Textual (Adam, 1999 ; 2022) ; a Análise do Discurso (Maingueneau, 1999) ; o Modelo Dialogal da Argumentação (Plantin, 2008 ; Doury, 2016) ; a Lógica Natural (Grize, 1974) ; a Teoria da Enunciação (Rabatel, 2023), a Pragmadialética do grupo de Amsterdam - Van Eemeren e Grootendorst (2004) ; a Lógica Informal (Walton, 1989 ; Johnson e Blair, 1994), a Análise Crítica do Discurso (Fairclough, 2003 e Fairclough e Fairclough, 2012) e a Argumentação Retórica de Tindale (2004). No entanto, apesar desses « domínios epistemológicos » segmentados, o trabalho com a argumentação em textos/discursos, sócio-historicamente instanciados e construídos nas várias práticas sociais, veio a suscitar um desafio. Este adveio da necessidade de aportes interdisciplinares e até transdisciplinares para que o hermeneuta (pesquisador) pudesse dar conta da análise da argumentatividade assente nos discursos em circulação. No que tange em especial aos que circulam na prática jurídica, apesar de uma longa tradição ancorada no cariz lógico associado à sua construção argumentativa (Toulmin, 1958) ou ao seu caráter lógico-pragmático (Walton, Macagno e Sartor, 2021) ; observam-se pesquisas mais voltadas para o viés retórico-discursivo (Pinto, Rodrigues e Damele, 2018), dialogal (Damasceno-Morais, 2013) ou retórico-textual (Pinto, 2010, 2015). Essa panóplia de « ângulos de ataque », envolvendo diálogos entre quadro teóricos distintos e a aportes das Ciências Jurídicas, atestam a complexidade do ato de argumentar nessa atividade específica. Face às inúmeras possibilidades analíticas, metodológicas e teóricas suscitadas, nesse domínio específico, este simpósio, que reúne pesquisadores/docentes de universidades brasileiras e internacionais, tem como objetivo basilar apresentar trabalhos/pesquisas que descrevam a argumentação em discursos inseridos nessa praxis específica. É de se ressaltar que serão apreciadas, aqui, tanto contribuições que versam sobre a análise da argumentação seguindo um quadro teórico específico, quanto aquelas que optam pela construção de um aparato teórico de caráter integrativo (mas epistemologicamente coerente).

 

ST25 - ARGUMENTAÇÃO NO DISCURSO POLÍTICO

Samuel Barbosa Silva - Instituto Federal do Ceará (IFCE)

Sóstenes Ericson Vicente da Silva - Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

A argumentação ganha ênfase no campo das teorias do discurso, caracterizando-se como a propositura de uma “nova retórica”, como também no resgate desse ato de linguagem no discurso político, materializando sua capacidade de persuadir o outro, o sujeito interlocutor, nos procedimentos argumentativos. Na cena enunciativa (Guimarães, 2002) contemporânea, a “arte da palavra”, ao compartilhar sentidos com a argumentação e com a retórica, elevou-se até o poder da persuasão na ação política e social. Neste simpósio, propõe-se discutir a argumentação nos processos discursivos das relações de poder na sociedade de classes, com ênfase no discurso político (Courtine, 2006; Haroche, 1992). Toma-se a argumentação no processo histórico-social, como um movimento da língua e da história, orientado pela função social da ideologia para a reprodução da forma de organização movida pelos interesses do capital, considerando por princípio fundamental que “a argumentação se estrutura ideologicamente” (Orlandi, 2023, p. 40). Nesta sociedade, deparam-se forças conflitantes (Corten, 1999) que agem tanto a favor da manutenção da ordem vigente como a contestam em prol de outra organização social, justa e igualitária. Essas formas conflitantes de expressão social se apresentam de maneiras diversas em vários discursos, representados por sujeitos porta-vozes de interesses comuns ou divergentes dos operantes no processo de dominação do capital. São discursos que aparecem marcados por segmentos sociais dos trabalhadores empregados, desempregados ou desalentados (Ericson, 2019), fragmentados pelo discurso de grupos sociais “minorizados” ou da “diversidade” como mulheres, negros, LGBTQIAPN+, povos indígenas, ribeirinhos e da floresta, ciganos, quilombolas, imigrantes, pessoas com deficiência, pessoas privadas de liberdade, adeptos de religiões não-cristãs, mas todos tendo em comum o direito ao trabalho para a reprodução da vida, o que possibilita pensar as mediações entre trabalho e linguagem e os mecanismos de resistência materializados no discurso. Volta-se o interesse por práticas discursivas que articulam diferentes dizeres para produzir sentidos em torno do objetivo fundamental de todo discurso: argumentar para se fazer aceitar e ganhar adeptos em defesa de “sua causa” (Amaral; Zoppi-Fontana, Ericson, 2023). Desse modo, propõe-se uma discussão em torno dos processos argumentativos como mecanismos de discursos políticos em circulação na sociedade contemporânea. Neste debate de práticas discursivas, que se configuram nos espaços discursivos mencionados, e na interlocução com temáticas como a “questão ambiental”, “questão agrária”, “violência de gênero” e “racismo”, serão incorporados estudos que dialoguem com a teoria materialista do discurso (Pêcheux, 2009), entendida como uma teoria revolucionária do ato de ler e, consequentemente, de argumentar.

 

ST26 - ARGUMENTAÇÃO, DISCURSO E COGNIÇÃO: INTERFACES TEÓRICAS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Renata Palumbo - Universidade de São Paulo (USP)

Alexandre Marques Silva - Universidade de São Paulo (USP)

Estudos sobre as relações entre argumentação, cognição e discurso têm-se consolidado como significativos, em razão de apontarem para descrições de como o processamento argumentativo-discursivo alia-se ao cognitivo e às características das interações sociais, assim como vêm indicando os trabalhos de Aquino, Palumbo e Bentes (2019), Charteris-Black (2009), Gonçalves-Segundo (2012, 2014, 2020, 2021), Vereza (2007), entre outros. Podemos dizer que a correlação entre argumentação e cognição, de certa maneira, já estava prevista na Nova Retórica de Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996, p.150 e 158), ao observarem que o convencimento está na ordem das ideias e ao afirmarem que “A linguagem não é somente meio de comunicação, é também instrumento de ação sobre as mentes, meio de persuasão”. Entendemos que ainda existe um campo profícuo de pesquisa e que o investimento na interface discurso/cognição/argumentação ainda pode revelar muito mais a respeito de como se operacionaliza a argumentação do ponto de vista discursivo e cognitivo, sobretudo, na atualidade, marcada pelo aumento de polarizações de ordens social, política e ideológica e caracterizada pela diminuição das fronteiras do digital e do não digital, tornando as interações muito mais complexas. Nesse viés, tornam-se importantíssimas investigações que se atentem para a maneira como as estratégias argumentativas são recrutadas na composição dos discursos e como influenciam percepções e crenças. Nessa direção, este simpósio se propõe a explorar tais intersecções, discutindo como a cognição influencia e é influenciada pelas práticas argumentativas e pelos contextos discursivos. A proposta corresponde à reunião de trabalhos que estejam voltados para a argumentação e que envolvam diálogos com as pesquisas cognitivas, seja no que concerne à discussão de aspectos teóricos, metodológicos ou de análise de corpora. Assim, o perfil teórico-metodológico esperado para as intervenções envolve abordagens que articulem estudos do texto e do discurso, teorias da argumentação e pesquisas acerca da cognição a partir de perspectivas diversas: mesclagens conceptuais (Fauconnier e Turner, 1995), frames e esquemas (Fillmore e Baker, 2009, Duque, 2015), metáforas (Lakoff e Johnson, 1980, Lakoff, 2004, Chilton, 2005, Charteris-Black, 2009, 2011, Kövecks, 2009), metonímia (Lakoff e Johnson, 1980), analogia (Gentner e Bowdle, 2008, Ferreira, 2018), entre outras posições de pesquisadores dedicados à temática proposta.

 

ST27 - ARGUMENTAÇÃO, DISCURSO E VULNERABILIDADES

Márcio Rogério de Oliveira Cano - Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Luciana Soares da Silva - Universidade Federal de Lavras (UFLA)

O tema sobre vulnerabilidade linguístico-discursiva vem ganhando espaço em várias áreas do conhecimento, seja pela sua urgência histórica de discussão, seja pelo avanço da violência e dos discursos de ódio das últimas décadas. Isso se potencializa em uma sociedade organizada pelo avanço tecnológico e por uma exacerbada identidade consumista, cujo engajamento se valoriza e se lucra mais pelos estados passionais. A importância da nossa proposta de discussão se assenta em uma sociedade historicamente construída pelas bases colonialistas, com a concentração e o privilégio do poder nas mãos de um pequeno grupo, que vem se reproduzindo e instituindo modos de exclusão social, empobrecimento e violência simbólica e física contra grupos estereotipados e subalternizados. Desse modo, tem-se como objetivos: (a) verificar, nos diferentes discursos, as estratégias argumentativas que revelam os conflitos linguístico-discursivos, sociais, raciais e de gênero e (b) problematizar a circulação de processos argumentativos formadores do discurso do ódio, do discurso racista, das fake News entre outros. Nesse sentido, a proposta abrange pesquisas em andamento ou concluídas que tomem o discurso como seu objeto de estudo, em suas diferentes perspectivas teóricas delimitadas no aspecto argumentativo. Nesse contexto, nosso simpósio tem como finalidade propiciar espaço de discussão acerca dos estudos da Argumentação e da Análise do Discurso, com base na abordagem de diferentes materialidades que envolvam o machismo, o racismo, a homofobia e demais grupos sociais de resistência e de vulnerabilidades analisadas a partir de tais áreas. Com foco nesta temática, queremos socializar pesquisas de diferentes correntes teóricas que se centram em compreender coma a historicidade impacta no modo como se enraízam o dizeres violentos e excludentes, assim como fazem emergir sujeitos marcados pelo ódio e como, no processo de interação, o engajamento passional e argumentativo promovem a adesão aos posicionamentos. Pensamos aqui, em estudos que trabalham com as categorias de interdiscurso, ethos discursivo, cenas de enunciação, historicidade, imaginários sociodiscursivos, pathos, argumentação entre outros. Por fim, o espaço se propõe a fomentar debates que se estendam para a sociedade e que possam contribuir com as diferentes pesquisas, de diferentes níveis e instituições com vista a um amadurecimento acadêmico e social sobre as questões envolvidas.

 

ST28 - ARGUMENTAÇÃO, ENUNCIAÇÃO E POLIFONIA: ESTUDOS DESCRITIVOS OU APLICADOS

Erivaldo Pereira do Nascimento - Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Alvaro Magalhães Pereira da Silva - Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

O simpósio temático “Argumentação, enunciação e polifonia: estudos descritivos ou aplicados” tem como objetivo reunir trabalhos que problematizem o fenômeno da argumentação, no âmbito da língua e do discurso, em sua interface com os estudos semânticos e enunciativos, a partir de investigações tanto de natureza descritiva como aplicada.  As investigações e estudos desenvolvidos no âmbito da Semântica Argumentativa ou da Semântica Enunciativa, partem da premissa de que a argumentação é inerente à estrutura da língua e dela vai para o discurso, e se manifesta a partir de diferentes elementos, recursos e fenômenos semântico-discursivos e pragmáticos. Adotam, ainda, a premissa de que o sentido dos enunciados é, por natureza, polifônico, já que é permeado por diferentes vozes ou pontos de vista. Para descrever o sentido dos enunciados (observáveis) e a significação das frases (entidades teóricas), verificam inclusive como os diferentes fenômenos argumentativos linguísticos e discursivos se materializam em diferentes gêneros discursivos ou contextos de uso da língua, orientando para determinadas orientações discursivas (argumentação). Tomam como base os estudos da Teoria da Argumentação na Língua (TAL) e da Teoria Polifônica da Enunciação, de Ducrot (1987, 1988, 2014) e colaboradores, e mais recentemente da Teoria dos Blocos Semânticos e da Teoria Argumentativa da Polifonia, desenvolvida por Ducrot, Carel e Lescano (2005, 2008 2011), ou ainda o Enfoque Dialógico da Argumentação e da Polifonia, de García Negroni (2018, 2019, 2021), e a Teoria Escandinava de Polifonia Linguística (ScaPoLine), proposto Nølke, Fløttum e Norén (2004, 2017), entre outras teorias e estudiosos. Os estudos desenvolvidos por essas diferentes correntes teóricas permitem observar como diferentes vozes, pontos de vista ou menções ao discurso alheio são evocadas nos enunciados e discursos, no sentido de produzir orientações discursivas, ou seja, argumentatividade. Nesse sentido, este simpósio temático objetiva promover a discussão de investigações científicas, seja de natureza teórica, descritiva ou aplicada, sobre diferentes fenômenos argumentativos linguísticos e discursivos, no âmbito das Semântica Argumentativa ou Enunciativa e em suas interfaces com diferentes áreas (a Pragmática, a Análise de Discurso, entre outras), ou ainda aquelas voltadas para o ensino desses fenômenos, de modo especial a polifonia linguística ou enunciativa, em suas diferentes manifestações.

 

ST29 - AS HISTÓRIAS QUE CONTAMOS: UM OLHAR RETÓRICO-ARGUMENTATIVO PARA AS NARRATIVAS QUE PERMEIAM AS PRÁTICAS SOCIAIS CONTEMPORÂNEAS

Graciele Martins Lourenço - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Raquel Abreu-Aoki - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Este Simpósio temático examina as interseções entre retórica, argumentação e narrativa, destacando como esses elementos discursivos são usados para construir, negociar e desafiar significados nas práticas sociais. A retórica, entendida como a arte da persuasão, tem na argumentação seu principal recurso. Aristóteles, em sua obra Retórica (2005), define-a como a capacidade de identificar os elementos adequados à persuasão em cada situação discursiva. A construção argumentativa retórica, portanto, alicerça-se no entimema, o silogismo retórico, que se baseia em valores socialmente compartilhados para compor uma de suas premissas, a qual será preenchida pelo raciocínio do auditório. As narrativas, por sua vez, atuam como meios poderosos de argumentação. Olmos (2013) afirma que a narrativa possui virtudes argumentativas, pois conecta experiências pessoais a temas sociais mais amplos, legitimando pontos de vista e criando empatia entre os interlocutores. Essa conexão ocorre no exercício retórico da completude discursiva, que é constituída pela teia social que envolve os indivíduos de uma comunidade. Essa perspectiva já se manifestava na Retórica antiga, quando as narrativas ocupavam um lugar de destaque no discurso, sendo vistas como um elemento capaz de alterar a disposição do auditório, moldando suas opiniões e influenciando o discurso público. Esse entendimento é destacado especialmente nas obras de Cícero (2009; 2010) e Quintiliano (1944), para os quais a capacidade da narrativa de cativar os ânimos lhe confere uma forte dimensão persuasiva, sendo, portanto, útil em qualquer dos gêneros discursivos tratados pela retórica. No contexto das práticas sociais, as narrativas não apenas refletem realidades, mas também as configuram, oferecendo novas perspectivas sobre questões culturais, políticas e éticas. Ao analisar como as pessoas utilizam histórias para argumentar e persuadir, aborda-se o impacto dessas narrativas na formação de identidades, na mobilização social e na transformação de discursos hegemônicos. Combinando teoria e prática, nosso ST propõe uma reflexão crítica sobre o papel da argumentação retórica na construção de narrativas que influenciam as práticas sociais, incentivando o debate sobre como essas narrativas podem promover mudanças e resistências em diversos contextos socioculturais. Convidamos pesquisadores a apresentarem projetos (em andamento ou concluídos) que possam contribuir com essa reflexão.


ST30 - DIREITOS HUMANOS E ATIVISMOS: O DISCURSO ARGUMENTATIVO EM PERCURSOS LITERÁRIOS

Adriana do Carmo Figueiredo - Fundação CEFETMINAS / IESLA

Antônio Augusto Braighi - Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG)

A proposta deste Simpósio Temático (ST) nasceu do nosso interesse, na condição de pesquisadores do discurso, em discutir temas que tocam na tríade Literatura, Direitos Humanos e Argumentação. De acordo com o jurista mexicano Diego Valadés (2005), existe um nexo profundo entre o direito e as artes que se evidencia por meio da literatura. Os vínculos produzidos pela linguagem da palavra, compartilhada pela Literatura e pelo Direito, constituem uma fonte inesgotável para a reflexão que, de maneira progressiva, convoca um crescente número de estudiosos que mobilizam as interfaces transdisciplinares para as pesquisas em discurso e argumentação. Tendo em vista esses vínculos, o objetivo central deste ST busca concatenar a argumentação no discurso literário com gestos escriturais que mobilizem as diferentes perspectivas relacionadas aos Direitos Humanos e aos ativismos. No que se refere ao delineamento do perfil teórico-metodológico adotado e/ou esperado para as intervenções deste ST, destacamos algumas referências que se revelam importantes: as noções de identidade coletiva, consciência cidadã e imaginários sociodiscursivos, com base na Teoria Semiolinguística de Charaudeau (2008, 2015); a discursivização da argumentação oriunda do gênero panfletário, conforme visada de Amossy (2014); e as abordagens sobre narrativas de vida e saga familiar, como propõe Machado (2019, 2020), entre outras. No que se refere ao Direito e ao Ativismo, interessa-nos uma interlocução com as Ciências Sociais em diferentes linhas de pesquisa, que abordem, por exemplo: as noções de racionalidade fundamentada nos processos de comunicação intersubjetiva, como Habermas (1999 [1981]) articulou; a linha tênue dos estudos desse sociólogo com as teorias sobre os (novos) Movimentos Sociais, vide Alonso (2009), especialmente a de identidade coletiva de Melucci (1980); dando base para a concepção de Ativismo que visamos explorar neste ST, como a de Jordan (2002) — com o sujeito socialmente engajado que visa um benefício para a coletividade com a intervenção que empreende; em abordagens literárias que sejam especialmente marcadas pelo trabalho crítico, o que Paulo Freire (1987) nos lembra em sua Pedagogia, na problematização, com interlocução baseada em uma horizontalidade de trocas e pela desalienação. Acreditamos que os referidos eixos teóricos podem fornecer sugestões de gestos de leitura para que possamos compreender as relações entre Literatura, Direitos Humanos e Argumentação, destacando imagens de mundo dentro de uma concepção de justiça que se reverbera pelos imaginários sociodiscursivos refletidos nos discursos literários. Assim, enfatizamos o propósito do nosso simpósio, em seu caráter multidisciplinar, ao oportunizar debates entre diferentes pesquisas que abordem as temáticas supracitadas em distintas materialidades discursivas.

 

ST31 - DISCURSO COMO MÉTODO DE ANÁLISE NA POLÍTICA E NO INTERNACIONAL

Sinara Bertholdo de Andrade - Secretaria de Educação de Goiás (Seduc/GO)

Marina Bolfarine Caixena - Universidade Federal de Goiás (UFG)

Os estudos discursivos, como método de análise, ampliaram seu campo desde o início dos anos 2000, marcado pela publicação da tradução de Izabel Magalhães para o português do livro de Norman Fairclough, “Discurso e Mudança Social”. Esse trabalho da professora difundiu nossa seara do conhecimento, pois deu acesso a diversos estudantes ao campo téorico-metodológico da Análise de Discurso Crítica. O caráter transdisciplinar da ADC resultou em uma parceria profícua, entre as pesquisadoras que promovem esse simpósio, com o objetivo de aplicar o método de análise de discurso crítico nos estudos realizados nos campos da ciência política e das relações internacionais. A ADC como método e perspectiva teórica para o estudo dos fenômenos políticos domésticos e internacionais é uma oportunidade que se abre para ressaltar a dimensão sociológica e a perspectiva crítica das interações políticas, seja no plano doméstico, seja no plano internacional ou interestatal. A instrumentalização da ADC permite trazer para as investigações sobre a política as representações, identificações e ações que têm o discurso a capacidade de mobilizar nas interações humanas e entre os grupos sociais em diferentes esferas. Considerando a pesquisa uma intervenção política e, portanto, os impactos sociopolíticos da escolha metodológica, bem como as aproximações com a teoria crítica nas ciências sociais, enfocar os discursos no campo político são essenciais para análises políticas que superem as práticas teóricas e metodológicas tradicionais que permeiam tanto a Ciência Política, quanto as Relações Internacionais. Por isso, esse simpósio se propõe tanto a divulgar os trabalhos de estudantes participantes das oficinas de ADC promovidas pela pós-doutorandas e professoras Dra. Marina Bolfarine Caixeta e Dra. Thaís Vieira e ministrada pela professora Dra. Sinara Bertholdo de Andrade: uma em novembro de 2023 e outra que ocorrerá em novembro de 2024. As oficinas são, ainda, uma parceria na construção de um dossiê temático dos estudos discursivos nos campos das ciências políticas e das relações internacionais que contará com a participação da autoria do professor Dr. Rubens Damasceno-Morais, abrangendo o campo da argumentação na parceria desse trabalho de análise na política e no internacional. Assim, o Sediar é um lugar de encontro dessas parcerias acadêmicas que inovam na construção de metodologias de análises que sejam engajadas nos argumentos discursivos nas práticas sociais hegemônicas, contribuindo, conforme nos ensina Fairclough (2000, tradução de Izabel Magalhães), com a transformação social através da conscientização dos contextos discursivos em que estamos inseridos(as).

 

ST33 - DO ÓDIO À ESPERANÇA: DISCURSO, ARGUMENTAÇÃO E TÁTICAS DE RESISTÊNCIA NA AMÉRICA LATINA CONTEMPORÂNEA

Argus Romero Abreu de Morais - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Carlos Henrique Bem Gonçalves - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Nos últimos anos, muito se tem refletido sobre a organização narrativa e argumentativa dos discursos da extrema-direita global na atualidade, considerando tanto as singularidades quanto as semelhanças entre as distintas realidades, com o objetivo de entender o funcionamento político do ódio (ver, p. ex., Morais & Moita Lopes, 2024; Moita Lopes & Pinto, 2020; Piovezani & Gentile, 2020; Rocha, 2021; Teles et al., 2018). Tendo isso em mente, o propósito deste Simpósio Temático é seguir o sentido inverso ao do título do texto de Pinheiro-Machado (2018), intitulado “Da esperança ao ódio”, criando no evento um espaço para receber pesquisas que tenham se detido, ao longo dos últimos anos, em investigar as falhas, as fraturas, as resistências e as ressignificações em relação aos discursos ou retóricas do ódio. Como destaca Kundera, em sua obra A Insustentável Leveza do Ser, “a luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento”. Nesse viés, temos por intuito reunir estudos do campo discursivo-argumentativo que explorem as distintas práticas e experiências coletivas no Brasil contemporâneo que tenham contribuído para desconstruir e combater o recrudescimento da intolerância na cena pública latino-americana, sejam elas desenvolvidas em ambientes online ou offline. Bem Gonçalves (2024), por exemplo, aproxima a abordagem performativa de Butler (2021) do conceito de polêmica em Amossy (2017) para avaliar os processos de ressignificação de conceitos pejorativos contra o público LGBT no Brasil. Braga & De Sá (2020), por sua vez, reúnem distintos trabalhos que tratam das lutas antiautoritárias contemporâneas no país, propondo a reorientação da perspectiva foucaultiana sobre o poder para sugerir uma Microfísica das Resistências. Nesse caminho, nosso objetivo é selecionar trabalhos que investiguem a habilidade de questionar, desafiar ou se opor a discursos, narrativas ou formas de linguagem percebidas como opressoras, injustas ou hegemônicas, em especial, nos discursos políticos de extrema-direita na América Latina. Os trabalhos podem abranger uma variedade de corpora, incluindo textos políticos, midiáticos, jurídicos, religiosos, sindicais, de lutas feministas, antirracistas, LGBTQIA+, estudantis, de entidades de classe, literários, entre outros. Por fim, ressaltamos que as bases teóricas para o desenvolvimento dos trabalhos podem incluir estudos sobre argumentação, retórica e polêmica (p. ex., Perelman & Olbrechts-Tyteca, Amossy, Angenot) e análise do discurso em sentido amplo (p. ex., Pêcheux, Charaudeau, Maingueneau, Fairclough).

 

ST34 - ESTUDOS EM ARGUMENTAÇÃO E RETÓRICA: CONTORNOS TEÓRICOS E ANALÍTICOS

João Benvindo de Moura - Universidade Federal do Piauí (UFPI)

Deywid Wagner de Melo - Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Investigar de que modo os textos e os discursos estão enredados de questões persuasivas é o que se tem feito em pesquisas no âmbito dos estudos argumentativos e retóricos contemporâneos. Diferenciar a dimensão argumentativa da visada argumentativa, bem como o convencimento da persuasão é um passo sobremaneira importante para a compreensão de estratégias argumentativas em diferentes manifestações linguageiras encontradas em múltiplas práticas sociais. A partir desses princípios, é possível estudar de que maneira textos e discursos convencem, persuadem, orientam modos de agir, modificam opiniões e crenças, promovem polêmica por meio do desacordo e do dissenso, manipulam a verdade através das figuras de negação, influenciam as pessoas, enfim, entre outras finalidades discursivas. Desde a Grécia antiga com o mestre grego Aristóteles, aprendemos que a retórica é uma faculdade de observar quais são os elementos que tornam um discurso persuasivo. Conforme o pai da retórica, tais aspectos, grosso modo, giram em torno da tríade ethos, logos e pathos e de tudo aquilo que essas provas depreendem, a exemplo da credibilidade do orador, dos tipos de argumento empregados no discurso e das prováveis paixões que são suscitadas diante de um auditório. Nesse sentido, em nosso simpósio temático, objetivamos propiciar um espaço de discussões acerca de trabalhos que, de algum modo, pesquisem elementos argumentativos e retóricos presentes em distintos textos e discursos, descortinando as suas possíveis artimanhas que almejam convencer, persuadir, orientar ou modificar opiniões, crenças e valores. Desse modo, podem ser submetidos trabalhos que estejam concluídos ou em andamento, que investiguem questões argumentativas e retóricas em distintos textos e discursos pertencentes aos múltiplos domínios discursivos existentes, tais como: religioso, educacional, político, jurídico, midiático, literário, jornalístico, publicitário, comercial, instrucional, entre outros. Nesse cenário, teorias como argumentação no discurso, retórica, semiolinguística, linguística textual e sua recente filiação argumentativa, entre outras áreas afins que dialoguem com os estudos retórico-argumentativos, configuram os fundamentos epistemológicos da referida proposta. Finalmente, esperamos, em nosso simpósio temático, compartilhar pesquisas e experiências no âmbito dos estudos argumentativos e retóricos a partir de distintas vozes que abordem a temática aqui apresentada, estabelecendo sólidos diálogos e saberes construídos no processo da pesquisa. Certamente, será um momento proveitoso para que possamos dialogar e fazer avançar os estudos em nossa área disciplinar.

 

ST35 - LA RETÓRICA DE LAS (NUEVAS) DERECHAS: ARGUMENTACIÓN, RELATO Y PUESTA EN ESCENA EN DEMOCRACIAS MEDIATIZADAS

Mariano Dagatti - Universidad Nacional de Entre Ríos (UNER), Argentina

Rodrigo Seixas - Universidade Federal de Goiás (UFG)

El crecimiento o auge de las (nuevas) derechas en Europa y las Américas es uno de los fenómenos políticos más notorios en las democracias occidentales de la última década. Ocupan, por esa razón, un lugar central en los debates académicos contemporáneos, interesados en su retórica anti-establishment y en su crítica radical a gran parte de los consensos democráticos que dan consistencia a las sociedades en las que se despliegan (Crick, 2022; Lorenzi Bally y Moïse, 2023; Piovezani y Gentile, 2020; Wodak, 2015). La vigencia electoral de Donald Trump en los Estados Unidos, la presidencia de Javier Milei en la Argentina, el gobierno de Jair Bolsonaro en Brasil, las expectativas electorales de Keiko Fujimori en Perú, la buena elección de José Kast en Chile, son fenómenos políticos que exceden el ámbito nacional o regional y trazan coordenadas conjuntas con un continente europeo donde diferentes expresiones de derecha gobiernan (Italia, Polonia, Hungría), integran gobiernos de coalición (Estonia, Bulgaria), encabezan encuestas de intención de voto (Suecia, Eslovenia) u ostentan vibrantes números y constituyen oposiciones inevitables (Marine Le Pen en Francia, el partido Vox en España). Como resultado de un estado de la cuestión en el que convergen miradas políticas, sociológicas y culturales, partimos de la premisa de que las derechas – y sus diferentes expresiones más o menos liberales o neoliberales, nacionalistas, autoritarias, extremas, ultras o populistas – encuentran su pista de despegue en la intersección entre la rabia y desencanto de amplios sectores de la población y la irreverencia que celebra un lenguaje “políticamente incorrecto” y la fascinación que provoca una inusual y abigarrada estetización y puesta en escena. Así, buscan por medio de su retórica arraigar su programa y sus temas fetiches: algunos comunes, como la designación de un enemigo interno, la promoción de una actitud “sin vergüenza” (shameless) contra la cultura progresista o woke; algunos muy diferentes e incluso contradictorios si se presta atención a sus lógicas (Angenot): desde el nacionalismo y la reivindicación de un Estado que defienda la unidad nacional frente a la amenaza externa en Francia, Hungría y España hasta la demanda de libertad individual irrestricta sin intervención alguna del Estado en países como la Argentina. Nuestro simposio tiene como objetivo principal abrir un espacio de discusión en torno la retórica de las (nuevas) derechas en las democracias actuales, con especial foco en las de América Latina, tomando en cuenta sus múltiples dimensiones argumentativas, narrativas y enunciativas. Apuesta a compartir los resultados de investigaciones que estudian el discurso y la argumentación como una de las dimensiones constitutivas fundamentales de estos liderazgos, partidos, frentes y coaliciones a la hora de pugnar por la hegemonía política, económica y cultural en sus respectivos países.

ST35 (tradução): A retórica das (novas) direitas: argumentação, narrativa e encenação políticas em democracias midiatizadas

O crescimento ou a ascensão da (nova) direita na Europa e nas Américas é um dos fenômenos políticos mais notáveis ​​nas democracias ocidentais da última década. Por esta razão, ocupam um lugar central nos debates acadêmicos contemporâneos, interessados ​​na sua retórica anti-establishment e na sua crítica radical a grande parte do consenso democrático que dá consistência às sociedades em que estão implantados (Crick, 2022; Lorenzi Bally e Moïse, 2023; Piovezani e Gentile, 2020; Wodak, 2015). A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, a presidência de Javier Milei na Argentina, o governo de Jair Bolsonaro no Brasil, as expectativas eleitorais de Keiko Fujimori no Peru, a eleição de José Kast no Chile, são fenômenos políticos que ultrapassam o âmbito nacional ou regional e traçam coordenadas conjuntas com um continente europeu no qual diferentes expressões da direita governam (Itália, Polónia, Hungria), constituem governos de coligação (Estónia, Bulgária), lideram inquéritos de intenção de voto (Suécia, Eslovénia) ou ostentam números vibrantes e constituem oposições inevitáveis ​​(Marine Le Pen em França, o partido Vox na Espanha). Fruto de um estado de coisas em que convergem visões políticas, sociológicas e culturais, partimos da premissa de que a direita – e as suas diferentes expressões mais ou menos liberais ou neoliberais, nacionalistas, autoritárias, extremistas, ultra ou populistas – encontra a sua pista de decolagem na intersecção entre a raiva e o desencanto de amplos setores da população e a irreverência que celebra uma linguagem “politicamente incorreta” e o fascínio que provoca uma inusitada e heterogênea estetização e encenação política. Assim, através da sua retórica, procuram enraizar o seu programa e seus temas fetichistas: alguns comuns, como a designação de um inimigo interno, a promoção de uma atitude “sem vergonha” contra a cultura progressista ou acordada; algumas muito diferentes e até contraditórias se prestarmos atenção à sua lógica (Angenot, 2008): desde o nacionalismo e a exigência de um Estado que defenda a unidade nacional contra ameaças externas em França, Hungria e Espanha até a exigência de liberdade individual irrestrita sem qualquer intervenção do Estado em países como a Argentina. Diante desse contexto, o principal objetivo do nosso simpósio é abrir um espaço de discussão em torno da retórica da (nova) direita nas democracias atuais, com especial enfoque nas da América Latina, tendo em conta as suas múltiplas dimensões argumentativas, narrativas e enunciativas. Pretendemos, assim, propiciar um espaço para a partilha de resultados de pesquisas que estudam o discurso e a argumentação como uma das dimensões constitutivas fundamentais destas lideranças, partidos, frentes e coligações quando lutam pela hegemonia política, econômica e cultural nos seus respectivos países. 


ST37 - PRINCÍPIOS FUNCIONALISTAS E ESTUDOS DA ARGUMENTAÇÃO

Vânia Cristina Casseb Galvão - Universidade Federal de Goiás (UFG)

Déborah Magalhães de Barros - Universidade Estadual de Goiás (UEG)

Este simpósio abriga estudos que envolvem o diálogo entre funcionalismo linguístico, aqui denominado, em sentido amplo, de Gramática Funcional (GF), e a Teoria da Argumentação (TA) como aportes analíticos para situações de uso da língua em contexto de avaliação em larga escala. Nesses estudos, princípios funcionalistas, por exemplo, como o da interação atividade cooperada (DIK, 1997, 1989) e o de que, no nível interpessoal da gramática, os elementos linguísticos refletem os papéis do locutor e do interlocutor na atividade interativa (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), cumprindo a função interpessoal da linguagem (HALLIDAY, 1985), são pareados com princípios da teoria da argumentação a partir de noções como auditório, tipos de argumento, adesão dos espíritos e mapas mentais etc (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 1999; MOSCA, 2004, 2006, 2007, 2008; CHAVES, 2013). São previstos também estudos que conciliem principios da Gramática de Construções (Traugott e Trousdale, 2013; Masini, 2016 etc) com a análise argumentativa dos textos. Essas possibilidades analíticas decorem da percepção de que GF e TA partem da mesma concepção de linguagem e estão voltadas para os estudos da capacidade argumentativa como um atributo inerente à competência social-interativa. Logo, estão na base de quaisquer análises que atentem para os recursos da gramática da língua portuguesa a serviço da organização do projeto argumentativo do texto. A conjugação de princípios funcionalistas com princípios da nova retórica não é inédita. Casseb-Galvão e Duarte (2018) apresentam uma proposta de ensino voltada para o gênero artigo de opinião, conjugando principios do Funcionalismo clássico e da Nova retórica. Lucena (2008), ao estudar a evidencialidade, categoria linguística relativa à expressão da fonte do conhecimento enunciado, em uma perspectiva funcionalista da linguagem, recorreu a postulados da teoria da argumentação para testar a hipótese de que fatores de ordem conceptual, interacional e contextual, como as intenções enunciativas, as condições de produção do discurso e a autoimagem que o orador deseja construir perante o seu auditório, condicionam a manifestação da evidencialidade, o tipo evidencial e o efeito de descomprometimento com a verdade enunciada produzido pelos usos evidenciais. 

 

ST38 - RETÓRICA, ARGUMENTAÇÃO E DISCURSO: O ESTUDO DO ETHOS SOB MÚLTIPLOS OLHARES

Flávio Passos Santana - Universidade de Pernambuco (UPE)

Fabiana Lisboa Ramos Menezes - Universidade Federal de Sergipe (UFS)

 

Segundo Mariano (2024), apesar de os estudos sobre o ethos no Brasil, nos últimos anos (2016-2023), desenvolverem trabalhos com temas de grande relevância, ainda é necessária uma exploração em outros terrenos e contextos. Como se sabe, o ethos, para Aristóteles [2011 (384-322 a. C.)], era o principal vértice do triângulo aristotélico, e constitui o caráter do orador, a imagem que ele cria de si. De lá para cá, esse conceito vem ganhando outras roupagens: para Ruth Amossy (2005, 2018), que segue uma linha  sob a ótica da Análise do Discurso, o orador constrói o seu ethos por meio da imagem prévia que ele faz de seu auditório, bem como da imagem que o auditório construirá dele; para Fiorin (2008), o ethos é explicitado na enunciação enunciada, nas marcas deixadas por essa enunciação e o distingue em ethos do interlocutor, ethos do narrador e ethos do enunciador; já Brait (2012) entende que o estilo de um autor é perpassado pela imagem que este tem do seu ouvinte, como se eles fossem indissociáveis; Sobral (2012) argumenta que, à medida que enunciamos, criamos uma imagem de nós e, a partir dessa imagem, os outros nos reconhecem; por sua vez, para Dominique Maingueneau (2005), que parte da perspectiva dos estudos argumentativos, o ethos não apenas persuade por argumentos, mas explicita como ocorre a adesão do auditório, que pode aderir ou não ao discurso apresentado. Justificamos a proposta deste Simpósio Temático devido, mais recentemente, a visão maingueneauniana (2020) que sugere a possibilidade de estudar o ethos em qualquer manifestação linguageira, bem como o carecimento de pesquisas que abordem distintas esferas investigativas. Nesse sentido, nosso Simpósio Temático tem como objetivo reunir pesquisas sobre o ethos em diversas perspectivas teóricas, metodológicas e analíticas, com o intuito de oferecer um diálogo a respeito dos múltiplos olhares que engendram o estudo do ethos dentro e fora do país. Esperamos, portanto, oportunizar um debate valioso acerca do tema em distintos corpora de pesquisa (cinema, teatro, propagandas, discursos, imagens, charges, narrativas, entre outras de igual relevância), com a intenção de colaborar no engrandecimento dos pesquisadores e no progresso de seus trabalhos.

 

 

ST39 - ARGUMENTAÇÃO E DISCURSO NA FORMAÇÃO DO LEITOR-ESCRITOR CRÍTICO EM FACE AOS MÚLTIPLOS LETRAMENTOS

Jarbas Vargas Nascimento - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)

Rosangela Carreira - Universidade Federal de Goiás (UFG)

O Simpósio “Argumentação e discurso na formação do leitor-escritor crítico em face aos múltiplos letramentos” entende que a leitura e a escrita são práticas sociais da linguagem e, por meio delas, são estabelecidas  interrelações que garantem a inserção dos sujeitos nas práticas de letramento da sociedade e demandam o desenvolvimento de criticidade e competências leitoras e escritoras capazes de alcançar a percepção/interpretação das estratégias argumentativas nos diferentes gêneros discursivos, que fazem parte das  atividades dos sujeitos (Cano, Carreira e Silva, 2022). E compreende também que os múltiplos processos de letramento envolvidos nas práticas cotidianas ou institucionais constituem e fazem parte da formação do sujeito leitor-escritor crítico. Tendo em vista que essas práticas e esses eventos de letramentos envolvem aspectos sociais, culturais, discursivo-interacionais e cognitivos em diferentes instâncias dessa formação, são bem-vindas as reflexões sobre diferentes posicionamentos investigativos frente a temas como letramento digital, letramento de gênero, letramento étcnico-racial, letramento literário e outros e sua interface com os estudos da argumentação e do discurso. Soma-se a esse contexto geral da aprendizagem a necessidade de uma revisitação dessas grandes competências em uma perspectiva de formação crítica. Embora sempre presente nos estudos acerca da leitura e da escrita, a criticidade do sujeito que aprende se torna mais urgente em tempos atuais devido aos contextos de emergências de polarização de grupos extremo-conservadores, de discurso de ódio e de violência, de negacionismo e de tentativas de exclusão dos diversos grupos subalternizados do espaço público e político. Fenômenos estes ligados ao avanço do uso das redes sociais, de uma sociedade de consumo da informação e da circulação de Fake News. Nessa conjuntura, pesquisas e socializar pesquisas que contextualizam a formação do leitor/escritor na constituição de um sujeito crítico tornam-se mais centrais e necessárias. Este simpósio, portanto, tem por objetivo reunir pesquisadores cujos trabalhos tratem de aspectos discursivo-argumentativos no processo de leitura e/ou escrita para formação crítica. Tem-se como objetivos: a) observar como as estratégias argumentativas vem sendo consideradas na formação de leitores e/ou escritores; b) analisar e problematizar  as instâncias de formação de um leitor e/ou escritor; c) questionar a ideia que se instituiu socialmente sobre o que é ser um sujeito crítico e suas interfaces com a argumentação; d) expandir as discussões acerca da relação entre práticas discursivas, argumentação e letramentos.

 

ST40 - MUNDOS E COSMOPERCEPÇÕES EM CORPOREIDADES NARRATIVAS: A ARGUMENTAÇÃO EM DEFESA DE EXISTÊNCIAS

Eunice Pirkodi Caetano Moraes Tapuia - Núcleo Takinahakỹ da Universidade Federal de Goiás (UFG)

Hildomar José de Lima - Universidade Federal de Goiás (UFG)

A ciência moderna fundou o mito do conhecimento universal: imparcial, neutro e objetivo, tendo a Europa como referência geopolítica, o europeu branco, cis-masculino-hetero-branco, cristão, herdeiro rico, como referência corpo-política, e as línguas europeias modernas como referência linguística e epistemológica para a construção e divulgação dos conhecimentos. Os programas pedagógicos considerados de excelência são ancorados nesses referenciais científicos, que se reproduzem nos países colonizados, periféricos ou não. As outras muitas formas conceber e escrever o mundo são deslegitimadas e quando consideradas são objetos de experimentos para o avanço da ciência legítima. Nesse contexto, compreendemos que a narrativa é um lócus de manifestação das cosmopercepções, um modo de significação de mundo, das corporeidades (corpo, território, línguas, conhecimentos, sentimentos, espiritualidades etc.) não consideradas pela ciência legítima, portanto, invalidada pelas epistemologias hegemônicas, como, por exemplo, o Exame Nacional do Ensino Médio - Enem. A narrativa, dessa forma, para os povos subalternizados pela colonização escravagista, é loci pedagógico e epistemológico e um importante modo de argumentação na vida cotidiana, nas denunciações, nos embates e nas disputas políticas nas propostas de equidade pelos sujeitos de direito da diversidade do mundo. Assim, nesta proposta de Simpósio Temático, convidamos pessoas interessadas em discutir a narrativa – verbal ou não verbal, oral, escrita (em línguas orais ou de sinais), sinalizada, performada, cantada, dançada etc. – como ato e modo de significação de mundo e como modo de argumentação no mundo para defesa de direitos e exercício de cidadania de grupos subalternizados pela colonialidade. 


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