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Apresentação
SINTAXE BRASIL 2023/2024
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Queridos colegas docentes, discentes, técnicos, queridos amigos:
Sou Frederico de Holanda, orgulha-me ser Presidente de Honra deste Simpósio. Damos sequência a encontros que visam à troca de ideias tendo por eixo a Teoria da Sintaxe Espacial, ou Teoria da Lógica Social do Espaço, ou Análise Sintática do Espaço – denominações variam... Bill Hillier nunca definiu uma preferência, mas o título do livro fundador é... A lógica social do espaço, de 1984, que ele assina com Julienne Hanson – a generosidade deles permitiu que conhecêssemos o manuscrito como estava em 1976, portanto 8 anos antes de sua publicação.
Mas textos precursores datam do início dos anos 1970, como “Knowledge and Design” (1972), que Hillier assina com mais dois colegas – John Musgrove e Patrick O’Sullivan, e outros, em voo solo ou coautoria com Adrian Leaman, em 1973, 1974, 1976... Mas o termo Space Syntax aparece em publicação de título homônimo somente em 1976, assinado por Bill Hillier e mais três colegas. Na época de uma crítica estetizante estéril ao Movimento Moderno, Hillier, Hanson e colegas põem as pessoas de volta no centro do palco.
Foi nesse preciso ano de 1976 – belo acaso! – que aportamos em Londres, eu e minha família, onde ficamos entre setembro de 1976 e novembro de 1979. Salvo engano, as primeiras publicações na área no Brasil são dois textos meus, de 1985: “Arquitetura como Estruturação Social”, no livro organizado pelo saudoso Ricardo Farret, “O Espaço da Cidade”, e “A Morfologia Interna da Capital”, no livro “Brasília: Ideologia e Realidade”, organizado por Aldo Paviani.
As contribuições de outros colegas brasileiros se seguem: Luiz Amorim, frequentemente em parceria com a querida e saudosa amiga Claudia Loureiro, publica na área desde 1995 (defendeu seu doutorado com Hillier em 1999); Edja Trigueiro, publica a partir de 1997 (defendeu seu doutorado com Hillier em 1994); de uma geração mais recente, Vinicius Netto defendeu seu doutorado com Hillier em 2007, mas desde 1999 vinha publicando na área; e é um ano antes, em 2006, que se forma no Brasil o primeiro “neto acadêmico doutor” de Bill Hillier, sob minha orientação – Valério de Medeiros – que por sua vez já formou 25 mestres-bisnetos e 13 doutores-bisnetos. E la nave va – colegas de instituições de ensino superior de pelo menos 12 cidades brasileiras formam a corrente...
O Sintaxe Brasil, cuja primeira edição deu-se no ano passado, inspira-se, aqui, na tradição de simpósios bienais internacionais desde 1997. Bem-vindos a essa troca de ideias sobre os mais recentes desenvolvimentos da teoria no país – e suas interlocuções com outros campos – e, nesta edição, contando com o contributo mais amplo do mundo lusófono, por meio de Teresa Heitor, Portugal, e da América Latina, por meio de Margarita Green (Chile) e Claudia Ortiz (México).
Bem-vindos, y bien-venidos!
Frederico de Holanda
Presidente de Honra do Sintaxe Brasil
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O segundo simpósio brasileiro de Sintaxe Espacial (Sintaxe Brasil 2023/24) dá sequência aos eventos do tipo realizado no país, após a bem-sucedida edição inaugural em 2022. Novamente, os membros do Grupo de Pesquisa Dimensões Morfológicas do Processo de Urbanização – DIMPU, do Laboratório de Configuração Arquitetônica e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília são os responsáveis pela ação. Outrossim, vários projetos de pesquisa estão vinculados à iniciativa, a exemplo de “Raízes da Forma e Processos de Organização: Aproximações e Afastamentos entre a Urbanização Brasileira e Portuguesa”, “Arquitetura, Encontros e Esquivanças” e “Uma Herança do Ultramar: Análise da Configuração Urbana em Cidades Lusófonas”, com financiamento da FAP/DF e do CNPq.
A segunda edição contou com 222 participantes, em várias categorias. 24 das 27 unidades da federação estiveram presentes, com predomínio de inscritos do Distrito Federal (26%), Paraíba (11%), Minas Gerais (9%), Pernambuco (9%), Espírito Santo (7%), Rio Grande do Norte (5%) e Rio Grande do Sul (5%). Portugal, Equador, Peru e Inglaterra foram representados. Diversas instituições, entre públicas e privadas, compareceram por meio de seu corpo discente, docente e técnico (escolas públicas e particulares de ensino médio; institutos federais de educação, ciência e tecnologia; universidades e centros universitários públicos e privados; instituições públicas), distribuído entre graduados (45%), especialistas (7%), mestres (25%) e doutores (17%) – o que expressa o papel formador do evento. Somos 439 pesquisadores e/ou entusiastas integrantes da comunidade virtual, criada desde a primeira edição e que segue se expandindo, com atualizações frequentes sobre o tema.
Esta publicação compreende os anais dos artigos do evento, realizado virtualmente nos dias 4 e 5 de abril de 2024. Uma frente de pesquisa em fortalecimento, estimamos que, no Brasil, grupos estruturados em pelo menos doze cidades vêm explorando os axiomas, os métodos e as técnicas da Teoria da Sintaxe Espacial, ou Teoria da Lógica Social do Espaço. Os fundamentos da abordagem começaram a ser esboçados em textos clássicos de Bill Hillier e Adrian Leaman desde o início dos anos 1970 (como em “A New Approach to Architectural Research”, de 1972; “How Design is Possible” de 1974; e “Architecture as a Discipline”, de 1976), tendo atingido sua plena maturação no livro “The Social Logic of Space”, assinado em coautoria por Bill Hillier e Julienne Hanson, publicado em 1984. Desenvolvimentos posteriores incluem as obras emblemáticas “Space is the Machine”, de Bill Hillier (1996), e “Decoding Homes and Houses”, de Julienne Hanson (1998). De autores brasileiros, várias publicações ilustram a contribuição nacional à teoria, a incluir: “O Espaço de Exceção”, de Frederico de Holanda (2002); “Urbis Brasiliae: o Labirinto das Cidades Brasileiras”, de Valério de Medeiros (2013); “The Social Fabric of Cities”, de Vinicius Netto (2017); e “Qual é a sua Praia?”, de Lucy Donegan (2019).
Desde 1997 simpósios internacionais têm reunido pesquisadores do mundo inteiro para a troca de achados relacionados à Sintaxe Espacial – em junho de 2024 ocorreu a 14ª edição em Nicósia, no Chipre. A próxima será na Malásia, em 2026. Os simpósios brasileiros alinham-se à perspectiva e visam fortalecer laços da “comunidade sintática” do país, assim como servir de instância para reflexão sobre trabalhos a serem posteriormente desenvolvidos e submetidos aos eventos internacionais.
O Sintaxe Brasil 2023/24 foi estruturado novamente nos três eixos temáticos da primeira edição: 1) teoria, métodos e técnicas, explorando estratégias da Sintaxe Espacial, particularmente em seus desdobramentos em função de novos desafios de pesquisa, sempre com o foco nas relações dos sistemas de encontros e esquivanças com a configuração espacial, em todas as escalas dos lugares socialmente apropriados – em síntese, relações arquitetura versus estruturas sociais; 2) assentamentos humanos, correspondendo ao estudo da configuração dos conjuntos edificados, existentes ou em projeto, em quaisquer situações – da pequena aldeia às metrópoles; aqui são abordadas, entre outros aspectos, as relações entre as configurações e os modos de vida correlatos; 3) edificações, com foco no estudo da configuração do espaço interno das edificações, existentes ou em projeto; analisam-se também o espaço doméstico e os modos de habitar, os espaços institucionais, de comércio ou de serviços e as relações entre categorias dos sujeitos sociais e sua classificação por meio da configuração edilícia. A estes, nesta edição, soma-se mais um eixo: 4) interlocuções, em que se exploram as interfaces entre a teoria e outras vertentes reflexivas, particularmente no campo das Ciências Humanas.
Os artigos integrantes do evento expressam diversidade de origem, objeto de estudo, território de interesse e vínculo institucional dos pesquisadores. Demonstram a quantidade de instituições que sediam estudos configuracionais, pelo viés da Teoria da Lógica Social do Espaço, no Brasil. Acreditamos que o panorama oferecido permite compreender as discussões ocorridas no evento e os rumos pelos quais Sintaxe Espacial têm seguido em nosso país.
Se a segunda edição do Sintaxe Brasil ilustra a expansão geográfica e temática da Teoria da Sintaxe Espacial, ao mesmo tempo traduz o desenvolvimento da Arquitetura como disciplina, num de seus aspectos centrais – o das relações entre a configuração dos lugares e sua apropriação social.
Frederico de Holanda e Valério de Medeiros
Comissão Organizadora do Sintaxe Brasil
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Responsável
Laboratório de Configuração Urbana - Config.arq
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
config.arq@unb.br
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