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Apresentação

Sustentabilidade, Indicadores e Gestão de Recursos Hídricos: uma síntese do II Sustentare e V WIPIS

 

Ocorrido nos dias dezessete, dezoito e dezenove de novembro do ano de dois mil e vinte, o II Sustentare e V WIPIS reuniu centenas de pesquisadores, profissionais, professores, estudantes e demais agentes interessados em apresentar resultados de pesquisas, trabalhos e debater questões relacionadas ao uso de indicadores, sustentabilidade e gestão de recursos hídricos. 

Provenientes de diversas regiões e estados do Brasil, de países próximos e situados em outros continentes, as submissões resultantes da chamada para trabalhos foram duplamente avaliadas às cegas pelo comitê científico. Os artigos acadêmicos aprovados neste processo constituem os Anais do II Sustentare e V WIPIS, cujo presente prefácio tem a missão de transmitir uma síntese do que ocorreu no evento e dos trabalhos aprovados nas quatro áreas temáticas que foram definidas, a saber: Gestão de Recursos Hídricos, Indicadores de Sustentabilidade, Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade em suas Múltiplas Dimensões.

O texto está organizado em cinco seções: a primeira apresenta uma visão geral do II Sustentare e V WIPIS, sua programação e os dados gerais que caracterizam seus participantes; a segunda, terceira, quarta e quinta seções apresentam, respectivamente, uma síntese de cada área temática citada acima.

1.           Visão Geral do II Sustentare e V WIPIS

Saber quais são as informações necessárias em um processo de gestão implica trabalhar o conhecimento sob diferentes abordagens, entendendo-se também a gestão sob diferentes enfoques. Entre as diversas abordagens possíveis, destaca-se a adoção de indicadores. No contexto da sustentabilidade, indicadores referentes à questão social, econômica e ambiental são imprescindíveis para estudos do tema, ainda mais quando são acompanhados daqueles que os complementam, ao tratar em detalhes questões culturais, políticas e tecnológicas, por exemplo. 

Tendo como elemento aglutinador a necessidade de estabelecer parâmetros, referenciais teóricos e trocas de experiências entre agentes e pesquisadores, nacionais e estrangeiros, o II Sustentare – Seminário de Sustentabilidade da PUC-Campinas – e V WIPIS – Workshop Internacional de Pesquisa em Indicadores de Sustentabilidade – promoveram uma reunião sinérgica de três colaboradores institucionais: o Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade (PPGS) da PUC-Campinas; o Programa de Pós-Graduação em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais e o Programa de Pós-Graduação em Hidráulica e Saneamento, ambos da Escola de Engenharia de São Carlos da USP; e o Grupo de Trabalho Indicadores e Monitoramento da Câmara Técnica de Proteção e Conservação dos Recursos Naturais (CT-RN) e da Câmara Técnica de Integração e Difusão de Pesquisas e Tecnologias (CT-ID), dos Comitês e da Agência das Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).

O Sustentare, Seminário de Sustentabilidade da PUC-Campinas, ou simplesmente Sustentare PUC-Campinas, é um evento promovido pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sustentabilidade (PPGS) do Centro de Economia e Administração (CEA) da PUC-Campinas. Sua primeira edição ocorreu em 2019 e seu objetivo é promover o encontro de pesquisadores, docentes e alunos de pós graduação e graduação, além de profissionais e demais interessados em discutir a sustentabilidade no contexto econômico, ambiental e social. 

O Workshop Internacional sobre Indicadores de Sustentabilidade (WIPIS), por sua vez, é um evento científico promovido pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP), por meio do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais e do Programa de Pós-Graduação em Hidráulica e Saneamento. O WIPIS tem sido um espaço internacional de discussão e disseminação de informação da temática dos indicadores de desenvolvimento sustentável, regularmente realizado desde 2006.  

Já o Grupo de Trabalho Indicadores e Monitoramento da Câmara Técnica de Proteção e Conservação dos Recursos Naturais (CT-RN) e da Câmara Técnica de Integração e Difusão de Pesquisas e Tecnologias (CT-ID), dos Comitês e da Agência das Bacias PCJ ofereceram suporte técnico e logístico ao evento, tendo em vista o interesse em desenvolver um sistema de indicadores para o monitoramento e gestão dos recursos hídricos no âmbito das Câmaras Técnicas das Bacias Hidrográficas do PCJ.

Diante dos efeitos da pandemia de Covid-19, o II Sustentare e V WIPIS, que fora inicialmente planejado para ser um evento presencial, foi transformado num evento virtual, com todas as atividades ocorrendo de forma virtual ou online, em modo síncrono e assíncrono. O ambiente virtual escolhido para a realização do evento foi disponibilizado pala plataforma Even3, no seguinte endereço eletrônico: https://www.even3.com.br/2_sustentare_5_wipis/.

O evento foi realizado de forma totalmente gratuita aos participantes, fato que só foi possível graças ao patrocínio recebido das empresas MB Engenharia, Consórcio Renova Ambiental e Casamax Comercial e Serviços. Às quais a comissão organizadora do II Sustentare e V WIPIS agradece o apoio.

Foram três dias de intensa atividade científica. A programação das atividades de cada dia está exibida nas Figuras 1, 2 e 3, com os destaques detalhados e comentados na sequência.

Em seu primeiro dia, 17 de novembro, a cerimônia oficial de abertura contou com a participação das seguintes autoridades: Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior, magnífico reitor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas; Prof. Dr. Edson Cezar Wendland, diretor da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo; Me. Ivens de Oliveira, diretor da Agência das Bacias PCJ; Dr. João José Assumpção de Abreu Demarchi, pesquisador científico do Instituto de Zootecnia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP e coordenador da Câmara Técnica de Recursos Naturais dos Comitês das Bacias PCJ; Prof. Dr. Tadeu Fabrício Malheiros, professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Hidráulica e Saneamento da EESC/USP e coordenador da Câmara Técnica de Integração e Difusão de Pesquisas e Tecnologias dos Comitês das Bacias PCJ; Prof. Dr. Samuel Carvalho De Benedicto, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade da PUC-Campinas; e do Prof. Dr. Marcos Ricardo Rosa Georges, professor do PPGS da PUC-Campinas que conduziu o cerimonial. Para esta atividade foram registrados um total de 101 pessoas diretamente inscritas na plataforma do evento, em transmissão “online”.

 

Figura 1 – Atividades do dia 17/11/2020 do II Sustentare e V WIPIS

 

A segunda atividade do dia foi a palestra magna, intituladaDesafios da territorialização e da revisão e acompanhamento de Agenda 2030 no Brasil”, proferida pelo Prof. Dr. Henrique Dos Santos Pereira, da Faculdade de Ciências Agrárias e do Centro de Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Amazonas. Esta atividade ocorreu de forma síncrona, foi coordenada pelo Prof. Dr. Samuel Carvalho De Benedicto e moderada pelo Prof. Dr. Duarcides Ferreira Mariosa, ambos da PUC-Campinas. Foram registradas as inscrições de 113 participantes.

A terceira atividade do primeiro dia foi a mesa redonda virtual intitulada “Casos de sucesso na implementação dos ODS”, na qual palestraram a Profa. Dra. Brígida da Rocha Brito, da Universidade Autónoma de Lisboa, o Prof. Dr. Arlindo Philippi Jr., da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e o Prof. Dr. Henrique dos Santos Pereira, do Centro de Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Amazonas. Esta atividade foi realizada de forma síncrona, coordenada pelo Prof. Dr. Duarcides Ferreira Mariosa (PUC-Campinas) e mediada pelos professores Dr. Tadeu Fabrício Malheiros (USP) e Dr. Josué Mastrodi Neto (PUC-Campinas). Um total de 111 participantes se inscreveram na atividade.

No período vespertino do dia 17 de novembro ocorreu a primeira mesa de apresentação dos trabalhos aprovados. Foram quatro sessões, uma para cada área temática. As apresentações ocorreram de forma assíncrona. Os autores dos trabalhos aprovados gravaram antecipadamente suas apresentações, enviaram os links do Youtube onde a carregaram virtualmente que permitiram sua reprodução nestas sessões. Ao final de cada uma das sessões, um debate foi organizado com participantes e autores presentes remotamente nas sessões. A mesa 1 – Indicadores de Sustentabilidade ocorreu das 13h às 14h e registrou 65 inscritos; a mesa 1 – Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável ocorreu das 14 às 15h e registrou 63 inscritos; a mesa 1 – Gestão de Recursos Hídricos ocorreu das 15h às 16h registrou 53, e a mesa 1 – Sustentabilidade em suas Múltiplas Dimensões ocorreu das 16h às 17h e registrou 61 inscritos. Um total de 19 trabalhos escritos por 77 autores foram apresentados nesta tarde. Conforme designado na figura 1, os nomes contidos nestas atividades referem-se aos coordenadores e mediadores designados para a sessão.

Ainda no período noturno do primeiro dia foram três as atividades realizadas. A primeira foi uma palestra intitulada “Agência das Bacias PCJ e Comitês das Bacias PCJ: plano das bacias 2020-2035 e as discussões sobre sua implementação”, proferida por Eduardo Cuoco Léo, coordenador de Sistema de Informações da Agência das Bacias PCJ, e pelo Me. André Luiz Sanchez Navarro, da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA). Esta atividade, ocorrida de forma virtualmente síncrona, foi coordenada pelo Dr. João José Assumpção de Abreu Demarchi do Instituto de Zootecnia da SAA/SP, tendo sido registrados 78 participantes inscritos.

A segunda atividade desta noite foi a mesa redonda virtual intitulada “Novo marco regulatório do saneamento básico no Brasil – desafios tecnológicos, de capacitação e financeiros”, que contou com três exposições: uma feita pelo Prof. Dr. Biagio Giannetti da Universidade Paulista (UNIP), intitulada “O papel da universidade frente ao novo marco regulatório do saneamento básico no Brasil”; outra apresentada pelo Prof. Dr. Pedro Luiz Cortês (USP), intitulada “Desafios e oportunidades do novo marco regulatório do saneamento básico para o Brasil”; e a terceira feita pelo prof. Dr. Thelmo Branco Filho (pós doutorando do IEA-USP) intitulada “Desafios da Universalização do Saneamento no Contexto do Novo Marco Legal”. Após as exposições, um debate moderado pelo Dr. João José Assumpção De Abreu Demarchi (IZ/SAA/SP) e pelo advogado Me. Luiz Carlos Aceti Jr. (Aceti Advocacia) foi feito sob coordenação do Prof. Dr. Diego De Melo Conti (PUC-Campinas). Esta atividade registrou 91 participantes inscritos.

Por fim, para encerrar o primeiro dia do II Sustentare e V WIPIS, foi feita a exibição de forma assíncrona dos vídeos gravados pelos autores dos trabalhos aprovados que não foram selecionados para as mesas de apresentação.

O segundo dia do evento, dia 18 de novembro, iniciou com a palestra intitulada “Desafios e perspectivas da Gestão dos Recursos Hídricos no Chile” e foi proferida de forma remota e síncrona pelo Prof. Dr. Ricardo Figueroa, da Universidade de Concepcion (Chile), coordenada pelo Prof. Dr. Ricardo O. Barra, também da Universidade de Concepción (Chile) e moderada pelo Prof. Dr. Tadeu Fabrício Malheiros (EESC/USP). Esta atividade registrou 76 participantes inscritos. 

A segunda atividade da manhã foi a mesa redonda virtual intitulada “Governança e Indicadores para a gestão da água”, que contou com a participação de Eduardo Cuoco Léo, da Agência das Bacias do PCJ, da Profa. Dra. Amaya Alves, da Universidade de Concepción (Chile), Dra. Fernanda Matos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Me. Stefania Tiziana Almazan Casali (doutoranda na Universidade de Michigan). Esta atividade síncrona foi coordenada pela Profa. Dra. Bruna A. Branchi (PUC-Campinas) e mediada pelo Prof. Dr. Tadeu Fabrício Malheiros (EESC/USP). Para esta mesa um total de 129 participantes se inscreveram. 

No período vespertino do dia 18 de novembro ocorreu a segunda rodada de apresentação dos trabalhos aprovados, divididos em três sessões. A mesa 2 – Indicadores de Sustentabilidade ocorreu das 13h às 14h e registrou 71 participantes inscritos; a mesa 2 – Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável ocorreu das 14 às 15h e registrou 62 participantes inscritos, e a mesa 2 – Sustentabilidade em suas Múltiplas Dimensões ocorreu das 15h às 16h com 64 participantes inscritos. As apresentações ocorreram de forma assíncrona. Os autores dos trabalhos aprovados gravaram suas apresentações, estas foram reproduzidas a cada 10 minutos nas sessões com debate ao final. Um total de 15 trabalhos escritos por 43 autores foram apresentados na tarde do segundo dia do evento. A Figura 2, a seguir, detalha a programação das atividades do segundo dia do evento. 


Figura 2 – Atividades do dia 18/11/2020 do II Sustentare e V WIPIS

 

Ainda no período vespertino, aconteceram outras três atividades no dia 18 de novembro, todas de forma virtualmente síncrona. Às 16h ocorreu a mesa redonda virtual intitulada “Publicando Internacionalmente”, proferida pelo Prof. Dr. Ernesto D.R. Santibañez Gonzalez da Universidade de Talca (Chile), coordenada pelo Prof. Dr. Diego De Melo Conti (PUC-Campinas) e mediada pela Profa. Dra. Cibele Roberta Sugahara (PUC-Campinas) e o Prof. Dr. Luciano Ferreira Da Silva (Uninove). Esta atividade registrou 86 participantes inscritos.

Na sequência, das 16h30 às 17h30, ocorreu o “Painel de Editores de Revistas Científicas”, uma mesa redonda virtual com a participação dos seguintes editores: Profa. Dra. Kyldes Batista Vicente, da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) e da Faculdade ITOP e, também, editora da Revista Humanidades & Inovação (Unitins), da Revista Extensão (Unitins) e da Revista Multidebates (ITOP); Prof. Dr. Zysman Neiman, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e editor chefe das Revistas Brasileira de Ecoturismo e Brasileira de Educação Ambiental; Prof. Dr. Edson Keyso de Miranda Kubo, Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e editor chefe do periódico Gestão & Regionalidade; Profa. Dra. Lilian de Lins Wanderley, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), editora chefe da Revista de Gestão Social e Ambiental (RGSA); Prof. Dr. Edson Querido, da Universidade de Taubaté (UNITAU), editor chefe da Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional  e da Revista Latin American Journal of Business Management e membro do conselho editorial da Revista Árvore (ISSN 0100-6762). O Painel de Editores de Revistas Científicas foi coordenado pelo Prof. Dr. Diego De Melo Conti (PUC-Campinas) e mediada pela Profa. Dra. Cibele Roberta Sugahara (PUC-Campinas). Esta atividade registrou 69 participantes inscritos.

Fechando o período vespertino do segundo dia do evento, ocorreu às 17h30 o lançamento da Revista Sustentabilidade: Diálogos Interdisciplinares, uma publicação científica mantida pelo Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade da PUC-Campinas. O lançamento desta revista contou com a participação do Prof. Dr. Diego De Melo Conti, editor da revista, Profa. Dra. Bruna Ângela Branchi, editora adjunta da revista, e do Prof. Dr. Samuel Carvalho De Benedicto, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade da PUC-Campinas. O lançamento da revista registrou 81 participantes inscritos.

O período noturno do dia 18 de novembro teve como principal atividade a mesa redonda virtual intitulada “A água como elemento transversal do ensino de ciências ambientais nas escolas da educação básica”. Esta atividade iniciou às 18h e se estendeu até às 21h. Teve como palestrantes o Prof. Dr. Otacílio Santana, coordenador da Associada UFPE do Programa de Pós-Graduação em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais (PROFCIAMB); o Prof. Dr. Jefferson Nascimento De Oliveira, que preside a Câmara Técnica de Educação, Informação, Ciência e Tecnologia do CNRH, coordenador geral do Programa de Pós-Graduação - Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos – ProfÁgua e presidente do Comitê de Bacia do Rio São José dos Dourados/SP desde outubro de 2020; e Jair Gonçalves da Silva, especialista em Recursos Hídricos da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. Esta atividade, de natureza síncrona, foi coordenada pelo Prof. Dr. Tadeu Fabrício Malheiros (EESC/USP) e mediada pelo Prof. Dr. Valdir Fernandes (UTFPR). Registraram-se 108 participantes para acompanhar os trabalhos dessa mesa.

Por fim, encerrando o segundo dia do II Sustentare e V WIPIS, foi feita a exibição de forma assíncrona das apresentações gravadas dos trabalhos aprovados que não foram selecionados para as mesas vespertinas.

O terceiro dia do evento, dia 19 de novembro, também teve atividades programadas nos três períodos, conforme mostra a figura 3 a seguir. No período matutino deste dia, ocorreu a mesa redonda virtual intitulada “Nexo Água, Alimento e Energia”, que contou com a participação dos palestrantes Prof. Dr. João Porto de Albuquerque, diretor do Institute of Global Sustainable Development (Universidade de Warwick, UK); do Prof. Dr. José Antonio Puppim De Oliveira (FGV/SP) e do Dr. Fabiano De Araújo Moreira (pós doutorando da Faculdade de Saúde Pública/USP). Esta mesa virtual ocorreu de forma síncrona e foi coordenada pelo Prof. Dr. Tadeu Fabrício Malheiros (EESC/USP) e mediada por Petrus Bartholomeus Weel e Sônia Maria Viggiani Coutinho. Esta atividade registrou 113 participantes inscritos.

No período vespertino do dia 19 de novembro ocorram as apresentações dos trabalhos aprovados. Nesta tarde foram três sessões. A mesa 3 – Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável ocorreu das 13h às 14h e registrou 72 inscritos; a mesa 2 – Gestão de Recursos Hídricos ocorreu das 14 às 15h e registrou 68 inscritos, e a mesa 3 – Sustentabilidade em suas Múltiplas Dimensões, que teve duas horas de duração e ocorreu das 15h às 17h e registrou 74 participantes inscritos. As apresentações ocorreram de forma assíncrona a partir reprodução da gravação da apresentação feita pelos autores. Um total de 22 trabalhos escritos por 66 autores foram apresentados na tarde do terceiro e último dia do evento.


 

Figura 3 – Atividades do dia 19/11/2020 do II Sustentare e V WIPIS

 

O período noturno do terceiro e último dia iniciou com a mesa redonda virtual intitulada “Enfoques integrales para la gestión de los recursos hídricos, propuestas desde Suramérica. Tres enfoques para la sostenibilidad del agua”, que contou com a participação do Dr. Rubén Danilo Bourdon García (Colômbia), Flor Gianina Paucar Aedo (Espanha), Profa. Dra. Ana Patricia Noguera De Echeverri (Universidade Nacional de Colômbia), Yury Alfonso Pinto Ortiz, diretor de Gestión Ambiental de Minería do governo do Perú, Prof. Dr. Heriberto Vargas Rodríguez, da Universidade Agraria de Habana (Cuba) e Prof. Dr. Eduardo Márquez Canosa, do Centro Panamericano de Estudos Superiores CEPES (México). Esta mesa virtual ocorreu de forma síncrona, foi coordenada pelo Prof. Dr. Duarcides Ferreira Mariosa e mediada do Prof. Dr. Juan Arturo Castañeda Ayarza, ambos da PUC-Campinas. Esta atividade registrou 87 participantes inscritos.

O segundo evento da noite do último dia foi a mesa redonda virtual intitulada “Contribuciones de la Economía Social y Solidaria a la gestión del agua como un bien común”, na qual palestraram o Prof. Dr. Leandro Pereira Morais, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o Prof. Dr. Juan Fernando Alvarez Rodriguez, da Pontifícia Universidade Javeriana (Colômbia), Prof. Dr. Miguel Angel Alarcon Conde, da Universidade de Castilla-La Mancha (Espanha) e a Profa. Dra. Ana Milena Silva Valencia, da Universidade Icesi (Colômbia). Esta mesa redonda virtual foi coordenada pelo Prof. Dr. Duarcides Ferreira Mariosa e mediada pelo Prof. Me. Dimas Alcides Gonçalves, ambos da PUC-Campinas, registrando 87 participantes inscritos.

Completando a noite do último dia e encerrando o evento foi feita a exibição de forma assíncrona das apresentações dos trabalhos aprovados que não foram selecionados para as mesas de apresentação.

Assim, destaca-se que participaram das atividades do II Sustentare e V WIPIS um total de 530 pessoas, conforme as inscrições realizadas e confirmadas na plataforma do evento. O evento recebeu inscritos oriundos de 22 Estados da federação, além do Distrito Federal; e, também, inscritos provenientes de dez diferentes países além do Brasil, incluindo: Argentina, Colômbia, Peru, Chile, Cuba, Inglaterra, Espanha, Portugal, Moçambique e Índia. Há inscritos de, pelo menos 106 diferentes instituições, incluindo 29 universidades federais e as universidades públicas paulistas: Unicamp, Unesp e USP, esta última participando com pelo menos 12 diferentes institutos, diversos institutos federais e instituições privadas, além de prefeituras, Ministério Público de SP e demais agentes e representantes da sociedade civil.

A chamada para envio de trabalhos do II Sustentare e V WIPIS foi anunciada no começo de agosto, quando o sistema abriu para receber submissões. O primeiro trabalho recebido foi no dia 23 de agosto. O pico aconteceu nos dias 30 de outubro e 02 de novembro, dia em que a chamada foi encerrada. O gráfico da Figura 4 apresenta a evolução das submissões até a data limite.


 

                  Figura 4 – Trabalhos recebidos durante a chamada do II Sustentare e V WIPIS

 

          Com relação ao número de autores por trabalhos, na média, os trabalhos recebidos tinham 2,9 autores por trabalho. A moda é dois autores por trabalho, que representa 27,2% dos trabalhos recebidos. Autor único representou 21,1% dos trabalhos recebidos. A distribuição do número de autores por trabalho está ilustrada no gráfico da Figura 5.



Figura 5 – Histograma da quantidade de autores por trabalho submetido

 

Os trabalhos recebidos foram duplamente avaliados às cegas pelo comitê científico. O comitê científico que avaliou os trabalhos recebidos foi constituído por 31 nomes. São professores, pesquisadores e profissionais com notório e destacado saber nas áreas temáticas do evento, todos possuidores do título de doutor e oriundos de diferentes instituições, como USP, PUC-Campinas, UFLA, Universidade de Coimbra, PUC-Minas, Uninove, Aeronáutica, Unasp e Unifesspa.

Cada trabalho recebeu duas avaliações e a nota média dos trabalhos variou de 0 (menor nota média observada) a 9,88 (maior nota média observada). A média das notas foi de 6,52, o desvio padrão foi de 1,91. O primeiro quartil ficou em 5,55, a mediana 6,91, o terceiro quartil foi de 7,74. A Figura 6 ilustra o percentual de trabalhos em relação ao total de trabalhos recebidos, cuja avaliação média ficou contida em cada intervalo de nota. Por exemplo, 28,1% dos trabalhos recebidos obteve uma avaliação média maior ou igual a sete e menor que oito.


 

Figura 6 – Distribuição das avaliações dos trabalhos recebidos no II Sustentare e V WIPIS

 

No total, 103 trabalhos foram aprovados para apresentação e foram incluídos nos Anais do II Sustentare e V WIPIS. Com relação às áreas temáticas, a Tabela 1 mostra a média de avaliações e a quantidade de autores por trabalho recebido em cada área temática.

 

Área Temática

Média das avaliações

Média de autores

Gestão Recursos Hídricos

6,8

3

Indicadores de Sustentabilidade

6,9

3,1

Política Pública e Desenvolvimento Sustentável

6

2,6

Sustentabilidade em suas Múltiplas Dimensões

6,5

2,9

Tabela 1 – Trabalhos aprovados por área temática

 

O melhor trabalho de cada área temática foi premiado com menção honrosa fornecida pelo Comitê Organizador. Os melhores trabalhos, selecionados pelo Comitê Científico, que considerou pontuação média recebida dos avaliadores e aderência ao escopo, foram encaminhados para os periódicos acadêmicos que apoiaram o II Sustentare e V WIPIS em regime de fast track. Um total de 11 revistas acadêmicas participaram deste apoio, todas classificadas no sistema qualis/Capes com avaliações entre A1 e B3 no qualis preliminar 2019, exceto a revista Sustentabilidade: Diálogos Interdisciplinares, que foi lançada no evento. São as revistas participantes do II Sustentare e V WIPIS: Revista Gestão e Regionalidade; REGE - Revista de Gestão da USP; Revista Brasileira de Educação Ambiental; Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional; Revista de Administração, Ciências Contábeis e Sustentabilidade; Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação;  Revista de Gestão Social e Ambiental; Revista Humanidades & Inovação; Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade; Revista de Inovação e Sustentabilidade; e  Revista Sustentabilidade: Diálogos Interdisciplinares.

Para ilustrar a ocorrência dos assuntos abordados pelos trabalhos aprovados, foi feita uma nuvem de palavras com os títulos dos artigos aprovados excluindo-se preposições e artigos. O resultado pode ser visto na Figura 7.



Figura 7 – Nuvem de palavras com o título dos trabalhos aprovados

 

Nos tópicos enumerados a seguir, cada uma das quatro áreas temáticas do II Sustentare e V WIPIS é detalhada em seus pressupostos e resultados alcançados. A começar pela Gestão de Recursos Hídricos, depois a área temática Indicadores de Sustentabilidade, a seguir Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável e, por fim, Sustentabilidade em suas Múltiplas Dimensões. 

2.           Área Temática: Gestão de Recursos Hídricos

A área temática de Gestão de Recursos Hídricos do II Sustentare e V WIPIS recebeu um significativo número de artigos relacionados ao tema e, em especial, seu vínculo com o desenvolvimento territorial e a busca por sociedades sustentáveis. O tema água também foi destaque nas outras três áreas temáticas, o que demonstra a grande importância, relevância e oportunidade das discussões, bem como das pesquisas e do desenvolvimento de indicadores para enfrentar as questões hídricas, tais como sua iminente escassez e os já presentes conflitos e disputas na região das Bacias Hidrográficas do PCJ e do Alto Tietê. O tema água é por si só aglutinador e transversal aos demais temas tratados no II Sustentare e V WIPIS.

Os trabalhos apresentados na área temática de Gestão de Recursos Hídricos abrangeram as áreas de desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade para gestão da segurança hídrica nas bacias hidrográficas, do benchmarking enquanto ferramenta de melhoria dos sistemas de abastecimento, do diagnóstico do uso de águas subterrâneas visando a gestão dos recursos hídricos em escala municipal, de sistemas de suporte à decisão aplicado ao monitoramento de recursos hídricos, de análise de influência de vazões em barragens, de metodologia de análise de economia hídrica em bacias degradadas, de análise de eventos de precipitações em regiões semiáridas (Bahia), de sustentabilidade socioambiental e impactos na geração hidroelétrica (Moçambique), de caracterização morfométrica de sub-bacias hidrográficas (Espírito Santo), de vulnerabilidade à erosão em sub-bacias (Espírito Santo), de uso e ocupação das terras em bacias hidrográficas (Espírito Santo), de análise comparativa da gestão dos recursos hídricos entre países (Peru e Brasil), de tecnologias sociais da gestão hídrica (Ceará), de investimentos em infraestrutura natural para proteção dos mananciais, de sustentabilidade financeira para a gestão das águas, de sensoriamento remoto orbital para avaliação da qualidade da água em áreas de mananciais, de implementação do programa A3P em Agências de Bacias, de análise dos cenários para formação de coalisões na gestão de recursos hídricos e de análise de tecnologias industriais.

Dentre todos os trabalhos recebidos nesta área temática, foi conferido o título de Melhor Trabalho do eixo temático Gestão de Recursos Hídricos o trabalho intitulado “Benchmarking enquanto Ferramenta de Melhoria de Desempenho em Sistemas de Abastecimento de Águas: uma abordagem das perdas físicas do processo”, de autoria de Luís Otávio do Amaral Marques, Rafael Santos Carvalho, Marcelo Otani Marques de Sá e Tadeu Fabrício Malheiros.

Especialistas dos Comitês PCJ apresentaram num dos painéis do evento as ações envolvendo a Agência de Bacias PCJ e os Comitês de Bacias PCJ na elaboração e divulgação do Plano de Bacias 2020-2030, suas necessárias discussões e divulgação para que seja possível a plena implementação. O Plano de Bacias, conjuntamente com a criação e implantação dos Comitês de Bacias Hidrográficas, o enquadramento dos corpos hídricos, a cobrança pelo uso da água, a outorga e o sistema de informações de suporte às decisões, são um conjunto de instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos que propiciam uma efetiva gestão dos recursos hídricos.

A Política de Mananciais para as Bacias Hidrográficas do PCJ é parte integrante do Plano de Bacias recém aprovado. Como uma política pública, foi construída por diversas câmaras técnicas que trabalharam de forma participativa, descentralizada, democrática e contínua, dialogando com diversas áreas do conhecimento. Foi criada durante as discussões de renovação da outorga e do volume de transposição de água do Sistema Cantareira para a região metropolitana de São Paulo e a crise hídrica vivenciada entre os anos de 2014 e 2015. Crise esta que impactou significativamente a disponibilidade hídrica e as disputas por esse recurso nas Bacias do PCJ. Foi no contexto da crise hídrica que os Comitês PCJ, sensíveis aos problemas hídricos e preocupados com a proteção dos mananciais, entenderam a necessidade de se promover um equilíbrio entre a obrigação da proteção dos recursos naturais e ambientais, com as necessidades humanas de ordem econômica e social, no âmbito da gestão de recursos hídricos. A partir deste entendimento, aprovaram, em 2015, a Deliberação dos Comitês PCJ nº 238/2015, de 23/10/2015, que estabeleceram diretrizes e instrumentos visando à conservação das águas, recuperação e conservação do solo e da vegetação nativa na área que compreende as Bacias do PCJ. Desde então, a Política de Mananciais PCJ tem sido aperfeiçoada e melhorada, sendo sua última revisão aprovada por meio da Deliberação dos Comitês PCJ nº 307/2018, de 14/12/2018. Desde então, os Comitês passam a investir não só em infraestrutura cinza (estações de tratamento de água e esgoto, reservatórios e canalizações, piscinões e demais estruturas de macrodrenagem), mas também em infraestrutura natural ou Soluções Baseadas na Natureza como forma de aumentar a segurança e a sustentabilidade hídrica das bacias PCJ. Há a partir dessa data uma visão além do ponto de captação de água bruta para toda a área de contribuição e suas características de uso e ocupação do solo. O rural e o urbano se aproximam numa paisagem única.

Como um “Parlamento das Águas”, os Comitês de Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Comitês PCJ) são um dos melhores e mais apropriados espaços para que de forma descentralizada, participativa, integrada e democrática seja discutido entre todos os usuários a melhor forma de fazer a gestão dos recursos hídricos e dar acesso a todas as formas de vida água em quantidade e qualidade mínima, além da universalização dos serviços de saneamento básico para todos os cidadãos do campo e da cidade.

 Um dos programas da Política de Mananciais PCJ tem como finalidade a gestão e o monitoramento dos projetos em andamento e, consequentemente, da própria política de mananciais, através da identificação ou criação de indicadores e índices de auxílio na obtenção das metas previstas no Plano de Bacias. O Grupo de Trabalho denominado GT-Indicadores e Monitoramento é o responsável por essas atividades no âmbito da Política de Mananciais PCJ e um dos grupos coordenadores do II Sustentare e V WIPIS.

Observa-se que o II Sustentare e V WIPIS também tem como um dos seus inúmeros resultados positivos a aproximação dos Comitês de Bacias PCJ com as universidades, membros e representantes da sociedade local, aumentando a expectativa por inúmeros benefícios mútuos em relação ao tripé ensino, pesquisa e extensão nas mais diversas áreas do conhecimento.        

3.           Área Temática: Indicadores de Sustentabilidade

O tema Indicadores de Sustentabilidade esteve presente ao longo de todo o II Sustentare e V WIPIS, permeando as mesas redondas e as apresentações de trabalho.

Seguindo a tendência observada nas edições anteriores do Sustentare e WIPIS, as discussões estiveram associadas aos movimentos atuais no campo da sustentabilidade, destacando os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODS, a universalização do saneamento e enfoques de avaliação integrada do NEXO - Alimento, Água e Energia.

A institucionalização da Agenda 2030, com a definição das metas e dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, coloca um desafio a mais aos gestores de políticas públicas que é a organização do sistema de indicadores aplicados à consecução do desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade. Para acompanhar a implementação das 169 metas do desenvolvimento sustentável, a Organização das Nações Unidas elaborou uma lista de 231 indicadores, adaptáveis às diferentes escalas (local, regional, nacional e global). Politicamente, em vários casos, se faz necessária a padronização da coleta e análise dos dados endo em vista a realidade local, bem como estabelecer processos que garantam qualidade, transparência, acesso e ética no uso e aplicação destas informações. Tecnicamente, ainda resta o desafio da organização e eventual síntese destes indicadores, para que possam efetivamente orientar políticas e processos de gestão associados ao desenvolvimento sustentável. A palestra "Desafios da territorialização e da revisão e acompanhamento de Agenda 2030 no Brasil", seguida pela mesa redonda "Casos de sucesso na implementação dos ODS", trouxeram desafios e exemplos de avanços nos indicadores e sua institucionalização em vários setores, destacando por exemplo, os esforços das Instituições de Ensino Superior. 

Outro ponto crítico que foi discutido ao longo do evento refere-se às bases de dados atualmente existentes para tratar do tema saneamento, como o Sistema Nacional de Informações em Saneamento – SNIS. Ressaltou-se as limitações que apresentam para que possam efetivamente informar tomadores de decisão e sociedade nas lacunas de provisão dos serviços de saneamento a todos. Os palestrantes informaram que pesquisas têm repetidamente alertado para a desigualdade nos acessos, onde as parcelas socialmente mais vulneráveis são aquelas com maior déficit nos serviços oferecidos. Este período de isolamento social, provocado pela pandemia do Covid-19, trouxe à tona, com especial destaque dado nas mídias de grande alcance, o impacto desigual dos casos de morbidade e mortalidade entre as populações e comunidades mais vulneráveis. Se a disponibilidade de água tratada e o acesso ao saneamento estão entre os principais fatores de aumento da exposição desta população, no entanto, ficou evidente a dificuldade dos indicadores de captarem e mapearem de forma adequada e no tempo necessário esta questão.

Este paradigma da sustentabilidade exige ações que dialoguem com a Rede de Educação Básica no Brasil e internacionalmente, é preciso alcançar as escolas e inserir esta temática no dia a dia do ensino. Assim, o seminário trouxe a experiência do Mestrado Profissional em Rede Nacional Para Ensino das Ciências Ambientais, a parceria estabelecida com a Agência Nacional de Água e Saneamento Básico, e como isto está resultando em pesquisa e produção de materiais educacionais, que levam o tema da água para as escolas, de forma alinhada às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular - BNCC. Destaca-se aqui a mesa redonda "A água como elemento transversal do ensino de ciências ambientais nas escolas da educação básica".

Diante dos impactos da mudança climática verificados nas últimas décadas, políticas e esforços desencontrados na busca de soluções, por exemplo, para questões energéticas, como é o caso dos biocombustíveis, mostraram a complexidade da gestão sob as lentes do desenvolvimento sustentável. Ampliar áreas de produção de bioenergia para combustíveis pode eliminar áreas de produção de alimentos, ou seja, uma ação benéfica num pilar chave da sustentabilidade, pode gerar impacto negativo em outro pilar, se o planejamento não for feito de forma integrada e sistêmica. Neste contexto, governos e agências de fomento têm estimulado pesquisas em boas práticas na abordagem do NEXO - Alimento, água e energia, onde o desenvolvimento e proposição de indicadores de sustentabilidade ainda representa um desafio. O seminário Sustentare e WIPIS convidou especialistas que trouxeram aos participantes do evento como projetos nacionais e internacionais estão tratando este tema, que sistemas de indicadores têm respondido bem aos critérios sistêmicos da abordagem do NEXO e, claro, como comunicá-los à sociedade e tomadores de decisão.

Dentre todos os trabalhos recebidos nesta área temática, foi conferido o título de Melhor Trabalho do eixo temático Indicadores de Sustentabilidade o trabalho intitulado “Avaliação de Indicadores de Esgotamento Sanitário das Bacias PCJ sob a perspectiva de um Modelo de Sustentabilidade” de autoria de André do Vale Borges, Cesar Ambrogi Ferreira do Lago, Jakeline Pertile Mendes, João Miguel Merces Bega, Paulo de Tarso de Azevedo, Welington José Rocha dos Santos e Duarcides Ferreira Mariosa.

4.           Área Temática: Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável

A área temática Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável, do II Sustentare V WIPIS, recebeu um número significativo de artigos, reunindo importante coleção de trabalhos e temas relacionados à discussão de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável.

As políticas públicas de sustentabilidade são desenhadas visando a criação de planos de longo prazo para alcançar e promover a qualidade de vida, ou seja, para o desenvolvimento de ações que atendam às necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprirem suas próprias necessidades.

A sustentabilidade tem como fundamento equilibrar as dimensões de desenvolvimento econômico, ambiental e social. Isso significa que no processo de construção de políticas públicas devem ser considerados: a) aspectos sociais, tais como cultura, educação, equidade, saúde, bem-estar e qualidade de vida; b) variáveis ambientais, como por exemplo recursos naturais, qualidade da água e do ar, conservação de energia uso do solo e; c) aspectos econômicos, os quais estão relacionados a resultados econômico-financeiros e ao uso equilibrado dos recursos disponíveis.

O equilíbrio entre estas dimensões possibilita que os agentes gestores ou promotores de políticas públicas possam produzir planos e decisões de maneira equilibrada e sistêmica, construindo soluções para os maiores desafios que apresentam os tempos atuais e futuros, tais como a crise climática, da saúde e a crise econômica. Ressalte-se que nenhum dos desafios e problemas deste século podem ser compreendidos isoladamente, pois estão interligados e interdependentes, sendo necessário um enfrentamento holístico, ponderado e, obviamente, de caráter sistêmico.

Sendo a área temática Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável planejada para colocar em pauta estas questões, o resultado foi plenamente alcançado, como é possível observar no elenco dos principais temas abordados nos trabalhos e discutidos nas mesas desta área durante o II Sustentare V WIPIS:

                 i.    Governança e estruturação de políticas públicas;

               ii.    Cidades inteligentes e sustentáveis;

              iii.    Planejamento urbano e regional;

              iv.    Recursos hídricos e políticas de saneamento;

               v.    Indústria 4.0 e políticas de inovação;

              vi.    Energias renováveis e eficiência energética;

             vii.    Desenvolvimento local sustentável;

            viii.    Políticas públicas de sustentabilidade;

              ix.    Licenciamento e conservação ambiental;

               x.    Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS);

              xi.    Indicadores e avaliação de políticas públicas;

             xii.    Valoração ambiental;

            xiii.    Soluções baseadas na natureza;

 

Ademais, nota-se que a partir da diversidade dos subtemas tratados fica claro que a sustentabilidade é um fenômeno interdisciplinar, sendo isso um elemento vital para o planejamento e execução de políticas públicas. Destaca-se ainda que a articulação de iniciativas que compreendam os principais temas e discussões da área temática Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável, apresentados no II Sustentare V WIPIS, tem o poder de produzir ações que resultem em impactos globais para a sustentabilidade, a partir de políticas públicas que coloquem a sociedade em um novo caminho de desenvolvimento, no intuito de promover o equilíbrio biótico do planeta.

Dentre todos os trabalhos recebidos nesta área temática, foi conferido o título de Melhor Trabalho do eixo temático Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável ao trabalho intitulado “O Uso de Semáforos Inteligentes na Mobilidade Urbana Sustentável: uma revisão sistemática de literatura” de autoria de Eidy Regina Marcilio Cavalheiro, Cristiano Capellani Quaresma e Diego de Melo Conti.

5.           Área Temática: Sustentabilidade em Suas Múltiplas Dimensões

A área temática Sustentabilidade em suas Múltiplas Dimensões, do II Sustentare V WIPIS, recebeu um número significativo de trabalhos, que contemplando uma variada gama de assuntos, teve como lastro a diversidade de questões e, também, soluções ligadas à sustentabilidade. Esta área temática perseguiu o propósito de colocar em destaque a predisposição para a interdisciplinaridade dos estudos, a qual busca agregar diferentes formas de “saberes”, oriundos de distintas disciplinas científicas, a partir da constatação de que a referida complexidade não pode ser apreendida de forma unilateral.

Apesar dos esforços observados para a institucionalização de uma “Ciência da Sustentabilidade”, que seja interdisciplinar e integradora de aspectos “naturais” e “sociais”, muito da produção científica sobre a sustentabilidade tem como ponto de partida iniciativas disciplinares.

Se as perspectivas estritamente disciplinares continuam tendo relevância na produção científica, contudo se apresentam reconhecidamente limitadas para o tratamento adequado de temas com maior complexidade. Por essa razão, as iniciativas interdisciplinares se configuram como elementos centrais para o desenvolvimento dos processos de reconhecimento e enfrentamento das questões que envolvem a sustentabilidade.

Foi pensando de forma holística e interdisciplinar que Ignacy Sachs defendeu que somente pode haver sustentabilidade quando houver um equilíbrio entre as várias dimensões da sustentabilidade e entre os conhecimentos oriundos das mais variadas disciplinas. Assim, como já está, de certa forma, bem consolidado na literatura científica, para que o desenvolvimento de uma comunidade, empresa ou nação seja considerado sustentável, deve-se considerar as sete dimensões com as quais o desenvolvimento sustentável dialoga, quais sejam:

                 i.    a sustentabilidade ecológica, ligada à preservação da biodiversidade e à qualidade ambiental;

               ii.    a sustentabilidade social, que abrange a gritante desigualdade;

              iii.    a sustentabilidade econômica, voltada para a discrepância na concentração de bens e riquezas em poucos;

              iv.    a sustentabilidade espacial, que se refere à distribuição adequada dos assentamentos humanos e, consequentemente, a distribuição territorial;

               v.    a sustentabilidade cultural, voltada para a necessidade de se evitar conflitos culturais;

              vi.    a tecnológica, que busca empregar técnicas modernas que contribuam para que os processos produtivos, industriais ou agrícolas, sejam menos impactantes ao meio ambiente e à sociedade e;

             vii.    a política, que defende a participação da sociedade nas tomadas de decisões sobre o que é comum a todos.

O conceito de sustentabilidade, portanto, está relacionado com uma mentalidade, atitude ou estratégia voltada para a solução dos problemas que afligem a sociedade em todas as dimensões mencionadas.

Na confluência das dimensões mencionadas espera-se uma conduta ética e transparente dos indivíduos, das empresas e da sociedade como um todo, para que a sustentabilidade seja promovida, garantindo a existência das futuras gerações no planeta Terra. A área temática Sustentabilidade em suas Múltiplas Dimensões foi planejada buscando alcançar a esse objetivo.

Tendo em vista esse contexto, passa-se a apresentar uma síntese dos principais temas abordados nos trabalhos e discutidos nas mesas da área temática Sustentabilidade em suas Múltiplas Dimensões:

                 i.    A conservação da biodiversidade no contexto da geração atual e futuras gerações;

               ii.    As práticas agroextrativistas e a sustentabilidade dos ecossistemas florestais;

              iii.    Políticas públicas e gestão de áreas de conservação;

              iv.    As contribuições das comunidades e empresas produtoras de insumos orgânicos para a promoção da sustentabilidade;

               v.    Conexões entre sustentabilidade e pandemia como a Covid-19;

              vi.    Destinos e tratamentos adequados dos resíduos sólidos, incluindo os processos de reciclagem;

             vii.    O uso adequado do solo como meio de alcançar uma melhor produtividade e promover a sustentabilidade;

            viii.    O desenvolvimento e a aplicação de tecnologias sustentáveis na produção agrícola, nas indústrias e nos produtos utilizados cotidianamente;

              ix.    Certificações ambientais e gestão de riscos no contexto empresarial;

               x.    Gestão de operações e as políticas de ecoeficiência nas empresas;

              xi.    A sustentabilidade como oportunidade de negócios em pequenas e médias empresas;

             xii.    Responsabilidade social empresarial e promoção da sustentabilidade;

            xiii.    A sustentabilidade nas cadeias produtivas e as contribuições da logística reversa;

           xiv.    A busca por uma nova economia amparada nos pressupostos da Economia Ecológica e Economia Circular;

            xv.    Relações entre expansão urbana, mudanças climáticas e aquecimento global;

           xvi.    As possibilidades de promoção da sustentabilidade em ambientes urbanos;

          xvii.    A necessidade de inclusão da pauta sustentável nos orçamentos públicos;

         xviii.    A participação social e a cultura como elementos indispensáveis na promoção do desenvolvimento sustentável;

           xix.    As contribuições da educação ambiental para a formação de uma nova geração comprometida com a sustentabilidade;

            xx.    O papel social das universidades como formadora de pessoas conscientes e promotoras da sustentabilidade.

Os temas abordados nessa área temática demonstram que a sustentabilidade possui um sentido amplo e complexo, não se referindo especificamente a um problema limitado de adequações ecológicas, mas a uma estratégia ou modelo com múltiplas facetas para a sociedade, que deve levar em conta tanto a viabilidade econômica, quanto o impacto social e ambiental nele embutido. Num sentido ainda mais abrangente, a sustentabilidade remete à necessária redefinição das relações em sociedade. Exige, portanto, uma mudança substancial do próprio processo civilizatório e produtivo.

Dentre todos os trabalhos recebidos nesta área temática, foi conferido o título de Melhor Trabalho do eixo temático Sustentabilidade em Suas Múltiplas Dimensões ao trabalho intitulado “Indústria Química Brasileira e Biodiversidade: desafios e oportunidades”, de autoria de Fernando Zanatta, Vinícius Eduardo Ferrari e Denise Helena Lombardo Ferreira.

6.           Considerações finais 

Com os objetivos de potencializar os efeitos sinérgicos e de ampliar a integração acadêmica de docentes, pesquisadores e estudantes entre a Universidade de São Paulo, PUC-Campinas e os Comitês PCJ, foi idealizada a realização conjunta de dois eventos científicos inseridos nas questões de sustentabilidade e indicadores. Os quatro eixos temáticos reforçam seu alinhamento a questões atuais, urgentes, de interesse Local e Global, destacando a água nas suas múltiplas dimensões, ensino em Ciências Ambientais, economia solidária, e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODS.

Observa-se, assim, que os temas da Gestão de Recursos Hídricos, Indicadores de Sustentabilidade, Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade em suas Múltiplas Dimensões tratados no II Sustentare e V WIPIS encontram-se em sintonia com a definição de desenvolvimento sustentável adotada pelo Relatório Brundtland, que o conceituou como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades”. Bem como o que preconiza a Agenda 2030 ao estabelecer estratégias de alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Partindo da ideia de que existe uma indissociabilidade dos conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, se usufruímos dos recursos herdados, devemos garanti-los aos nossos sucessores para que o continuum possa ser mantido ad infinitum. Esta é a principal questão envolvendo os recursos hídricos. A garantia de sua perenidade pode ser proporcionada por medidas a serem tomadas pelos governos, empresas, comunidades e outros atores, buscando a harmonização de três fatores: a exploração sustentável dos recursos, a direção dos investimentos priorizando o social e o desenvolvimento tecnológico, para garantir a eficiência econômica dos processos de gestão.

Conclui-se, neste sentido, que foi bastante positiva a decisão de realizar este evento científico a partir da experiência acumulada e em associação de dois seminários importantes – Sustentare – Seminário de Sustentabilidade da PUC-Campinas – e WIPIS – Workshop Internacional de Pesquisa em Indicadores de Sustentabilidade. Também foi bem sucedida a parceria de realização conjunta com os Comitês PCJ. E, portanto, já estão em andamento os preparativos para a realização do próximo evento científico integrado - III Sustentare e VI WIPIS, para o segundo semestre de 2021. 






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