AS REPRESENTAÇÕES SOBRE O 11 DE SETEMBRO DA IMPRENSA BRASILEIRA E SUAS REPERCUSSÕES NOS IMAGINÁRIOS SOCIAIS

Publicado em 13/04/2020 - ISBN: 978-65-990852-0-8

Título do Trabalho
AS REPRESENTAÇÕES SOBRE O 11 DE SETEMBRO DA IMPRENSA BRASILEIRA E SUAS REPERCUSSÕES NOS IMAGINÁRIOS SOCIAIS
Autores
  • Maria de Paula Pereira
  • Giovanna Schittini
Modalidade
Resumo
Área temática
Categoria C - Ensino Médio e Técnico - Ciências Humanas
Data de Publicação
13/04/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/7febrat/175355-as-representacoes-sobre-o-11-de-setembro-da-imprensa-brasileira-e-suas-repercussoes-nos-imaginarios-sociais
ISBN
978-65-990852-0-8
Palavras-Chave
Imaginários sociais, Mídia, Torres gêmeas
Resumo
AS REPRESENTAÇÕES SOBRE O 11 DE SETEMBRO DA IMPRENSA BRASILEIRA E SUAS REPERCUSSÕES NOS IMAGINÁRIOS SOCIAIS Maria de Paula Pereira; Giovanna Aparecida Schittini dos Santos CEPAE-UFG; CEPAE-UFG depaulapereiramaria@gmail.com; giovanna.schittini@gmail.com A pesquisa trata dos imaginários criados após o atentado ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001, um dos eventos mais noticiados dos últimos tempos. Os meios de comunicação buscaram criar explicações para o ocorrido, o que resultou na influência dos imaginários sociais quanto ao terrorismo, aos muçulmanos e aos EUA. Resolveu-se falar sobre esse tema por conta da importância mundial que ele possui. Para realizar a pesquisa, selecionou-se dois meios de comunicação nacionais, TV Globo e Jornal Folha de São Paulo, e investigou-se como eles trataram a temática e se posicionaram em relação acontecimento. Noam Chomsky (2003, p. 18) comentou o tema afirmando que Bush havia instalado uma guerra direta contra os chamados terroristas, resultando no atentado. Por outro lado, os EUA apontaram Osama Bin Laden e a Al-Qaeda como culpados. Ao analisar o tema, Leonardo Mathias voltou ao contexto da Primeira Guerra Mundial e ao fim do Império Otomano para explicar a aversão das populações árabes ao Ocidente, também caracterizada pelo domínio e exploração do petróleo praticado pelas companhias europeias e norte-americanas. Esses acontecimentos diminuíram a civilização muçulmana cultural e economicamente (MATHIAS, 2004: 108), o que levou ao surgimento de organizações islâmicas radicais com objetivo de combater os regimes conformistas. Ao divulgarem o atentado, os meios de comunicação contribuíram para modelar atitudes e opiniões (RODRIGUES, 1984: 27-28), pois muitas vezes o telespectador/leitor se apropria da ideia trazida pelo meio, já que o meio de comunicação social reporta ou comenta algo sempre pendendo a favor de seu interesse, as vezes propositalmente. E o que seria dos terroristas sem a mídia? Como afirmou José Jorge Letria, é possível dizer que os terroristas tiveram consciência da repercussão que seus atos geraram e da cobertura mediática que receberam (LETRIA, 2001: 7). Patrick Charadeau afirmou que a maior arma da mídia do atentado é a imagem, cujo poder pode desencadear em um fenômeno chamado imagem sintoma, “cheia de coisas que tocam o ser humano” (CHARADEAU, 2006: 4). Por conta disso, é importante pensar nessa manipulação, nos imaginários trazidos por ele e seus efeitos. Sobre os imaginários na imprensa, Charaudeau afirma que são dramatizados, isto é, a imprensa utiliza a comoção para convencer o público, de forma manipuladora, de que sua visão é cabível. Charaudeau enfatiza “a fluidez dos imaginários que tocam o afeto (o sofrimento, a injustiça)”. O primeiro meio escolhido foi a TV Globo. Analisou-se seu posicionamento, usando um vídeo exibido no dia do atentado pela emissora no Jornal Nacional onde o atentado é apresentado de maneira muito grave e trágica, como no trecho “O maior ataque terrorista da humanidade”. Na narrativa do vídeo, percebeu-se que os EUA foram extremamente vitimados. Na reportagem, foi exibido um pequeno trecho com palestinos dançando o que, segundo os âncoras do jornal, ilustrava a comemoração ao atentado. No entanto, nenhum palestino foi ouvido, o que contribuiu para criar um clima de rivalidade entre palestinos e estadunidenses. Também foram criados ao longo da reportagem estereótipos para os “dois lados da moeda”. Exemplos disso são os trechos: “Centro do poder americano”, no qual o jornalista se referiu ao WTC como o maior centro de poder de toda a América, novamente enaltecendo os EUA e resumindo todo o continente americano em um só país, e o trecho em que os jornalistas entrevistam um engenheiro brasileiro que afirmar que a queda das torres não foram provocadas somente pela colisão, mas pelo junção desta com explosivos. Entretanto, essa hipótese não foi comprovada oficialmente até hoje, e esse discurso alimenta o preconceito e a discriminação contra palestinos, relacionando esse povo com o uso de explosivos e bombas. Também se percebe uma ocultação dos papéis e das interferências estadunidenses nas guerras, como quando ressaltam que os EUA acabaram de vivenciar o horror de uma grande guerra, sem considerar as guerras que o país financiou ou começou, como no Vietnã e Iraque. Essa reportagem ilustra bem o quanto os meios de comunicação ampliam o ataque a um nível astronómico, como no trecho: “uma terça-feira que vai marcar a história da humanidade”. Por fim, ressalta-se a linguagem específica adotada na reportagem, que intensifica sentimentos de horror e tristeza, aspecto já mencionado por Charaudeau ao afirmar que a imprensa usa da posição de “ter de apreciar mais do que opinar”, o Jornal Nacional da TV Globo utilizou da dramatização e dos sentimentos para afirmar sua posição e, de certa forma, não ser julgada por isso (CHARADEAU, 2006: 7). O jornal Folha de São Paulo, por sua vez, se mostrou imparcial ao reportar o atentado. Um bom exemplo foi a publicação do dia 12 de setembro de 2001, cuja manchete era: “Imprensas europeia e árabe destacam ‘nova guerra mundial’”, onde apresentou as manchetes dos principais jornais dessas regiões sem dar nenhuma opinião ou comentar sobre elas. Todavia, assim como na reportagem da TV Globo, em algumas publicações é possível perceber de forma discreta que o jornal enalteceu os EUA, deixando a pendência ao lado ocidental parecer somente um ato de solidariedade, como no trecho da reportagem do dia do atentado escrita por Gustavo Ioschpe: “...pela primeira vez, provavelmente o mundo todo e Bush tem o mesmo objetivo, e todos esperam que o mandatário americano o cumpra: encontrar e punir os responsáveis por um crime hediondo, monstruoso, incompreensível, injustificável...”. Ao longo dessa pesquisa, que ainda está em andamento, pode-se perceber que nos dois meios de comunicação analisados, TV Globo e Folha de São Paulo, há uma tendência a silenciar o mundo muçulmano e, por outro lado, enaltecer a dor e a tragédia dos Estados Unidos da América, discriminando as ações muçulmanas sem entender suas motivações e vitimando os EUA, colocando-os no papel de injustiçados. Palavras-chave: Imaginários sociais. Mídia. Torres gêmeas. REFERÊNCIAS CHARAUDEAU, P. A televisão e o 11 de setembro: alguns efeitos do imaginário. Universidade de Paris Nord, Paris, 1° semestre. 2006. Disponível em: < http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/logos/article/view/14962/11342>. Acesso em: 12 out. 2018. CHOMSKY, N. Poder e Terror. Ed. Inquerito, 2003. LETRIA, J. O terrorismo e os “media”: o “tempo da antena” do terror. Ed. Lisboa Hugin, 2001. MATHIAS, L. Notas a propósito do 11 de Setembro. Relações Internacionais, Lisboa, n.3, set. 2004. Disponível em: <http://www.ipri.pt/images/publicacoes/revista_ri/pdf/r3/RI3_LM.pdf> Acesso: 11 out. 2018. RIBEIRO, J. O mundo pós-11 de Setembro: Um breve apontamento. Relações Internacionais, Lisboa, n.3, set. 2004. Disponível em: <http://www.ipri.pt/images/publicacoes/revista_ri/pdf/r3/RI3_JFR.pdf>. Acesso: 11 out. 2018. RODRIGUES, A. O acontecimento. In: Nelson. TRAQUINA. Jornalismo: questões, teorias e estórias. Lisboa: Vega, 1993.
Título do Evento
7ª Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas - 7ª FEBRAT
Cidade do Evento
Belo Horizonte
Título dos Anais do Evento
Anais a 7ª Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas - 7ª FEBRAT
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PEREIRA, Maria de Paula; SCHITTINI, Giovanna. AS REPRESENTAÇÕES SOBRE O 11 DE SETEMBRO DA IMPRENSA BRASILEIRA E SUAS REPERCUSSÕES NOS IMAGINÁRIOS SOCIAIS.. In: Anais a 7ª Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas - 7ª FEBRAT. Anais...Belo Horizonte(MG) Centro Pedagógico da UFMG, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/7febrat/175355-AS-REPRESENTACOES-SOBRE-O-11-DE-SETEMBRO-DA-IMPRENSA-BRASILEIRA-E-SUAS-REPERCUSSOES-NOS-IMAGINARIOS-SOCIAIS. Acesso em: 26/12/2024

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