A MANIFESTAÇÃO DO DIALETO PAJUBÁ NA MÚSICA QUEER BRASILEIRA

Publicado em 13/04/2020 - ISBN: 978-65-990852-0-8

Título do Trabalho
A MANIFESTAÇÃO DO DIALETO PAJUBÁ NA MÚSICA QUEER BRASILEIRA
Autores
  • Martiniano Marcelino De Macedo Torres
Modalidade
Resumo
Área temática
Categoria C - Ensino Médio e Técnico - Ciências Humanas
Data de Publicação
13/04/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/7febrat/175470-a-manifestacao-do-dialeto-pajuba-na-musica-queer-brasileira
ISBN
978-65-990852-0-8
Palavras-Chave
Dialeto Pajubá, Sociolinguística, Música Queer, Linn da Quebrada.
Resumo
O Pajubá é um dialeto popular que tem influências da língua portuguesa e expressões de origem africana. Seu uso iniciou-se nos terreiros de Candomblé e umbanda e, logo depois, o dileto foi adotado pela comunidade de travestis como uma forma de “código secreto”. Posteriormente, também começou a ser usado entre a comunidade LGBTTTQI+ em geral, transformando-se em uma linguagem específica desse determinado grupo social. O pajubá conta com um dicionário com mais de 1300 verbetes chamado Aurélia, a dicionária da língua afiada (2006), de autoria do jornalista Vitor Angelo e do pesquisador Fred Libi. Esse dialeto vem conquistando seu lugar na sociedade brasileira, sendo muito bem aceito pelas minorias e utilizado por elas no seu dia a dia. Hoje em dia, o pajubá é uma forma de identificação de grupos oprimidos pela sociedade padronista. Com isso, muitos artistas, principalmente os cantores LGBTTTQI+, começaram a aderir ao dialeto Pajubá na composição de suas letras musicais com o intuito de fazer com que a comunidade LGBTTTQI+ sinta-se representada. Essa representatividade, contudo, custa muito caro, não somente no sentido financeiro, mas também no âmbito da aceitação no meio musical. É inquestionável o quanto de dificuldade que esses artistas enfrentam ao longo de sua carreira para tentar conquistar um espaço no mercado musical para, só assim, começarem o processo de representatividade no meio artístico. Outro fator que é levado em conta é o contexto social no qual está inserido aquele indivíduo. Conforme Villaça (2011), alguns exemplos disso são a periferia e o público LGBT, os quais são homogeneizados na mídia tradicional por uma visão hegemônica e distanciada da realidade. Sendo assim, como a maioria da comunidade LGBTTTQI+ encontra-se em bairros periféricos das cidades, consequentemente a música produzida é a que está mais acessível e a que mais retrata a realidade apagada pelas mídias tradicionais que, neste caso, são os estilos musicais como o Funk, o Rap, e o hip-hop. De acordo com Oliveira (2017), em seu artigo “Linn da Quebrada e Pajubá: hipermidiatização e música queer periférica”, a realidade é muito dura e, quando se é um artista LGBTTTQI+, essas dificuldades triplicam de tamanho. A Mc Linn da Quebrada nasceu na periferia da capital paulista, mas foi criada pela sua tia no interior do estado de São Paulo, em um meio muito conservador e por seguidores da religião Testemunhas de Jeová. Na infância e adolescência, Linn achava errado ser gay devido a toda doutrinação que sofreu por parte da igreja e pressão da família. Mesmo com tudo isso, Linn reconheceu sua condição como algo peculiar e que faz parte de sua pessoa como um indivíduo social e cultural; sendo assim Linn se “assumiu” homossexual para sua família e, portanto, enfrentou muito preconceito. Logo em seguida, Linn revelou sua transsexualidade e, desde então, começou a trabalhar no ramo artístico, produzindo músicas. A Mc Linn da Quebrada é atualmente uma das artistas mais influentes e conhecidas quando o assunto é representatividade, luta pelos direitos LGBTTTQI+ e uso do Pajubá em músicas populares brasileiras. Toda essa luta pelo reconhecimento artístico deu início em meio a um cenário de muito preconceito e ódio gratuito que está enraizado em nossa sociedade brasileira. Além da Mc Linn da Quebrada, existem muitos outros cantores e grupos musicais que estão empenhados quando o assunto é representatividade da comunidade LGBTTTQI+. Entre eles estão Kaya Conky, Liniker e os Caramelows, Pabllo Vittar, Mc Rico Dalasam, Aretuza Love, Gloria Groove, Mulher Pepita, Mc Xuxu, Lia Clark, entre outros. Todas essas artistas cooperam por mais igualdade e representatividade na música. Um aspecto relevante em comum entre elas é que quase todas fazem música para integrar o movimento queer. O movimento queer teve origem nos Estados Unidos e começou a ser consolidado por volta dos anos 90. O termo “queer”, antigamente, era usado pela sociedade de uma forma muito pejorativa pois referia-se aos “estranhos” da sociedade que, na época, eram todos da comunidade LGBTTTQI+. Eles eram chamados de “estranhos” pois não seguiam uma linha de comportamento heteronormativa estabelecida pela sociedade, inclusive, podemos perceber vestígios desses traços preconceituosos até os dias atuais. No Brasil, o termo “queer” não é um termo inteligível. Normalmente, as pessoas não se identificam assumindo-se queers, mesmo havendo uma sigla só para eles dentro da comunidade, muitos não se definem como tal, porque não tem conhecimento sobre o conceito de “queer”. “Aqui não há queer, mas há o ‘traveco’. Não há o queer, mas há ‘o viadinho’. Não falam queer, mas falam ‘a sapatona’”. (VIEIRA, 2015). Penso que o movimento queer serve para nos auxiliar a construir uma própria teoria transviada somente nossa que possa empoderar nossos corpos subalternos. Na canção intitulada Necomancia (2017), a Linn retrata a questão do ser “diferente” em uma sociedade que preza pelos preceitos estabelecidos por uma supremacia religiosa pregando que todos precisam seguir aquele padrão para serem “bem vistos” como seres humanos. Linn tenta passar essa mensagem usando o Pajubá como ferramenta principal de diálogo entre o artista e o ouvinte. Além disso, a Mc aborda questões como gays afeminadas e todo universo feminino, que é muito condenado pelos ditos “gays heteronormativos” e que, consequentemente, sofre uma repressão da sociedade machista por se tratar do universo feminino. Sendo assim, esta pesquisa foi desenvolvida para contribuir na propagação do assunto no meio acadêmico e mostrar que a comunidade LGBTTTQI+ é um objeto de pesquisa significativo para a compreensão da representatividade de segmentos socialmente marginalizados.
Título do Evento
7ª Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas - 7ª FEBRAT
Cidade do Evento
Belo Horizonte
Título dos Anais do Evento
Anais a 7ª Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas - 7ª FEBRAT
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

TORRES, Martiniano Marcelino De Macedo. A MANIFESTAÇÃO DO DIALETO PAJUBÁ NA MÚSICA QUEER BRASILEIRA.. In: Anais a 7ª Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas - 7ª FEBRAT. Anais...Belo Horizonte(MG) Centro Pedagógico da UFMG, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/7febrat/175470-A-MANIFESTACAO-DO-DIALETO-PAJUBA-NA-MUSICA-QUEER-BRASILEIRA. Acesso em: 26/12/2024

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