CORPO E MOVIMENTO: A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Publicado em 04/02/2020 - ISBN: 978-85-5722-415-5

Título do Trabalho
CORPO E MOVIMENTO: A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Autores
  • Cynthia Da Silva Avelino Gomes
  • Ferlucia Sabino de Souza
Modalidade
Artigo Científico
Área temática
Educação
Data de Publicação
04/02/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/amplamentecursos/236004-corpo-e-movimento--a-importancia-da-psicomotricidade-na-educacao-infantil
ISBN
978-85-5722-415-5
Palavras-Chave
PSICOMOTRICIDADE. EDUCAÇÃO INFANTIL. MOVIMENTO.
Resumo
INTRODUÇÃO A psicomotricidade contribui de modo expressivo na formação do indivíduo e tem como objetivo incentivar a prática do movimento em todas as etapas do desenvolvimento infantil. Através de atividades lúdicas as crianças criam, interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem. Perante este contexto, o educador infantil deve estimular o desenvolvimento psicomotor com a intenção de contribuir para a formação integral dos alunos na educação infantil. O movimento permite a criança explorar o mundo exterior, por isso a estimulação psicomotora é fundamental no desenvolvimento da criança. O papel do professor ou pedagogo que trabalha na educação infantil é proporcionar aos seus alunos processos de afetividade, pensamento, motricidade e linguagem, na qual a dinâmica psicomotora auxilia no potencial de relação pela via do movimento, incentiva o brincar e amplia a possibilidade de comunicação. A criança encontra-se em constante movimento, expressando-se através da linguagem corporal, o que é uma das formas de ela interagir com seus iguais, propiciando, assim, o contato com o mundo do conhecimento. Considerando a infância como princípio do desenvolvimento humano, observa-se que no Brasil a educação infantil vem progressivamente ganhando destaque por entender a infância como um período de transformações corporais, cognitivas e subjetivas, as quais possibilitam à criança descobertas sobre ela mesma e o universo que a cerca. Nesse contexto, o cuidado com o desenvolvimento da criança torna-se fundamental, já que é o início do processo de aprendizagem assistemático e sistemático. É na infância em que se iniciam as primeiras aprendizagens sistemáticas, ou seja, as escolares. A infância de hoje é bem diferente do que foi antigamente. A partir da necessidade de se manter em um mercado de trabalho competitivo, os pais tornaram-se cada vez mais distantes no processo de maturação e desenvolvimento de seus filhos, ocasionando mudanças nas relações familiares. A urbanização e a segurança também são fatores de transformação dos costumes infantis, uma vez que geram a diminuição dos espaços e da própria liberdade para as crianças desfrutarem do momento de brincar. Além disso, o fator da iniciação escolar precoce torna as instituições de ensino responsáveis por grande parte da estimulação motora, emocional, cognitiva e social. A escola transformou-se, então, em um espaço importante para as crianças experimentarem novas vivências. Assim confere (Fonseca, 2008, p.488): “O ato motor humano, embora possa ser estudado em uma abordagem modular nos seus elementos ou fragmentos componenciais (sensoriais neuronais, motivacionais, motores, etc.) não pode ser expresso isoladamente de um contexto comportamental, uma vez que a sua execução é inseparável dos fins e dos objetivos a atingir”. O objetivo desse trabalho é trazer uma parcela das experiências concretas da infância para dentro da escola e utilizá-las como ferramenta pedagógica, associando aos verbos brincar, aprender e crescer, além de levar a criança a utilizar seu corpo como instrumento de aprendizagem e de relação. Tem-se também o objetivo de estimular o contato com as sensações, as percepções, com o meio e com o outro, mantendo contato com formas, espaço e tempo trabalhando de diversas formas com o contato direto com o próprio corpo e com o corpo do outro, com um universo de fantasia, alegria, brincadeiras e frustrações. Enfim, quer-se facilitar a relação da criança com seu meio, descobrindo-se como parte individualizada, porém, pertencente ao todo. O corpo surge, portanto, mais uma vez, como o componente material do ser humano, que, por isso mesmo, contém o sentido concreto de todo o comportamento sócio histórico da humanidade. O corpo não é, assim, o caixote da alma, mas o endereço da inteligência. O ser humano habita o mundo exterior pelo seu corpo, que surge como um componente espacial e existencial, corticalmente organizado, no qual e a partir do qual o ser humano concentra e dirige todas as suas experiências e vivências. (Fonseca, 2008, p.410) Ao longo de uma experiência pedagógica dentro da Educação Infantil, pode-se perceber que a psicomotricidade constitui um meio auxiliar na estruturação do desenvolvimento das crianças, ligando às experiências motoras, cognitivas e sócio afetivas indispensáveis a formação do sujeito. Além disso, a psicomotricidade pode favorecer um trabalho preventivo adequado para equacionar possíveis lacunas deixadas durante o processo de maturidade das crianças, compensando deficiências atribuídas à privação de movimento e da experiência lúdico-espacial, comuns nessa infância contemporânea. Compactuando com os objetivos propostos pelo (RCNEI), acredita-se na necessidade de os educadores aprofundarem seus conhecimentos sobre o desenvolvimento da criança de forma integrada, já que é através do corpo, na sua integridade motora, cognitiva e psíquica, que o sujeito virá a conquistar diferentes aprendizagens, entre elas a leitura e a escrita. Portanto, entende-se que os estímulos psicomotores destinados à criança no decorrer da infância poderão auxiliar no desempenho da aprendizagem escolar. A esse respeito, vale destacar a seguinte constatação: [...] “cuidar da criança é, sobretudo, dar atenção a ela como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas necessidades. Isso inclui interessar-se sobre o que a criança sente, pensa, o que ela sabe sobre si e sobre o mundo, visando à ampliação deste conhecimento e de suas habilidades, que aos poucos a tornarão mais independente e mais autônoma”. (Brasil 1998a, p. 25) Os objetivos do RCNEI centram-se no comprometimento e dedicação dos cuidados destinados às crianças em fase de desenvolvimento psicomotor, pelo fato de elas estarem iniciando o processo de escolarização. A psicomotricidade é uma ciência que busca em muitos campos de pesquisa dados, argumentos e teorias. Duas são as áreas de grande envolvimento com a evolução destas pesquisas. A Educação Física e a Psicologia buscam a cada dia um número maior de resultados em pesquisa para que seus profissionais façam de sua atuação algo cada vez mais competente e sólido no desenvolvimento do homem. CONCEITO DE PSICOMOTRICIDADE A psicomotricidade é uma área do conhecimento que estuda os movimentos do corpo humano e sua influência nos aspectos intelectuais, neurológicos e emocionais, integrado em funções das experiências vividas. Levando-se em consideração as características de uma aprendizagem significativa, a psicomotricidade tem importância à medida que permite a estimulação a partir da superação dos limites nas relações com seu mundo interno e externo. A criança deve viver o seu corpo através de uma motricidade não condicionada, em que os grandes grupos musculares participem e preparem os pequenos músculos, responsáveis por tarefas mais precisas e ajustadas. Antes de pegar num lápis, a criança já deve ter, em termos históricos, uma grande utilização da sua mão em contato com inúmeros objetos. (Fonseca, 1993, p. 89). O objetivo fundamental é desenvolver no aluno a organização espacial e temporal, promovendo melhoras no equilíbrio, coordenação e motricidade fina, bem como integração e conhecimento do próprio corpo, além de trabalhar situações afetivas e emocionais que dizem respeito ao contexto do aluno. Quando a criança é estimulada desde bebê tende a ter mais facilidade nos seus relacionamentos afetivos, na sua forma de lidar com o próprio corpo, com si mesma e com o ambiente social. Segundo Fonseca (2004, p. 10), a psicomotricidade é atualmente concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio. É um instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e se materializa. A aprendizagem é um processo complexo que envolve sistemas e habilidades diversas, inclusive as motoras. A maioria das crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem, o problema não está no período escolar em que se encontra. Assim sendo, é indispensável que a criança, durante o período do ensino infantil adquira conceitos que irão permitir e facilitar a aprendizagem da leitura e da escrita, nas quais são condições mínimas necessárias para uma boa aprendizagem, e constituem a estrutura da educação psicomotora. A inteligência não começa, pois, nem pelo conhecimento do eu nem pelo das coisas, enquanto tais, mais pelo conhecimento da sua interação: e é ao orientar-se simultaneamente para os dois pólos dessa interação que ela organiza o mundo, organizando-se a si mesma. (Piaget, 1996, p. 361). Partindo do entendimento que a psicomotricidade na Educação Infantil é imprescindível, deve-se valorizá-la e trabalhar com as crianças no sentido de concretizar o seu verdadeiro significado. A psicomotricidade é de suma importância para o desenvolvimento, no qual o movimento humano, portanto é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço, este, constitui-se em uma linguagem que permite as crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo. Portanto, a psicomotricidade é uma ciência basilar no desenvolvimento da criança, em que a mesma deve ser estimulada sempre para que possa ter uma formação íntegra, na qual o movimento não é apenas mexer o corpo, é uma forma de expressão e socialização de ideias, de soltar as suas emoções, vivenciar sensações e descobrir o mundo. O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo. Sobre o conceito de psicomotricidade, Otoni (2007, p1) fala que: A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade a conceitua como sendo uma ciência que estuda o homem através do seu movimento nas diversas relações, tendo como objeto de estudo o corpo e a sua expressão dinâmica. A Psicomotricidade se dá a partir da articulação movimento/ corpo/ relação. Diante do somatório de forças que atuam no corpo – choros, medos, alegrias, tristezas, etc. – a criança estrutura suas marcas, buscando qualificar seus afetos e elaborar as sua ideias. Constituindo-se como pessoa. Segundo Le Boulch (2001, p. 41), será através desta maturação que as estruturas potenciais irão tornar-se funcionais e tal exercício desencadeará uma nova maturação revelando-se em novas estruturas. O conceito de psicomotricidade ganhou assim uma expressão significativa, uma vez que traduz a solidariedade profunda e original entre a atividade psíquica e a atividade motora. O percurso histórico da psicomotricidade marcado profundamente por LEVIN (1995, p. 31), demarca uma virada fundamental na concepção teórico-prática do campo psicomotor, situando, portanto, o terceiro corte epistemológico, em que o olhar do psicomotricista já não está mais centrado num corpo em movimento, mas num sujeito desejante com seu corpo em movimento. 2.2 BREVE HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE Ao começar o estudo sobre Psicomotricidade, tornou-se necessário fazer um relato sucinto para expor alguns aspectos que fundamentam e influenciam o referencial histórico sobre o assunto. Historicamente a psicomotricidade aparece com o discurso médico em primeiro lugar, por neurologistas principalmente por necessidade de compreensão das estruturas cerebrais, e posteriormente por psiquiatras, para a classificação de fatores patológicos. Os estudos iniciais relacionados à psicomotricidade surgiram no início do século XIX, no qual sua história é solidária à história do corpo, que no decorrer das descobertas da neurofisiologia, começam a constatar que há diferentes disfunções graves sem que o cérebro esteja lesionado ou sem que a lesão esteja localizada claramente. A especificidade do psicomotricista situa-se assim, na compreensão da gênese do psiquismo e dos elementos fundadores da construção da imagem e da representação de si. O sintoma psicomotor instala-se, quando ocorre um fracasso na integração somatopsíquica, consequente de fatores diversos, seja na origem do processo de constituição do psiquismo, ou posteriormente em função de disfunções orgânicas e/ou psíquicas. A patologia psicomotora é, portanto, uma patologia do continente psíquico, dos distúrbios da representação de si cuja sintomatologia pode se apresentar no somático e/ou no psíquico. A educação psicomotora deve ser enfatizada e iniciada na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos, ao mesmo tempo em que desenvolve a inteligência. Deve ser praticada desde a mais tenra idade, conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas. (LE BOULCH, 1984, p. 24). Percebemos que o principal objetivo da educação psicomotora não se reduz ao conhecimento da criança sobre uma imagem do seu corpo, ou seja, ela não se prende apenas ao conteúdo, mas auxilia na descoberta estrutural da relação entre as partes e a totalidade do corpo, formando uma unidade organizada, instrumento da relação com a realidade. Assim, quando mais cedo abordado no ambiente escolar mais os alunos poderão conhecer-se melhor, desenvolvendo a maturidade, a consciência e a inteligência apropriada aos seres humanos. Num ambiente altamente favorável, nosso menino ou menina, pode encontrar possibilidades de retirar o máximo proveito de suas potencialidades inatas. Num ambiente indiferente e hostil, apenas algumas dessas potencialidades básicas poderão exprimir-se. (Gesell, 1992, p. 42). O desafio desses novos tempos é estimular a criança dentro da Educação Infantil, sem perder a ludicidade que envolve essa faixa etária. Fazendo com que ela tenha as experiências necessárias a cada etapa de desenvolvimento e, ao mesmo tempo, brinque. A estimulação psicomotora na Educação Infantil tem, então, por objetivo a utilização do corpo como meio de comunicação com o mundo, para colocar a criança em situações variadas de exploração e experimentação concreta, apropriando-se e resgatando sua memoria motora, cognitiva e social. A psicomotricidade, enquanto área do conhecimento a respeito do desenvolvimento psicomotor do ser humano estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistêmicas entre o psiquismo e a motricidade do corpo e o funcionamento neurofisiológico, as sensações, afetos, emoções, e construções mentais, assim como a complexidade dos processos relacionais e sociais. Ainda sob a perspectiva de (Fonseca, 2004, p. 12), o autor assim a define: “A psicomotricidade constitui uma abordagem multidisciplinar do corpo e da motricidade humana”. A visão esclarecedora do autor supracitado mais uma vez compactua com a concepção do corpo unificado que propicia o humano a interagir e agir no mundo em prol de suas necessidades. A psicomotricidade é uma especialidade que se compõe através das distintas disciplinas que tratam do desenvolvimento humano, bem como dos possíveis transtornos do desenvolvimento, ela se ocupa tanto do campo educativo quanto do clínico. Nesse sentido, afirma (Fonseca, 2004, p. 14): “A psicomotricidade como processo de intervenção educativa, reeducativa e terapêutica em múltiplas estruturas de educação, reabilitação, saúde e segurança social, nomeadamente em centros de saúde mental infantil, de medicina psiquiátrica, de medicina física e reabilitação, centros médico-psicopedagógicos, de reeducação e apoio pedagógico, jardins da infância, escolas pré-primárias, preparatórias e secundárias, clínicas, centros de saúde, de segurança social, centros para a melhor idade”. Desse modo, a psicomotricidade é uma especialidade que vem contribuir com a compreensão do desenvolvimento humano e, portanto, defende a complexidade das aquisições psicomotoras, tão importantes para a produção dos movimentos do ser humano e para o processo de aprendizagem. Diante dos conhecimentos teórico e prático que a psicomotricidade oferece, vale mencionar que ela vem sendo cada vez mais estudada em nosso país, através de congressos, cursos de especialização, assim como já faz parte da grade curricular dos cursos de graduação, tanto no campo da educação quanto no campo da saúde. ÁREAS DA PSICOMOTRICIDADE O corpo e os gestos são fundamentais para a formação geral do ser humano. Desde que nasce a criança usa a linguagem corporal para conhecer a si mesma, para relacionar-se com seus pais, para movimentar-se e descobrir o mundo. Essas descobertas feitas com o corpo deixam marcas, são aprendizados efetivos, incorporados. Na verdade, são tesouros guardados e usados como referência quando à necessidade de ser criativo na profissão e resolver problemas cotidianos. Os movimentos são saberes adquiridos sem intenção, mas que também ficam à disposição para serem colocados em uso. Os saberes relacionados à psicomotricidade estão divididos em áreas do desenvolvimento motor que serão relacionadas abaixo com a intenção de demonstrar de uma maneira mais clara e objetiva o significado de cada uma delas. Aleksandr Luria, um dos psicólogos de grande renome internacional é um dos pioneiros nesse estudo, Luria traduziu o funcionamento cerebral em sistemas funcionais e os dividiu em três unidades funcionais. Cada unidade funcional desempenha uma função especifica na realização das ações, porém, elas são indissociáveis no processo funcional cerebral, ou seja, uma depende da maturação da outra para organizar e integrar novas aprendizagens. A primeira unidade funcional é composta pela tonicidade e equilibração e corresponde basicamente a aquisição da persistência motora. A segunda unidade é composta pela noção de corpo, lateralizarão e estruturação espaço temporal que constituem as memórias corporais. A terceira é composta pelas praxias global e distal, que correspondem à capacidade de relacionar as ações globais mais refinadas. 3.1 TONICIDADE É a atividade primitiva e permanente do músculo, formando o fundo para as atividades motoras e posturais. O tônus muscular é o que assegura a preparação da musculatura para a maioria dos movimentos e atividades práxicas (coordenação voluntária de movimentos orientados para um fim). O tônus exerce a função de alerta, atenção e vigilância, assegurando o bom desempenho da atividade mental. Ele determina a atitude e, também, comanda o gesto, as expressões e as mímicas, refletindo e exteriorizando a expressão única relativa a um sujeito, reflete ainda, as emoções, apresentando não uma ação puramente muscular, mas o universo particular de cada individuo. 3.2 EQUILIBRAÇÃO Equilibração se refere à área básica para o automatismo da movimentação voluntária da criança, seja ela estática ou dinâmica. Uma das principais aptidões de equilibração é o controle postural (domínio da gravidade) e o desenvolvimento das aquisições de locomoção (marcha). 3.3 NOÇÃO DE CORPO Para facilitar o estudo e a assimilação dos conceitos, dividiremos essa base psicomotora em duas partes: esquema corporal e imagem corporal. No entanto no individuo, ela é indissociável. Esquema corporal é a representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo em um contexto concreto, isto é, a capacidade de reconhecer e nomear as partes do corpo e as funções que elas desempenham. Alguns aspectos que compõem o esquema corporal são o conhecimento do corpo e de suas partes interligadas, a consciência do corpo enquanto realidade vivenciada, a construção de esquemas e a construção concreta dos limites corporais. A imagem corporal relaciona-se com os aspectos emocionais e com as necessidades biológicas e relacionais, que também irão compor a noção do corpo. Caracteriza-se pela imagem que se tem do próprio corpo, em um contexto mais psíquico e subjetivo. A criança descobre seu corpo, conhece-o e faz uma imagem dele em função da utilização e dos significados que lhe são atribuídos, por meio dos resultados de experiências psicomotoras e da relação com o outro. 3.4 LATERALIZAÇÃO É a tradução de uma assimetria funcional que incide na prevalência motora de um lado do corpo. Os espaços motores do lado direito e do lado esquerdo não são homogêneos. Essa desigualdade vai se tornar mais precisa durante a maturação, isto é, ocorrerão dominância hemisférica e prevalência segmentaria que dominarão as atividades práxicas de natureza intencional. Os dois hemisférios, direito e esquerdo, são conectados pelo “corpo caloso”, formado por milhares de fibras nervosas que permitem que os dois hemisférios compartilhem a aprendizagem e a memoria. Cada hemisfério tem funções muito claras e diferenciadas, e a troca de informações entre eles é um facilitador e mantenedor da aprendizagem. A lateralidade é função da dominância lateral, tendo um dos hemisférios à iniciativa da organização do ato motor e, o outro, a função de apoio e auxílio, que incidem no aprendizado e no desempenho das práxias. A lateralizacão, portanto, relaciona e integra o indivíduo a seu mundo, por meio de uma integração própria e esteroceptiva dos dois lados do corpo, permite a esse individuo atuar sobre os objetos, sobre os outros e, finalmente, sobre os símbolos. 3.5 ESTRUTURAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL Resulta da integração de duas estruturações distintas que têm seu desenvolvimento próprio (estrutura espacial e estrutura temporal), relacionadas a diferentes modalidades sensoriais, a visual, a auditiva e a cenestésica. Por meio do movimento no espaço, pode-se conhecer a distância a que se está do objeto ou a distância percorrida no espaço. Ao agir sobre o meio, a criança aprende a interpretar as informações sensoriais de acordo com o espaço e a construir conceitos espaciais, considerando-se aspectos sensoriais e motores. 3.6 PRAXIA GLOBAL A praxia global tem por objetivo a realização e automação dos movimentos globais durante certo tempo, além da exigência da atividade conjunta de vários grupos musculares. Por intermédio do estudo desta praxia, pode-se observar a perícia postural e a macromotricidade relativas a coordenação dinâmica geral. 3.7 PRAXIA DISTAL Ela integra todas as competências psiconeurológicas adquiridas na praxia global, com maior complexidade e diferenciação, compreende a micromotricidade e a perícia manual (velocidade e precisão dos movimentos finos). A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Toda ação educativa tem origem em uma necessidade própria do aluno. Os objetivos específicos são definidos pelo professor, mas o interesse e o nível de desenvolvimento do aluno são fatores importantes para que o processo aconteça aprender é em síntese um esforço para estimular o desenvolvimento, que é facilitado pela integração sistemática entre o professor e o aluno. A educação infantil é reconhecida como dever do Estado com a educação a partir do que se afirma a Constituição de 1988, que diz que o atendimento em creches e pré-escolas é um direito social da criança. (BRASIL, 2010, p. 7) A educação infantil é um período muito importante, pois possibilita a criança uma educação libertadora, potencializando a construção do processo de desenvolvimento e sua relação com o mundo esse trabalho é elaborado e sistematizado de acordo com as Diretrizes, possui um plano educativo que garante a qualidade do ensino para as crianças. Dessa nova e rica identidade da infância, que contrasta com a imagem empobrecida e carente de criança passiva e inerte, exclusivamente vista no seu relacionamento com a mãe, e sempre descrita na sua imaturidade e incompetência por tanta literatura psicológica, nasce forte convicção de considerar a idade de zero a três anos enormemente importante para o crescimento pessoal de cada indivíduo. (BONDIOLI; MANTOVANI, 1998, p. 102) É partindo de observações e estabelecendo relações com a realidade e com o meio que ela aprende e assim segue na construção de sua identidade e esse processo de construção, é uma busca da autonomia da criança percorrendo diversos caminhos. As atividades devem desenvolver a autonomia e construção da identidade de cada um respeitando seus gostos, desejos e conhecimento de si mesmo. O objetivo da educação infantil é educar e cuidar e segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010, p. 12) é: Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam das crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social. A proposta curricular da educação infantil deve conter eixos que vão nortear as interações e a brincadeira, ampliando as experiências sensoriais, expressivas, corporais que vão estimular sua individualidade, lembrando sempre de respeitar o ritmo da criança. O trabalho psicomotor privilegia o ato físico, mas leva-o ao trabalho mental, no qual se aprende a escutar, interpretar, imaginar, organizar, representar, passar da ideia ao ato, do abstrato ao concreto, bases imprescindíveis da aprendizagem formal. (COSTALLAT et al, 2002, p. 40) Deve também oferecer diferentes linguagens e formas de expressão, como: gestual, verbal, plástica, dramática e musical, bem como a linguagem oral e escrita com o uso de diferentes gêneros textuais orais e escrito, contextualizar as relações quantitativas, medidas e orientação espaço temporal. Outro eixo é desenvolver a autonomia da criança principalmente no asseio pessoal, organização e saúde. O trabalho em grupo, o incentivo a curiosidade a exploração do meio, bem como a arte, a música, cinema e fotografia, teatro, poesia e literatura também são eixos a serem trabalhados. Para complementar, trabalhar questões de natureza e sociedade, tradições culturais do país e utilizar recursos tecnológicos e midiáticos também fazem parte do currículo da educação infantil. Cabe ao educador trabalhar a educação motora com as crianças na educação infantil, e saber a importância do conhecimento e aplicação da psicomotricidade, pois quando se fala em movimento, falamos principalmente da psicomotricidade, a qual é importante para o desenvolvimento do movimento e da cognição infantil aprimorando o processo ensino-aprendizagem. O não planejamento do trabalho leva o executor a sérios problemas de condução, de direcionamento das práticas e principalmente de perda de foco. Se não houver objetivos claros, se não houver uma linha de pensamento para seguir, o professor poderá começar a pegar tudo que aparece e assim acabar perdendo efetivamente a direção e os objetivos que deveriam ser propostos. (ALMEIDA, 2007, p. 19) A psicomotricidade na educação infantil tem a finalidade de ampliar as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais, desenvolvendo deste modo o movimento do indivíduo, que é mais que um simples deslocamento do corpo no espaço, é uma linguagem que permite às crianças interagirem com o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, expressando sentimentos, emoções e pensamentos. CONCLUSÃO A importância da psicomotricidade na educação infantil tem seu foco no movimento, principalmente nas suas várias manifestações motoras, para que se possa ampliar o desenvolvimento dos aspectos próprios da motricidade das crianças. A pesquisa proporcionou uma nova visão frente ao trabalho realizado na educação infantil no que tange a psicomotricidade, mostrando que o mesmo obteve um desempenho significativo. Comprovando que a psicomotricidade auxilia a construção do conhecimento facilitando o processo de ensino-aprendizagem nas crianças da educação infantil. Este trabalho buscou mostrar a importância da psicomotricidade, no desenvolvimento global da criança e a necessidade da Educação Psicomotora nas escolas de Educação Infantil. A Educação Psicomotora é fator importantíssimo para o desenvolvimento físico, psíquico e social da criança, com benefícios que poderão ser notados no decorrer de sua vida adulta. O ambiente escolar deve propiciar à criança igualdade de oportunidade educacional bem como buscar práticas pedagógicas que busquem articular saberes e experiências com os conhecimentos prévios sejam sociais, culturais ou ambientais visando o desenvolvimento integral da criança. O papel fundamental da escola é dar à criança oportunidades de agir sobre os objetos do conhecimento e o professor não deve ser aquele que apenas transmite o conhecimento, mas ser um agente facilitador e desafiador de seus processos de elaboração. Na escola tanto o conteúdo que está sendo ensinado como o papel do adulto que ensina devem ser cuidadosamente planejados e analisados. Diante de todas as experiências e práticas vivenciadas neste processo e por todo o trabalho exercido em sala de aula podemos então concluir que cada vez mais o papel no qual desempenhamos é de uma importância muito grande na vida das crianças, pois fazemos parte desse desenvolvimento e esperamos contribuir de forma responsável e enriquecedora na vida delas e que todos possam se comprometer com uma educação de qualidade. O professor tem um papel fundamental na construção do processo de aprendizagem dos alunos, e sua função ganha ainda maior ênfase quando se trata da educação infantil, pois nesse período é através do vinculo aluno-professor que se dá a aprendizagem, que acontece especialmente no campo emocional, deste modo, com o trabalho adequado da psicomotricidade em sala de aula e com o auxilio e dedicação do educador poderá amenizar as dificuldades de aprendizagem presenciadas pelos educandos, diminuindo o fracasso escolar. Sendo assim, verificou-se que a educação psicomotora é indispensável como formação de base, tanto para o desenvolvimento motor, como para o desenvolvimento afetivo e psicológico. Com o auxilio da educação psicomotora a criança terá circunstância favorável à realização do seu autoconhecimento, proporcionando a ela capacidade de pensar, desejar, perceber, raciocinar, a ter consciência de seu próprio corpo, ajudando-a e beneficiando-a no seu desenvolvimento integral, ou seja, nas suas aptidões perceptivas, seu comportamento psicomotor, como também na manutenção e conservação da saúde física, mental e no equilíbrio sócio afetivo, que são indispensáveis a qualquer ser humano ao desenvolvimento do seu intelecto. REFERÊNCIAS FONSECA, Vitor. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008. Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil / Brasília: MEC/SEF, 1998. LEVIN, E. A clínica psicomotora: o corpo na linguagem. Rio de Janeiro: Vozes, 1995. LE BOULCH, Jean. A educação pelo movimento: a psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984. 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Título do Evento
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA NA CONTEMPORANEIDADE
Título dos Anais do Evento
Anais Educação e Formação Continuada na Contemporaneidade
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GOMES, Cynthia Da Silva Avelino; SOUZA, Ferlucia Sabino de. CORPO E MOVIMENTO: A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL.. In: Anais Educação e Formação Continuada na Contemporaneidade. Anais...Natal(RN) Evento on-line - Amplamente Cursos, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/Amplamentecursos/236004-CORPO-E-MOVIMENTO--A-IMPORTANCIA-DA-PSICOMOTRICIDADE-NA-EDUCACAO-INFANTIL. Acesso em: 05/12/2024

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