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Apresentação

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A Ponte

(poema de Mário Benedetti)


Para cruzá-la ou não cruzá-la

eis a ponte

?na outra margem alguém me espera

com um pêssego e um país

 

trago comigo oferendas desusadas

entre elas um guarda-chuva de umbigo de madeira

um livro com os pânicos em branco

e um violão que não sei abraçar

venho com as faces da insônia

os lenços do mar e das pazes

os tímidos cartazes da dor

as liturgias do beijo e da sombra


nunca trouxe tanta coisa

nunca vim com tão pouco


eis a ponte

para cruzá-la ou não cruzá-la

e eu vou cruzar

sem prevenções

 

na outra margem alguém me espera

com um pêssego e um país


Eis a porta,

Para cruzá-la ou não cruzá-la.

Fronteira-ponte? Fronteira-porta? Limiares.

Incendiaram a sua terra, seu país. As pessoas se dirigem para a porta em busca de uma vida melhor. Os rostos deixados em branco, sem pintura, indicam que elas são tratadas como pessoas insignificantes, como insetos, como pessoas supostamente sem valor para o mundo...

Assim expressou-se David Olarieta Lópes, um menino brasileiro de 10 anos, no desenho que fez para esta terceira edição do Congresso de Estudos da Infância, intitulado “Céu ou inferno?”. Assim, como pergunta. Assim, a espera da nossa resposta. Se as pessoas ficarem no país incendiado, será um inferno. Se elas forem em busca de uma vida melhor, poderá ser o céu. Não o céu ou o inferno impregnados de colonialidade, que incendiaram e incendeiam nossas terras. Mas o céu dos Krenak, que precisamos suspender para poder sonhar enquanto cuidamos da terra. O desenho de David é inspirado na obra Puertas al Mar, produzida pelo colombiano Santiago Velez, aos 44 anos, artista atento aos deslocamentos que o mar testemunha e finaliza.

Crianças e adultos participam da sociedade pelo simples fato de existirem. Agem, percebem e interpretam o mundo de maneira singular. Mário, David e Santiago sabem que as formas de existência são diversas e desiguais. Sabem que suas vozes têm diferentes condições políticas de enunciação e de reconhecimento. Abismos. Pontes. Portas. Sabem, também, que o mundo não está dado, mas está para ser feito.   

A crise sanitária, agravada no Brasil por uma política de governo que flerta com o fascismo, têm tornado ainda maiores esses abismos. Somamos mais de 600 mil mortos e já andamos, todos, meio de banda... Mas como já nos avisou o refugiado Walter Benjamin, nem os nossos mortos estarão em segurança se o inimigo não cessar de vencer. E ele anda vencendo. Mas chega! Basta!

Pontes. Portas. Aceitemos a convocação do menino David, que denuncia a injustiça ao mesmo tempo em que sinaliza a esperança: é preciso dar as mãos e caminharmos juntos para fazer existir esse mundo melhor. Um mundo que está para ser feito, democraticamente, e com o qual o  Congresso de Estudos da Infância tem se comprometido desde sua criação, em 2017.

Estivemos aqui, de mãos dadas, 460 participantes inscritos. 5 conferências e 96 trabalhos apresentados em 24 sessões. Contamos com o apoio institucional da Faculdade de Educação da UERJ, do nosso Departamento de Estudos da Infância, do Programa de Pós-Graduação em Educação e da CAPEs, através do Programa de Internacionalização, CAPES-Print.

Sigamos de mãos dadas na luta pela democracia, deste lugar singular que a América Latina nos oferece e espera de nós. A luta é um lugar em que se entra e do qual nunca se sai. É um esforço intermitente contra o fascismo, o racismo, o machismo, a LGBTQI+fobia, a xenofobia, a gentrificação, o ódio de classe, o etarismo, a hierarquização dos saberes, as muitas formas cotidianas de silenciamento do outro.

Eis a porta. Para cruzá-la ou não cruzá-la.

Sim!!! Vamos cruzá-la. Vamos abri-la.

Alguém espera de nós um pêssego e um país.

O pêssego, trazemos das mãos de Mário Benedetti.

O país. Um país de todos. Esse vamos ter que fazer juntos.

Que o IV Congresso de Estudos da Infância, seja alvissareiro de um mundo melhor.

Um abraço, Fabiana, Conceição, Ligia, Lisandra e Rita




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Responsável


Desenho: David Olarieta López

Email: ceiuerj@gmail.com


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