A GRAFOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Publicado em 04/02/2020 - ISBN: 978-85-5722-415-5

Título do Trabalho
A GRAFOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Autores
  • Silvinha De Melo Fonsêca
  • Márcia Aparecida da Silva Oliveira Julião
  • Antônio Gabriel Figueiredo da Silva
  • Maria Adriana Da Silva Santos
Modalidade
Artigo Científico
Área temática
Educação
Data de Publicação
04/02/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/amplamentecursos/236178-a-grafomotricidade-no-desenvolvimento-da-crianca-na-educacao-infantil
ISBN
978-85-5722-415-5
Palavras-Chave
GRAFOMOTRICIDADE, DESENVOLVIMENTO, EDUCAÇÃO INFANTIL.
Resumo
INTRODUÇÃO a motricidade está presente na vida do ser humano desde antes de seu nascimento, ainda enquanto embrião, pois mesmo sem a presença de estímulos sensoriais externos, este apresenta funções musculares. Mas, a partir do momento em que a criança nasce, é envolvida por estímulos externos, tendo que passar por um processo de adaptação, no qual o tônus e o afeto, desempenham um papel fundamental (BOULCH, 1982). O ser humano tem um corpo neurofisiológico com sua estrutura corporal propriamente dita, no sentido físico, juntamente com o psico-subjetivo e o cognitivo, sendo esses os alicerces do desenvolvimento. O corpo sempre foi alvo de pesquisa pelas distintas ciências que se dedicam aos estudos do desenvolvimento humano. O movimento é a base do desenvolvimento infantil, vamos pensar no bebê logo que nasce, o primeiro teste que é submetido, o Apgar, é um teste cuja escala de valores é mensurada a partir das respostas dadas aos estímulos de acordo com o tempo de reação de cada resposta. Portanto, seu progresso é medido desde seu nascimento, por meio de movimentos que vai realizando ao longo da sua jornada. O desenvolvimento psicomotor da criança está intimamente ligado com o contexto sócio-histórico; é isso que o torna caracteristicamente humano. Ao inserir-se no contexto social e cultural, a criança o faz de forma ativa e lógica, através de rupturas e desequilíbrio provocados por continuas reorganizações que ocorrem dentro do seu ser total e completo. Piaget (1896-1980) foi um dos autores que mais estudou as inter-relações entre a psicomotricidade e a percepção, através de ampla experimentação. Descreve a importância do período sensório-motor e da motricidade principalmente antes da aquisição da linguagem, no desenvolvimento da inteligência. O desenvolvimento mental se constrói, paulatinamente. É uma equilibração progressiva, uma passagem contínua, de um estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior. A inteligência, portanto, é uma adaptação ao meio ambiente. As relações entre o sujeito e o seu meio consistem numa interação radical, de modo tal que a consciência não começa pelo conhecimento dos objetos nem pelo da atividade do sujeito, mas por um estado indiferenciado; e é deste estado que derivam dois movimentos complementares, um de incorporação das coisas ao sujeito, o outro de acomodação às próprias coisas. PIAGET, (1978, p. 386). O desenvolvimento motor da criança é resultado do amadurecimento dos tecidos neurológicos e do crescimento dos ossos e músculos é a ação natural do ser humano. Desta forma, todo desenvolvimento funcional da criança está relacionado ao psicomotor e é gradativamente percebido como ser em desenvolvimento e capaz de expor suas necessidades e objetivo diante da interação com o meio. Conhecer as etapas do desenvolvimento psicomotor da criança é muito importante, para que sejam respeitadas as etapas deste e desenvolvidas atividades que estimule o seu progresso. As fases do desenvolvimento humano segundo Piaget, que considera quatro períodos no processo evolutivo da espécie humana que são caracterizados “por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor” no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de desenvolvimento. ? Primeiro período: Sensório-motor (0 a 2 anos) ? Segundo período: Pré-operatório (2 a 7 anos) ? Terceiro período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos) ? Quarto período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante) Cada uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes de organização mental que possibilitam as diferentes maneiras do indivíduo relacionar-se com a realidade que o rodeia (Coll e Gillièron, 1987). De uma forma geral, todos os indivíduos vivenciam essas quatro fases na mesma sequência, porém o início e o término de cada uma delas podem sofrer variações em função das características da estrutura biológica de cada indivíduo e da riqueza (ou não) dos estímulos proporcionados pelo meio ambiente em que ele estiver inserido. Por isso mesmo é que "a divisão nessas faixas etárias é uma referência, e não uma norma rigorosa". Henry Wallon (1879-1962), médico, psicólogo e pedagogo, é provavelmente, o grande pioneiro da psicomotricidade, vista como campo científico. Segundo Fonseca (1988), forneceu observações definitivas acerca de desenvolvimento neurológico do recém-nascido e da evolução psicomotora da criança. Wallon diz que “o movimento é a única expressão e o primeiro instrumento do psiquismo”. O movimento (ação), pensamento e linguagem são unidades inseparáveis. O movimento é o pensamento em ato, e o pensamento é o movimento sem ato. Portanto, o desenvolvimento humano é um processo de extrema importância e o que abrange os domínios cognitivo, afetivo e motor. Desta forma nos apoiamos na fala de Oliveira (2007), isto é, o desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo. Como podemos perceber, o movimento é o meio de expressão fundamental das crianças na Educação Infantil, isto porque o espaço entre a emoção e ação é menor quanto mais nova for à criança. Considerar todas as dimensões do movimento nos permite uma visão mais ampla para a preparação de atividades, projetos e conteúdo que melhor contemplem o movimento dentro das escolas de educação infantil. Segundo o RCNEI (1998, vol. 3, p.47) As maneiras de andar, correr, arremessar e saltar resultam das interações sociais e da relação dos homens com o meio; são movimentos cujos significados têm sido construídos em função das diferentes necessidades, interesses e possibilidades corporais humanas presentes nas diferentes culturas em diversas épocas da história. O RCNEI (1998), fala que o movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana. Sabemos que as crianças se movimentam desde que nascem adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio corpo e se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo. Engatinham, caminham, manuseiam objetos, correm, saltam, brincam sozinhas; ou em grupo, com objetos ou brinquedos, experimentando sempre novas maneiras de utilizar seu corpo e seu movimento. 2.1 BREVE HISTÓRICO E CONCEITOS DA GRAFOMOTRICIDADE A grafomotricidade é uma área da psicomotricidade que tem por objetivo intrometer-se na realização da grafia, ou seja, nos movimentos que são utilizados, para que seja rápida, flexível, legível e fluida. Do ponto de vista etimológico, “grafo” vem do grego grapheim e significa escrita; “motricidade”, vem do latim motor, do verbo movere, “mover, deslocar”. Assim, o termo grafomotricidade diz respeito ao conjunto das funções neurológicas e musculares que possibilitam, aos seres humanos, os movimentos motores no ato da escrita. Ato gráfico escrever é um ato psicomotor complexo que encontra os seus pressupostos fundamentais em cada etapa do desenvolvimento a partir do nascimento. Disso, resulta que os fatores determinantes de tal competência são importantes, dos quais citamos alguns. Fatores gerais de desenvolvimento da escrita. Entre os vários fatores, os mais importantes podem ser assim resumidos: -Desenvolvimento motor- O desenvolvimento cognitivo e afetivo- O desenvolvimento da linguagem - Os fatores relacionados à estruturação espaço-temporal - As experiências e os exercícios gráficos específicos relevantes para o surgimento do grafismo. BOSCAINI (1998, p.43) A grafomotricidade é uma função que permiti traçar uma mensagem de qualquer tipo em um espaço determinado graças aos movimentos combinados do braço e da mão em estreita conexão com a globalidade do corpo. BOSCAINI (1998, p.8) Desde o seu nascimento até a preensão equilibrada do lápis ao escrever, vivencia diferentes habilidades para alcançar movimentos finos bem produzidos e que exerça atos econômicos e automatizados. Para FÁTIMA ALVES, (2005, p.58) “Coordenação motora fina é uma coordenação segmentar, normalmente com a utilização das mãos exigindo precisão nos movimentos para a realização das tarefas complexas utilizando também os pequenos grupos musculares”. Dentre a práxis fina, temos diferenciadas coordenações, que são: viso-manual: e a coordenação entre a visão e o tato, que permite ações entre a cabeça e a mão e desenvolve o domínio dos pequenos músculos essenciais para a execução da escrita. A coordenação musculofacial: que é destinado aos movimentos da face, reproduz através da face as sensações e emoções vivenciadas pelo indivíduo; essencial no desenvolvimento da mastigação, fala e do consumo. E a coordenação Visiomotora que é a habilidade de coordenar os movimentos para o alvo visual. As aquisições grafomotoras iniciam-se nos cuidados pessoais que a criança realiza, sendo resposta de lentas e progressivas aprendizagens do campo motor, afetivo, cognitivo e social. “O desenvolvimento motor é, pois, um fator essencial na aprendizagem da escrita, cuja aquisição requer do indivíduo um tônus muscular adequado, boa coordenação de movimentos, boa organização espaço-temporal e o progressivo desenvolvimento da habilidade com dedos das mãos. Ainda assim, influenciam também sua evolução afetiva e as condições socioculturais do meio familiar, fazendo que a criança chegue a senti-lo como necessidade básica para se integrar no seu ambiente cultural ou não. ” (ESTELA MORA, 2008, p, 274). Assim, a criança é protagonista da sua própria história em relação à construção do conhecimento e aprendizagem escolar, à medida que ela vai apropriando-se do objeto de conhecimento, passa por profundas modificações, criando significados, formas de interação, representações, maneiras próprias de elaborar o pensamento lógico. 2 CORPO E ESCRITA Para Alves (1999), o corpo está presente em todas as situações e é solicitado a agir com destreza em todos os momentos. É por meio do movimento que o homem participa do mundo e, por meio dele, manifesta a própria intencionalidade. O ato motor não é somente uma sucessão de impulsos psicológicos, mas sim o modo de o indivíduo colocar-se em relação com o mundo externo, possibilitando assim a expressão de uma imagem mental. “O ser humano está sempre descobrindo e aprendendo coisas novas, em todas as fases da vida, usando seu corpo tanto para se comunicar como para desenvolver seu pensamento. Na infância a criança explora o mundo que a cerca em um processo de busca, de troca, de interação e de apropriação de conhecimento”. (Mascioli, 2006, p.119) A imagem corporal é a representação mental do corpo e não constitui uma mera percepção, mas uma integração. Após a percepção global do corpo, vem a tomada de consciência de cada segmento corporal. Essa se realiza de forma interna (sentindo cada parte do corpo) e a externa (vendo cada segmento em um espelho, em uma outra criança ou em cada figura). Destacamos a importância do corpo ganhar singularidades importantes no que diz respeito à construção do indivíduo, no contexto do processo de aprendizagem, estando implicadas, assim, as produções psicomotoras, por elas serem responsáveis pelos movimentos corporais envolvidos nesse contexto. Desta forma Alves (2008), cita que é tarefa da educação psicomotora na educação básica, formar desde a infância, o desenvolvimento da capacidade, rendimento de forma eficiente e adequada aos diferentes níveis de habilidade e mobilidade, levando em consideração a personalidade e a vontade da criança, bem como sua motivação. Seus objetivos concretos são: favorecer o desenvolvimento dos gestos e movimentos, a capacidade de percepção; desenvolver o equilíbrio; aprimorar e desenvolver a percepção do corpo e permitir à criança adquirir o sentimento de segurança; favorecer e melhorar a coordenação global e fina, e sobretudo a grafomotricidade por meio da manipulação; revelar e reforçar o predomínio manual; estimular a confiança em si; amortecer os bloqueios que interferem na aprendizagem escolar; sensibilizar o ambiente envolvendo, família, escola, em face das dificuldades da criança. Assim a criança passa inicialmente pela organização da sua motricidade, dos gestos da dinâmica, consciência e conhecimento do funcionamento do corpo. De forma integrada, esses aspectos acontecem no decorrer do desenvolvimento infantil. Para Boscaini (1998), é no início da vida que a criança se comunica através do corpo, dos seus gestos, desenhando espontaneamente e espalhando signo por toda parte, deixando seu traço, sinal da sua presença, um sinal “visível fora de si”, assim afirmando a própria identidade, personalidade e sentido de existir. O autor afirma também, que a visão, o tato, a audição, o olfato e o gosto são referenciais elementares na aquisição dos símbolos gráficos, pois a essa leitura do universo adulto que nos cerca quando ainda somos bebês e continuamos essa leitura por toda nossa vida. O ato de escrever envolve, portanto, um duplo aspecto: o mecanismo e a expressão do conteúdo ideativo. Para a mesma autora, se estabelece uma relação entre audição (palavra falada), o significado (vivência da escrita) e a palavra escrita. Quando a criança já tem o significado do objeto interiorizado, seu processo de escrita fica mais fácil. “A escrita pode ser concebida de duas formas muito diferentes e conforme o modo de considerá-la, as consequências pedagógicas mudam drasticamente. A escrita pode ser considerada como uma representação da linguagem ou como um código de transcrição gráfica das unidades sonoras. (Ferreiro, 1993, p. 9) A produção da escrita é um ato gráfico adquirido no início da vida humana. É um processo complexo que envolve diferentes pontos que se articulam para que ele aconteça. A escrita pode ser considerada de diferentes formas, como menciona ferreiro (1993), através da representação da linguagem ou ainda um código de transcrição gráfica produzida através das unidades sonoras. O autor Boscaini (1998) destaca sobre a evolução da atividade gráfica, considerando-a estritamente dependente da progressão do desenvolvimento das competências perceptivas, simbólica e intelectual e da regularidade do ato motor. Portanto, somente quando algumas etapas motoras surgem, é possível que o desenho apareça anterior à expressão gráfica por ela fazer parte da integridade do corpo. O referido autor, em seus estudos sobre grafomotricidade e escrita, enfatiza a garatuja e o desenho como sendo os primeiros gestos gráficos assim definidos para: (Boscaini, 1998, p.24) “Organização do movimento gráfico, estritamente relacionada com o desenvolvimento da motricidade geral, mas, sobretudo com aquela do membro superior. O controle progressivo dos movimentos do braço permite à criança desenvolver o próprio repertório gráfico, e então reproduzir certas formas que tornam-se a base tanto para o desenho quanto para a escrita”. Desta forma podemos considerar que para a realização dos registros gráficos e entre esses a escrita é necessária que a criança conheça os movimentos relacionados ao domínio do gesto, ou seja, a movimentar o ombro e cotovelo e de cada um dos dedos que posteriormente será convocado a segurar o lápis para produzir a escrita. Algumas Conquistas, psicomotoras destacam a passagem pela via do corpo, do simbólico, dos movimentos neuromotores que possibilitarão à criança vir a produzir os registros gráficos nos quais ela em algum momento da infância busca deixar suas marcas, registrando em superfícies suas ideias, seus desejos, suas fantasias através do grafismo. Nesse contexto, os conhecimentos sobre o corpo e a grafomotricidade são parte constituinte da aquisição da práxis fina, a qual está ligada à maturação neuromotora e simbólica necessária para a realização do processo de apropriação do traço gráfico e, consequentemente, da escrita. A evolução da criança depende da progressão do desenvolvimento neuromotor, da cognição e das construções simbólicas, aspectos esses que singularizam o sujeito humano, permitindo-lhe dar sentido a si próprio e interagir com o conhecimento e a cultura da qual pertence. Podemos citar a seguinte constatação do psicanalista brasileiro Quinet, (2002, p.41) sobre a construção simbólica que particulariza o sujeito humano: “O registro simbólico age como barreira entre o imaginário e o real ao mesmo tempo em que os articula. O registro do imaginário é o campo do visível, onde se encontra o mundo dos objetos perceptíveis e das imagens que seguem a tópica especular. É onde reina o eu, mestre da consciência, do corporal e da extensão (no sentido cartesiano), que, no entanto, não governa – pois quem manda é o simbólico com sua lógica significante” A integridade do sujeito vai além do seu corpo e produções da coordenação motora fina, pois os aspectos ligados à subjetividade são fundamentais para que a criança possa dar significado às experiências corporais, aos objetos, às imagens, dando um sentido próprio a cada um, o que lhe permite apropriar-se de outras construções que fazem parte do dever da vida. 4.1PRIMEIROS RABISCOS DA CRIANÇA A escrita é um processo que o indivíduo desenvolve desde criança, em contato com diversos tipos de textos, esse processo amplia na criança o domínio de escrita, fazendo a mesma a ter uma ligeira ideia do que é escrita. Assim sabemos que podemos ler o que está escrito, seja representado em forma de rabiscos ou desenhos, as crianças tornam-se pequenos leitores e autores de pequenos textos representados de acordo com o que elas pensam sobre a escrita. O desenho é a primeira expressão gráfica utilizada pela criança, mediantes traços desordenados do movimento motor que expõe seu desenvolvimento cognitivo, emocionante e motor. A habilidade gráfica inicia-se antes dos dois anos de idade, denominando-se de garatuja os primeiros traços gráficos da criança (são espontâneos e segue ume ordem singular no papel). Para Piaget (1985), a criança desenha mais o que sabe do que realmente consegue ver. Ao desenhar, ela elabora conceitualmente objetos e eventos. Daí a importância de estudar o processo de construção do desenho junto ao enunciado verbal que nos é dado pelo indivíduo. Segundo a teoria do autor, o desenho passa pelas seguintes fases: Garatuja: faz parte da fase sensória motora (zero a dois anos) e parte da fase pré-operacional (dois a sete anos), indo aproximadamente até três ou quatro anos. Nesse contexto a criança demonstra extremo prazer em desenhar e a figura humana é inexistente. A garatuja pode ser dividida em: Garatuja desordenada: constitui-se pelo fato dos movimentos serem amplos e desordenados, parecendo mais um exercício motor. Não há preocupação com a preservação dos traços, que são cobertos com novos rabiscos várias vezes. Garatuja ordenada: nessa fase os movimentos aparecem com traços longitudinais e circulares e a figura humana ainda aparece de forma imaginária, podendo começar a surgir um interesse pelas formas. Essa fase caracteriza-se pelo fato de a criança verbalizar o que vai desenhar, mas não existe relação fixa entre o objeto e sua representação. Por isso, ela pode dizer que desenhou um determinado objeto (exemplo: flor) e ao terminar o desenho, falar que é uma pessoa. Pré-Esquematismo: esta fase faz parte da segunda metade da fase pré-operatória, perdurando normalmente até os sete anos. É quando ocorre a descoberta da relação entre desenho, pensamento e realidade. Percebe-se que os elementos do desenho ficam dispersos e não são relacionados entre si. O Esquematismo: caracteriza-se por fazer parte da fase das operações concretas (7 a 10 anos), mas costuma ir até mais ou menos nove anos. Dentro dos esquemas representativos, começa a construir formas diferenciadas para cada categoria de objeto. Nesta etapa, surgem duas grandes conquistas: o uso da linha de base e a descoberta da relação cor objeto. Já consegue construir um conceito definido quanto à figura humana, no entanto podem surgir desvios do esquema, tais como exagero, negligência, omissão ou mudança de símbolo. Aparecem também dois fenômenos como a transparência e o rebatimento. Na concepção de Ferreiro (2001), o conjunto de formas de escritas que nos parece “erradas” do ponto de vista convencional, são “erros” construtivos (reinventado) a lógica do sistema alfabético. É importante percebermos que as crianças que iniciam o processo escolar possuem os primeiros contatos com a utilização de papeis, lápis, tintas e o contato com a escrita, organizam algumas de suas combinações no espaço das relações escolares. Assim mesmo sem dominar as capacidades convencionais da escrita, elas começam a estabelecer e a compreender, desde muito cedo os princípios de organização dentro de sua sociedade esculturada. Segundo CAGLIARI (1989, p.122), Para a criança começar a escrever, as crianças não precisam estudar a gramatica, pois já dominam a língua portuguesa na sua modalidade oral. A dificuldade está simplesmente no fato de as crianças não conhecerem a forma ortográfica das palavras após seus primeiros contados com o alfabeto. O ato de escrever é extremamente associado à tarefa de representar uma palavra, consistindo-se num ato meramente imitativo. Desta forma a escrita é apresentada não tem função mnemônica, pois, na maioria dos casos, a criança não consegue lembrar o que escreveu e os grafismos não podem ser integrados às palavras que foram ditadas. Escrever requer da criança um domínio sobre a lateralidade, equilíbrio, tonicidade, espaço, tempo, ritmo, imagem corporal e coordenação motora global e fina; além da compreensão do conceito de escrita no cotidiano da criança. A coordenação motora fina é a mais complexa e mais necessária e utilizada na escrita, compreendendo a micromotricidade e a perfeição dos movimentos finos. “ O movimento não é puramente um deslocamento no espaço, nem uma simples contração muscular e sim um significado de relação afetiva com o mundo. WALLON, (1995, p.58) As mãos os dedos permitem a exploração e manipulação dos objetos, do outro e do próprio corpo; além de ser o principal instrumento da práxis fina. A escrita exige da musculatura das mãos uma relaxação e contração durante os movimentos, este precisa de movimentos precisos das mãos para movimentos lentos dos ombros. A preensão desempenhada pela criança ao segurar o lápis sobre o papel é resultado da maturação do sistema neurocerebral sobre os pequenos grupos musculares. Ao começar a aprendizagem da escrita as crianças apresentam características peculiares, devido à imaturidade motora, cognitiva e emocional neste processo. Realizando sua escrita com diferentes tamanhos de letras, não sendo adaptado o tamanho da letra ao papel; utiliza muita força sobre o lápis ao escrever; não tem noção de posição de letras e números; ritmo lento ao escrever palavras e posturas incorreta ao escrever. Deste modo para que surja a grafia é muito importante que o corpo esteja em total harmonia em relação à precisão dos músculos, na ligação do ato pensando ao entendimento do que quer fazer e por sua vez à ação e por fim, de forma mais abrangente, um controle motor geral que pode aperfeiçoar e desenvolver, as capacidades que configuram a motricidade fina, onde a precisão do traço corresponde fielmente as especificidades de cada intenção. Portanto a grafomotricidade tem o objetivo de educar os movimentos da criança com relação ao processo da escrita, para que a criança não sinta incômodos ao desenhar ou escrever, desta forma, a criança aprendera a segurar da forma correta o lápis e balancear a pressão com que exerce os movimentos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Concluímos que os estudos realizados para o desenvolvimento deste artigo foram bastante satisfatórios. Partindo desta concepção podemos afirmar que o indivíduo necessita do desenvolvimento da psicomotricidade e grafomotricidade para ampliação da percepção do mundo que há cerca. Diante do anunciado acreditamos que a psicomotricidade se constitui em valiosa ferramenta para ser utilizada nas escolas, propiciando à criança o desenvolvimento psicomotor, cognitivo, afetivo, motor e social saudável, o que contribui com um bom desempenho no âmbito da aprendizagem e possibilita a ela posicionar-se frente ao mundo. O trabalho na Educação Infantil deve, então, favorecer o desenvolvimento da criança e a aquisição de conhecimentos. É no seu ambiente que as inúmeras descobertas acontecem. Por isso ela deve apresentar-se como um lugar agradável de estar, rico em estímulos. É na escola o melhor lugar de brincar e aprender, pois é brincando que a criança aprende. No seu cotidiano deverão estar presentes atividades de livre expressão que garantam a liberdade de criação, mas também são necessárias atividades organizadas específicas para a estruturação das áreas psicomotoras. Desta forma as atividades específicas deverão ser selecionadas de acordo com os objetivos a alcançar a fim de contribuir para o desenvolvimento global da criança. Nas suas realizações deverão ser respeitados os ritmos individuais de cada criança, pois é um grave erro querer acelerar o processo de aprendizagem visto que se pode causar o desinteresse da criança. É através dos cuidados pessoais que a criança intensifica a sua maturação motora, que será utilizada para a escrita. A criança desenvolve dois tipos de comunicação gráfica que é, o desenho e a grafia, ambos distintos, mas complementares, pois, são fundamentais no processo de letramento da criança. O desenho antecede a aprendizagem da escrita, por isso, ele é a primeira forma de comunicação gráfica utilizada pela criança para se comunicar. Partindo deste pressuposto, concluímos que o desenho infantil enquanto linguagem gráfica contribuindo não só para a aprendizagem da escrita, mas também para o aperfeiçoamento da coordenação motora fina. E que a aprendizagem da escrita deve ser um processo natural para a criança como o desenho livre, o brincar, o dançar, o correr, o pular, dentre outros. Perante o que foi pesquisado, percebemos que não dá para arquitetar o domínio da habilidade grafomotora, sem valorizar e conceber o desenvolvimento funcional e relacional da criança. A psicomotricidade tem atuação intensa na compreensão e exposição das dificuldades, habilidades e adaptações encontradas pela criança ao aprenderem a escrever; isso ocorre devido ao processo de interação entre o corpo, o objeto e o meio ao seu redor. É requisito de suma importância a atenção dos professores de educação infantil com relação ao nível de desenvolvimento psicomotor da criança; esclarecendo que cada um tem um nível pessoal. E que sua proposta pedagógica proporcione a criança dúvida diante as dificuldades, mas por outro lado sinta estimulo ao supera-las. Proporcionando a base necessária para os níveis de desenvolvimento da criança perante sua aprendizagem. Portanto, estas questões não podem ser ignoradas no cotidiano escolar, Muito embora ainda se perceba em nosso país que dentro do contexto educacional a prática psicomotora ainda é muito pouco privilegiada nas escolas. Embora trabalhada muitas vezes indiretamente por alguns profissionais. Destacamos a fala de Le Bouch (1984), a educação psicomotora atingirá seus objetivos quando trabalhada na escola, nas séries inicias, pois é, nessa fase que a criança passa a conhecer a si, seu corpo, suas vontades, constrói sua personalidade, definindo conceitos, pensamentos, ideias, crenças, enfim, torna-se um ser consciente Os pontos aqui abordados especificam uma boa parte do processo o qual a criança passa através das distintas fases do desenvolvimento psicomotor para posteriormente adquirirem a maturação grafomotora e posteriormente à escrita. Desta forma salientamos que os pontos aqui abordados, não se encerram nas constatações apresentadas, pois elas nos estimulam a buscar novos conhecimentos no campo educativo e psicomotor, abrindo perspectiva para novas investigações. REFERÊNCIAS ALVES, R. Como nasceu a alegria. 13ª Edição. Ed. Paulus, 1999. ALVES, Fátima. Psicomotricidade: Corpo ação e emoção. In: 4ª Rio de Janeiro: Wak Editora, 2008. Cap. 2, p. 13-78. ALVES, Fatima. 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Título do Evento
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA NA CONTEMPORANEIDADE
Título dos Anais do Evento
Anais Educação e Formação Continuada na Contemporaneidade
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FONSÊCA, Silvinha De Melo et al.. A GRAFOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.. In: Anais Educação e Formação Continuada na Contemporaneidade. Anais...Natal(RN) Evento on-line - Amplamente Cursos, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/Amplamentecursos/236178-A-GRAFOMOTRICIDADE-NO-DESENVOLVIMENTO-DA-CRIANCA-NA-EDUCACAO-INFANTIL. Acesso em: 25/04/2025

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