O LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Publicado em 04/02/2020 - ISBN: 978-85-5722-415-5

Título do Trabalho
O LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Autores
  • MARIA DAMIANA FERREIRA AGUIAR
  • MÔNICA RÉGIA BANDEIRA
Modalidade
Artigo Científico
Área temática
Educação
Data de Publicação
04/02/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/amplamentecursos/236180-o-ludico-no-desenvolvimento-das-criancas-na-educacao-infantil
ISBN
978-85-5722-415-5
Palavras-Chave
Aprendizagem, desenvolvimento, Jogos, Brincadeiras.
Resumo
INTRODUÇÃO A atividade lúdica tem conquistado um grande espaço na Educação Infantil. O brincar tornou-se a essência da infância e seu uso permite um trabalho pedagógico que possibilita a produção do conhecimento e também a estimulação da afetividade na criança. As brincadeiras e os jogos na Educação Infantil denotam a construção do conhecimento, motivam o desenvolvimento das aptidões sejam elas coletivas, intelectuais, individuais e motoras, e estão relacionados ao conhecimento do meio em que as crianças estão introduzidas. Em vista disso, este artigo busca refletir sobre o papel do professor enquanto mediador da aprendizagem, bem como o papel da ludicidade no desenvolvimento da criança, e entender a importância dos mesmos como subsídios eficazes para a construção do conhecimento, partindo do pressuposto de que esses recursos pedagógicos contribuem de forma significativa para a aprendizagem e o desenvolvimento dos educandos. Portanto, é fundamental que os educadores da educação infantil entendam que, no brincar as crianças também aprendem e se desenvolvem. A importância desta pesquisa incide sobre o fato de que a infância é uma fase significativa da vida do ser humano e deve ser cuidadosamente orientada em todos os sentidos, tanto pela escola quanto pela família. Na infância, as atividades lúdicas estão presentes na vida das crianças. Ao trabalhar com jogos e brincadeiras, é necessário que haja uma infinidade de meios a serem oferecidos para que a criança possa desenvolver sua capacidade de criar e aprender. Diante do exposto foi realizado uma pesquisa bibliográfica com o título: “o lúdico no desenvolvimento das crianças na educação infantil”, a fim de abordar como o lúdico favorece a aprendizagem e o desenvolvimento da criança, estimula a inteligência e faz com que o indivíduo solte sua imaginação, pois a brincadeira é uma linguagem infantil e quando brinca a criança tem o domínio da linguagem simbólica, ou seja, da imaginação. No ato de brincar, as crianças fazem sinais e gestos, e ao brincar elas recriam os objetos e repensam os acontecimentos que os rodeiam. Portanto, fez-se necessário uma pesquisa onde possibilitou nos mostrar como o brincar influência o desenvolvimento, a autonomia, a sua criatividade e o convívio social da criança. CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Do ponto de vista histórico, a educação da criança esteve sob a responsabilidade exclusiva da família durante séculos, porque era no convívio com os adultos e outras crianças que ela participava das tradições e aprendia as normas e regras da sua cultura. Com a participação da mulher no mercado de trabalho, as mudanças na organização da estrutura familiar e a partir de uma sociedade mais consciente da importância das experiências na primeira infância vêm a tona um movimento que visa, com a preocupação do atendimento às crianças de zero a seis, um local adequado para o atendimento de seus filhos. A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica no Brasil, é um direito assegurado pela Constituição Federal de 1988. É a fase em que as crianças estão em creches e pré-escolas na busca de uma ação integrada, incorporando as atividades educativas, os cuidados que elas necessitam e suas brincadeiras. Segundo a LDB número 9.394/96 (p. 302; art. 208, inciso IV) “O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de (...) atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade”. É na Educação Infantil que a criança irá se desenvolver integralmente, pois é durante essa etapa que ocorre o processo de humanização e troca de experiências sociais que a tornarão sujeito com identidade. Tanto creches, destinadas ao atendimento à criança de zero a três anos, quanto pré-escola, destinada ao atendimento à criança de quatro a seis anos, são consideradas instituições de Educação Infantil, diferindo apenas na classificação da faixa etária. Considerando os aspectos afetivos, emocionais, sociais e cognitivos da criança de 3 a 5 anos, segundo o RNC’S Vol I (1998, p. 15). A qualidade das experiências oferecidas que podem contribuir para o exercício da cidadania, baseia-se nos seguintes princípios: • O respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, como: social, cultural, religiosa, etc. • o direito de brincar da criança, como forma particular de expressão, pensamento, comunicação e interação infantil; • a socialização da criança, participada das diversas práticas sociais, sem discriminação; A criança de Educação infantil é um ser humano como todos, que faz parte de uma organização familiar e está inserido na sociedade, um sujeito social, com uma história e uma cultura. Freire afirma que: (1996, p. 30) “ensinar implica em respeitar os saberes dos educandos e não simplesmente transferir os conteúdos sem discutir o porquê daqueles conteúdos” [...], sabendo que essas atividades trabalham os movimentos livres e espontâneos do educando (FREIRE, 1996). Portanto, sabemos que é na Educação Infantil que a criança adquire os primeiros preparos para o convívio social, tem as primeiras noções de valores morais e também, através de atividades apropriadas, aprimora suas capacidades cognitivas, sociais e motoras. Nessa fase também a criança tem a oportunidade de desenvolver habilidades essenciais que irão ajudar tanto na sua vida escolar como pessoal tais como: a coordenação motora, a sociabilidade, as diferentes formas de linguagem, dentre outras. É importante ressaltar que, o ambiente da sala de aula da educação infantil deve ser acolhedor, atraente, prazeroso e agradável. E que neste espaço ofereçam as crianças oportunidades e experiências para o seu desenvolvimento e aprendizagem. Nessa perspectiva, as atividades lúdicas tornam-se um excelente e indispensável recurso pedagógico para o professor utilizar em sala de aula, facilitando o processo de ensino aprendizagem da criança. Sobre a importância da educação infantil na vida da criança Maluf (2009, p.13) aponta que: Os primeiros anos de vida são decisivos na formação da criança, pois se trata de um período em que ela está construindo sua identidade e grande parte de sua estrutura física, afetiva e intelectual. Sobretudo nesta fase, deve-se adotar várias estratégias, entre elas as atividades lúdicas, que são capazes de intervir positivamente no desenvolvimento da criança, suprindo suas necessidades biopsicossociais, assegurando-lhe condições adequadas para desenvolver suas competências. Assim, os primeiros anos de vida da criança são de fundamental importância para sua formação e o seu desenvolvimento posterior, nesse sentido fica claro a relevância e o papel da educação infantil na formação integral do educando. Por isso, a utilização da ludicidade em sala de aula a partir dos brinquedos, brincadeiras e jogos é fundamental, pois conduzem as crianças a novas descobertas e experiências, enriquecendo assim o processo de ensino-aprendizagem. O QUE É O LUDICO O lúdico tem sua origem na palavra ludus que quer dizer jogo, a palavra evoluiu levando em consideração as pesquisas em psicomotricidade, de modo que deixou de ser considerado apenas o sentido de jogo. O lúdico faz parte da atividade humana e caracteriza-se por ser espontâneo, funcional e satisfatório. Na atividade lúdica não importa somente o resultado, mas a ação, o movimento vivenciado. A atividade lúdica tem o objetivo de proporcionar prazer e diversão ao mesmo tempo, quem pratica esta atividade percebe-se que ela vem acompanhada de inúmeras brincadeiras para enriquecer nossos conhecimentos de forma prazerosa na educação. Trabalhar o lúdico na educação infantil é muito importante para o desenvolvimento da criança, ele possibilita aprimorar vários aspectos na evolução da sua personalidade como o físico, afetivo, social, cognitivo e criativo etc. A ludicidade é um conjunto para ser trabalhado na educação infantil através de várias atividades como jogos, sentido, escrito, histórias, dramatizações, músicas, danças, canções e várias outras atividades que enriquecem o conhecimento cultural da criança. O brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e autonomia da criança, na qual ela expressa o seu sentimento com a brincadeira. Nos jogos e brincadeiras as crianças desenvolvem a coordenação, a atenção, a imitação, espera sua vez, imaginação e a memória, o seu jeito de brincar reflete na sua forma de pensar e sentir. O lúdico na educação infantil tem sido um dos instrumentos que fomentam um aprendizado de qualidade para a criança, a partir das técnicas que promovem o desenvolvimento das habilidades fundamentais nesse processo. A ludicidade nos permite trabalhar de várias formas para todos estarem interagindo de forma de igualdade e sabendo que cada qual tem sua habilidade e seu limite. Para que a criança possa praticar sua capacidade de criar é necessário que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhe são oferecidos as brincadeiras e os jogos. Para que elas assimilem os jogos e brincadeiras é preciso apropriar-se elementos da realidade da criança do seu cotidiano. O PAPEL DA LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Na educação infantil o lúdico propicia as crianças uma série de desenvolvimentos benéficos, que vai desencadeando seu aprendizado. O lúdico na educação infantil permite que a criança tenha um desempenho frequente na sua educação, auxilia a criança no seu comportamento, desempenham papéis sociais nas suas representações, desenvolvem a imaginação, criatividade e capacidade motora de raciocínio. A brincadeira não é algo já dado na vida do ser humano, ou seja, aprende-se a brincar desde cedo, nas relações que os sujeitos estabelecem com os outros e com a cultura. O brincar é, no entanto, uma atividade que, ao mesmo tempo, identifica e diversifica os seres humanos em diferentes tempos e espaços. É também uma forma de ação que contribui para a construção da vida social coletiva. Vygotsky (1984) atribui relevante papel ao ato de brincar na constituição do pensamento infantil. É brincando, jogando, que a criança revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e entrar em uma relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos. A criança, por meio da brincadeira reproduz o discurso externo e o internaliza, construindo seu próprio pensamento. De acordo com Vygotsky (1984, p.97), A brincadeira cria para as crianças uma “zona de desenvolvimento proximal” que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível atual de desenvolvimento potencial determinada através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais capaz. Tanto para Vigotsky (1984) como Piaget (1975), o desenvolvimento não é linear, mas evolutivo e, nesse trajeto, a imaginação de desenvolve. Uma vez que a criança brinca e desenvolve a capacidade para determinado tipo de conhecimento, ela dificilmente perde a capacidade. As contribuições das atividades lúdicas no desenvolvimento integral indicam que elas contribuem poderosamente no desenvolvimento global da criança e que todas as dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a motricidade e a sociabilidade são inseparáveis, sendo a afetividade a que contribuiu a energia necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da criança. Brincar é sinônimo de aprender, pois o brincar e o jogar geram um espaço para pensar, sendo que a criança avança no raciocínio, desenvolve o pensamento, estabelece contatos sociais, compreende o meio, satisfaz desejos, desenvolve habilidades, conhecimentos e criatividade. A ABORDAGEM DO LÚDICO NA PERSPECTIVA DE ALGUNS TEÓRICOS De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 27, v.01): “O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos.” Para FRIEDMANN (2004), o lúdico é a linguagem cultural da criança: ela verbaliza e se expressa através dele. Assim, o brincar é um elemento essencial para se chegar ao seu desenvolvimento absoluto. Já MELHEM (2009) menciona, o lúdico provém de uma palavra de origem latina denominada Ludus, que na sua essência denota jogo e a princípio estava diretamente ligada à brincadeira e à espontaneidade dos movimentos, que gradativamente ampliou-se e tornou-se vital para o desenvolvimento humano. HUIZINGA (2005) elucida que o lúdico baseia-se no estudo do comportamento. Essa análise distinguiu-se como uma das primeiras tentativas de ilustrar sobre o lúdico a partir de contextos alçados sobre o papel da brincadeira. O autor acreditava que a brincadeira derivava da seleção natural do indivíduo, isto é, do seu instinto que, sendo conduzido, tenderia a melhorar o seu desempenho. De acordo com PINTO (2004), as experiências lúdicas são ações com sentidos e acepções atribuídas pelos seus praticantes. Isso exprime que a ludicidade é a favorável maneira de cada indivíduo sentir, pensar, decidir, agir e conviver, conservando a lógica com as razões que os motivam. De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 27, v.01): “O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos.” A importância do lúdico para, Vygotsky: É na atividade de jogo que a criança desenvolve o seu conhecimento do mundo adulto e é também nela que surgem os primeiros sinais de uma capacidade especificamente humana, a capacidade de imaginar (…). Brincando a criança cria situações fictícias, transformando com algumas ações o significado de alguns objetos”. (VYGOTSKY, 1991, p.122). De acordo com o autor, a criança envolve-se em um mundo imaginário, nos quais realizam todos os seus desejos, usando o lúdico a criança demostra o mundo e é onde vivencia suas fantasias. E os jogos conseguem despertar no educando um grande interesse e atração, pois ao mesmo tempo em que em que está se divertido também está aprendendo e se desenvolvendo. Para Kishimoto (2002), usar atividades lúdicas no processo de ensino e aprendizagem pode ser uma grande ajuda, para o desenvolvimento do/a educando/a, os jogos e brincadeiras são atividade que despertam muito o interesse do aluno. O jogo como promotor da aprendizagem e do desenvolvimento, passa a ser considerado nas práticas escolares como importante aliado para o ensino, já que colocar o aluno diante de situações lúdicas como jogo pode ser uma boa estratégia para aproximá-lo dos conteúdos culturais a serem veiculados na escola. (KISHIMOTO 2002, p. 13). Dessa forma percebe-se a necessidade do/a educador/a, pensar nas atividades lúdicas, como uma ferramenta e com isso utiliza-las em diferentes momentos de seu planejamento. Sempre lembrando que o jogo e a brincadeira exigem que haja confronto, negociação e trocas, sempre promovendo conquistas cognitivas, emocionais e sociais. Segundo Kishimoto (2001), a brincadeira é uma ação mais livre que o jogo, porém possui regras implícitas que guiam as ações durante a brincadeira. Ao brincar a criança tenta comportar-se da forma que imagina ser a correta naquela situação. Aspectos que passam despercebidos no cotidiano tornam-se regras na brincadeira. Brincar para criança é um ato sério na qual ela procura afirmar-se e obtém prazer, o seu desenvolvimento acontece através do lúdico, ela precisa brincar para crescer. É, pois, por meio do universo lúdico que a criança se satisfaz, realiza seus desejos e explora o mundo ao seu redor. Por meio da brincadeira que a criança constrói sua autonomia, desenvolve seu autocontrole, agindo de acordo com as regras, sem seguir seus impulsos. O jogo e a brincadeira são preparações para a vida séria, por isso devem ser feitos de forma livre, por vontade da criança e escolhidos por ela. Quando impostas, passam a ser trabalho ou ensino. O lúdico na educação infantil é benéfico no aprendizado das crianças, nas brincadeiras elas podem desenvolver diversas capacidades como: a atenção, a imitação, memória, imaginação. Amadurecem algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais. De acordo com Dhome (2003) as atividades lúdicas, pelas suas próprias características, podem possibilitar o convívio com as mais diversas habilidades. Elas poderão atender tanto a criança que têm vocação para a arte, como aquelas que tem agilidade física. O autor ainda reforça que a educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, e diversão superficial. É diferente, é uma construção de personalidade própria, autoconhecimento, desenvolvimento, convívio, limites, e uma ótima educação. O LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL. Segundo estudos da Psicologia baseados numa visão histórica e social dos processos de desenvolvimento infantil, que tem em Vygotsky (2007) um dos seus principais representantes, o brincar é uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos. Sabemos que a criança aprende brincando, os educadores sabendo disso deverão se utilizar da presença de jogos e brincadeiras em sua prática pedagógica como recurso no processo de aprendizagem, pois esses recursos ajudam a ensinar conteúdo de uma forma prazerosa. Desse modo, a criança aprende como ela gosta de uma forma prazerosa para ela e, portanto, eficiente. Kishimoto (1993, p. 15) afirma: Os jogos têm diversas origens e culturas que são transmitidas pelos diferentes jogos e formas de jogar. Este tem função de construir e desenvolver uma convivência entre as crianças estabelecendo regras, critérios e sentidos, possibilitando assim, um convívio mais social e democracia, porque “enquanto manifestação espontânea da cultura popular, os jogos tradicionais têm a função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver formas de convivência social. O lúdico na educação infantil deve ser visto pelo/a professor/a como a oportunidade leva-lo compreender os significados e a importância das brincadeiras para a educação, (CARVALHO, 1992). O professor deve ser instigado a inserir o lúdico na sua forma de trabalhar, sendo levados a ter consciência das vantagens de transmitir seus conhecimentos através de jogos e brincadeiras. (...) O efeito educativo da brincadeira infantil, na qual as crianças se sentem ligadas por toda uma rede de regras complexas ao mesmo tempo aprendem a subordinar-se a regras a essas regras como a subordinar a elas o comportamento das outras e a agir nos limites rigorosos traçados pelas condições da brincadeira. (VIGOSTSKI, 1934 p.263). O brincar é um importante processo psicológico, fonte de desenvolvimento e aprendizagem. Ele envolve complexos processos de articulação entre o já dado e o novo, entre a experiência, a memória e a imaginação, entre a realidade e a fantasia, sendo marcado como uma forma particular de relação com o mundo, distanciando-se da realidade da vida comum, ainda que nela referenciada. A brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil, na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. O brincar não só requer muitas aprendizagens como também constitui um espaço de aprendizagem. A influência do ato de brincar no desenvolvimento da criança é indispensável para a formação do caráter e da personalidade da pessoa; além disso, o ato de brincar pode incorporar valores morais e culturais e uma série de aspectos que ajudam a moldar sua vida, como crianças e como adultos. Cunha (1994) explica claramente suas ideias em relação a este aspecto quando diz que o brincar, como uma atividade, está constantemente gerando novas situações. Não se brinca apenas com e dentro de situações antigas. O lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, sendo uma maneira agradável de as crianças aprender. A ludicidade, de acordo com KISHIMOTO (2003), proporciona à criança um desenvolvimento mais natural e criativo, e é um dos aliados na educação, pois beneficia a formação da individualidade, do cognitivo, do afetivo, do social, suscitando benefícios didáticos, onde os conteúdos são convertidos em atividades mais atraentes e envolventes, o que subsidia o aluno a ordenar, de maneira eficaz, o conhecimento. As brincadeiras e jogos, empregados de forma lúdica, além de incitar a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporcionam o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e atenção. Dessa forma podemos dizer que, o aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida e é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. Assim sendo, brincar é aprender. Na brincadeira, está a base daquilo que, posteriormente, possibilitará à criança aprendizagens mais complexas e elaboradas. Portanto, pode-se concluir que a brincadeira auxilia o desenvolvimento da criança de forma tão intensa e marcante que a criança leva todo o conhecimento adquirido nesta fase para o resto de sua vida O LÚDICO E A APRENDIZAGEM Vygotsky (1984) atribui relevante papel ao ato de brincar na constituição do pensamento infantil. É brincando, jogando que a criança revela seu estado cognitivo, seu modo de aprender e de entrar em uma relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos. A criança, por meio da brincadeira, reproduz o discurso externo e o internaliza, construindo seu próprio pensamento. No brincar, quanto mais papéis a criança representa, mais amplia sua expressividade, entendida como uma totalidade. A partir do brincar, ela constrói os conhecimentos pelos papéis que representa, expandindo a sua capacidade linguística, além do amoldamento afetivo e emocional que atinge na representação desses papéis. A brincadeira permite que a criança expresse suas emoções, e assim o professor passa a ter maior conhecimento da sua personalidade, ajudando-o a superar seus limites e a respeitar as regras com disciplina. Dessa forma, o brincar não significa apenas recrear, mas sim desenvolver-se integralmente. Através do brincar a criança pode desenvolver áreas da personalidade como afetividade, motricidade, inteligência, criatividade além de capacidades importantes como atenção, memória, a imitação e a imaginação. A presença da brincadeira na escola ultrapassa o ensino de conteúdos de forma lúdica, dando aos alunos a oportunidade de aprender sem perceber que o estão. O brincar estimula a inteligência porque faz com que o indivíduo solte sua imaginação e desenvolva a criatividade, possibilitando o exercício da concentração, da atenção e do engajamento, proporcionando, assim, desafios e motivação. As atividades lúdicas da criança permitem uma transposição do real para a fantasia, possibilitando à criança lidar com o medo dos perigos internos e externos. Por fim, através das brincadeiras e dos jogos, a criança aprende a disputar, cooperar, acatar as normas e viver socialmente. Quando a criança brinca com seus colegas ela não está simplesmente brincando, está desenvolvendo várias aptidões cognitivas e sociais. Logo, a maior aprendizagem está na oportunidade oferecida à criança de aplicar algo da atividade lúdica dirigida a alguma outra situação. O brincar é, portanto, o processo quanto modo: como as crianças e os adultos consideram certos objetos ou eventos indica se eles estão ou não agindo de maneira lúdica. As brincadeiras e os jogos permitem que os alunos façam da aprendizagem um processo interessante e divertido. O PAPEL DO PROFESSOR COMO MEDIADOR O lúdico é importante no desenvolvimento da criança na educação infantil, pois é através dele que a criança vem a desenvolver habilidades para a aprendizagem acontecer. É papel do professor estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças, disponibilizando objetos, fantasias, brinquedos ou jogos e possibilitando espaço e tempo para brincar. Proporcionar conhecimento através de atividades como jogos e brincadeiras pode auxiliar a/o educando/a, para que a mesma obtenha melhor desempenho em sua aprendizagem. Torna-se muitas as vantagens de transmitir o conhecimento ludicamente e, dentre elas, podemos citar: a melhoria da capacidade cognitiva do/a educando/a, a potencialização da sua capacidade psicomotora, bem como, da sua capacidade de relacionar-se com seus colegas. O papel do professor é essencial e fundamental nesse processo, ele deve ser mediador e não um mero transmissor de normas e valores a serem inculcados na criança: através do brincar a criança pode desenvolver hábitos e atitudes tendo o professor como mediador. É essencial que o professor não confunda o lúdico com “passatempo”. O professor deve utilizar as atividades criativo-lúdicas como suporte do desenvolvimento e da aprendizagem, por meio de seus procedimentos, e, nesta circunstância, criar situações e propor problemas, assumindo sua condição de parceiro na interação e sua corresponsabilidade no desenvolvimento cognitivo, psicomotor e psicossocial do aluno. Nesse contexto, ao utilizar jogos e brincadeiras como recurso pedagógico o professor, deve planejar a sua aplicação, para que possa desfiar seu aluno e abrir sua mente para descoberta, além de sistematizar o conhecimento que foi construído, permitindo que o jogo não seja visto apenas como diversão ou para motivar sua aula expositiva, mas como algo que estimule o aprendizado. Carvalho (1992, p.14) afirma que: [...] desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante. Dessa maneira professor se torna peça fundamental nesse processo, pois, educar não é apenas repassar informações ou apenas mostrar um caminho, mas é algo muito mais amplo é ajudar ela a tomar consciência de si mesmo, e da sociedade. É mostrar várias formas ou ferramentas para que eles possam escolher seus caminhos. Até que os mesmos escolham um caminho compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar. Nessa perspectiva, segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 30): O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. Segundo Vygotsky (1998), o professor pode utilizar jogos, brincadeiras, histórias e outros, para que de maneira lúdica a criança seja desafiada a pensar e resolver situações problemas, dessa maneira ela imita e recrie regras usadas pelo adulto. Jogos e brincadeiras podem ser utilizados como uma estratégia para que haja o ensino e a aprendizagem. De acordo com Kishimoto (2002), o jogo e a brincadeira são considerados uma atividade com valor educacional, a utilização de tal no ambiente escolar traz muitas vantagens, no processo de ensino aprendizagem, a criança através do jogo tem um impulso natural e é um grande motivador, pois usando jogos e brincadeiras o/a educador/a através do prazer realiza a atividade e consegue atingir o objetivo da mesma, com o jogo e a brincadeira o/a educando/a cria alguns esquemas mentais, e estimula o pensamento, o tempo e espaço, assim integra várias dimensões da personalidade tais como, afetividade, socialização, coordenação motora e cognitiva. E Antunes (2004 p.31) diz: (...) no ato de brincar que toda criança se apropria da realidade imediata, atribuindo-lhe significado. Em outras palavras, jamais se brinca sem aprender e, caso insista em ima separação, esta serie de organizar o que se busca ensinar, escolhendo brincadeiras adequadas para que melhor se aprende. Segundo Kishimoto (2002), o educando que brinca sempre, acaba se esquecendo sua fadiga física e isso certamente fara com que torna-se homem determinado, capaz de auto sacrifício para a promoção do seu bem e de outros. Pois o brincar é essencial, por que ela revela-se de diversas formas buscando maneiras, objetos, movimentos, atividades que irá trabalhar diversas habilidades. Todavia, a função real do professor é exercer o papel mediador, e que também está relacionado diretamente à ideia da construção do conhecimento, como orientador do planejamento pedagógico. É relevante que o mesmo organize e estruture o espaço de forma a estimular na criança a necessidade de brincar. Portanto, o professor deve ter uma formação adequada, e este deve dá importância a temática do lúdico em seu processo de formação, haja vista o seu papel ser fundamental dentro do processo lúdico. O educador, por meio do lúdico pode agir como mediador e iniciador da aprendizagem, e garantir um desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social dos educandos de forma mais dinâmica e criativa. CONCLUSÃO Esta pesquisa bibliográfica abordou a contribuição do lúdico para a aprendizagem e o desenvolvimento da criança na educação infantil, enfocando o papel das brincadeiras e dos jogos nesse processo. Percebemos por meio dela que brincar, jogar, divertir-se na sala de aula constituem atividades estimulantes tanto para o aluno quanto para o professor. Para o professor, não basta dominar as teorias e decidir-se por trabalhar com jogos. É necessário deixar-se ir junto com a brincadeira, aprender e perceber as diferentes nuances do aprendizado de uma turma. As atividades lúdicas, são relevantes no desenvolvimento infantil, bem como sua função no processo educativo; para que esse processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma prazerosa, os professores devem estar cientes de seu papel nessa fase de construção de conhecimento das crianças. Os educadores, devem se preparar para trabalhar com o criar, pois a criatividade deve ser vista como um elo dinâmico e contínuo. Nessa perspectiva, o docente não deve ver a criança como receptora passiva de estímulos, mas como uma pessoa capaz de ação, que interaja, crie e recrie possibilidades e novas aprendizagens. Neste sentido, espera-se que esse estudo contribua para a prática pedagógica, tendo em vista, que esses profissionais ampliem sua consciência da importância do jogo e da brincadeira para o desenvolvimento e aprendizagem da criança na educação infantil. Sendo assim é necessário que o professor sempre planeje as situações de suas atividades lúdicas, delimitando o tempo para essa brincadeira, oferecendo deste modo um brincar de qualidade. Portanto, cabe ao professor priorizar o lúdico em sua prática pedagógica, valorizando a liberdade de aprender pelo mecanismo mais simples e mais eficiente: a brincadeira. Para atingir esse objetivo, ele deve conscientizar-se de que necessita realizar estudos e pesquisas sobre temas relativos à aprendizagem, buscar e testar novas estratégias de ensino que atendam adequadamente à necessidade de formação do aluno. A contribuição do lúdico vai além, pois é capaz de criar a possibilidade da criança interagir com o mundo de forma desafiadora. É um estimulo natural, afinal, parte da necessidade da criança. Ao mesmo tempo em que ela obtém prazer ao satisfazer essa necessidade, consegue aprender, descobrir, investigar, criar estratégias, buscar soluções. REFERÊNCIAL TEÓRICO ALMEIDA, A. 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Título do Evento
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA NA CONTEMPORANEIDADE
Título dos Anais do Evento
Anais Educação e Formação Continuada na Contemporaneidade
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

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AGUIAR, MARIA DAMIANA FERREIRA; BANDEIRA, MÔNICA RÉGIA. O LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL.. In: Anais Educação e Formação Continuada na Contemporaneidade. Anais...Natal(RN) Evento on-line - Amplamente Cursos, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/Amplamentecursos/236180-O-LUDICO-NO-DESENVOLVIMENTO-DAS-CRIANCAS-NA-EDUCACAO-INFANTIL. Acesso em: 25/04/2025

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