EDUCAÇÃO FÍSICA: O EFEITO DO TREINAMENTO E ALONGAMENTO POSTURAL

Publicado em 04/02/2020 - ISBN: 978-85-5722-415-5

Título do Trabalho
EDUCAÇÃO FÍSICA: O EFEITO DO TREINAMENTO E ALONGAMENTO POSTURAL
Autores
  • Francijânio Soares de Souza
Modalidade
Artigo Científico
Área temática
Educação
Data de Publicação
04/02/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/amplamentecursos/237736-educacao-fisica--o-efeito-do-treinamento-e-alongamento-postural
ISBN
978-85-5722-415-5
Palavras-Chave
EDUCAÇÃO FÍSICA, TREINAMENTO, POSTURA.
Resumo
1. INTRODUÇÃO Entre 2005 e 2015, a proporção de idosos de 60 anos ou mais, na população do País, passou de 9,8% para 14,3%. Os dados são do estudo “Síntese de Indicadores Sociais (SIS): uma análise das condições de vida da população brasileira 2016”. A pesquisa, que tem como base informações do IBGE e de outras fontes, como os Ministérios da Educação, da Saúde e do Trabalho, trata sobre a realidade social do País, analisando os temas: aspectos demográficos, famílias e arranjos, grupos populacionais específicos (crianças e adolescentes, jovens e idosos), educação, trabalho, padrão de vida e distribuição de renda e domicílios. (IBGE, 2017) Um dos problemas mais comuns que afeta a população idosa é a alta frequência de quedas, sendo que um terço das pessoas com 65 anos ou mais cai ao menos uma vez ao ano e a metade desses casos é recorrente, essa proporção aumenta com pessoas com mais de 70 anos, algumas vezes resultando em fraturas e eventos fatais. A queda é a principal causa de internação hospitalar na população com 60 anos e mais e de acordo com o Censo de 2000 foram responsáveis por 56,1% do total de internações em ambos os sexos (BUSHATSKY, 2017). Segundo Faria (2003) “com o envelhecimento, ocorrem mudanças na forma de ativação e contração muscular, havendo um aumento na incidência da ativação muscular das extremidades proximais para as distais, assim como da concentração de grupos musculares antagonistas durante situações em que há uma perturbação do centro de massa, um aumento da oscilação postural estática e do número de passos necessários para recuperar a estabilidade após um desequilíbrio”. Deste modo, sugere-se que o treinamento físico, melhorando os níveis de força, contribui para uma melhor qualidade da ativação muscular, influenciando positivamente o equilíbrio. A diminuição de força muscular na população idosa parece ser o principal fator responsável pelas suas quedas. Além disso, com o envelhecimento ocorre um declínio mais relevantes fibras de contração rápida, as quais estão mais associadas à prevenção de quedas em razão da necessidade de resposta em curto tempo após um desequilíbrio. Com isso, verifica-se a importância da força em membros inferiores na diminuição da propensão de quedas (STURNIEKS, 2008 P. 78). Outro estudo com achados semelhantes foi o de Streit (2011), no qual o objetivo era avaliar a relação entre a ocorrência de quedas e as aptidões físicas de idosos praticantes de ginástica. Como conclusão, o trabalho evidencia que o risco de que das é maior no grupo com pior classificação de força de membros inferiores, quando comparado aquele com melhor classificação. É importante ressaltar que, nesse estudo, o teste utilizado para mensurar a força de membros inferiores foi o mesmo utilizado no trabalho aqui apresentado (STREIT, 2011, p. 52) Albino também reforça essa ideia no seu estudo sobre a influência do treinamento de força muscular e de flexibilidade articular sobre o equilíbrio corporal em idosas. Sua amostra era composta por 22 mulheres, de 60 a 75 anos. Sete sujeitos participaram do programa de força. O equilíbrio foi avaliado pela escala de Berg, antes e após o programa. Constatando que após o treinamento de força o equilíbrio se mostrou significativamente maior. É interessante ressaltar que o protocolo utilizado para a avaliação não é o mesmo do atual estudo; entretanto, encontraram-se resultados semelhantes (ALBINO, 2012, p. 25) Dito isso, fica evidente a importância de analisar os efeitos de exercício forçado e alongamentos com pessoas idosas. O tema é de suma relevância, serve para orientar a pratica profissional cotidiana e despertar a curiosidade em ampliar os estudos buscando novas técnicas e estratégias para trabalhar a parte física na pessoa idosa. 2. ALTERAÇÕES DO EQUILIBRIO CORPORAL NO ENVELHECIMENTO O aumento da população idosa em números absolutos é um fenômeno mundial e está ocorrendo em grande escala (KALACHE, 1987; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000; PAPALÉO NETTO & PONTE, 1996). Frente a isto, busca-se a melhoria na qualidade de vida, o que se torna um grande desafio que exige um maior entendimento do envelhecimento e das condições de saúde nesta fase da vida (BALDONI; PERREIRA, 2011). Com o passar do tempo, o corpo pode sofrer mudanças na postura, que transformam a qualidade de vida dos idosos. A qualidade de vida na terceira idade deve considerar diversos fatores, tais como: bem-estar físico e psicológico, nível de independência, relações sociais, ambiente de trabalho e lazer, entre outros (KOPILER, 1997). De modo geral, envelhecer com qualidade significa compreender as limitações que acompanham a idade. Junto com o envelhecimento começam a surgir uma série de limitações, como: redução da frequência cardíaca máxima, redução das capacidades cognitivas, redução da funcionalidade, perda da massa muscular e alterações posturais visíveis (KOPILER, 1997). Ainda, um dos maiores desafios enfrentados pelos idosos, diariamente, é a cultura da sociedade que costuma desvalorizar e limitar estas pessoas. Porém, apesar das progressivas limitações físicas e posturais que possam ocorrer, é possível trazer de volta a normalidade em relação a sua postura e qualidade de vida (IMAGAMA; 2014). De fato, alguns estudos (IMAGAMA, 2014; DIAB, 2006; BURKE 2009) já relatam a atividade física como uma das maiores contribuições para ganho de força muscular, amplitude de movimento, percepção corporal e melhora dos reflexos. Diante disso, especula-se que essas características presentes na atividade física possam auxiliar na prevenção das alterações da coluna ao longo do envelhecimento. 2.1 Fisiologia do equilíbrio O equilíbrio corporal é um processo automático e inconsciente que possibilita ao indivíduo resistir às influências de desestabilização da gravidade e se mover livremente no meio ambiente. A manutenção do equilíbrio do corpo humano no espaço é uma tarefa complexa resultado da integração das informações aferentes dos órgãos que constituem o sistema de equilíbrio sob coordenação do cerebelo. Esse sistema de equilíbrio compreende o sistema vestibular, o visual e o somato-sensorial. Não existe nenhum sistema sensorial específico para a posição do centro de massa, dessa forma são os três mecanismos de entradas sensoriais que fornecem as informações necessárias (BUSHATSKY, 2017). Tais sistemas sofrem modificações com o processo de envelhecimento podendo produzir diminuição das respostas dos centros controladores da postura. Da mesma maneira, os músculos efetores podem não ter a capacidade de responder eficientemente às alterações do equilíbrio corpóreo. O tempo de reação e o tempo de movimento são variáveis importantes para reajustar o equilíbrio corporal. Ambos declinam com o avançar da idade, em especial após a terceira década de vida, aumentando significativamente o risco de ocorrência de quedas (BUSHATSKY, 2017). Vários aspectos contribuem para a perda, total ou parcial, do equilíbrio e controle corporal tais como: alterações no sistema vestibular, diminuição das reações neuromotoras de equilíbrio e de contração muscular, diminuição da força muscular, diminuição da coordenação motora, alterações visuo-espaciais, alteração da propriocepção com a diminuição da sensibilidade tátil pela atrofia dos receptores, perdas das fibras proprioceptivas e diminuição dos reflexos tendíneos, alterações auditivas, alterações cognitivas, depressão e medicação, entre outros fatores (BUSHATSKY, 2017). Quando as informações originadas nesses órgãos são conflitantes, aparece a tontura, ou seja, a sensação de alteração do equilíbrio corporal. A tontura é queixa comum entre os idosos e pode ser definida como sensação de desequilíbrio, movimento, rotação, oscilação ou inclinação. Também são sintomas que cursam com desequilíbrio, a vertigem (sensação na qual o indivíduo sente o ambiente rodando em relação a ele ou ele em relação ao ambiente), a hipotensão ortostática ou tontura postural (sensação de vazio na cabeça ou sensação de quase desmaio) entre outras (BUSHATSKY, 2017). A sensação de movimento intermitente e imprevisível ou desagradavelmente constante, presente na tontura crônica, pode levar à imperiosa restrição de atividades e, consequentemente, ao isolamento, à dificuldade de contato com outras pessoas e com o meio ambiente. Sensações fugazes de desvanecimento ou desfalecimento são frequentes, além de desequilíbrio à marcha e quedas. Devido às inter-relações entre o sistema vestibular e diversas áreas do sistema nervoso central, o indivíduo com tontura habitualmente relata dificuldade de concentração mental, perda de memória e fadiga. A insegurança física leva à insegurança psíquica, irritabilidade, perda de autoconfiança, ansiedade, depressão ou pânico (BUSHATSKY, 2017). 2.2 Distúrbio do equilíbrio em idoso De acordo com Weineck (1991), o equilíbrio, por exemplo, depende da integração de uma série de sistemas do corpo, que sofrem alterações com o avanço da idade, resultando em implicações diretas nas várias formas de locomoção e no controle postural dessa população. A literatura apresenta que reduções na performance das capacidades do idoso representa um processo natural do envelhecimento, devido às alterações serem muitas vezes atribuídas ao processo patológico (PAES, 2005). Matsudo, Matsudo e Barros Neto (2000), dizem que, as quedas são as consequências mais perigosas do equilíbrio e da dificuldade de locomoção. Uns dos principais problemas clínicos do idoso são referentes à alta incidência de quedas que eles sofrem. A “queda” é explicada por Padoin, Gonçalves, Comaru e Silva (2010, pág. 159) como: “Quedas podem ser definidas como o deslocamento não-intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial com incapacidade de correção em tempo hábil, determinado por circunstâncias multifatoriais comprometendo a estabilidade.” De acordo com Maciel e Guerra (2005), o controle do equilíbrio requer a manutenção do centro de gravidade sobre a base de sustentação durante situações estáticas e dinâmicas. Este processo ocorre de forma eficaz pela ação, principalmente pelos sistemas visual, vestibular e somato-sensorial. Esses sistemas são alterados com o envelhecimento, e várias etapas do controle postural podem ser anuladas, diminuindo a capacidade compensatória do sistema, levando a um aumento de instabilidade. Equilíbrio é a capacidade de controlar a estabilidade. Existe o equilíbrio estático e o dinâmico, o estático é quando um corpo fica totalmente imóvel; o dinâmico são corpos que estão em movimento, com todas as forças atuantes resultando em forças inércias iguais e dirigidas em sentidos opostos. Então o estático não há sequer uma força agindo no corpo, e no dinâmico, forças iguais agem uma contra a outra resultando em um estado de equilíbrio (HALL, 2005). Abreu e Caldas (2008), complementam que, para um indivíduo manter sua postura tem um conjunto de processos, pelo qual o sistema nervoso central comanda, os músculos são necessários para regular a relação entre o centro de massa corporal e a base de sustentação. Para Wieczorek (1997), equilíbrio é um termo ambíguo que descreve a habilidade de mover ou manter o corpo numa postura da forma em que haja distribuição de peso, de modo que não ocorra uma queda. Segundo Cruz, Barreto, Fronza, Jung, Krewer, Rocha e Silveira (2010), para o corpo manter o equilíbrio ele depende do sistema nervoso central e envolve tônus muscular afetivo, percepção visual e espacial, que se adapte rapidamente a flexibilidade articular, alterações e força muscular além do corpo depender dos sistemas perceptivos: o visual, o proprioceptivo e o vestibular. A autora Paes (2005), explica cada um deles, sendo o visual importante em transmitir a posição do corpo no espaço, no planejamento da locomoção e até mesmo fornecendo a referência de objetos posicionados verticalmente ou horizontalmente. Apesar de a visão ser importante para o equilíbrio, qualquer ser humano é capaz de manter equilíbrio no escuro ou com os olhos vendados. Já o vestibular é sensível a dois tipos de informações: as alterações rápidas na direção do movimento da cabeça e a posição da cabeça no espaço. Esse sistema também é uma fonte muito importante para o controle postural. E o sistema somatosensorial, (ou proprioceptivo) é um conjunto de sensores que detectam a velocidade e posição de todos os segmentos corporais. Wiczorek (2003), acrescenta ainda que o sistema responsável por produzir as atividades neurais necessárias para ativar os músculos antigravitacionais e o tônus muscular é o sistema neuromuscular, o qual contribui para o controle do equilíbrio, através da coordenação das forças efetivas da posição do corpo no espaço. Essas atividades neurais podem produzir reflexos e movimentos voluntários. Para um indivíduo conseguir andar, que é um movimento comumente executado pelos seres humanos, é necessário o controle do sistema nervoso que regula a relação espaço temporal entre a posição e o movimento mantendo o equilíbrio corporal (CRUZ, BARRETO, FRONZA, JUNG, KREWER, ROCHA e SILVEIRA, 2010). O organismo humano passa por um processo natural do envelhecimento, favorecendo o aparecimento de doenças e diminuindo a vitalidade, sendo mais prevalentes as doenças ósseas, diabetes, cardio vasculares e as alterações sensoriais. O desequilíbrio é um dos principais fatores que limitam hoje a vida do idoso. Não pode ser atribuída uma causa especifica em 80% dos casos, mas sim um comprometimento do sistema de equilíbrio corporal (RUWER, ROSSI e SIMON, 2005). Agora que sabemos quais os fatores determinantes pelo equilíbrio, podemos entender porque o idoso perde esse equilibro. Pois quando envelhecemos o nosso sistema é alterado, ocorre um decréscimo na velocidade de condução das informações, bem como no processamento de respostas (CRUZ, OLIVEIRA e MELO, 2009). Pessoas acima de 60 anos apresentam uma instabilidade postural que aumenta o risco de quedas, que ficarão marcadas para toda a vida do idoso afirmam (PADOIN, GOLÇALVES, COMARU e SILVA, 2010). Para Pedrinelli, Garces-Leme e Nobre (2009), o envelhecimento está ligeiramente ligado à perda da massa muscular e inicia aos 30 anos, porém fica mais acentuada aos 50 anos, mesmo em atletas. Já entre 65 e 84 anos ocorre uma diminuição da força isométrica muscular e uma perda maior da potência muscular, devido à diminuição das fibras tipo II (fibras de contração rápida). Os tendões também sofrem alterações, nos idosos, eles se tornam mais rígidos, assim ocorre um maior risco de ruptura. Os autores Gomes, Cintra, Diogo, Néri, Guariento e Sousa (2009), avaliaram 72 pessoas, acima de 60 anos de idade, com o intuito de verificarem as quedas sofridas por eles relacionando a algumas variáveis e chegando a conclusão que os idosos que já haviam sofrido quedas apresentavam pior nível de desempenho físico, menos força muscular, além de outros fatores relacionados. Verificou-se também que os idosos que sofreram queda em um ano, sofreram novamente no ano seguinte. As quedas causam não só problemas físicos, mas também psicológicos sociais entre outros. Em estudo realizado por Siqueira, Facchini, Piccini, Tomasi, Thumé, Silveira, Vieira e Hallal (2007), com uma amostra de 4.003 idosos com mais de 65 anos, mostrou que a prevalência de quedas entre idosos foi de, 34,4% e destes 12,1% tiveram fratura como consequência. As principais consequências associadas a este estudo foram idade avançada, com auto percepção de saúde ruim, sedentarismo, e maior número de medicamentos referidos para o uso contínuo. Com isso, verifica-se que o idoso sofre com a perda do processo de equilíbrio, já que seu corpo responde lentamente e já não há uma força muscular para controlar os movimentos, ele quando se encontra em uma situação que deve realizar um movimento repentino, com reflexos rápidos, o seu corpo não atende a todos os comandos a tempo de evitar uma queda, por isso os relatos de quedas em idosos são tão frequentes (CRUZ, OLIVEIRA e MELO, 2010). Assim também afirma a autora Paes (2005), que junto ao processo de envelhecimento há mudanças substanciais no sistema nervoso, de processar informações e ativar os músculos. Por haver essas mudanças o idoso não capta, não processa e não transmite as informações tão rapidamente como os jovens, resultando em movimentos mais lentos e em tempos de reação aumentados. Com o processo de reação mais lento e a redução na força muscular o idoso tem uma predisposição a quedas, então deve ser indicado a eles exercícios físicos de fortalecimento (PADOIN, GONÇALVES, COMARU e SILVA, 2010). Padoin, Gonçalves, Comaru e Silva (2010), publicaram uma pesquisa comparativa feita com grupos de idosos acima de 60 anos de idade praticantes ou não praticantes de exercícios físicos regulares e mostraram diferenças, estatisticamente significativas entre esses dois grupos, os não praticantes apresentaram uma menor mobilidade funcional, maiores déficits no equilíbrio alterações na marcha, ressaltando que práticas de exercícios resultam em um envelhecimento mais saudável, pois aprimoram a força muscular, a flexibilidade, a capacidade aeróbica e o equilíbrio, significando que a prática de atividade física só tem a melhorar a qualidade de vida da população geriátrica. Autores descrevem o que o exercício físico proporciona para o idoso: “Efeitos do exercício físico, como maior longevidade, prevenção do declínio cognitivo, manutenção da capacidade funcional, redução de quedas e incidência de fraturas e melhora da autoestima. Exercícios físicos de qualquer tipo aumentam o contato social, reduzem depressão e melhoram o humor, mas esses resultados estão especialmente ligados ao treino de força muscular com intensidade leve a moderada”. (PADOIN, GONÇALVES, COMARU e SILVA, 2010, pág. 163). Cheik, Reis, Heredia, Ventura, Tufik, Antunes e Mello (2003), explicam que se o idoso praticar exercício físico regular não irá inibir totalmente as mudanças em seu organismo, mas vai retardar o processo de declínio dessas funções que são observadas com o envelhecimento. O exercício promove melhoria na força muscular, na capacidade respiratória, no tempo de reação, na reserva cardíaca, na cognição, na memória recente e nas habilidades sociais. Mas é importante que os exercícios físicos sejam executados de forma preventiva, ou seja, antes da doença apresentar suas manifestações clinicas. Já o estudo de Predinelli, Garcez-Leme e Nobre (2009), contrapõe, dizendo que o treinamento físico tem influências positivas em relação à massa e a força muscular, porém a potência muscular no idoso é muito mais importante que a força muscular, pois com uma melhor potência muscular tem-se uma melhor qualidade de vida e independência. Estudos indicam que os exercícios de fortalecimento para o idoso devem ser de alta intensidade. Um fortalecimento de baixa intensidade aumenta a força muscular, porém não auxilia diretamente na melhora na saúde do idoso. Exercícios mais funcionais auxiliam na melhora no equilíbrio corporal do idoso. 3. EXERCICIO FISICO E ESCOLIOSE A velhice é uma etapa natural da vida, e mais que isso, envelhecer é um direito personalíssimo do ser humano e a sua proteção um direito social, ou seja, são direitos adquiridos a partir do nascimento, independentemente e são inalienáveis, como é estabelecido no art. 8º do Estatuto do Idoso. Podemos dizer então, que envelhecer é um direito que não há como recusá-lo, pois é um procedimento em que todos estão suscetíveis a passar, a menos que a morte impeça este destino. No decorrer da nossa evolução, o homem se transformou em um ser intelectual e sedentário, uma vez comparado ao homem da Idade da Pedra cujas necessidades de alimentação e sobrevivência, o fazia praticar regularmente a atividade física. Em um período de cem anos diminuiu a cota de energia despendida através da atividade física de noventa por cento para um por cento. Essa queda brusca da atividade física não permaneceu sem consequências para o organismo humano. Uma variedade de doenças conhecidas como doenças hipocinéticas representam uma expressão típica para um estilo de vida unilateral, pobre em movimento e com comportamento passivo durante o tempo livre (televisão, computador, etc). (WEINNECK, 2003, p. 36-37). O estilo de vida ativo contribui significativamente para a integridade física, mental e social do indivíduo. A adoção de hábitos saudáveis tais como a prática regular de exercícios físicos, alimentação adequada, sono bem distribuído, controle de peso e uso moderado de álcool ou cigarros; são comportamentos ímpares à manutenção e promoção da qualidade de vida (RAIOL; RAIOL, 2010). Segundo Allsen, Harrison e Vance (2001, p. 8): (...) em um estudo de cinco anos e meio conduzido pela School of Public Health da UCLA, em Alameda Country no norte da Califórnia (EUA), indica que algumas práticas de saúde básica são encontradas entre pessoas que vivem mais tempo e de maneira mais saudável; e as pessoas que não realizam essas práticas sofrem de doenças degenerativas mais cedo (...). O exercício físico traz benefícios à maior parte dos componentes estruturais e funcionais do sistema musculoesquelético, aumentando a capacidade funcional e consequentemente, melhorando a qualidade de vida. Boa parte do declínio da capacidade funcional relacionado à idade deve-se mais à atividade física insuficiente do que propriamente a idade (RAIOL; RAIOL, 2010). Neste contexto que se fundamenta a necessidade da detecção e intervenção precoce nas alterações da coluna vertebral. Sabe-se que o diagnóstico tardio pode implicar o aparecimento de graves complicações estruturais, funcionais, estéticas e psicológicas. Por isso mesmo, a prevenção e o tratamento fisioterápico desenvolvido de forma sistemática e adequado, ou seja, um treinamento muscular periodizado e organizado nos casos de escoliose, hipercifose e má postura trazem resultados benéficos para a maioria dos indivíduos (SOMAZZ; TEODORI; CORTELLAZI, 2000). Ao longo dos anos, alternativas de tratamento para a escoliose têm sido propostas. A intervenção cirúrgica, o uso de aparelhos externos e a execução de exercícios físicos são medidas terapêuticas (ARAÚJO et al., 2010). O objetivo do tratamento é proporcionar o portador de escoliose idiopática o equilíbrio e a estabilidade da coluna. Em uma pequena escoliose, diagnosticada precocemente, queremos alcançar com o tratamento a prevenção da evolução da deformidade. Já nos casos mais avançados, os objetivos são a correção da curvatura lateral e da deformidade rotatória ao mais alto grau possível, e a manutenção da correção conseguida pelo restante do tempo possível (ALLSEN; HARRISON; VANCE, 2001). A ação profilática ou corretiva da escoliose possui como terminologia a conservadora versus cirúrgica e cabe a nós apenas elucidar o tratamento conservador através de exercícios, entretanto sabemos que somente o exercício não evitará a progressão de uma coluna escoliótica, nem o exercício isolado corrigirão qualquer escoliose existente (CAILLIET, 1987). Apesar do fato de que somente o exercício não evitará a progressão de uma curvatura escoliótica, nem que este corrigirá uma curvatura de escoliose já instalada; os exercícios têm valor porque melhoram a postura, aumentam a flexibilidade e melhoram o tônus em geral, tanto muscular quanto ligamentoso. O exercício também tem valor psicológico, porque aumenta o sentimento de auto-estima do homem (CAILLET, 1979). A utilização de exercícios para profilaxia e conservação da escoliose se faz necessária ao longo da vida. Nos casos em que as deformidades da coluna não forem causadas por doenças nos ossos (ex: osteoporose) ou deformações nas vértebras, é provável que o tratamento deva conduzir a coluna à posição normal e, através de exercícios terapêuticos, desenvolver a musculatura interessada para mantê-la na posição corrigida como afirma Somazz, Teodori e Cortellazi (2000). A recondução da coluna para sua posição normal poderá ser feita facilmente com o emprego de uma força de tração do lado convexo da escoliose. A utilização da tração aumenta os espaços entre as vértebras e, além disso, reduz a curvatura nos pontos críticos. A aplicação de tração na coluna é uma forma engenhosa para promover seu endireitamento sem que seja necessário manusear vértebras e discos. A literatura relata vários recursos fisioterapêuticos que têm sido utilizados para melhorar a escoliose: método Schort, estimulação elétrica dos músculos, reorganização tônica, reeducação postural global (RPG), iso-stretcheing e os exercícios físicos (SOMAZZ; TEODORI; CORTELLAZI, 2000). Esses exercícios físicos devem ser Resistidos (Musculação, Pilates ou hidroginástica), Coordenativos (Mat Pilates, Yoga ou Funcionais) e de alongamentos para propiciar ao praticante aumento da força muscular, estabilidade articular, coordenação intramuscular e descompressão das estruturas (RAIOL; RAIOL, 2010, ARAÚJO et al., 2010, FLECK; KRAEMER, 2006). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer do presente Trabalho de Conclusão de Curso, buscou-se a partir da fundamentação teórica revisada na presente pesquisa, conclui-se que o exercício físico se apresenta como meio bastante eficaz na ação profilática e coadjuvante no tratamento da escoliose. Uma vez que o maior determinante causador das escolioses idiopáticas são os desequilíbrios musculares, os exercícios físicos que reforçam a musculatura fraca da curvatura são de ordem primordial para evitar o agravamento da deformidade e para manutenção de uma boa postura, entendida como equilíbrio entre as partes do corpo, com o mínimo de exigência de esforço muscular estabilizador. O programa de exercícios físicos direcionado ao indivíduo escoliótico deve conter Exercícios Resistidos, Coordenativos e de alongamento melhorando assim a força muscular, a estabilidade articular, a coordenação intramuscular e descomprimindo as estruturas que causam dor. Estes fatores aliados a hábitos posturais saudáveis, tratamentos fisioterápicos e medicamentosos, contribuem para que não haja agravamento dos desvios posturais e, ainda com identificação e reconhecimento precoce da escoliose existente, evitam o desenvolvimento à deformidade para um maior grau propiciando uma melhor qualidade de vida para o indivíduo, em especial as pessoas idosas. REFERÊNCIAS ABREU, S.S.E, CALDAS, S.P. Velocidade de marcha, equilíbrio e idade: um estudo correlacional entre idosas praticantes e idosas não praticantes de um programa de exercícios terapêuticos. Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 12, n. 4, p. 324-30, jul./ago. 2008. ALBINO ILR, Freitas CL, Teixeira AR, Gonçalves AK, Santos AMPV, Bós AJG. Influência do treinamento de força muscular e de flexibilidade articular sobre o equilíbrio corporal em idosas. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2012;15(1):17-25 ALLSEN, P.; HARRISON, J.; VANCE, B. Exercício e qualidade de vida: uma abordagem personalizada. 6ª Ed. 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Título do Evento
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA NA CONTEMPORANEIDADE
Título dos Anais do Evento
Anais Educação e Formação Continuada na Contemporaneidade
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SOUZA, Francijânio Soares de. EDUCAÇÃO FÍSICA: O EFEITO DO TREINAMENTO E ALONGAMENTO POSTURAL.. In: Anais Educação e Formação Continuada na Contemporaneidade. Anais...Natal(RN) Evento on-line - Amplamente Cursos, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/Amplamentecursos/237736-EDUCACAO-FISICA--O-EFEITO-DO-TREINAMENTO-E-ALONGAMENTO-POSTURAL. Acesso em: 26/04/2025

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