ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PARTO: O USO DA MANOBRA DE KRISTELLER UMA REVISAO INTEGRATIVA

Publicado em 08/05/2018 - ISSN: 2595-3834

Título do Trabalho
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PARTO: O USO DA MANOBRA DE KRISTELLER UMA REVISAO INTEGRATIVA
Autores
  • Jéssica Ferreira
  • Amanda Costa
Modalidade
Tema Livre
Área temática
Prêmio Maria Antonieta Rubio Tyrrel (melhor trabalho apresentado na forma de e-pôster)
Data de Publicação
08/05/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cobeon/62744-assistencia-de-enfermagem-ao-parto--o-uso-da-manobra-de-kristeller-uma-revisao-integrativa
ISSN
2595-3834
Palavras-Chave
Traumas, Violência, Assistência de Enfermagem.
Resumo
A gestação que deveria ser um momento único e tranquilo vem se tornando alvo de agressões físicas e verbais, gerando uma grande falta de respeito sobre as decisões tomadas pelas parturientes. A violência abrange gritos, procedimento doloroso sem permissão, falta de sensibilidade à dor e até mesmo negligência. Com isso, é comum casos de abuso a presença de insulto, descaso e maus tratos vividos por gestantes, podendo ocorrer em qualquer fase da gestação, no entanto é mais comum que aconteça na hora do parto, exatamente pelo fato de as parturientes estarem se sentindo mais frágeis e vulneráveis a tal fato. A Manobra de Kristeller, considerada uma violência obstétrica, consiste na aplicação de pressão na parte superior do útero com o objetivo de facilitar a saída do bebê. Ela é realizada juntando-se as duas mãos no fundo do útero, sobre a parede abdominal, com os polegares voltados para frente, tracionando-se o fundo do útero em direção à pelve, no exato momento em que ocorre uma contração uterina durante o parto natural. A referida manobra é reconhecida atualmente como danosa à saúde e, ao mesmo tempo, ineficaz, causando à parturiente dor e um possível trauma. A Lei Orgânica sobre o Direito das Mulheres a uma Vida Livre da Violência, promulgada em 2007 na Venezuela, caracteriza a violência obstétrica como invasão nos processos reprodutivos e no próprio corpo da mulher pelos profissionais da área da saúde, lembrando um ato desumano, sendo por abuso de medicação ou por transformar os processos naturais em doença, tirando a liberdade delas em optar espontaneamente, sobre seu corpo e sexualidade, trazendo à tona um impacto negativo na qualidade de vida. A violência institucional ocorre nos três períodos da gravidez, parto, puerpério e em situação de abortamento. Depois que acontece a violência obstétrica muitas vezes as mulheres vítimas criam um bloqueio dentro de si, fazendo com que fique mais difícil vencer e dominar o trauma. Existem evidências de que situações como depressão pós-parto vem aumentando, podendo ser decorrente dessa violência. A Organização Mundial de Saúde (OMS) sugere que um Enfermeiro Obstetra participe do parto por ser um processo natural, levando em conta todo o conceito de cuidar e somente usar a intervenção quando necessária. A presente investigação é uma revisão integrativa que teve como objetivo avaliar as evidências sobre a prática do uso da manobra de Kristeller realizada por enfermeiros (as) ser uma violência obstétrica causando malefícios a parturiente e ao bebê. Para a elaboração desta revisão as seguintes etapas foram realizadas: estabelecimento da hipótese e objetivos da revisão integrativa, estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão de artigos, definição das informações a serem extraídas dos artigos selecionados, análise dos resultados, discussão e apresentação dos resultados e a última etapa consistiu na apresentação da revisão. Para a seleção dos artigos foi utilizada a base de dados SCIELO (Scientific Eletronic Library Online). Os critérios de inclusão dos artigos inseridos foram: artigos publicados em português com os resumos e texto completos disponíveis na base de dados selecionada, no período compreendido entre 2012–2017, que abordassem diretamente a temática pesquisada. Os critérios de exclusão foram artigos que ultrapassassem o período pré-estabelecido, revisões integrativas de literatura, revisões bibliográficas, dissertações, e artigos que não condiziam com o objetivo proposto deste estudo. A busca foi realizada pelo acesso on-line e, utilizando os critérios de inclusão, a amostra final desta revisão integrativa foi constituída por 08 artigos. Para o entendimento dos artigos selecionados foi elaborado um quadro sinóptico, especialmente construído para esta finalidade, com as seguintes características consideradas pertinentes: classificação; nome da pesquisa; nome dos autores; intervenção estudada; resultados; conclusões. Dentre os artigos incluídos na revisão integrativa, três são de autoria de enfermeiros, um é de uma bióloga, um é de estudantes da área da saúde e em três não foi possível identificar a categoria profissional de seus autores. Os artigos avaliados foram desenvolvidos em instituições de saúde, instituições hospitalares, maternidades e maternidade escola. Quanto ao tipo de delineamento de pesquisa dos artigos avaliados, evidenciou-se, na amostra: dois relatos de experiência, um estudo prospectivo, um estudo transversal, um estudo qualitativo, um estudo descritivo e um debate. Após análise dos artigos incluídos na revisão, foi constatado que a Manobra de Kristeller é considerada, pelos profissionais de saúde e pelas mulheres submetidas a ela, como uma violência obstétrica, onde não se encontrou benefícios para tal prática. Um dos pontos observados nos resultados, foi o desrespeito ao tempo da mulher no processo do parto, apressando desnecessariamente o nascimento da criança, utilizando as práticas de violências obstétricas entre elas a Manobra de Kristeller, lembrando que a violência obstétrica não tem seu inicio durante o parto e sim na atenção primária, onde as mulheres muitas vezes não são instruídas quanto à promoção de cuidados adequados para a realização de um parto natural e, por esta razão, não se encontram preparadas para o mesmo. É necessária uma nova abordagem que incentive o empoderamento da mulher e do acompanhante, melhorando a prática clínica dos profissionais, estando presente um profissional que cuide também do estado emocional dessa gestante, usando técnicas que proporcionem o alívio da dor, trazendo bem-estar para a mesma. Os estudos apontaram que a violência obstétrica ainda é significativamente observada nos centros obstétricos, e a manobra de Kristeller não deixou de ser praticada mesmo após não ser evidenciado beneficios da prática. A realidade dos centros obstétricos ainda está bem longe do preconizado pelo Ministério da saúde que incentiva a assistência humanizada. Foi evidenciado que algumas intervenções ainda são muito utilizadas, entre elas a litotomia, a Manobra de Kristeller e a episiotomia. Essas intervenções fazem com que as gestantes tenham uma história reprodutiva dolorosa, com perda da integridade do tecido perineal e uterino. Existe uma urgente necessidade de mudança no atendimento, principalmente na categoria de enfermagem obstétrica, realizando uma reformulação na grade curricular para uma melhor formação dos profissionais, diferenciando-se da antiga formação médica tradicional. A Manobra de Kristeller é revelada como uma violência que pode causar lesões como, ruptura uterina e lesão do esfíncter anal, sendo considerada uma prática desnecessária até que se prove o contrário e possua segurança na sua utilização. Por esse motivo, a persistência do uso das intervenções pelos profissionais da área da saúde necessita de aperfeiçoamento. O Ministério da saúde incentiva em parceria com o Ministério da Educação a formação de enfermeiros especializados em obstetrícia, marcando um importante avanço da qualidade na assistência a mulher durante a gravidez e no parto, porém ainda é necessário que seja realizada uma maior divulgação sobre o tema, embasado nas políticas públicas de saúde. A internet vem se destacando atualmente por representar um importante meio de comunicação que pode auxiliar na divulgação de informações relevantes como, por exemplo, saber identificar uma violência obstétrica e pleitear seus direitos, expandindo assim a promoção à saúde da mulher.
Título do Evento
X COBEON - Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FERREIRA, Jéssica; COSTA, Amanda. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PARTO: O USO DA MANOBRA DE KRISTELLER UMA REVISAO INTEGRATIVA.. In: Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal. Anais...Campo Grande(MS) CCARGC, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/cobeon/62744-ASSISTENCIA-DE-ENFERMAGEM-AO-PARTO--O-USO-DA-MANOBRA-DE-KRISTELLER-UMA-REVISAO-INTEGRATIVA. Acesso em: 27/04/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes