ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA (EHI) EM UMA MATERNIDADE DE REFERÊNCIA ESTADUAL

Publicado em 08/05/2018 - ISSN: 2595-3834

Título do Trabalho
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA (EHI) EM UMA MATERNIDADE DE REFERÊNCIA ESTADUAL
Autores
  • Maria Eliane Martins Oliveira da Rocha
  • Amanda Karoliny Meneses Resende Fortes
  • Rosimeire Muniz de Araújo
  • Ravena de Sousa Alencar Ferreira
Modalidade
Comunicação Coordenada
Área temática
Avanços no processo de formação e produção científica da Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Data de Publicação
08/05/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cobeon/63336-assistencia-de-enfermagem-na-encefalopatia-hipoxico-isquemica-(ehi)-em-uma-maternidade-de-referencia-estadual
ISSN
2595-3834
Palavras-Chave
Assistência de enfermagem, encefalopatia hipóxico-isquêmica, neonatal.
Resumo
INTRODUÇÃO: A encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) é uma síndrome grave, causando importantes disfunções neurológicas, alterações do estado de consciência, tônus musculares, ritmo respiratório, dificuldade de alimentação e capaz até de originar quadros convulsivos em recém-nascidos (RN) a termo e prematuro. A situação clínica da EHI resulta em elevada mortalidade perinatal, atingindo um percentual entre 50% a 75% dos casos, ainda no primeiro mês de evolução. Aqueles que sobrevivem à lesão inicial podem apresentar retardo mental, paralisia cerebral e epilepsia. A assistência de enfermagem pode contribuir para a busca de estratégias terapêuticas eficazes na modificação do panorama atual, pois através dessa assistência é possível reconhecer precocemente o paciente com hipóxia perinatal, com base em sinais clínicos, mesmo diante de um relato obstétrico pobre. Para isso, é de fundamental importância clínica a utilização da escala de classificação dos estágios da EHI, desenvolvida por Sarnat & Sarnat (1996), que fornece subsídios para o reconhecimento dos riscos de convulsão, estado de malepilético, hiper-reflexia, hipotonia e necessidade de terapia intensiva. Assim, um exame clínico acurado oferece respostas confiáveis e de baixo custo a esses bebês, vítimas de insulto isquêmico. Em relação à terapêutica os cuidados devem ser cautelosamente realizados pelo enfermeiro. Deve-se priorizar a manutenção das vias aéreas, ventilação, circulação e a pressão arterial, detecção de convulsões e observar os sinais de hipertensão intracraniana, para trata-los rapidamente. Atualmente, acredita-se que não só o suporte de terapia intensiva neonatal, como os aspectos de correção respiratória, distúrbios metabólicos e hemodinâmicos, e uso de anticonvulsivantes são importantes, mas, também, o efeito sabidamente neuroprotetor da hipotermia terapêutica, em torno de 3-4º C abaixo da temperatura corpórea, promove o aumento da sobrevivência sem sequelas neurológicas, com menor morbimortalidade. Diante da problemática abordada, esse estudo tem como problema da pesquisa: Como é a assistência de enfermagem na EHI em uma maternidade de referência em Teresina? Essa pesquisa justifica-se pelo desvendar das práxis e cuidados durante a assistência de enfermagem ao recém-nascido com EHI. OBJETIVO: Analisar a assistência de enfermagem na EHI em uma maternidade de referência em Teresina-PI, bem como confrontar a teoria com a prática e assim, conhecer os fatores que dificultam essa assistência. MÉTODOS: Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva com abordagem qualitativa, desenvolvida em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) de uma maternidade de referência da cidade de Teresina-PI, Brasil. Participaram da pesquisa 12 profissionais de enfermagem que trabalham na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) da maternidade de referência estadual. A coleta de dados foi realizada de setembro de 2016 a março de 2017. Para a seleção dos participantes foram considerados os seguintes critérios de inclusão: ser enfermeiro efetivo que trabalham há um ano ou mais nesta maternidade e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram excluídos aqueles que durante o período da coleta, encontravam-se de licença maternidade, médica ou de férias. Como instrumento de pesquisa foram realizadas entrevistas previamente estruturadas, contendo perguntas abertas e fechadas, que possibilitaram caracterizar a população estudada quanto ao sexo, idade e experiência do profissional. Além disso contemplou, um formulário específicos com questões que exploraram a assistência de enfermagem na EHI. As entrevistas foram gravadas em aparelho MP3 e posteriormente transcritas na íntegra. A cada participante foi apresentado o objetivo do estudo, seu caráter acadêmico e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), assim como o direito ao anonimato e desistência em qualquer fase da pesquisa. Os dados foram organizados em categorias temáticas por similaridade das temáticas convergentes. Foram respeitados os aspectos éticos descritos na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos, essa pesquisa só foi iniciada após devida aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) por meio do cadastro do projeto na Plataforma Brasil e devida autorização da Fundação Municipal de Saúde (FMS), sendo aprovado com parecer nº 1.677.107 e CAAE: 58433816.9.0000.5209. Quanto ao anonimato das participantes, utilizou-se a letra “A” e a numeração sequencial para suas especificações. A presente pesquisa não trouxe riscos, uma vez que foi garantido o anonimato dos participantes. Ressalta-se que trouxe como benefício a gama de conhecimentos para o aprimoramento da assistência de enfermagem na EH e assim, contribuindo para a redução da morbimortalidade perinatal e para o incentivo de novos estudos nessa temática. RESULTADOS: Foram entrevistados 12 participantes, sendo a maioria do sexo feminino. A idade variou entre 23 e 48 anos, o tempo de formação dos profissionais foi de 1 a 23 anos e a experiência dentro da UTIN se concentrou entre 1 e 11 anos. Na analise das falas e conteúdo apresentado foi possível identificar duas categorias temáticas predominantes. Na primeira: Assistência de enfermagem ao RN com EHI, que aborda a importância de o profissional enfermeiro ter conhecimento das indicações, das técnicas terapêuticas, além da escolha e utilização de material adequado para a realização das intervenções no RN com EHI1. Nessa perspectiva, os bebês que nascem com um evento hipoxico-isquêmico perinatal requerem um atendimento abrangente, a fim de detectar desde cedo se irá precisar da hipotermia terapêutica, bem como o controle de fatores agravantes de dano cerebral nas primeiras 6 horas de vida2. Conforme apresentado nas falas citadas: “o que a gente sabe, que está na literatura seria essa conduta neuroprotetora em situação de manter esse recém-nascido a termo em hipotermia”(A9). Além disso, há outros cuidados como: “Agora a gente está adotando aqui a neuroproteção que são os bebês pequenos com menos de 28 semanas que a gente põe umas placas com manuseio mínimo, 96 horas de manuseio mínimo”(A8). “Atenção a Monitorização dos sinais vitais, verificação da temperatura, hidratação, condições da pele, administração de medicamentos, administração da dieta, cuidados com a troca de fraudas, coleta de exames, acompanhamento dos pais na assistência ao recém-nascido, dentre outros. [...] O bebê que tem EHI geralmente é um bebê grave que está com instabilidade dos sinais vitais, [...] ele vai estar usando drogas vasoativas, [...] o principal (cuidado) é monitorização dos sinais vitais”(A6). Devido ao fato de ser RN potencialmente grave, podem ser necessários diversos procedimentos invasivos, conforme descrito: “[...] um acesso periférico enquanto se faz um cateter umbilical, se não tiver contraindicação ou até mesmo um PIC ou [...] uma dissecção venosa para justamente administrar as medicações que o médico vai prescrever [...]”(A3). Com isso destaca-se a importância da avaliação da dor: “a dor, ela é subestimada, você acha que por que ele não expressa a dor, ele não sente dor. E se você não tomar algumas medidas isso, futuramente vai repercutir no desenvolvimento cognitivo, ainda mais em um bebê que tem encefalopatia. Por que a dor ele pode aumentar ainda mais essa hipóxia nele, poderá levar a crises convulsivas uma atrás da outra por conta da dor, então tudo isso tem que ser avaliado nele”(A14). Atualmente, o principal cuidado específico descrito na literatura é a hipotermia terapêutica agregada aos demais cuidados importantes como monitoramento das crises convulsivas, manuseio mínimo, analise da dor. Assim, prestar um cuidado ao RN com EHI significa ir além da rotina adotada para os cuidados básicos essenciais para garantir a qualidade de vida desses pacientes. Envolve compreender a problemática da síndrome, compartilhar junto a equipe interprofissional das medidas terapêuticas ideais. Na segunda categoria: Dificuldades na assistência ao RN com EHI, mostra informações acerca dos fatores que interferem nessa assistência: “Primeira dificuldade realmente é a falta de conhecimento (de) que aquela criança tem aquele diagnóstico. Outra questão é a falta de conhecimento dos profissionais, sobre os cuidados específicos da doença, tanto os profissionais de nível superior como os de nível médio. [...] E falta de (um) protocolo adequado para ser seguido com esse tipo de diagnóstico. ”(A5). A EHI é uma doença complexa, que exige um aprofundamento do assunto para prestar um cuidado com excelência. Além disso, são muitos os fatores que interferem nessa assistência, que vai desde as próprias condições clínicas do RN, a disponibilização da história do pré-natal, parto e nascimento para subsidiar uma abordagem correta, até a disponibilização dos recursos materiais e humanos adequados pelo serviço de saúde: “(a falta da) história do pré-natal, falta de alguns materiais, como (os) oximetros que estão defeituosos, e as vezes devido as próprias condições clínicas do RN.”(A6). “NA maternidade quando nasce um bebê com esses problemas a gente precisa de um neuro, o neurologista tem que estar presente aqui [...] se o neuro não está (disponível) no momento em que a gente está precisando [...] a gente termina ligando para outros hospitais e transportando esse bebe ou na ambulância da casa dependendo da situação do neném ou até mesmo suporte avançado que seria o SAMU [...]”(A10). Diante disso, outro agravante a ser considerado nessa situação é o fato de que os estudos de Carreras e colaboradores (2017) no qual o risco de intercorrências durante o transporte é maior em recém-nascidos com EHI grave e naqueles com acidose mais grave ao nascimento. Os eventos adversos mais comuns durante o transporte estão relacionados a deterioração fisiológica e sangramento do tubo endotraqueal. Assim esses neonatos asfixiados exigem maior vigilância clínica durante o transporte3. CONCLUSÃO: Considera-se que analisar a assistência de enfermagem ao recém-nascido com EHI é uma tarefa complexa, uma vez que é um bebê potencialmente grave e que requer cuidados especializados, pois, além dos cuidados já pré-definidos aos recém-nascidos, ele necessita da equipe multiprofissional para oferecer-lhe, muitas vezes, uma gama de procedimentos e no um ambiente confortável e adequado para atender a demanda relacionada a patologia e aos problemas futuros, assim, infere-se que a EHI é um problema que exige uma atenção global, uma vez que esse processo da doença requer grandes mudanças em estilos de vida e modo de viver das pessoas em médio e longo prazo, assim um dos pontos fundamentais é a atenção à família e o preparo para a alta do RN da UTIN, a partir da inferência e cuidado centrado na família. A abordagem qualitativa do estudo trouxe o diferencial para que se possa compreender o olhar do profissional enfermeiro, acerca da assistência ao RN com EHI. A enfermagem é a peça chave e primordial para um cuidado padrão-ouro. Realizar o presente estudo em uma instituição de referência estadual, demonstrou que ainda há muito a ser melhorado nessa assistência, e especialmente quanto ao conhecimento a serem compartilhados pela equipe, demonstrando a necessidade de capacitação de profissionais para aprimorar a assistência prestada. Acrescenta-se que são poucos os estudos na literatura sobre a EHI, e a abordagem qualitativa não foi encontrada em nenhum deles. Espera-se que a metodologia empregada e os resultados alcançados sirvam de base para novas pesquisas nessa área e desse modo contribua para a redução da morbimortalidade associada à doença. CONTRIBUIÇÕES ENFERMAGEM OBSTÉTRICAE NEONATAL: A EHI possui sua etiologia ainda inespecífica, mas estudos tem demonstrado inúmeros fatores associados aos eventos pré, intra e pós-parto, que podem estar relacionados com problemas intrauterinos, maternos, placentários ou do próprio feto. O conhecimento da população de risco é um dos fatores determinantes para conduta perinatal adequada e sua prevenção4,5. Dessa forma, a assistência de enfermagem inicia desde o pré-natal com a identificação precoce dos fatores de risco de hipóxia fetal intra-uterina e intervenções imediatas diante de alterações de perfusão tissular uteroplacentária e/ou cerebral. Durante o período perinatal é de suma importância uma avaliação criteriosa do estado fisiológico materno e fetal para a manutenção da homeostase, avaliando a perfusão tissular, as trocas gasosas e o reconhecimento dos riscos multissistêmicos das lesões asfíxicas. Ressalta-se que quanto mais precoce for o diagnóstico e a intervenção em alterações que possam levar às sequelas neurológicas, menor será o impacto no futuro4. No contexto da assistência hospitalar ressalta-se que a presente pesquisa demonstra a importância de uma assistência de qualidade desde o pré-natal para subsidiar o manejo do RN dentro da UTIN; porém na UTIN observou-se que há necessidade de um protocolo de assistência multiprofissional, realizado a partir de cuidados de enfermagem baseados em evidencias, de uso da hipotermia terapêutica e outros cuidados citados pelos enfermeiros, para que consequentemente se possa prestar uma assistência de qualidade e com diminuição das sequelas.
Título do Evento
X COBEON - Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ROCHA, Maria Eliane Martins Oliveira da et al.. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA (EHI) EM UMA MATERNIDADE DE REFERÊNCIA ESTADUAL.. In: Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal. Anais...Campo Grande(MS) CCARGC, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/cobeon/63336-ASSISTENCIA-DE-ENFERMAGEM-NA-ENCEFALOPATIA-HIPOXICO-ISQUEMICA-(EHI)-EM-UMA-MATERNIDADE-DE-REFERENCIA-ESTADUAL. Acesso em: 25/04/2025

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