DIÁLOGOS ENTRE SCHADENFREUDE E GESTALT-TERAPIA: A SENSAÇÃO DE PRAZER ANTE O DANO ALHEIO

Publicado em 30/12/2020 - ISBN: 978-65-5941-071-2

Título do Trabalho
DIÁLOGOS ENTRE SCHADENFREUDE E GESTALT-TERAPIA: A SENSAÇÃO DE PRAZER ANTE O DANO ALHEIO
Autores
  • Jakson Gomes Yamashita
  • Jeferson Renato Montreozol
Modalidade
Comunicação oral (Resumo expandido)
Área temática
Psicologia
Data de Publicação
30/12/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2020/257963-dialogos-entre-schadenfreude-e-gestalt-terapia--a-sensacao-de-prazer-ante-o-dano-alheio
ISBN
978-65-5941-071-2
Palavras-Chave
Schadenfreude; prazer; dano; gestalt-terapia; autorregulação.
Resumo
As relações sociais são marcadas por emoções que nem sempre possuem espaços de aprovação na sociedade. Muitas são encaradas como prejudiciais à interação social, mesmo se apresentando como naturais, na medida em que desde os tempos mais remotos é verificada sua presença como elemento integrante de processos psicológicos que envolvem as sensações humanas, dentre elas, a Schadenfreude, que se trata de uma expressão alemã que combinou duas palavras para sua formação, a saber, “schaden” que significa dano e “freude” que exprime alegria. Tal vocábulo não possui tradução para o português, contudo, pode ser entendida como uma sensação de prazer ante o dano alheio ou uma satisfação diante do infortúnio de outrem. Muitos associam Schadenfreude ao sadismo, contudo, observa-se que a alegria pelo infortúnio do outro não necessariamente manifesta uma maldade ou más intenções. Aliás, não há qualquer participação direta do indivíduo no dano ocorrido ou para que ele se perpetue, estando o fenômeno do Schadenfreude relacionado a elementos inter e intrapsíquicos que diz respeito ao modo como o indivíduo percebe o mundo e a si mesmo. A emoção retro mencionada merece ser discutida no âmbito acadêmico, uma vez que seus estudos, ainda, são escassos e os motivos pelos quais se desenvolve permanecem desconhecidos, de forma que o presente trabalho busca apontá-los, sugerindo como hipóteses para sua ocorrência os seguintes elementos: a) alívio: estar consciente de que o dano ocorreu exclusivamente com terceira pessoa, em certa medida, retira o peso de estar envolvido com algo que não lhe agrada, podendo surgir a partir disto uma porção de prazer; b) inveja: desejar o que pertence ao outro pode ser ação suficiente para sentir-se bem pelo mal estar alheio; c) autoestima baixa: ter uma percepção negativa de si mesmo traz a probabilidade de obter confiança diante do prejuízo experimentado pelo outro; d) vingança: as consequências más que recaem sobre o outro que praticou ações consideradas injustas, oportunizam sensações de bem estar àquele posto como testemunha do ocorrido; e) rivalidade: as divergências de pensamentos entre duas ou mais pessoas torna provável o surgimento do prazer quando uma perspectiva se confirma em detrimento da outra. Assim, saber qual função cumpre esta sensação na relações inter e intrapsicológicas também envolve o presente trabalho e, para tanto, relaciona-se tal temática com a abordagem psicológica de que trata a Gestalt-Terapia. Este trabalho possui sua estrutura metodológica organizada na forma de pesquisa bibliográfica. Entende-se que este tipo de pesquisa é de suma importância para se conhecer e analisar as principais contribuições teóricas a respeito de temas ou assuntos que foram e estão sendo discutidos. Vale destacar que este processo é o que nutre de forma considerável a produção de conhecimento, tanto em sentido amplo, como também, de assuntos específicos que ora precisam ser revisitados. Para fundamentar o trabalho foram eleitos autores clássicos como Aristóteles (2002), Schopenhauer (2004) e Nietzsche (2005), paralelamente a autores contemporâneos como, por exemplo, Andrade; Almeida (2018), Beck (2018), Cerqueira; Cunha; Almeida; Andrade (2018), Cikara; Bruneau; Saxe (2011), Lim; Yang (2015), Ramos-Oliveira; Oliveira (2018), Pereira (2009), entre outros. Para tanto, a revisão literária baseou-se em bancos de dados científicos online com artigos, dissertações e teses, a saber, BDTD – Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações e Plataforma Scielo, bem como livros acadêmicos. Com base no objetivo deste estudo, essa foi a modalidade de pesquisa mais adequada, a bibliográfica de literatura integrativa, haja vista a apresentação das abordagens teóricas de estudos que trataram de analisar a emoção Schadenfreude, no que diz respeito ao seu conceito, aos motivos de seu evento e a sua relação inter e intra psicológicas com quem é por si afetado. Desse modo, após análise dos conteúdos referidos, passou-se a realizar sua integração no intuito de alcançar os objetivos propostos por este trabalho. Nisto, chegou-se ao resultado de que o fenômeno aqui tratado ocorre para que haja a autorregulação do organismo do indivíduo. Tal conclusão surge decorrente da relação da Gestalt-Terapia com a teoria organísmica, o que torna possível levar o consulente (indivíduo responsável por si a luz da abordagem da Gestalt-Terapia) refletir, compreender e lidar com a emoção da Schadenfreude. Na combinação da teoria organísmica e todo o processo de entendimento da Gestalt-Terapia, em contexto de aplicabilidade, encontram-se possibilidades para consolidar o resultado do trabalho, ou seja, a Schadenfreude ocorre como processo de autorregulação do organismo frente alguma situação, levando o indivíduo a passar pelo fenômeno para que em busca, mesmo que de forma simples, ele consiga compreender ou mesmo apenas perceber a função (hipóteses: alívio, inveja, autoestima baixa, vingança e rivalidade) que esta emoção tem para si e qual a relação de todo esse processo para com o mundo. Isso quer dizer que se torna possível ao sujeito disposto na terapia (consulente) compreender especificidades, como, por exemplo, a função de ele se sentir daquela forma, do como, do para quê, de qual consciência possui no momento presente, entre outras circunstâncias, o que leva à integração do indivíduo com suas polaridades e características singulares, permitindo a percepção tanto da totalidade, quanto das partes menores que contemplam este todo. E claro, compreendendo todo o processo de autorregulação do organismo diante do frenesi que é a vida e do processo sutil ou truculento que é ser humano. Todo o processo destacado deste trabalho buscou alternativas e meios pautados dentro de um arcabouço científico para entender como o objeto de pesquisa, a Schadenfreude, está diretamente ligada as questões emocionais do indivíduo, e que de certa maneira, vem se arrastando desde os primórdios da humanidade. Para tal, salienta-se, ainda que, a Schadenfreude, pode ser compreendida tanto pelo terapeuta, como também, e merece ser principalmente, pelo consulente, levando em consideração a autorregulação do seu organismo, em busca do equilíbrio. Por mais que, o fenômeno tenha em torno dele questões problemáticas como, por exemplo, a hipocrisia, ou a moralidade, algo que pode chegar a tocar na ética, a Schadenfreude é em sua totalidade um fenômeno complexo e cheio de emaranhados, os quais merecem ser estudados profundamente. Neste sentido, a proposta deste trabalho é contribuir para que se tenham mais e mais pesquisas para se entender as especificidades desta emoção, para que em outras etapas, como, por exemplo, pesquisas em seções terapêuticas, se consiga dar passos adiante no que diz respeito a profundidade de conhecimento a respeito da Schadenfreude. A intenção é promover de igual modo um estímulo para que tal tema continue a ser alvo de todos aqueles que questionam em algum nível a natureza humana e seus aspectos desconhecidos. Referências: ANDRADE, V.; ALMEIDA, S. Schadenfreude e Estereótipos: prazer no desprazer dos outgroups. In: Anais da 15ª Jornada UNIFACS de Iniciação Científica - JUIC Universidade Salvador – UNIFACS – 05 a 09 de novembro de 2018 ISSN 2237-3055. Disponível em: <https://www.unifacs.br/wp-content/uploads/2018/11/ECS_Psicologia_Vanessa-Andrade.pdf> Acesso em 20 Out. 2019. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução, estudo bibliográfico e notas Edson Bini. Bauru: Edipro, 2002. BECK, M. P. Schadenfreude: o enquadramento da rivalidade no agendamento da dor do outro. 163 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) – Escola de Comunicação, Artes e Design – FAMECOS, Pontifícia Universidade Católica Do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018. CARDELLA, Beatriz Helena Paranhos. 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Título do Evento
CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

YAMASHITA, Jakson Gomes; MONTREOZOL, Jeferson Renato. DIÁLOGOS ENTRE SCHADENFREUDE E GESTALT-TERAPIA: A SENSAÇÃO DE PRAZER ANTE O DANO ALHEIO.. In: Anais do CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital. Anais...Campo Grande(MS) UNIGRAN Capital, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2020/257963-DIALOGOS-ENTRE-SCHADENFREUDE-E-GESTALT-TERAPIA--A-SENSACAO-DE-PRAZER-ANTE-O-DANO-ALHEIO. Acesso em: 26/04/2025

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