A BUSCA PELO CONFORTO AMBIENTAL EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL

Publicado em 30/12/2020 - ISBN: 978-65-5941-071-2

Título do Trabalho
A BUSCA PELO CONFORTO AMBIENTAL EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL
Autores
  • Ana Carla Fiirst dos Santos Porto
  • Patrice K S Pereira
Modalidade
Comunicação oral (Resumo expandido)
Área temática
Design de Interiores
Data de Publicação
30/12/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2020/270138-a-busca-pelo-conforto-ambiental-em-habitacoes-de-interesse-social
ISBN
978-65-5941-071-2
Palavras-Chave
Casa. Lar. Habitações sociais. Conforto Ambiental.
Resumo
Introdução O projeto de design de interiores de uma habitação visa buscar soluções de mobiliário e equipamentos que melhor flexibilizem o aproveitamento máximo do espaço doméstico. É preciso criatividade para o aproveitamento adequado dos espaços, seguindo-se recomendações sobre distâncias mínimas a serem praticadas em habitações de interesse social, que proporcionem áreas mínimas livres para a circulação, conforme anexo G da NBR 15575-1/2013 e os princípios da ergonomia, buscando-se o conforto ambiental. O dimensionamento e o adequado posicionamento espacial do mobiliário têm importância no conforto ambiental e no uso funcional dos ambientes de uma residência, assim como o respeito à identidade e o gostos dos usuários quanto à escolha de materiais, cores, formas, estilo, uso de móveis e objetos que tragam um pouco de suas histórias e vivências. Em momentos particulares como este de pandemia, os lares tomam um sentido de segurança e vida ainda maior, seja sozinho, entre amigos e familiares que cohabitam o mesmo espaço domiciliar. Objetivo Este resumo tem como proposta a análise da planta e projeto de design de interiores em conformidade com o anexo G da NBR 15575-1/2013, para uma família de 4 pessoas, sendo formada por um casal e seus dois filhos de 10 e 8 anos, menina e menino respectivamente. O homem de 38 anos, trabalhador na área de construção civil, a mulher, 34 anos, auxilia nos serviços domésticos da residência de um casal de idosos há mais de 15 anos, e faz faxinas em outras casas, a fim de juntar economias para arrumar a casa própria. Este será o primeiro imóvel do casal, até então moravam de aluguel, ganharam alguns móveis e eletrodomésticos ao longo do relacionamento e adquiriram outros. Metodologia Pesquisa qualitativa, com revisão bibliográfica, passando por termos chave do estudo em questão, baseando-se no método dedutivo, partindo do geral para o particular, com intuito de finalizar com um projeto de design de interiores de acordo com a proposta. Discussão e resultados A casa como objeto arquitetônico, caracterizado pela área construída com tijolos, ferro e cimento, é destinada ao abrigo de seres humanos; transforma-se em um lar, após a sua ocupação e decoração, refletindo o modo de vida de seus ocupantes, representando suas realidades diárias com suas características e personalidade, de acordo com Cianciardi (2017). O lar é o espaço que reflete a construção de valores e princípios, abrigo para momentos de dor e cansaço, para onde se vai para refazer as energias, onde se alimenta de afeto e encontra o conforto do acolhimento, o apoio nas lutas, onde se plantam os sonhos e que se colhem com amor. O conforto ambiental é percebido de maneira diferente entre os moradores de uma casa, dependendo da adequação de cada ambiente, das condições físicas do espaço e das condições psicológicas dos usuários. Nas habitações de interesse social, visto que seus usuários não dispõem de recursos financeiros para a contratação de profissionais para o projeto e decoração de suas residências, a composição dos ambientes é feita de maneira autônoma e autodidata, onde os moradores trazem seu estilo, cores, mobiliário e objetos de decoração com o intuito de fazer um ambiente melhor para viver de maneira confortável, representar a sua cultura e identidade local, como uma forma de registrar a sua história com seus anseios e vitórias. Conforme pontua Porto (2019), a escolha de cada mobiliário ou objeto decorativo representa o enfrentar de seus limites, sua busca de crescimento econômico, o fortalecimento da relação entre os indivíduos, promovendo sua inclusão social e empoderamento, como peças de um quebra-cabeças a ser decodificado. O design de interiores aplicado a ambientação de cada cômodo da residência, busca trazer a satisfação dos indivíduos dentro do seu espaço com qualidades ergonômicas, boas condições acústicas, térmicas e visuais, permitindo realizar atividades habituais, de lazer ou trabalho, trazendo a otimização do espaço a ser projetado de maneira sustentável, através de ideias e soluções práticas e criativas, com a utilização de objetos e móveis multiuso, conforme a necessidade de seus usuários, integrando conforto, elegância e funcionalidade (PORTO, 2019). Para tanto, o design de interiores segue princípios que o regem como equilíbrio, ritmo, harmonia, unidade, escala e proporção, contraste, ênfase e variedade, aliados à sustentabilidade (GURGEL, 2011). O dimensionamento e o adequado posicionamento espacial do mobiliário têm importância no conforto ambiental e no uso funcional dos ambientes de uma residência. Para Souza (2012), nas Habitações de interesse social, a quantidade de espaço disponível, afeta a flexibilidade de uso do ambiente. Segundo Reis e Lay (2002), nas construções residenciais que apresentam áreas maiores o rearranjo do mobiliário tende a ser mais fácil, ambientes cujas profundidades sejam maiores que o dobro das larguras podem ser divididos em duas ou mais áreas de uso, sendo assim melhor aproveitados. A adequada disposição do mobiliário está também correlacionada ao comprimento das paredes e localização das portas e janelas, mesmo em ambientes mais amplos. As dimensões do mobiliário e dos equipamentos são informações técnicas essenciais para a concepção e a análise de projetos de interiores em construções habitacionais (PEDRO et al, 2012). Da década de 1990 para cá, houve grandes transformações quanto ao design e às dimensões dos eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos utilizados em uma residência. Alguns ganharam novos usos e outros foram abolidos, além das formas de financiamento que proporcionaram a aquisição por muitas famílias. Com a oferta de habitações de interesse social que apresentam metragens reduzidas, associada aos perfis familiares, ao valor da construção e reforma para algumas melhorias e o custo para a aquisição de mobiliário, torna-se mais complexo projetar e executar ambientes com os elementos do design de interiores e de ergonomia, com a finalidade de promover o conforto ambiental nessas habitações. Todavia, a escolha e dimensões de mobiliário adequados são determinantes para a ergonomia destas residências, proporcionando espaços livres para circulação no ambiente,entre um ambiente e outro, facilitando o acesso de entrada e saída, com conforto e segurança. O conforto ambiental em uma habitação também se traduz pela observância de determinadas condições como: insolação, ventilação e arejamento, temperatura e umidade, iluminação, proteção acústica e visual, dimensões mínimas permitidas de cada espaço ou cômodo, conforme as normas da NBR 15575 e 15220 . O anexo G NBR 15575-1/2013, conforme lembra SANTOS et al (2002), apresenta algumas sugestões com tamanho e distâncias mínimas dos mobiliários para a organização dos cômodos, para que as dimensões sejam compatíveis com as necessidades humanas. A NBR 15220 (ABNT, 2003) traz as informações necessárias quanto ao desempenho térmico das edificações, bem como as especificidades do assunto, visando o conforto ambiental das edificações quanto ao emprego de materiais, técnicas de construção e as necessidades dos usuários. Outro fator que poderá promover conforto térmico, é a utilização de vegetação na área externa, que servirá para momentos de lazer, rodas de tereré e modas de viola comuns no estado de Mato Grosso do Sul, além de proporcionar área de descanso, embaixo de locais sombreados. O chamado “telhado verde”, utilizado na cobertura das construções, consiste em mais um recurso com a utilização de vegetação na parte externa que poderá trazer conforto térmico e acústico. O uso de vegetação na parte interna da moradia propicia também conforto ambiental. Além disso, o tipo de revestimento das paredes, o piso utilizado, a cobertura da edificação, e diversos itens de decoração, como tapetes e cortinas, promovem o conforto acústico. Cada ambiente de uma casa deve ter dimensões apropriadas para garantir bem- estar e conforto aos moradores. Além de analisarmos o tamanho e formato de cada cômodo de uma habitação, devemos também verificar o número e posicionamento de aberturas de portas e janelas, as áreas de circulação em cada ambiente, o mobiliário e os equipamentos necessários ao desenvolvimento das funções domésticas, números de moradores, visando sempre o melhor aproveitamento para promover o conforto e bem-estar das habitações (REIS; LAY, 2002). Entre os países há diferentes análises a respeito do assunto, por exemplo, em Portugal as exigências de espaço definidas diferem nas Habitações de Interesse Social quando comparada com as construídas no Brasil. As Habitações de Interesse Social no Brasil apresentam metade da área bruta estabelecida para uma habitação com o mesmo número de quartos construída em Portugal, conforme os estudos apresentados na Jornada LNEC sobre os temas Engenharia para a Sociedade, Investigação e Inovação, Cidades e Desenvolvimento, que aconteceu em 2012 em Lisboa (PEDRO et al, 2012). Essas diferenças de áreas brutas construídas embasam-se nas diferentes realidades de cada país. No Brasil o elevado déficit habitacional; as condições de insalubridade e a renda familiar da população mais carente; assim como a necessidade de construir um grande volume habitações de interesse social em prazos menores, a opção política de vender ou locar habitações fortemente subsidiadas, levaram a redução das dimensões da habitação destinada à população de baixa renda, comprometendo o desempenho exigido pela NBR 15575-1 para estas edificações, conforme pensamento de Reis e Lay (2002), Santos et al ( 2016), Souza, (2012). Reis e Lay (2002), verificaram que o aumento no número de moradores não implicou no grau de satisfação com a dimensão dos ambientes de suas casas, assim como a satisfação com a moradia está relacionada quanto à adequada disposição e função do mobiliário, revelando o potencial das habitações de interesse social responder satisfatoriamente ou não aos seus moradores. Considerações Parciais O Design de Interiores aplicado ao planejamento, projeto e execução dos espaços de uma habitação de interesse social, podem responder satisfatoriamente com relação a melhores condições e conforto ambiental para os moradores de uma habitação de interesse social, respeitando as conquistas e história de cada família. Referências ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15220 - Desempenho térmico de edificações - Parte 1: Definições, símbolos e unidades. Rio de Janeiro: ABNT, set., 2003. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15575-1 – Edificações Habitacionais – Desempenho. Parte 1 - Requisitos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, set., 2003. CIANCIARDI, Glaucus. O que a decoração dos lares diz sobre seus moradores? Disponível em: <https://blog.ipog.edu.br/engenharia-e-arquitetura/o- que-os-lares-dizem-sobre-seus-moradores/> Acesso em 08. junho 2020. GURGEL, Miriam. Projetando espaços: Design de Interiores. São Paulo: SENAC, 2011. PEDRO, J. Branco, BOUERI, J. Jorge, VASCONCELOS, Leonor, MONTEIRO, Mara, JERÔNIMO, Catarina Jerónimo, GOMES, SCOARIS, Rutee Rafael. Engenharia para a Sociedade, Investigação e Inovação, Cidades e Desenvolvimento. Habitação mínima e qualidade de vida. Lisboa, Junho 2012. Disponível em: ?http://jornadas2012.lnec.pt/site_2_Cidades_e_Desenvolvimento/APRESENTACOES_ POSTERS/T5_PEDRO_a042.pdf> Acesso em: 28 fev. 2020. PORTO, Ana Carla Fiirst dos Santos. O design no contexto das habitações de interesse social em Campo Grande – MS. Campo Grande, MS : 2019. 87 f. CDD: 728.698171 REIS, Antônio Tarcísio da Luz; LAY, Maria Cristina Dias. ANTAC. Associação Nacional de tecnologia do ambiente construído. Tipos arquitetônicos e dimensões dos espaços de habitação social. Ambiente construído, v. 2, n. 3, p. 7-24, jul-set 2002. Disponível em: ?https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/31646/000365984.pdf?sequence=1 >. Acesso em: 28 de fevereiro de 2020. SANTOS, Mayara Jordana Barros Oliveira; OLIVEIRA, Valéria Costa de; SPOSTO, Rosa Maria. Aplicabilidade da NBR 15575 à habitação de interesse social quanto à funcionalidade e acessibilidade das áreas privativas habitacionais. Disponível em: ?http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east- 1.amazonaws.com/designproceedings/eneac2016/AMB02-2.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2020. SOUZA, Jacqueline Emerich. O interior da habitação popular: uma análise do arranjo do mobiliário pela ótica da Ergonomia. Especialize Revista On-line. Cuiabá, Junho 2012. Disponível em:?http://ipoginfo.com.br/uploads/arquivos/a0fb6e7db9f739790da86e597e594ef2.pdf >. Acesso em: 28 fev. 2020.
Título do Evento
CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PORTO, Ana Carla Fiirst dos Santos; PEREIRA, Patrice K S. A BUSCA PELO CONFORTO AMBIENTAL EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL.. In: Anais do CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital. Anais...Campo Grande(MS) UNIGRAN Capital, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2020/270138-A-BUSCA-PELO-CONFORTO-AMBIENTAL-EM-HABITACOES-DE-INTERESSE-SOCIAL. Acesso em: 26/12/2024

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