A URGÊNCIA NOS AVANÇOS DA DISCUSSÃO DE GÊNERO E ARQUITETURA: REVISÃO INTEGRATIVA.

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
A URGÊNCIA NOS AVANÇOS DA DISCUSSÃO DE GÊNERO E ARQUITETURA: REVISÃO INTEGRATIVA.
Autores
  • Rebeca Araujo de Oliveira
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Arquitetura e Urbanismo
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/361171-a-urgencia-nos-avancos-da-discussao-de-genero-e-arquitetura--revisao-integrativa
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
Arquitetas, Mulheres, Gênero, Invisibilidade, Revisão.
Resumo
COMUNICAÇÃO ORAL (RESUMO EXPANDIDO) - ARQUITETURA E URBANISMO A URGÊNCIA NOS AVANÇOS DA DISCUSSÃO DE GÊNERO E ARQUITETURA: REVISÃO INTEGRATIVA. Rebeca Araujo de Oliveira (122.265@alunos.unigrancapital.com.br) Introdução: Os debates acerca da invisibilidade feminina na arquitetura têm sido discutidos nos últimos anos. Nota-se que recentemente a luta contra o apagamento feminino torna-se uma preocupação, e a promoção de estratégias que respondam às lacunas existentes deve ser uma prioridade. A partir disso mostra-se importante resgatar alguns dados: O censo mais recente, devido à situação pandêmica, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), realizado em março de 2019, aponta que há uma maior presença de arquitetas e urbanistas mulheres no Brasil. Hodiernamente, são 63% de profissionais em atividade, contra 37% de homens. Entretanto, mesmo com a prevalência das mulheres entre os profissionais que possuem RRTs (Registros de Responsabilidade Técnica), elas são apenas 47% quando são analisadas as RRTs de responsáveis mulheres das empresas cadastradas no CAU. Portanto, conclui-se que a maioria são profissionais que atuam de forma autônoma. Precipuamente, a hipótese desenvolvida, é de que mesmo com os índices da participação no âmbito arquitetônico, há ausência da representatividade feminina em lugares de protagonismo. A partir deste cenário, este trabalho tem seu objetivo geral pautado em discutir a urgência nos avanços da discussão de gênero e arquitetura considerando as publicações recentes que mapeiam esta jornada, realizando uma revisão integrativa sobre os dados. Objetivos: Através deste panorama, esta pesquisa tem o intuito de ampliar a compreensão da temática, utiliza-se a revisão de literatura referente aos últimos sete anos (2014-2021) nas bases de dados Google Acadêmico e Periódico Capes. Desse modo, com base na pesquisa bibliográfica, o objetivo é apresentar a revisão de literatura integrativa das pesquisas recentes no âmbito dos artigos, identificando a progressão do tema. Metodologia: Lima e Mioto (2007) refere-se a pesquisa bibliográfica como um procedimento metodológico, que possibilita a busca de soluções para seu problema de pesquisa. Roman e Friedlander (1998, p. 109) apontam a revisão de literatura do tipo integrativa como um “método que tem a finalidade de sintetizar resultados obtidos em pesquisas sobre um delimitado tema ou questão, de maneira sistemática e ordenada, com o objetivo de contribuir para o conhecimento desse tema ou questão”. Em conformidade, Kirkevold (1995) aponta que o objetivo principal da revisão integrativa de pesquisa é conectar aspectos e fatores isolados de estudos já publicados. Para isso, Cooper (1982) descreve cinco estágios de pesquisa que se apresentam essenciais na estrutura de organização de uma revisão de literatura: formulação do problema; coleta de dados; avaliação do problema; análise e interpretação; apresentação pública. A pesquisa teve como base o período de escolha dos artigos publicados nos últimos sete anos, isto é, 2014 a Maio de 2021. Optou-se pela escolha da base de dados Google Acadêmico e Periódico Capes. Acerca dos critérios de inclusão, o estudo deveria disponibilizar seu texto com acesso integral, tendo sido sua língua de origem português, considerando artigos publicados em revistas de pesquisas e trabalhos de conclusão de curso posteriormente publicados em periódicos. Já os critérios de exclusão estavam desse modo, relacionados à elaboração em língua estrangeira, texto parcial, ou duplicados. Os descritores de pesquisas estabelecidos foram: “gênero”, “arquitetas”, “invisibilidade feminina”, com ocorrência no título do artigo. Resultados: Obteve-se 31 ocorrências, distribuídas em “arquitetura” (2) google acadêmico; (15) periódicos capes, “gênero” and “arquitetas” (6) google acadêmico, (14) periódicos capes, “invisibilidade feminina” (2) google acadêmico, (1) periódico capes. Sendo alguns destes duplicados entre os termos. Os sete escolhidos comportam os anos de 2014 (1), 2015 (1), 2018 (1), 2019 (2), e 2020 (2). Discussão: A submissão da mulher é um fato que perpassa por décadas na sociedade, e é a partir do século XIX que iniciam os primeiros passos para lutas por uma sociedade mais igualitária entre os gêneros. Segundo Correal (2014), é a partir do discurso moderno ilustrado que o feminismo encontra espaço para evidenciar suas concepções políticas, mesmo que outras histórias de resistência de mulheres possam ser recordadas em diferentes momentos. As desigualdades sociais ganham especificidades quando estudadas a partir de uma perspectiva de gênero e interseccional. Ao decorrer das reivindicações históricas, é possível reconhecer os avanços nas últimas décadas. Entretanto, as mulheres continuam a enfrentar opressões, que se intensificam conforme sua raça, etnia, origem, sexualidade e classe, como entrega o relatório do Fundo de População das Nações Unidas (2017), que, em uma de suas pesquisas, reforça que as mulheres correm mais riscos de ficarem desempregadas que os homens; possuem ganhos de 23% a menos em média, estão entre a maioria dos analfabetos do mundo; e possuem maior vulnerabilidade a diversos tipos de violência. Reis (2020) no artigo “O Lugar das Arquitetas na Arquitetura Brasileira Contemporânea” aponta que a historicidade da mulher na história da arquitetura e do urbanismo é escrita pela ótica de critérios masculinos, enfoca-se no heroísmo, monumentalidade e excluem as ações de mulheres que fundamentalmente contribuíram. Nos relatos dos primeiros historiadores do século XX vê-se os “arquitetos-heróis” do período moderno. Por consequência, a historicidade arquitetônica foi contada por, sobre e para homens, à exemplo disto, em An Introduction to Modern Architecture (1940) J.M.Richards enfoca o trabalho de “Rennier Mackintosh sem Margaret MacDonald, Maxwell Fry sem Jane Drew, Charles Eames sem Ray Eames” (REIS, 2020, p. 6). Antunes (2015) em “A arquitetura nunca mais será a mesma.” faz um panorama sobre as discussões de gênero e arquitetura e aponta que não são temas iniciados recentemente mas se manifestam como temáticas recentes. “Castro (2014) analisa em “Mulheres e o Prêmio Pritzker: Estudos de Caso” que entre 1979 e 2003, os prêmios Pritzker foram destinados a homens, somente em 2004, Zaha Hadid vence, em 2010, Kazuyo Sejima é premiada em parceria com o arquiteto Ryue Nishizawa. Posterior ao estudo, em 2017, Carme Pigem é vencedora junto com seus sócios Rafael Aranda e Ramón Vilalta (RCR Arquitectes), em 2020, Yvonne Farrell e Shelley McNamara, e em 2021 Anne Lacaton junto a Jean-Philippe, totalizando 6 prêmios femininos em 43 edições. Há casos de apagamento frequentemente identificados como as histórias de Denise Scott Brown e Lu Wenyu pois exerceram a profissão de forma cooperativa com seus cônjuges. A partir da discussão de Fuentes, Pescatori e Coelho (2019) é possível notar a preocupação citada anteriormente em resgatar a historiografia de espaços que foram construídos por mulheres, em “As (Arquitetas) Mulheres que fizeram a Capital: seus projetos, suas vidas”, as autoras discutem que o movimento de construção da cidade é comumente associado ao mérito do sonho de Juscelino Kubitschek e sua arquitetura pelo Concurso Plano Piloto de 1957. Apesar da pouca representatividade feminina, ela não é nula. Muitas mulheres migraram para a Capital em busca de trabalho e estudo na Universidade de Brasília que podem ser vistas nas pautas de presença, relatos orais, filiações do IAB e os encontros comemorativos, sendo 30 arquitetas presentes nos anos de 1960/70. Em consonância, vê-se essa discussão de resgate ser ampliada em “As “Outras” do Outro”: Pioneiras Arquitetas no Nordeste Brasileiro: Migrações, Gênero e Regionalismo.” Neste artigo, Naslavsky e Valença (2019) resgatam que as arquitetas que atuaram no Nordeste brasileiro permanecem em sua maioria ausentes da arquitetura nacional, sobretudo, pelo trabalho feito na região, as autoras narram a trajetória de importantes arquitetas e suas contribuições como Edileusa da Rocha, na habitação social e atuação na SUDENE, Neide Mota de Azevedo e seu trabalho com métodos construtivos tradicionais do Nordeste e Arlete Ramos no planejamento urbano. Ochoa (2018, p. 2) em “Arquitetura no Feminino?” aborda uma alternativa que foi realizada em Portugal, a partir de “como se contrariam invisibilidades?” Para combater o apagamento das arquitetas, como também debater sobre os problemas da profissão, em 2017 criou-se a Associação Mulheres na Arquitetura, a fim de refletir, investigar, comunicar sobre a igualdade no fazer arquitetura. Elaboraram o “ciclo de Conferências “Arquitectas: Modo(s) de (r)existir”, o qual ocorreu entre Setembro de 2017 e Março de 2018 no Teatro São Luiz em Lisboa, que teve o apoio da Ordem dos Arquitectos, da Comissão para a Igualdade de Género (CIG) e da Presidência da República.” (OCHOA, 2018, p. 5) Laufer e Oldoni (2020) em “A Representatividade Feminina Brasileira na Arquitetura e Urbanismo do Século XXI” mapeia as produções femininas nas revistas Projeto Design (PD) e a AU – Arquitetura e Urbanismo. Das 200 edições analisadas da PD são: 9 sem entrevistas, 17 edições só mulheres, 7 entrevistas com dois gêneros, e 167 entrevistas só homens. AU, em 170 são: 3 sem entrevista, 22 só mulheres, 8 com dois gêneros e 137 só homens. Em ambas as revistas, das 358 entrevistas, 10,89% são de profissionais masculinos e femininos, 84,91% masculinos e 4,18% com mulheres. Laufer e Oldoni também mapearam cinco entidades que regulamentam a profissão: o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), a Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), a Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). São 578 cargos estudados, onde, entre 2001 e 2020, 62,28% dos cargos pertenceram a homens e 37,72% a mulheres. Sobre a presidência no período analisado, 91,88% são de homens e 8,12% mulheres. Conclusão: Revisitar a historiografia e reparar a invisibilidade contribui para que as mulheres sintam-se representadas. É um movimento de construção, personagens apagadas há várias. Faz-se necessário pontuar que a lógica das omissões apresenta-se como um ciclo, uma máquina, na qual repetem as ações sem questionamentos. A arquitetura é uma construção social, logo, a invisibilidade da mulher na profissão evidencia a cultura, a produção do espaço e a capacitação. Por isso, há urgência nos avanços da discussão de gênero e arquitetura, para que seja possível que o reconhecimento das contribuições de arquitetas para a história, e para o hoje, atue além da divisão sexual do trabalho, e esta possam conquistar espaços de visibilidade e reconhecimento. Pois, mesmo com o censo revelando a quantidade de arquitetas, se não houver a progressão desse reconhecimento elas se tornarão invisíveis também. Foi à realização desses estudos que ao longo dos anos, trabalharam em caminhos que possibilitaram as mulheres a atuarem na área e a agirem em busca da recuperação do legado feminino. Referências: ANTUNES, Lia. A arquitetura nunca mais será a mesma. considerações sobre gênero e espaço (s). URBANA: Revista Eletrônica do Centro Interdisciplinar de Estudos sobre a Cidade, 2015, 7.2: 2-23. CASTRO, P. Mulheres e o Prêmio Pritzker: Estudos de Caso. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva. 2014. CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO BRASIL (CAU/BR). Censo dos Arquitetos e Urbanistas do Brasil (2015). Disponível em:http://www.caubr.gov.br/wp-content/uploads/2018/03/Censo_CAUBR_06_2015_WEB.pdf Acessado em: 13/05/2021. COOPER, H.. Interating research: A guide for literature reviews. 2.ed. Newbury Park. Sage, 1989. CORREAL, Diana. Feminismo y modernidad/colonialidad: entre retos de mundos posibles y otras palabras. Colombia, Universidad de Cauca, pp 353-369, 2014. FUENTES, Maribel. PESCATORI, Carolina; COELHO, Luiza Dias. 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Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

OLIVEIRA, Rebeca Araujo de. A URGÊNCIA NOS AVANÇOS DA DISCUSSÃO DE GÊNERO E ARQUITETURA: REVISÃO INTEGRATIVA... In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/361171-A-URGENCIA-NOS-AVANCOS-DA-DISCUSSAO-DE-GENERO-E-ARQUITETURA--REVISAO-INTEGRATIVA. Acesso em: 24/04/2025

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