OS EFEITOS NOCIVOS DOS ADITIVOS ALIMENTARES NA SAÚDE HUMANA

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
OS EFEITOS NOCIVOS DOS ADITIVOS ALIMENTARES NA SAÚDE HUMANA
Autores
  • Emilli Ferreira Lopes
  • ANDREIA DE OLIVEIRA MASSULO
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Biomedicina
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/361581-os-efeitos-nocivos-dos-aditivos-alimentares-na-saude-humana
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
alimentos ultraprocessados, consumo alimentar, aditivos.
Resumo
Introdução: A alimentação tem papel fundamental em nossa saúde, desde a infância. A resposta para termos uma vida mais saudável é através do consumo de alimentos de qualidade. A alimentação saudável consiste naquela que possui todos os nutrientes necessários para o organismo e na quantidade adequada. Porém, as múltiplas atividades do dia-a-dia têm nos feito procurar por refeições rápidas, cada vez mais “artificiais”. Os aditivos como corantes e conservantes, presentes nos alimentos industrializados, tem atraído a atenção dos órgãos reguladores e da comunidade científica como um todo, pois a substituição de alimentos in natura por alimentos processados vem contribuindo de forma contundente para o empobrecimento da dieta (WITT e SCHNEIDER, 2009; POLÔNIO E PERES, 2009). Os produtos industrializados são desenvolvidos a partir de matéria-prima in natura, com a inclusão, em muitos casos, de aditivos e coadjuvantes alimentares. De acordo com a portaria SVS/MS número 540, de 27 de Outubro de 1997, aditivo alimentar é “todo e qualquer ingrediente que é adicionado propositalmente sem a intenção de nutrir, com o objetivo de modificar as características químicas, físicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de um alimento.” (BRASIL,1997). A utilização dos aditivos é explicada pela necessidade de proporcionar vantagens tecnológicas. Os aditivos alimentares permitem modificar as características organolépticas dos alimentos sem os alterar nutricionalmente, permitindo disponibilizar uma vasta oferta de géneros alimentícios para o consumidor. Estas substâncias são regulamentadas com os teores máximos permitidos para cada uma e respectivos alimentos aos quais podem ser adicionados (ROMEIRO E DELGADO, 2013). Entretanto, o uso de aditivos é um tema que desperta a preocupação dos consumidores. Com o aumento da produção e do consumo dos alimentos prontos, ricos em gorduras, açúcares e muito pobres ou isentos de vitaminas, minerais e fibras, ocorre o aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, tais como: doenças cardiovasculares, câncer, diabetes mellitus, obesidade, disfunções biliares, problemas do aparelho locomotor, etc (HONORATO, et al., 2013; CONTE, 2016). A obesidade é um grave problema de saúde pública e seu aumento tem sido associado ao crescimento do consumo de ultraprocessados em diversas regiões, incluindo a América Latina (BORTOLINI et al., 2019). O conhecimento sobre os aditivos, comumente utilizados nos alimentos que ingerimos, é de extrema importância para o consumidor, pois seu uso exacerbado e prolongado pode causar danos irreversíveis à saúde. O objetivo deste trabalho foi avaliar a presença de aditivos alimentares em produtos industrializados do tipo snacks, comercializados em supermercados de Campo Grande MS, a partir da análise de sua descrição na rotulagem obrigatória, considerando os possíveis efeitos na saúde do consumidor. Materiais e Métodos: Este estudo foi realizado de forma descritiva e exploratória, com abordagem qualitativa e quantitativa, através de um levantamento dos aditivos presentes em “snacks” e produtos similares, comercializados nos supermercados de Campo Grande, MS. Foram realizadas visitas a 5 supermercados, para a observação visual da lista de ingredientes descritas na rotulagem de produtos industrializados ultraprocessados caracterizados como snacks, com o registro fotográfico. As substâncias identificadas como aditivos foram anotadas em formulário próprio. Depois do levantamento destes aditivos, foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre os mesmos e seus possíveis danos à saúde. O referencial teórico foi pesquisado em bases de dados digitais como Scientific Eletronic Library Online, Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, legislação brasileira vigente, entre outros. Os critérios para a inclusão de artigos neste trabalho foram: estudos realizados entre os anos de 2011 e 2021, que ofereçam segurança nos dados apresentados e coerência nos fatos, publicados em revistas, livros, artigos completos e monografias. As palavras-chave empregadas nas bases de dados para busca foram: “aditivos alimentares”, “corantes artificiais”, “alimentos industrializados”. Os critérios para exclusão foram: relação com a alimentação de animais, artigos incompletos, com textos na íntegra não disponíveis gratuitamente, e publicados anteriormente ao período determinado. Resultados e discussão: Foram visitados 5 supermercados no município de Campo Grande MS, no período de Janeiro a Março de 2021. Os produtos do tipo snacks foram localizados nas gôndolas e feita a verificação de sua rotulagem, através de formulário próprio para cada produto, com o registro fotográfico. Foram catalogados 10 produtos, dos tipos: amendoim japonês, palitinhos salgados, batatas fritas lisa e ondulada, salgadinho de batata, salgadinhos de milho sabor presunto e queijo e salgadinho de trigo sabor churrasco. Todos os produtos estavam sendo comercializados dentro do prazo de validade indicado pelo fabricante. Os tipos de snacks que não apresentaram nenhum tipo de aditivo foram palitinhos salgados e batatas fritas lisa e ondulada (30%). Do total de produtos catalogados, 70% apresentaram a descrição de aditivos, na lista de ingredientes. Os aditivos encontrados foram: realçadores de sabor glutamato monossódico, guanilato dissódico e inosinato dissódico, antiumectante fosfato tricálcico, aromatizante fumaça, corantes artificiais amarelo ovo, amarelo tartrazina, amarelo crepúsculo e caramelo IV, corantes naturais urucum, bixina e norbixina, antiaglomerante dióxido de silício, estabilizantes fosfato dissódico e citrato de sódio e emulsificantes mono e diglicerídeos de ácidos graxos. Dentre os aditivos presentes, corante artificial e natural e os realçadores de sabor foram os mais encontrados nessa classe de comercializados. Os realçadores de sabor são muito importantes, pelo ponto de vista tecnológico, para a indústria alimentícia, mas danos à saúde podem existir, se não forem consumidos moderadamente. Segundo Ferreira (2015) “O glutamato é uma excito-toxina, ou seja, ele superexcita as células causando danos em vários graus. Em altas doses pode ser tóxico ao sistema nervoso central, podendo resultar em uma alteração aguda do núcleo arqueado do hipotálamo, ocasionando diversos distúrbios como disfunção sexual, obesidade, diabetes, distúrbios de comportamento como aparecimento de hiperatividade, autismo e transtorno de déficit de atenção e déficit de desenvolvimento”. É o realçador mais utilizado na indústria alimentícia e ajudam a combater a quantidade de sal utilizada para a produção dos alimentos. Segundo a FDA, o glutamato monossódico é reconhecido como seguro (RESENDE, 2016). Os corantes foram encontrados em 30% dos produtos catalogados. Eles servem para intensificar, conferir ou restaurar a cor de um alimento, deixá-lo mais atrativo aos consumidores, uma vez que a coloração é a primeira qualidade sensorial pelo qual os alimentos são julgados (BRASIL, 1997; SOUZA, 2012). Os corantes naturais são aqueles obtidos de matéria prima natural, através de vegetais e até mesmo de animais, extraído por um processo tecnológico adequado, e os corantes artificiais são orgânicos sintéticos que não são encontrados em fontes naturais, são obtidos por processo de síntese, com uma composição química definida (TEIXEIRA, 2014). O corante caramelo tem sido associado a problemas cancerígenos conforme pesquisas conduzidas pelo Programa Nacional de Toxicologia do Governo dos Estados Unidos, o que fez com que a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer e a OMS, incluísse tal aditivo na lista de substâncias possivelmente cancerígenas (PEREIRA, et al., 2015). Vários corantes artificiais podem determinar reações adversas, geralmente por mecanismos não imunológicos, inclusive com anafilaxia não alérgica. Particularmente os corantes que contém grupo químico AZO, como a tartrazina e o vermelho 40, podem determinar reações adversas em até 2% da população (STEFANI, et al., 2009). Também segundo STEFANI, et al. (2009) “a tartrazina pode desencadear hipercinesia em pacientes hiperativos. A ocorrência de púrpura não-trombocitopênica é rara, mas demonstra potencial de inibição da agregação plaquetária semelhante aos salicilatos. Estima-se que a hipersensibilidade a tartrazina ocorram em até 2,4% dos pacientes e, apesar desta baixa incidência na população geral, os fabricantes são obrigados por lei a destacar uma advertência na bula e na embalagem dos medicamentos que contêm o corante”. Além dos dois tipos de aditivos descritos acima, também foram encontrados alguns estabilizantes, emulsificantes e um tipo apenas de acidulante, antiumectante, antiglomerante e aromatizante. Os emulsificantes, muito utilizados pela indústria, também tem a finalidade de conservar ou incorporar ar durante o batimento de massas, deixando uma mistura mais uniforme entre os ingredientes, principalmente entre aqueles que não se misturam facilmente (CONTE, 2016). Os emulsificantes de uso em alimentos podem não somente ser utilizados para melhorar a textura, a estabilidade, o volume, a maciez, a aeração e a homogeneidade dos produtos, como também atuar na modificação do comportamento de cristalização dos óleos e gorduras, matérias-primas que compõem a maior parte dos alimentos (SANTOS et al., 2014). Apesar da falta de informações na literatura científica sobre toxicidade, e especialmente no nível celular de aromatizantes em geral, pesquisadores citam que o alerta mencionado pela ANVISA de que os aromatizantes, quando consumidos em altas doses, causam ações irritantes e narcóticas ao organismo, causando toxicidade para o trato digestivo quando consumido cronicamente e indiscriminadamente (SALES et al, 2016). Com isso, observa-se a importância de um hábito alimentar saudável, com frutas, verduras e legumes e redução do consumo de alimentos ultraprocessados, pois a presença de aditivos traz consigo um risco aumentado para o desenvolvimento de doenças. Conclusão: Foi possível concluir com o presente estudo que o consumo de ultraprocessados pode acarretar inúmeros danos à saúde ao longo do tempo, se consumido de maneira frequente, havendo assim a necessidade de diminuir a presença desses alimentos no cotidiano. É nítida a desinformação do consumidor no momento da compra desses alimentos ultraprocessados, pouco se sabe sobre os mesmos e os malefícios que os aditivos presentes acarretam na saúde humana. É necessária a orientação aos consumidores para escolhas alimentares conscientes. Referências bibliográficas: BORTOLINI, G.A. et al. Guias alimentares: estratégia para redução do consumo de alimentos ultraprocessados e prevenção da obesidade. Rev Panam Salud Publica, 2019. 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Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

LOPES, Emilli Ferreira; MASSULO, ANDREIA DE OLIVEIRA. OS EFEITOS NOCIVOS DOS ADITIVOS ALIMENTARES NA SAÚDE HUMANA.. In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/361581-OS-EFEITOS-NOCIVOS-DOS-ADITIVOS-ALIMENTARES-NA-SAUDE-HUMANA. Acesso em: 26/04/2025

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