BIOSSEGURANÇA E GESTÃO DA QUALIDADE PARA O CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO CRUZADA EM LABORATÓRIO

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
BIOSSEGURANÇA E GESTÃO DA QUALIDADE PARA O CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO CRUZADA EM LABORATÓRIO
Autores
  • GABRIELE LOPES GARCIA MARQUES
  • ANDREIA DE OLIVEIRA MASSULO
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Biomedicina
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/361824-biosseguranca-e-gestao-da-qualidade-para-o-controle-da-contaminacao--cruzada-em-laboratorio
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
Biossegurança, Segurança em laboratório, Contaminação cruzada, Equipamentos de Proteção individual e coletiva.
Resumo
Biossegurança pode ser determinada como estado de proteção biológica adquirida por meio da execução de princípios, tecnologias e atitudes destinadas a precaver, reduzir, controlar ou banir riscos intrínsecos às atividades, exposição não intencional ou dispersão acidental de agentes biológicos e subsequentes que possam conter riscos à saúde humana, animal, vegetal e ambiental (BRASIL, 2010). Os agentes biológicos são definidos como estruturas ou corpúsculos com potencial em de ação contaminadora infecciosa ou perniciosa aos seres seres vivos e no meio ambiente em geral, abrangendo os vírus, bactérias, protozoários, archaea, fungos, parasitas, ou elementos acelulares como príons, RNA ou DNA e partículas virais (BRASIL, 2017). E claro, entre esses agentes, podemos destacar, o vírus responsável pela atual pandemia mundial, o SARS-CoV-2, que foi declarado pela OMS como o novo coronavírus, causador da doença COVID-19. Nichiata et al., (2004) relatam que o acometimento de trabalhadores da saúde, por infecções e doenças transmissíveis, são decorrentes de suas atividades profissionais, e que ocorre em virtude da exposição à diferentes agentes patogênicos, veiculados através do sangue e demais líquidos corporais, provenientes de pacientes potencialmente contaminados. Com isso, os profissionais de saúde devem dominar cada vez mais as principais medidas de controles e os alusivos apetrechos de proteção individual, permitindo que as medidas tanto médicas quanto administrativas sejam tomadas com eficácia e no menor tempo possível (CARDOSO, 2011). A biossegurança e bioproteção devem ser capazes de promover ambientes seguros em serviços de saúde, bem como, em laboratórios de análises clínicas, em laboratórios de instituições de ensino, de pesquisa, da indústria e em atividades de campo (BRASIL, 2019). No ponto de vista acadêmico, o desenvolvimento deste trabalho justifica-se pela importância de todos os profissionais da Saúde estarem cientes dos processos de gestão de qualidade e a necessidade da biossegurança. O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura dos conhecimentos científicos publicados até os tempos atuais sobre a importância e eficácia da biossegurança e gestão de qualidade no ambiente laboratorial, visando priorizar os efeitos das medidas de biossegurança para minimizar ou reduzir a zero o número de contaminação cruzada e acidentes no local de trabalho. Para o desenvolvimento deste trabalho, foi feita uma revisão literária com abordagem qualitativa, para visar o que foi publicado sobre o assunto biossegurança como requisito de comportamento profissional no ambiente de trabalho. Foram realizadas buscas de artigos publicados em bancos de dados nacionais, escritos em português e disponibilizados na íntegra. As palavras-chave “biossegurança” e “laboratório” foram pesquisadas no banco de dados SCIELO (Biblioteca Eletrônica Científica online) e também na página online da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e Legislação no portal ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e Ministério da Saúde. A formação da área da biossegurança alude a distintas disciplinas como a biotecnologia, a ecologia, a bioética, a epidemiologia, e as humanidades. Trata de uma propriedade dedicada às ações de contenção de riscos inerentes à exposição a agentes biológicos potencialmente contaminantes (ROCHA et al, 2012). Silva et al., concluíram em 2012 que grande parte dos profissionais identifica e adota as medidas de precaução-padrão; entretanto há uma parcela que adota de forma insuficiente ou não adotam tais medidas. Em sua pesquisa, observaram que os indivíduos acidentados tinham maior mediana de idade e tempo de conclusão de curso, reforçando a necessidade de cursos de biossegurança particularmente neste grupo, assim, a capacitação é um fator primordial para mudanças de hábitos com as quais muitos profissionais têm dificuldade de lidar. Os riscos são como um conjunto de eventos interligados em uma profunda rede de fatores ligados à sociedade, à nação e ao ambiente. Os agentes biológicos humanos e animais são classificados em cinco grupos, determinados com os seguintes padrões de patogenicidade: mudança na genética ou uma recombinação na gênica; estabilidade; virulência; meio de transmissão; endemicidade; ocorrências epidemiológicas; e desimpedimento de medidas profiláticas e de tratamento eficiente (CARDOSO, 2015; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Os riscos no ambiente laborativo podem ser classificados em cinco tipos: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentes, conforme a Portaria no 3.214, que contém uma sucessão de normas regulamentadoras relativas à segurança e medicina do trabalho (MINISTÉRIO DO TRABALHO DO BRASIL, 1978). Os equipamentos de proteção individual, também conhecidos como EPIs, são utilizados para minimizar a exposição aos riscos ocupacionais e evitar possíveis acidentes no laboratório. Os equipamentos de proteção coletiva (EPCs) são empregados com a finalidade de minimizar a exposição dos trabalhadores aos riscos e, em casos de acidentes, reduzir suas consequências. Exemplos: lava-olhos, chuveiro, extintor e cabines de proteção biológica (TEIXEIRA VALLE, 1996). A ISO 15189 é destacada pelos requisitos de qualidade e utilizada para confirmação ou reconhecimento da competência voltados aos laboratórios clínicos. Possibilita ser empregada pelos laboratórios clínicos no desenvolvimento dos seus controles de gestão da qualidade e na observação de sua própria competência (ABNT NBR, 2015). Na RDC nº 302/2005, para as incumbências dos laboratórios clínicos e postos de coleta laboratorial públicos ou particulares que efetuam atividade na área de análises clínicas, patologia clínica e citologia, é necessário, dentre vários documentos, um manual de biossegurança e Procedimentos Operacionais Padrão (POP) para minimizar a ocorrência de erros (BRASIL, 2005). A NBR 14785, da ABNT, criada para proteger pacientes e profissionais, diz que deve haver treinamento para cessar a atividade, em caso de risco imediato, analisar, identificar e notificar questões de segurança, sugerir ou providenciar ações que corrijam situações de risco, bem como participar presenciar a implementação das ações corretivas (ANVISA, 2005). Para a prevenção de acidentes adquire-se o uso das barreiras de contenção, que são procedimentos e/ou anteparos de biossegurança utilizados na manipulação de agentes biológicos, usados conforme sua classificação de risco. As barreiras podem ser classificadas em primárias e secundárias, e tem como objetivo prevenir e reduzir a exposição dos indivíduos e ambiente ao qual o agente é manipulado (BRASIL, 2006). A contaminação cruzada é estabelecida como a transferência direta ou indireta de micro-organismos a partir de um produto contaminado a um produto não contaminado. Ocorre devido ao uso de utensílios, equipamentos, panos, mãos, em vários ambientes, transferindo micro-organismos de um local contaminado a outro não contaminado. Desta forma, uma superfície limpa do ponto de vista higiênico-sanitário, pode ser contaminada por micro-organismos trazidos de outros locais (RODRÍGUEZ, 2015; COUTO, 2011). As atividades do laboratório, tais como a preparação da amostra, preparação de meio de cultura, equipamentos e contagem de micro-organismos, devem ser realizadas em espaços ou pelo menos em tempos diferentes, de modo a minimizar os riscos de contaminação cruzada (OMS, 2012). O Sistema de Gestão da Qualidade e Biossegurança (SGQB) dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública e de prestação de serviços, tem como base instrumental a Norma NBR ISO/IEC 17025 (2005), que define os requisitos gerais para competências de laboratórios de ensaios e calibração. Também considera-se a NBR NM ISO 15189 (2008) para Laboratório de Análises Clínicas: Requisitos Especiais de Qualidade e Competência, que estabelece requisitos necessários para que os laboratórios implementem seu sistema de gestão da qualidade de forma a assegurar a competência técnica de suas atividades e a confiabilidade dos resultados entregues aos cidadãos usuários. A Portaria nº 3.204 de 20 de outubro de 2010 regulamenta a Norma Técnica de Biossegurança para Laboratórios de Saúde Pública (BRASIL, 2010). Além dessas, a normatização para a criação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA objetiva expor as diligências de acidentes e doenças consequentes do trabalho, de forma a tornar o trabalho compatível com a preservação da vida e a melhoria da saúde do trabalhador (BRASIL, 1978). Com estes exemplos, nota-se que o tema é fundamental na área da saúde, pois contém orientações e medidas a serem tomadas de acordo com o imposto pela Lei. Boas orientações abrem possibilidades para melhores caminhos no mercado de trabalho. Apresentar o conceito de biossegurança e controle de contaminação cruzada é uma forma de orientar sobre sua finalidade e importância para ajudar na compreensão dos acontecimentos ocorridos que estão relacionados à contaminação. Considerando que o fator humano está incurso nas causas de acidentes em laboratórios, a maior parte do empenho deve estar concentrado nos aspectos de educação em biossegurança, que devem estar presentes na rotina do ambiente das atividades, para promover constantes mudanças a curto, médio e longo prazo. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 14785. Disponível em: https://w2.fop.unicamp.br/cibio/downloads/nbr_14785. pdf . Acessado em: 10 set. 2020. ABNT– Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR ISO 15189. Disponível em: https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=345113 Acessado em: 20 mar. 2021. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Resolução da diretoria colegiada ABNT NBR 17025. Disponível em: https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=384244 Acessado em: 20 mar. 2021. ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGIL NCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 302 de 12/10/2005 . 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Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MARQUES, GABRIELE LOPES GARCIA; MASSULO, ANDREIA DE OLIVEIRA. BIOSSEGURANÇA E GESTÃO DA QUALIDADE PARA O CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO CRUZADA EM LABORATÓRIO.. In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/361824-BIOSSEGURANCA-E-GESTAO-DA-QUALIDADE-PARA-O-CONTROLE-DA-CONTAMINACAO--CRUZADA-EM-LABORATORIO. Acesso em: 28/04/2025

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