PERCEPÇÃO DAS CORES BIOFÍLICAS APLICADAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS A PARTIR A DO MODELO SENS | ORG | INT

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
PERCEPÇÃO DAS CORES BIOFÍLICAS APLICADAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS A PARTIR A DO MODELO SENS | ORG | INT
Autores
  • Thalya Simzem de Moraes
  • Renata Benedetti Mello Nagy Ramos
  • KATIA GODOI
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Arquitetura e Urbanismo
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/365706-percepcao-das-cores-biofilicas-aplicadas-em-ambientes-corporativos-a-partir-a-do-modelo-sens-%7c-org-%7c-int
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
design biofílico; estudo das cores; ambientes corporativos.
Resumo
(i) Introdução: Mediante um mundo cada vez mais urbano, suscitam preocupações com a saúde, em particular a saúde mental. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde – OMS, o Brasil é o país com a maior taxa de casos de transtornos de ansiedade, e ainda o quinto em casos de depressão (ANDRADE, 2020). Estes fatores podem estar diretamente relacionados, visto que estudos apontam que pessoas que vivem nos meios urbanos são mais suscetíveis a apresentarem tais problemas. Ao encontro disto, nos anos recentes, tem sido registrado um forte crescimento das pesquisas sobre o bem estar do ser humano e o desenvolvimento de atividades de trabalho nos espaços e ambientes construídos (VILLAROUCO; SANTIAGO; PAIVA; NASCIMENTO; MEDEIROS, 2020, p. 2). No campo da Arquitetura, percebe-se que os projetos tendem integrar elementos da natureza para alcançar o bem-estar dos usuários, seja nas residências ou mesmo em ambientes corporativos. Neste sentido, estratégias que incorporam características da natureza, tal como água, luz, sombra, cores que remetem a madeira, pedra, bem como outros elementos, estão presentes na arquitetura biofílica e se relacionam de forma direta com as percepções e sensações. Diante deste cenário, o presente estudo compreende no levantamento bibliográfico de autores que tratam sobre percepção visual e traçar tais estudos, a partir do modelo SENS|ORG|INT, proposto por Csillag (2011), a fim de compreender como essas percepções visuais se dão mediante ambientes com uma paleta de cores biofílica incorporadas em espaços corporativos. (ii) Objetivo: Analisar, a partir o modelo SENS | ORG | INT, a percepção das cores biofílicas aplicadas em ambientes corporativos. (iii) Metodologia: A abordagem da pesquisa possui caráter qualitativo, de natureza básica e de procedimento bibliográfico. Para o levantamento das informações, buscas foram realizadas nas plataformas do Google Acadêmico e do Scielo, com foco em pesquisas sobre percepção visual, biofilia e ambientes corporativos. A partir dos dados encontrados, traçou-se os estudos dos autores que tratam sobre percepção visual mediante o modelo SENS | ORG | INT de CSILLAG (2011). (iv) Resultados e discussão: Conforme Csillag (2011), o modelo SENS|ORG|INT foi elaborado de maneira a propiciar a compreensão da percepção visual para a prática em design e comunicação visual, baseado no estudo científico da percepção. A variável SENS se relaciona à percepção visual que ocorre apenas no olho. Se dá através de como o órgão capta tais informações visuais antes de ser processado pela retina. A variável ORG tem relação aos processos neuronais, na qual têm início na retina e vai até o processamento ao córtex visual primário, na área V1 do córtex estriado. Este processo pode ser encontrado na literatura, como as leis de Gestalt. E por fim, a variável INT, que é o processamento mais interno do nosso cérebro, que envolve aspectos como emoção, cultura, personalidade, conhecimento, dentre outros. A partir deste último, formam-se variadas percepções, mediante tais variações. Wade e Swanston (2013, p. 2) definem percepção visual como “a experiência que normalmente resulta dos estímulos dos sentidos provenientes do ambiente.” Já a partir da visão da psicologia moderna, tal processamento ocorre como uma ação ativa que envolve uma série de acontecimentos, como “a busca por informações correspondentes, a diferenciação de aspectos essenciais de uma imagem, a comparação destes aspectos entre si, a formulação de hipóteses apropriadas e a comparação destas hipóteses com os dados originais” (BRUNER, 1957; LEONTIEV, 1959; LURIA, 1981; VYGOTSKY, 1956; 1960; ZAPOROZHETS, 1967; 1968) apud Csillag (2011, p.40). Outro ponto importante é que mediante alguns estudos da neurociência, a partir dos estudos sobre os percursos do estímulo visual (conhecido também como visual pathways) perceberam que a percepção não ocorre de modo isolado no cérebro, mas dentro de várias áreas cerebrais que encontram-se distantes uma das outras. (CHALUPA; WERNER, 2004; GATASS, 2001; KNOBLAUCH; SHEVELL, 2004; PINNA; SPILLMAN, 2001; SHIMOJO; KAMITANI; NISHIDA, 2001; SPILLMAN; LEVINE, 1971; ZEKI, 2000) apud Csillag (2011, p. 41). No que tange à informação cromática, Guimarães (2000) afirma que há três processos bases: recepção, percepção e interpretação. Bystrina (1995), citado por Guimarães (2000, p. 43) relaciona que um dos aspectos para a decodificação das cores se dá por “códigos construídos” por estruturas preexistentes e por sistemas informacionais hereditariamente transmitidos, os quais os considerou invariantes. Estes podem ser denominados primários ou hipolinguais. Para Kurt Lewin (1892-1947), o ambiente físico é capaz de influenciar o comportamento humano. Ademais, para Kaplan e Kaplan (1989), citado por Miranda (2019), a visão de uma imagem natural relaxa a mente humana diante de um mundo moderno que causa exaustão mental. Este indicativo se dá mediante a liberação de dopamina em um nível mais elevado em comparação com a visualização de imagens sem miragens naturais. (BROWNING; COOPER, 2015). A fim de buscar informações quanto ao relacionamento das pessoas com o ambiente de trabalho, Browning e Cooper (2017) fizeram um levantamento de dados em ambientes corporativos em 16 países, sendo o Brasil um dos países estudados. Segundo a pesquisa, 33% dos entrevistados disseram que o design do ambiente de trabalho afetaria a sua decisão de trabalhar em tal companhia. Além disso, a pesquisa levanta que elementos que representam o mundo natural, assim como plantas internas e cores que remetem ao natural, como tons de azuis, verdes e marrons, estão entre os cinco elementos mais requisitados. Durante o período de trabalho, quando o ser humano foca sua atenção em algo que demanda muita concentração, o ambiente pode ser um grande influenciador, resultando em uma alta ou baixa produtividade, este que pode levar a fadiga mental. Ambientes contextualizados com o meio natural, trabalhando uma paleta de cores que remete à natureza, podem impactar positivamente o comportamento dos funcionários de uma empresa. Foi ainda levantado e comprovado que os usos de cores acinzentadas em ambientes corporativos acabam impactando negativamente essas pessoas, e aumentando o nível de estresse nas mesmas, segundo Browning e Cooper (2017). Na obra desenvolvida por Wilson e Kellert (1993, p. 4), “A Hipótese da Biofilia, os autores definem o termo biofilia como a “afinidade inata de se relacionar com a natureza e outras formas de vida”, ou seja, estabelece que o instinto natural do ser humano é estar em contato com estímulos naturais para manter uma qualidade de vida. Roger Barker, a quem se pode considerar o primeiro psicólogo ambientalista, traz em seus trabalhos assuntos sobre a indissociabilidade existente entre o ser humano e o meio natural. Em países em desenvolvimento, principalmente, como o Brasil, os espaços urbanos têm implicado no comprometimento dos sistemas do corpo humano, além de afetar em problemas psicológicos. Diante deste cenário, é muito comum perceber que as pessoas buscam por refúgios naturais em seu lazer. Tal prática pode estar associada à biofilia, que é a busca pelo bem-estar físico e psicológico através da natureza Gardner; Stern (2002), apud Andrade (2017). Os autores defendem que a disposição genética do ser humano contemporâneo, homo sapiens, é muito similar aos de seus ancestrais. Wall (2010), citado por Andrade (2017), ainda pontua que embora grande parte da população habite o meio urbano, geneticamente as pessoas continuam sendo os mesmos animais, com as mesmas necessidades fisiológicas e psicológicas do seu ambiente ancestral. Dentro do design biofílico, é muito importante explorar os sentidos humanos, visão, audição, olfato, paladar e tato, haja vista que quanto mais explorados, mais atividades cerebrais são desenvolvidas (METZGER, 2018). (v) Considerações Finais: Mediante o estudo, nota-se que há uma predisposição genética para a interpretação do mundo e a relação com o mesmo. Esses resultados se dão através de respostas fisiológicas do corpo humano quando em contato com espaços relacionados ao meio natural. Além disso, a forma que essa percepção visual se dá ocorre a partir de três bases: do ponto de vista físico (o olho por si), neuronal e do cultural, emocional, que são discutidos por Guimarães (2000) como códigos primários, secundários e terciários, correspondentes ao SENS | ORG | INT respectivamente. Dessa forma, o emocional também impacta diretamente na percepção de um espaço, o que apenas reforça que o ambiente físico é capaz de influenciar o comportamento humano. Promover um espaço de trabalho saudável, com boa comunicação visual através de uma paleta de cores biofílicas, pode contribuir com a produtividade de uma empresa e garante um ambiente de trabalho apropriado mediante a Constituição Federal (BRASIL, 1988). Referências ANDRADE, Rafael Medeiros de; PINTO, Rogério Lafayette. Estímulos naturais e a saúde humana: A hipótese da biofilia em debate. Portal de Publicações Eletrônicas da UERJ, 2017. Disponível em: https://www.epublicacoes. uerj.br/index.php/polemica/article/view/34272/24292. Acesso em 12 de Set. de 2020. ANDRADE, Thaysa. O uso de fitoterápicos no tratamento de ansiedade. 2020. Disponível em: http://repositorio.laboro.edu.br:8080/jspui/handle/123456789/138. Acesso em: 30 maio 2021. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. BROWNING, B.; COOPER, S. C. Human Spaces: The Global Impact of Biophilic Design in the Workplace. Disponível em: https://greenplantsforgreenbuildings.org/wp-content/uploads/2015/08/HumanSpaces- Report-Biophilic Global_Impact_Biophilic_Design.pdf. Acesso em: 22 de jul. de 2020. BYSTRINA, I. Tópicos da Semiótica da Cultura. (Pré-Print). São Paulo: CISC, 1995. CSILLAG, P. Um mapeamento de estudos de cores frente ao Modelo SENS|ORG|INT de percepção visual de modo a identificar princípios cromáticos que tendem a ser generalizáveis aos seres humanos. InfoDesign, São Paulo, v. 8, n. 2, 2011, p. 39-47. Disponível em: https://infodesign.emnuvens.com.br/infodesign/article/view/127. Acesso em: 29 set. 2020. GUIMARÃES, L. A Cor Como Informação: A construção biofísica, linguística e cultural da simbologia das cores. 3° Edição. São Paulo: Annablume, 2000. KELLERT, S. R.; WILSON, E. O. The Biophilia Hyphothesis. Estados Unidos da America: Island Press, 1993. METZGER, Christoph. Neuroarchitecture. Berlin: JOVIS, 2018. MIRANDA, Martha P. S. Una aproximación a la biofilia a través de estúdios de asociacíon implícitas, explícitas y representaciones semânticas en estudiantes de biología y psicología. Monterrey, Ago. 2019. Disponível em: http://eprints.uanl.mx/2263/1/1080175986.pdf. Acesso em 29 de Out. de 2020. VILLAROUCO, Vilma; SANTIAGO; Zilza; PAIVA; Monique; NASCIMENTO, Paulo; MEDEIROS, Raquel. Neuroergonomia, Neuroarquitetura e Ambiente Construído– Tendência Futura ou Presente?. Ergodesign, v. 8, n. 2, p. 92-112, 2020. WADE, N. J.; SWANSTON, M. T. Visual Perception: an introduction. 3. ed. Estados Unidos e Canadá: Psychology Press, 2013.
Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MORAES, Thalya Simzem de; RAMOS, Renata Benedetti Mello Nagy; GODOI, KATIA. PERCEPÇÃO DAS CORES BIOFÍLICAS APLICADAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS A PARTIR A DO MODELO SENS | ORG | INT.. In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/365706-PERCEPCAO-DAS-CORES-BIOFILICAS-APLICADAS-EM-AMBIENTES-CORPORATIVOS-A-PARTIR-A-DO-MODELO-SENS-%7c-ORG-%7c-INT. Acesso em: 30/04/2025

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