REVISÃO FISIOPATOLÓGICA E TERAPÊUTICA APLICADA AS FASES DA DOENÇA DE ALZHEIMER

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
REVISÃO FISIOPATOLÓGICA E TERAPÊUTICA APLICADA AS FASES DA DOENÇA DE ALZHEIMER
Autores
  • Maria Erilei Gonçalves
  • Ana Paula Stefanello da Silveira
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Biomedicina
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/365836-revisao-fisiopatologica-e-terapeutica-aplicada-as-fases-da-doenca-de-alzheimer
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
“Doenças neurodegenerativas”, “Doença de Alzheimer”, “Terapia medicamentosa”
Resumo
Introdução: A Doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva e fatal. É a demência mais comum e compromete a capacidade cognitiva do idoso, com tendência á progredir com passar dos anos, sendo a memória recente a primeira ser afetada. Apresenta uma série de sintomas neurológicos, psiquiátricos e comportamentais, acarretando comprometimento das tarefas diárias. Acredita-se que a doença tenha uma variedade de fatores de risco, tais como: sexo feminino, idade, fatores ambientais e genéticos, baixa escolaridade, inflamação, hipercolesterolemia, traumatismo craniano, hiper- homocisteinemia, estresse psicológico, hipertensão e diabetes. Sendo a idade o principal fator de risco para progressão da doença (SOUZA, 2019). O diagnóstico da Doença de Alzheimer baseia-se em achados clínicos, por meio de testes de sangue com biomarcadores laboratoriais com base no Liquido Cefalorraquidiano ou métodos de imagem molecular para inferir a causa da doença (ARAÚJO; NICOLI, 2010). Atualmente, não parece haver nenhuma comprovação de medidas de prevenção bem sucedidas para tratar a Doença de Alzheimer, todas as pesquisas sobre medidas preventivas ou para retardar a doença se revelaram insuficientes, no entanto algumas ações podem ser adotadas como a prática de exercícios físicos, uma alimentação equilibrada rica em antioxidantes, estimulações cognitivas através de atividade que exercitem a memória como ler, jogos e praticar algum instrumento musical corroboram para o aprimoramento da cognição (CARRETA; SCHERER; 2012). Com o aumento da expectativa de vida, houve um aumento significativo no número de idosos no Brasil fenômeno esse que tende á crescer nas décadas futuras. Junto com esse crescimento surgem doenças características da idade senil, como Doença de Alzheimer, patologia que apresenta um comprometimento cognitivo drástico. Objetivo: Avaliar a farmacoterapia para Doença de Alzheimer, descrever os medicamentos disponíveis para controle da doença bem como seu mecanismo de ação, avaliação das reações adversas. Ainda, avaliação das características fisiopatológicas de cada fase da doença e a terapia medicamentosa ideal para cada fase. Metodologia: trata-se de uma revisão sistemática da literatura com uma busca avançada em bases de dados de artigos científicos, periódicos eletrônicos, trabalhos de conclusão de curso e teses de mestrado obtido por meio de plataformas digitais como Pubmed (US National Library of Medicine), Google Acadêmico e SCIELO (Scientific Eletronic), utilizando as palavras chave (Doença de Alzheimer) publicados entre o período de 2010 á 2020 nos idiomas português e inglês. Resultados: De acordo com a pesquisa realizada constatou-se que a Doença de Alzheimer ocorre devido á um erro na clivagem da proteína ß amiloide bem como uma fosforilação da proteína Tau resultando no acúmulo dessas proteínas no cérebro do idoso e níveis baixos do neurotransmissor acetilcolina o que acarreta morte neuronal, implicando em alterações significativas cognitivas e psíquicas (STEFANI; MOREIRA, 2014).As principais substâncias utilizadas atualmente para tratar a DA, Tancrina, Donepezil, Galantamina, Rivastigmina e Memantina diferem-se no seu mecanismo de ação, apresentam reações adversas e são utilizadas em fases específicas da doença ( MONTEIRO, 2019). Maris et al.(2018) relata três fases da doença. Na 1° fase sintomas de esquecimentos leves, negligência com aparência, dificuldade com tarefas diárias, confusão mental com tempo e espaço, e finalmente mudança na personalidade e julgamento. Na 2° fase, dificuldade em identificar pessoas e de aprendizagem, retém algumas memórias do passado distante, incontinência urinaria e fecal, irritabilidade, comportamento hostil e agressivo. Na 3° fase o idoso encontra-se com perda de peso, dependência total, incapacidade, irritabilidade, prejuízo das funções cerebrais e morte. Para o tratamento os medicamentos atuam de modo especifico em cada fase da doença (Monteiro, 2019). Machado et al.(2020) e Ordõnez (2016) relatam em seus trabalhos sobre os fármacos que tem como mecanismo de ação a inibição da acetilcolinesterase , onde o primeiro fármaco utilizado foi a Tancrina, mas devido a sua alta toxidade hepática não se utiliza mais. Recentemente utiliza-se o Donepezil, a Gantamina e a Rivastigmina que apresentam o mesmo mecanismo de ação. Oliveira et al.(2019) pontua em seu trabalho que a primeira linha de tratamento para a Doença de Alzheimer de sintomas leves e moderada faz parte dos inibidores da acetilcolinesterase, seu uso é baseado na redução da enzima responsável pela degradação da acetilcolina. Pontua ainda a Memantina, antagonista não competitivo do receptor do glutamato principal neurotransmissor excitatório, como única droga usada para tratamento de sintomas moderada a grave da Doença de Alzheimer. Embora a Tancrina tenha demonstrado efeito moderado, mas de grande importância no alivio dos sintomas leves e médios da DA, foi restrita devido a efeitos colaterais graves como toxicidade hepática, o que forçava os pacientes á interromperem o tratamento como destacou (Marins et al.,2018). Monteiro (2019) constatou que além da hepatoxicidade o uso desse medicamento apresentou outro inconveniente, é necessário administrá-lo quatro vezes ao dia devido seu curto tempo de meia vida. Segundo testes a droga melhora a memória e o nível cognitivo em 40% dos pacientes, entretanto, sem melhora na qualidade de vida á nível funcional dos idosos suas reações adversas causam, náuseas, vômitos, dores gastrointestinais, diarreia e câimbras. De acordo com Monteiro (2019) o Donepezil é inibidor reversível e seletivo da acetilcolinesterase diminui a hidrólise da acetilcolina presente na fenda sináptica e é capaz de atravessar à barreira hematoencefálica. A meia vida desse medicamento é longa (7h) o que permite uma única administração para tratar sintomas da DA leve e moderado. Tem demonstrado benefícios em termos de função cognitiva, capacidade de realizar atividades diárias e condições clínicas gerais que melhoram a qualidade de vida dos pacientes. Souza (2019) salienta que o Donepezil age inibindo duas enzimas que deterioram a acetilcolina, sendo elas a acetilcolinesterase (AchE) e a butilcolinesterase (BuChE). As reações adversas mais comuns nesse fármaco são diarreia, tonturas, perda de apetite, dores musculares, náuseas, cansaço, insônia, vômitos e perda de peso (FALCO et al.,2015). A Galantamina além de atuar impedindo a AchE, também tem ação moduladora sobre os receptores nicotínicos estimulando-os á liberar maiores quantidades desse neurotransmissor. Revelou-se eficaz para o tratamento de sintomas leves a moderados, sendo associado a uma diminuição na incidência de náuseas e vômitos, aumentando assim a adesão ao tratamento conforme Monteiro (2019). Por sua metabolização pelo fígado através do Citocromo P-450, deve ser usado com prudência quando utilizado com fármacos que fazem uso do mesmo metabolismo de enzimas (SOUZA, 2019). Segundo aponta Monteiro (2019) a Rivastigmina é inibidora da butilcolinesterase (BchE) e da acetilcolinesterase (AchE). Essa supressão simultânea do fármaco apresenta beneficio adicional ao tratamento, uma vez que a BchE aumenta nos estágios mais avançados da doença. É o único medicamento nesta categoria com eliminação renal, não havendo risco de hepatotoxidade, tem menos efeitos colaterais gastrointestinais. Essa classe de medicamento não usa a isoenzimas CYP450 no metabolismo, dessa forma, pode reduzir as interações farmacológicas. Vários ensaios clínicos mostraram que a Rivastigmina tem um efeito importante na memória e cognição dos pacientes (SOUZA, 2019). Memantina é um antagonista dos receptores N-metil-D aspartato não competitivo, atuando no neurotransmissor glutamato, um tipo de neurotransmissor excitatório que se encontra em altas concentrações em pacientes com DA ,esse medicamento bloqueia o glutamato impedindo a entrada excessiva de cálcio que causa danos nas células do SNC. É indicada nas fases moderadas e graves da doença de acordo com Monteiro (2019). Esses medicamentos podem manter ou melhorar a cognição e tratar os sintomas como: inquietação, comportamentos agressivos, depressão e regular o sono. No entanto, como descreve Mata, (2014) essas drogas apresentam reações adversas comuns, entre elas estão: náuseas, vômitos e fadiga. Resultados: Como descrito no estudo não há medicamentos que possam curar ou prevenir a Doença de Alzheimer, apenas amenizam sinais e sintomas da doença e melhora a qualidade de vida dos idosos, principalmente a parte cognitiva e comportamental dos pacientes. A doença possui estágios com alterações cognitivas e psíquicas especificas com prejuízo de memória, sintomas neuropsiquiátricos e alteração comportamental no idoso. Além disso, relataram-se os medicamentos ideais para cada fase da doença, bem como mecanismo de ação e reações adversas de cada uma dessas classes. Atualmente os medicamentos disponíveis para tratar o Alzheimer têm duas linhas de frente: Inibidores reversíveis da acetilcolinesterase (AchE) que agem bloqueando a enzima acetilcolinesterase e antagonista dos receptores N-metil-D-aspartato. Ambas as classes quando bem utilizadas trazem benefícios aos pacientes. Conclusão ou considerações finais: Como observado no presente estudo há uma classe de medicamentos disponíveis para tratar a Doença de Alzheimer, porém os mesmos não tem a capacidade de curar, prevenir ou impedir a evolução da doença, apenas tratam sinais e sintomas de cada estágio da DA, com o objetivo de reduzir mudanças comportamentais e o prejuízo cognitivo dos pacientes, apresentam seus mecanismos de ação e reações adversas. Frente ao que demonstrou esse estudo a Doença de Alzheimer representa um desafio aos pesquisadores uma vez que o SNC tem uma estrutura complexa, há a necessidade que mais ensaios clínicos sejam realizados para o desenvolvimento de drogas mais eficazes para a Doença de Alzheimer, em específico para cada fase. Referências: 1. ARAÚJO, Claudia Lysia de O.; NICOLI, Juliana Silva. Uma revisão bibliográfica das principais demências que acometem a população brasileira. Revista Kairós: Gerontologia, v.13, n.1, 2011.doi:https//doi.org/10.23925/2176901x.2010v13i1p%p. Disponível em:<http://www.revistas.pucsp.br/kairos/article/view/4872/3458.>Acesso em:28/fev/2021. 2. CARRETTA, Marisa Basegio;SCHERER, Sabrina. Perspectivas atuais na prevenção da Doença de Alzheimer. Estudo interdisciplinar envelhecimento Porto Alegre, v. 17, n. 1, p. 37-57, 2012. Disponível em: <https://www.seer.ufrgs.br/RevEnvelhecer/article/viewFile/14368/23187.> Acesso em: 28/fev/ 2021. 3. 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Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GONÇALVES, Maria Erilei; SILVEIRA, Ana Paula Stefanello da. REVISÃO FISIOPATOLÓGICA E TERAPÊUTICA APLICADA AS FASES DA DOENÇA DE ALZHEIMER.. In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/365836-REVISAO-FISIOPATOLOGICA-E-TERAPEUTICA-APLICADA-AS-FASES-DA-DOENCA-DE-ALZHEIMER. Acesso em: 29/04/2025

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