EFLÚVIO TELÓGENO EM ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO OBSERVADOS EM EXAMES LABORATORIAIS

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
EFLÚVIO TELÓGENO EM ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO OBSERVADOS EM EXAMES LABORATORIAIS
Autores
  • Nazaré Ricarda Gimene
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Biomedicina
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/366011-efluvio-telogeno-em-anemia-por-deficiencia-de-ferro-observados-em-exames-laboratoriais
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
Alopecias, Anemia ferropriva, Ferro sérico, Ferritina, Queda de cabelo
Resumo
INTRODUÇÃO A perda de cabelo do couro cabeludo não é uma doença grave que ameaça a vida, mas pode causar sofrimento psicológico e afetar negativamente a qualidade de vida. Os cabelos crescem com muita necessidade de fornecimento de sangue, as causas nutricionais mais citadas de perda de cabelo incluem o ferro, uma das micronutrientes chaves no metabolismo do nosso organismo (PARK et al, 2013). De acordo com Oliveira et al. (2014) o fio é formado por quatro unidades principais: cutícula, córtex, medula e um complexo de membrana celular. A cutícula é a camada externa, composta por escamas planas superpostas que rodeiam o fio e o protege de danos. Conforme Harris (2016) o folículo capilar diferencia-se de outras estruturas epiteliais sobretudo por não crescer continuamente durante a vida, passando por ciclos que compreende as seguintes fases: a) anágena crescimento continuo dos fios, b) catágena parada dos processos e involução do folículo, c) telógena período de repouso do folículo e d) exógena expulsão do folículo. Os distúrbios do ciclo de crescimento que levam a perda de cabelos são: eflúvio anágeno que consiste na interrupção da fase de crescimento, causando perda de cabelos anágenos e eflúvio telógeno na qual os cabelos entram na fase de repouso por dia. Segundo Addor et al, (2014) o eflúvio telógeno é uma das causas mais frequentes de alopecia na prática médica, sua ocorrência é comum em qualquer idade, e alguns fatores estão fortemente associados a seu aparecimento, como: doenças sistêmicas, pós-parto, estresse emocional, carência nutricionais, conforme demonstra a literatura. A causa inexplícito desta condição é uma alteração do relógio biológico do ciclo de crescimento do folículo cabelo, com conversão prematura dos folículos em fase de anágeno para telógeno (BERNÁRDEZ; MOLINA-RUIZ; REQUENA, 2015). O Eflúvio telógeno crônico é caracterizado pela queda difusa dos cabelos por mais de 6 meses, essa perda é considerável, entretanto os pacientes parecem ter a cabeça cheia de cabelos, pois é preciso pelo menos uma redução de 25% para que o adelgaçamento seja evidente, mesmo que o derramamento diário é duas vezes normal (cerca de 200 eixo do cabelo), o cabelo novo é produzido continuamente, suprindo o déficit. Cirurgia, febre, parto, deficiência de ferro, estresse, doenças crônicas e mudanças na dieta alimentar são fatores comumente associados ao transtorno de perda de cabelo. Um intervalo de tempo de dois a três meses entre o fator desencadeante e o início do distúrbio é mais comumente observado, e dura de quatro a seis meses nas formas agudas. Sugere-se que a entrada precoce na fase telógena é desencadeada pelo evento incitante, causando a habitual assincronia na perda de cabelo normal para passar por uma sincronização periódica de derramamento crônico (ADDOR et al, 2014). Diante disso é de suma importância a avaliação nutricional do ferro, sendo necessário avaliar a prevalência e os fatores associados à anemia ferropriva e sua correlação com o eflúvio telógeno. O ferro é o metal mais presente no corpo humano e participa de todas as fases da síntese proteica e dos sistemas respiratórios, oxidativos e anti-infecciosos do organismo. A maior parte do ferro utilizado no organismo humano é proveniente do próprio sistema de reciclagem de hemácias, e uma pequena parte proveniente da dieta, advindo de fontes vegetais ou inorgânicas (ferro não hemínico), e da carne e ovos (ferro hemínico ou orgânico) (FISBERG; LYRA E WEFF, 2018). As manifestações clínicas da deficiência de ferro são determinadas pelos estágios de depleção, deficiência de ferro e anemia propriamente dita, quando as repercussões clínicas e fisiológicas são aparentes, como apatia, cansaço, irritabilidade, taquicardia e outros. Exames laboratoriais específicos oferecem diagnóstico em cada um destes períodos (ADDOR et al, 2014). O hemograma completo é um dos exames mais solicitados no laboratório clínico, pois apresenta grande importância na avaliação geral do paciente, no auxílio ao diagnóstico, assim como no acompanhamento do tratamento de diversas doenças. Dentre as principais alterações, podemos citar as anemias por carência de nutrientes, anemias associadas a doenças crônicas, leucocitoses infecciosas e as leucemias (LIMA; UERLANG; MUNHOZ, 2015). Sinais de deficiência na formação da hemoglobina podem ser observados nos eritrócitos circulantes através da análise microscópica do esfregaço sanguíneo, prática que deve ser encorajada nas suspeitas de anemia, principalmente para excluir outras causas não decorrentes da deficiência de ferro (GROTTO, 2010). Segundo Faria et al, (2017) a deficiência de ferro desenvolve-se no organismo em três estágios. No primeiro estágio, há diminuição da ferritina sérica, que está diretamente relacionada com as reservas de ferro. No segundo estágio, há um declínio da concentração do ferro sérico e aumento da capacidade de ligação do ferro. Quando há restrição na síntese de hemoglobina, ocorre o terceiro estágio, podendo se instalar a anemia. O melhor exame para estimar o ferro total do organismo, particularmente o dos depósitos, é a ferritina sérica. De acordo com os padrões diagnósticos da OMS, a anemia por deficiência de ferro é leve a moderada, se a Hb fica entre 7 a 12 g/ dL, e grave, se a Hb for menor que 7 g/dL, com pequenas variações de acordo com a idade, gênero ou presença de gestação. OBJETIVOS Verificar a possível associação entre os valores de dosagem de ferro sérico, ferritina, hemograma e transferrina procurando determinar a existência ou não de correlação entre os valores laboratoriais e o eflúvio telógeno. METODOLOGIA A estratégia de pesquisa foi o estudo para propor uma correlação da anemia por deficiência de ferro e o eflúvio telógeno. Assim optou-se por uma abordagem de um estudo de revisão bibliográfica do tipo de associação e de interferência. Foram realizados levantamentos bibliográficos através de livros e artigos, adotando como critério inicial a consulta aos indexadores: PubMed, LILACS (Literatura Latinoamericana em Ciências da Saúde), MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde), SCIELO (Scientific Electronic Library Online), dissertações e monografias publicadas. Foram utilizados artigos científicos publicados de 2010 a 2020, durante os meses de agosto a novembro de 2020, sem restrições de datas e idiomas inglês e português, utilizando os descritores anemia ferropriva, alopecia, anemia. Após realização da pesquisa na base de dados online, foi realizada uma seleção dos assuntos científicos que se adequaram ao tema em estudo, considerando a credibilidade, pertinência e confiabilidade dos mesmos. A pesquisa foi estruturada em pré-análise com leitura de todos os resumos dos materiais, seleção dos artigos, elaboração do referencial teórico, objetivo e hipóteses/interferência das variáveis e exploração do material. RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme Addor et al, (2014) o mineral ferro exerce papel fundamental na nutrição do folículo. Al Mohanna et al, (2018) em seu estudo tipo ampla pesquisa bibliográfica de PubMed e Google Scholar em julho de 2018 para compilar artigos publicados que estudam a relação entre vitaminas e minerais, e perda de cabelo, observou que a deficiência de ferro contribui para Eflúvio telógeno já que a ferritina sérica (ligação ao ferro nível de proteína) é considerado um bom indicador de estoques de ferro corporal total e é confiável como um indicador em estudos de perda de cabelo. Segundo Malkud (2015), a associação da queda de cabelo com a deficiência de ferro se deve ao baixo nível de ferritina sérica, porém há controvérsias quanto aos baixos níveis de ferritina sérica que podem ser designados como deficiência nutricional desencadeando a perda de cabelo. Acrescenta que outros autores sugerem que o nível de ferritina sérica deve ser mantido acima 40mg / dl ou 70 mg / dl é indicado realizar a ingestão alimentar adequada e administração oral de sulfato ferroso sendo cerca de 300 mg três a quatro vezes ao dia é uma terapia inicial eficaz. A suplementação de ferro é dada por 3-6 meses até que o organismo se regularize (MALKUD, 2015). Estudos comparativos de níveis séricos de ferritina, folato, vitamina B12, zinco, hormônio estimulador da tireóide e vitamina D em pacientes com queixa de queda difusa de cabelo e em indivíduos saudáveis, demonstraram que as concentrações séricas de folato, vitamina B12, zinco e hormônio estimulador da tireoide foram semelhantes nos dois grupos. No entanto, os níveis médios de ferritina sérica e 25-hidroxivitamina D foram significativamente mais baixos em pacientes com queda de cabelo do que em indivíduos saudáveis. (TAMER et al, 2020). Elston (2010) analisou dados que relatam o papel do ferro no crescimento do cabelo, bem como evidências a favor e contra a deficiência de ferro como um causa da perda difusa de cabelo, constatou que não há nenhum estudo que tenha abordado os níveis de ferro mínimo necessários para o crescimento normal do cabelo e que esses níveis de ferro podem ser ruins marcador para o estado nutricional geral ou deficiência de outros micronutrientes. Um estudo analítico observacional, realizado entre janeiro e dezembro de 2013, em 169 prontuários médicos, foram revisados de mulheres com mais de 18 anos com alopecia não cicatricial, com a idade média para todos os casos de 38,5 anos. Conferindo assim os seguintes resultados: a prevalência estimada de alopecia não é cicatricial foi de 12,1%; 35,5% foi diagnosticado como perda de cabelo de padrão feminino, o 19,53% como alopecia mista e alopecia areata, seguido por eflúvio telógeno crônico com 17,16%. A maioria tinha alguma experiência em condição médica importante, principalmente hipotireoidismo com 20,47%. Dos pacientes avaliados, o valor médio de ferritina, tirotropina e hemoglobina foi 76,65 mcg / L, 3,08 ml U / L e 13,81 gramas / dl respectivamente. Uma associação positiva foi encontrada entre o tipo de alopecia e ferritina (p <0,0001). Concluindo em sua investigação que a diminuição da ferritina sérica está relacionada com a fisiopatologia do eflúvio telógeno, o que não ocorre em distúrbios da tireóide (CIFUENTES-TANG et al, 2018). CONCLUSÕES Destaca-se na pesquisa que o eflúvio telógeno comumente é desencadeado por diversos fatores, como cirurgia, febre, parto, deficiência de ferro, estresse, doenças crônicas e mudanças na dieta alimentar, no entanto a anemia por deficiência de ferro ainda é causa mais frequente para queda de cabelo. Os principais achados na revisão de literatura indicam uma associação da queda de cabelo com a deficiência de ferro pelo baixo nível de ferritina sérica. Em casos de eflúvio telógeno é indicado exames laboratoriais para avaliar os valores de dosagem de ferro sérico, ferritina (um marcador mais sensível para o diagnóstico precoce da deficiência de ferro), hemograma e transferrina, que torna possível fazer uma correlação com a queda por eflúvio telógeno. Mesmo que ainda não tenha nenhum tratamento específico para perda difusa de cabelos, associada ao eflúvio telógeno, os exames laboratoriais auxiliam no diagnóstico, controle dos fatores desencadeantes (anemia) e na elaboração e adaptação de uma conduta terapêutica, fomentando sobretudo as pesquisas na área, para um diagnóstico mais preciso. REFERÊNCIAS ADDOR, F. A. S. A., BOMBARDA, P. C. C. P., JÚNIOR, M. S. B., & de Abreu, F. F. Influência da suplementação nutricional no tratamento do eflúvio telógeno: avaliação clínica e por fototricograma digital em 60 pacientes. Surgical e Cosmetic Dermatology. v. 6, n.2, p.131-136, 2014. Disponível em: http://www.surgicalcosmetic.org.br/detalhe-artigo/325 Acesso em: 14 set. 2020. CIFUENTES-TANG, L. URIBE-CAPUTI, JC. Fatores associados à alopecia não cicatricial em mulheres adultas, estudo transversal de janeiro a dezembro de 2013. Revista acadêmica MedUNAB, Bucaramanga, v.21, n.1, p.59-66. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.29375/01237047.2677. Acesso em: 17 nov. 2020. Elston, D. M. Commentary: Iron deficiency and hair loss: problems with measurement of iron. Journal of the American Academy of Dermatology, v. 63, n. 6, p. 1077-1082, 2010. DOI: 10.1016/j.jaad.2009.09.054. PMID: 20888066 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20888066/. Acesso em 02 out. 2020. FISBERG, M. et al. Consenso sobre anemia ferropriva: mais que uma doença, uma urgência médica! Sociedade Brasileira de Pediatria. São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/21019f-Diretrizes_Consenso_sobre_anemia_ferropriva-ok.pdf. Acesso em: 20 set. 2020. PARK SY, NA SY, Kim JH, Cho S, Lee JH. Iron plays a certain role in patterned hair loss. Journal of Korean Medical Science. v. 28, n. 6, p. 934-938, 2013. DOI:10.3346/jkms.2013.28.6.934. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3678013/ Acesso em: 10 mar. 2021. Tamer F, Yuksel ME, Karabag Y. Serum ferritin and vitamin D levels should be evaluated in patients with diffuse hair loss prior to treatment. Postepy Dermatol Alergol. 2020 Jun;37(3):407-411. Disponível https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32792884/ em: doi: 10.5114/ada.2020.96251. Epub 2020 Jul 16. PMID: 32792884; PMCID: PMC7394174. Acesso em: 20 mar. 2021.
Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GIMENE, Nazaré Ricarda. EFLÚVIO TELÓGENO EM ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO OBSERVADOS EM EXAMES LABORATORIAIS.. In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/366011-EFLUVIO-TELOGENO-EM-ANEMIA-POR-DEFICIENCIA-DE-FERRO-OBSERVADOS-EM-EXAMES-LABORATORIAIS. Acesso em: 28/04/2025

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