MELASMA NO PERIODO GESTACIONAL: UMA ABORDAGEM TERAPÊUTICA

Publicado em 03/01/2023 - ISBN: 978-85-5722-522-0

Título do Trabalho
MELASMA NO PERIODO GESTACIONAL: UMA ABORDAGEM TERAPÊUTICA
Autores
  • Janaina Michelle Oliveira do Nascimento
  • Maria Eduarda De Sousa Silva
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Estética e Cosmética
Data de Publicação
03/01/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2022/496922-melasma-no-periodo--gestacional--uma-abordagem-terapeutica
ISBN
978-85-5722-522-0
Palavras-Chave
gravidez; melasma; tratamento
Resumo
INTRODUÇÃO: A gravidez representa um período de intensas modificações hormonais para a mulher, tornando sua pele mais suscetível a mudanças fisiológicas e patológicas. De acordo com a literatura, 90% das gestantes estão sujeitas as alterações pigmentares e, dependendo da manifestação clínica, estas alterações podem ser fisiológicas nessa fase (KRAUS; LEMOS, 2019). O principal representante da hiperpigmentação localizada é o melasma, também chamado de cloasma ou pano gravídico que acomete cerca de 70% das gestantes, no primeiro ou segundo trimestre gestacional (PURIM; AVELAR, 2012). Segundo Miot et al. (2009), o melasma é uma hipermelanose comum adquirida, simétrica, caracterizada por máculas acastanhadas, de contornos irregulares mas limites nítidos, desenvolvidas nas áreas fotoexpostas como, face, fronte, têmporas e, mais raramente, no nariz, pálpebras, abaixo do lábio inferior e membros superiores. Fatores como predisposição genética, alterações hormonais e o estilo de vida, como sedentarismo, alimentação e hidratação inadequados e exposição solar sem proteção fazem parte da sua etiologia. Altos níveis de hormônio estimulante dos melanócitos (MSH), influenciados, entre outros fatores, por estrogênio e progesterona, especialmente no terceiro trimestre da gestação, são frequentemente encontrados em associação com melasma. Além das alterações hormonais, as características raciais, medicações, cosméticos e endocrinopatias parecem influenciar no seu surgimento (PURIM; AVELAR, 2012), assim, o melasma acomete, também, pacientes usuárias de anticoncepcionais hormonais e homens, não sendo exclusivo do ciclo gravídico-puerperal. Dessa forma, apesar de ser uma condição benigna, o melasma pode ser esteticamente significativo e comprometer o psicoemocional e social da gestante, causando um impacto negativo na qualidade de vida. Estima-se que dos pacientes que adquirem essa hiperpigmentação, um terço sofre de problemas emocionais e psicológicos, devido ao aspecto da lesão e sua visibilidade. OBJETIVO: O presente trabalho teve como objetivo descrever os tratamentos disponíveis para o controle do melasma durante o período gestacional. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, do tipo revisão integrativa (RI) da literatura. Este método de pesquisa permite a incorporação de evidências na prática clínica. Para guiar a RI, formulou-se a seguinte questão norteadora: quais tratamentos para melasma são seguros no período gravídico? Para seleção dos artigos foram utilizados os seguintes descritores: melasma, gravidez, tratamento. Os critérios de inclusão utilizados neste estudo foram: artigos publicados entre 2005 a 2020, artigos indexados na BVS e no Google acadêmico, artigos disponibilizados no idioma português. Foram os excluídos os artigos que não atenderam os critérios de inclusão e os que não apresentavam a sua versão completa. O levantamento bibliográfico foi realizado em agosto de 2021 e análises foram desenvolvidas no período de agosto a outubro de 2021. Por se tratar de uma revisão de literatura, não foi necessário aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Mediante a utilização dos descritores estabelecidos foram encontrados nas bases de dados 35 artigos sobre o tema proposto, dos quais 17 contemplavam os critérios de inclusão. Matos; Cavalcanti (2009) mencionam que o melasma não deve ser visto apenas como um distúrbio orgânico, sendo necessário durante a avaliação considerar a exposição solar, a história genética, o uso de terapias hormonais, as comorbidades, o impacto que a doença pode ter na vida social da paciente. Segundo Gaedtke (2011), embora existam tratamentos para o melasma durante o período gestacional, este não é indicado e isso se deve ao fato do melasma desaparecer até um ano após o parto na maioria dos casos. Entretanto, pode não se resolver completamente e pode recorrer em futuras gestações ou com uso de contraceptivos hormonais orais, principalmente se a restrição à exposição ao sol for não seguida. Além disso, a maioria dos profissionais decide por não oferecer o tratamento devido aos potenciais riscos que estes podem trazer ao feto. Nesse sentido, o tratamento do melasma é adiado para o período pós-parto (MORAES et al., 2021). Segundo Ghellere; Bandão (2020) as medidas terapêuticas utilizadas para o melasma inclui proteção solar, agentes despigmentantes tópicos que atuam na inibição da atividade da tirosinase, remoção da melanina e destruição dos grânulos de melanina. Assim, são prescritos frequentemente, despigmentantes tópicos como a hidroquinona, o ácido azeláico, tretinoína, alfa e betahidroxiácidos; e corticoides tópicos usados como monoterapia ou em associação (KRAUS; LEMOS 2019; PURIM; AVELAR, 2012). Barbosa; Guedes (2018) ressaltam que hidroquinona e os retinoídes costumam ser as primeiras opções de tratamento por apresentaram maior eficácia e segurança. No entanto, em gestantes, os retinoídes não podem ser utilizados e o uso da hidroquinona está na dependência da dose. Pires; Pancote (2017) mencionam que os retinoídes, derivados sintéticos da vitamina, estão hoje entre os produtos de maior risco de teratogênese existentes no mercado. Tanto os de uso sistêmico como a isotretinoína, quanto os de uso tópico são contraindicados durante a gravidez. Esses estão associados a inúmeras anomalias crânio-faciais, malformações do sistema nervoso central e cardíaco e anomalias do trato genito-urinário. Segundo Kraus; Lemos (2019) embora o melasma costume ser tratado após o período gestacional, os produtos que são considerados eficazes e seguros para o melasma durante o período gestacional são o ácido azeláico e o aloe vera encapsulado em lipossomas. Mascena (2016) acrescenta ainda o ácido ascórbico ou vitamina C e VC-PMG (Fosfato-ascorbato de magnésio; Pires; Pancote (2017), o SkinWhiteningComplex® (SWC) e o ácido glicólico e Figueró et al. (2008) a cosmocaíne. O ácido azeláico, considerado categoria B pela FDA, é um ácido dicarboxílico, isolado de leveduras Malassezia furfur, eficaz no tratamento de hiperpigmentação pós-inflamatória e melasma. Demonstra relativa segurança materno-fetal quando aplicado topicamente. Atua por reduzir secreção de metaloproteinases e de fatores de crescimento como HGF (fator de crescimentos de hepatócitos) e SCF (fator de célula tronco), os quais são promelanogênicos. Os efeitos benéficos são observados a partir da quarta semana de tratamento e deve ser utilizado por vários meses. A redução da hiperpigmentação desse fármaco é equivalente à hidroquinona a 4% (GAEDTKE, 2011). Além disso, o acido azeláico tem ação antimicrobiana contra o Propionibacterium acnes, inibindo a formação dos comedões, além de regular a oleosidade e queratinização da pele (PIRES; PANCOTE, 2017). Gaedtke (2011) menciona que os exames toxicológicos referentes à fertilidade, embriotoxicidade e teratogenicidade do ácido azeláico em animais não indicaram qualquer risco de uso durante a gravidez e que a quantidade desse princípio ativo que passa para o leite materno é insignificante, não indicando riscos também durante a lactação. O extrato em gel de aloe vera encapsulado é capaz de aliviar a mancha com efeitos colaterais leves e isso se deve ao fato do aloe vera, popularmente conhecida como babosa, ser rica em minerais, vitaminas e aminoácidos. Sendo assim, o aloe vera pode ser considerado uma opção terapêutica para o melasma durante a gravidez (NASCIMENTO et al. 2019). Pires; Pancote (2017) mencionam que o ácido ascórbico é outra opção de agente despigmentante para a realização do tratamento. Este age impedindo a melanogênese através da inibição da tirosinase, além de ter efeito anti-radical livre. Todavia, o seu efeito é transitório e limitado em fase aquosa, já que o mesmo sofre oxidação rapidamente e tem dificuldade para penetrar na pele. Por conta disso, foi desenvolvido o fosfato de ascorbil magnésio (VC-PMG), com grande estabilidade em solução aquosa e boa penetração cutânea (DA SILVA et al., 2018). No entanto, sua capacidade de clareamento cutâneo é leve, por isso, é frequentemente utilizado na fase de manutenção ou combinados a outros despigmentantes no tratamento do Melasma. Nascimento et al. (2019) mencionam que a pele preparada com a Vitamina C cria uma resistência contra a ação danosa do sol. Além disso, este composto tem a capacidade de estimular a produção de colágeno e elastina que são responsáveis pela sustentação e firmeza da pele. De acordo com Pires; Pancote (2017) o SkinWhiteningComplex® (SWC) tem como componentes: extrato de uva ursi, biofermentado de Aspergillus spp., extrato de grapefruit e extrato de arroz, possui ação clareadora e estende-se aos vários níveis da cadeia de formação da melanina, com eficácia comprovada em estudos in vitro e in vivo. Não é irritante para a pele e pode ser utilizado em gestantes e lactentes (COUTINHO et al., 2012). Os alfa – hidroxiácidos são um grupo de substâncias naturais identificados em frutas e outros alimentos. Faz parte de um grupo de compostos orgânicos que possuem em comum a hidroxila na posição alfa (FERNANDES et al., 2018). Tais agentes com pH menor ou igual a 3,5 e concentração menor ou igual a 10% revelam-se como outra medida terapêutica para as gestantes, visto que podem estimular a proliferação celular da epiderme e reduzir a espessura da pele, tornando-a mais flexível, por meio da redução da adesão dos corneócitos no estrato córneo, em conjunto com a síntese de colágeno, estimulada pelos glicosaminoglicanos. O cosmocaíne, obtido pelo gérmen do trigo, apresenta-se relevante no tratamento do melasma gravídico uma vez que regula a melanogênese de uma forma não agressiva, induzindo à estimulação para formação de pigmentos claros. Além disso, não se configura como citotóxico nem hipopigmentante, o que oferece segurança no uso para gestantes (FIGUEIRÓ et al., 2008). Devido a dificuldade nos processos terapêuticos, o que costuma ser mais eficiente são as terapias combinadas, de forma que cada produto utilizado aja de uma maneira específica em cada etapa da melanogenese, resultando em resultados mais expressivos (PAULA et al,2019). Independente do tratamento escolhido torna-se essencial evitar a exposição às radiações solares para que o mesmo seja eficaz. Purim; Avelar (2012) ressaltam que a falta de comportamento adequado de foto proteção, que consiste no uso diário de filtro solar, meios fisicos de proteção e estratégias de evitar o sol favorece no aparecimento do melasma. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A falta de dados que comprovem a segurança dos produtos dificulta a prescrição de alguns dermocosméticos e cabe ao profissional da saúde envolvido nos cuidados da gestante informar sobre os riscos inerentes de cada prescrição e decidir se realmente é necessária sua utilização no período gravídico. Nesta estudo, vários produtos se mostraram seguras para o tratamento do melasma gravídico, tais como o ácido azeláico, o aloe vera encapsulado em lipossomas, o ácido ascórbico ou vitamina C e VC-PMG (Fosfato-ascorbato de magnésio, o SkinWhiteningComplex® (SWC), o ácido glicólico e a cosmocaíne. No período gestacional, o ideal é adotar cuidados preventivos e evitar procedimentos e produtos de maior eficácia frente aos riscos à mãe e ao feto. REFERÊNCIAS: FERNANDES, Aliciara Carlos Flor; COSTA, Larissa Fernandes da; ASSIS, Isabela Bacelar de; PINTO, Liliane Pereira. PEELING QUIMICO COM TRATAMENTO ESTETICO. Saúde em Foco Edição 10, São Lourenço /Mg, v. 10, p. 496-503, 2018. GAEDTKE, Graciela Neumann. Abordagem terapêutica do melasma gestacional. Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, p. 01-22, 2011. GHELLERE, Ingrid Cristina; BRANDÃO, Byron Jose Figueiredo. A pele E o Melasma: Prevenção e tratamento na gravidez. Bws Jornal, [s. l], p. 01-11, 2020. KRAUS, Adrielli Effting; LEMOS, Franciely. Abordagem terapêutica do melasma no período gestacional: revisão de literatura. Tecnologia em Cosmetologia e Estética-Pedra Branca. LOPES, Daniela de Sousa; SILVA, Ana Claudia Calazans da. A utilização do ácido tranexâmico no tratamento de Melasma. Revista Cientifica da Fho, [s. l], v. 1, n. 5, p. 37-43, 2017. MORAES, Amanda Silva de; COELHO, Amanda Marques; FLORES, Daniela; VIOL, Giovanna Antonelli Melo; COSTA, Giovanna de Carvalho Meneses; MARTINS, Luiza Bastos; VOLPATO, Maria Eduarda Navarro; COSTA, Maria Julia Ribeiro da; SALES, Vinicius Barbosa dos Santos; PAULA, Carmem Déa Ribeiro de. Melasma na Gestação e suas medidas Terapêuticas. Revista Eletrônica Acervo Saúde, [s. l], p. 01-07, 2021. MASCENA, Thereza Cristyna Feitosa. Melasma e suas principais formas de tratamento. Instituto de Ensino Superior e Pesquisa Centro de Capacitação Educacional, Recife, p. 07-44, 2016. NASCIMENTO, Debora Barbosa; FERNANDES, Inara Virginia; FIGUEIREDO, Samuel Soares; ROSÁRIO, Kauane Durães do; ÁLVARES, Alice da Cunha Morales. Etiologia e tratamento medicamentoso de Melasma durante a gestação. Revista de Iniciação Cientifica e Extensão, [s. l], p. 176-180, 2019. PATRIOTA, Juciele Cleice Malaquias de Lima. Melasma: principais tratamentos estéticos. Centro de Capacitação Educacional- Cce, Recife, p. 01-29, 2019. PIRES, Camila Almeida; PANCOTE, Camila Garcel. Prevenção de tratamento do melasma na gestação. Faculdade Unilago, [s. l], p. 01-11, 2017. PURIM, Katia Sheylla Malta; AVELAR, Maria Fernanda de Santana. Fotoproteção, Melasma e qualidade de vida em gestantes. Artigo Original: Trabalho realizado no curso de medicina da Universidade positivo - UP, Curitiba Pr, p. 229-233, 2012.
Título do Evento
3º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2022
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

NASCIMENTO, Janaina Michelle Oliveira do; SILVA, Maria Eduarda De Sousa. MELASMA NO PERIODO GESTACIONAL: UMA ABORDAGEM TERAPÊUTICA.. In: Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.. Anais...Campo Grande(MS) Rua Abrão Júlio Rahe, 325, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2022/496922-MELASMA-NO-PERIODO--GESTACIONAL--UMA-ABORDAGEM-TERAPEUTICA. Acesso em: 24/04/2025

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