SÍFILIS GESTACIONAL: ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO NO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL

Publicado em 03/01/2023 - ISBN: 978-85-5722-522-0

Título do Trabalho
SÍFILIS GESTACIONAL: ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO NO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL
Autores
  • STEFFANI ALMERON DE SOUZA
  • KARINA ANGÉLICA ALVARENGA RIBEIRO
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Enfermagem
Data de Publicação
03/01/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2022/502654-sifilis-gestacional--analise-do-perfil-epidemiologico-no-estado-do-mato-grosso-do-sul
ISBN
978-85-5722-522-0
Palavras-Chave
Sífilis Gestacional, Vigilância epidemiológica, Saúde Pública
Resumo
RESUMO EXPANDIDO – ENFERMAGEM Sífilis gestacional: análise do perfil epidemiológico no estado do Mato Grosso do Sul Steffani Almeron de Souza (012.1015@alunos.unigrancapital.com.br) Karina Angélica Alvarenga Ribeiro (Karina.Ribeiro@Unigran.Br) Introdução: Segundo estimativa da OMS (2019), a sífilis atinge cerca de 12 milhões de pessoas em todo mundo, sendo uma de suas manifestações mais danosas, a sífilis congênita, que apresenta 1,6 milhões de casos. Conforme os indicadores e dados Básicos da Sífilis nos Municípios Brasileiros, o total de casos de Sífilis adquirida em 2020 foi de 115.371, com uma taxa de 54,5 por 100 mil/hab. Na sífilis gestacional, estes números apontaram 61.441 casos, com uma taxa de 21,6 mil/hab (BRASIL, 2021). O diagnóstico é baseado na realização de testes em várias etapas, testes sorológicos treponêmicos e não treponêmicos. A infecção vertical traz sérios problemas à gestação e ao feto, sendo capaz de levar a uma sífilis congênita. Sabe-se que ocorre aborto espontâneo, natimorto, morte perinatal e danos ao recém-nascido como má formação, cegueira, surdez entre outros inúmeros problemas de saúde e o não tratamento da doença implica em 100% da transmissibilidade vertical, além dos riscos de infecção de sífilis congênita (SILVA, et. al, 2020). Objetivo: descrever o perfil epidemiológico dos casos notificados de sífilis gestacional no Mato Grosso do Sul, no período entre 2016 e 2021, bem como analisar o impacto que a sífilis gestacional vem causando na saúde pública do Mato Grosso do Sul. Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, com abordagem analítica exploratória. A pesquisa será realizada a partir da análise de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e das informações contidas no departamento de informática do Sistema único de Saúde (DATASUS) derivados das notificações de sífilis em gestantes identificadas no Mato Grosso do Sul de 2016 a 2022. Foram incluídas neste estudo as seguintes variáveis: números de casos de Sífilis em Gestantes, grau de escolaridade, raça/cor, faixa etária, classificação clínica da doença. A abrangência dos dados escolhida foi em âmbito estadual, avaliando-se, portanto, os casos de SG no estado do Mato Grosso do Sul. Após acesso das informações no DATASUS através do TABNET, os dados foram transportados para o Excel®. por meio de frequências relativa e/ou absoluta para serem tabulados e apresentados em forma de gráficos, sendo a análise realizada de forma quantitativa. Resultados e Discussão: De acordo com o SINAN, no período de 2016 a 2018, houve um aumento de casos de sífilis gestacional e uma queda entre os anos de 2019 e 2021. Em dados gerais, no ano de 2016 foram 1.061 (14,13%) casos. O ano de 2017 registrou um aumento, passando para 1.440 casos (19,18%) e 1.595 casos (21,25%) em 2018. Como já mencionado acima, a partir de 2019 houve uma queda, registrando os seguintes números: 1.418 (18,88%) em 2019, 1.394 (18,57%) em 2020 e 601 (8%) em 2021. Em termos percentuais, verificou-se um aumento em torno de 7% entre os anos de 2016 e 2018 e após isso uma queda não expressiva entre os anos de 2019 e 2020. Porém, no ano de 2021, os casos diminuíram drasticamente, em torno de 10%. A explicação para essa queda considerável no ano de 2021, de acordo com Carvalho, et. al. (2022) está na situação de calamidade que o país vem enfrentando devido a transmissão de SARS-CoV-2, o que levou os serviços de saúde a priorizar os casos de emergência dessa doença. Ainda conforme os autores, esta diminuição se relaciona ainda ao isolamento social, sob notificações e agudização de iniquidades sociais durante a pandemia, o que levou muitas gestantes a não frequentar de forma regular o pré-natal. Observou-se o também o grau de escolaridade das gestantes por ano de diagnóstico, nas categorias: Analfabeto; 1ª a 4ª série incompleta do EF; 4ª série completa do EF; 5ª a 8ª série incompleta do EF; Ensino Fundamental Completo; Ensino Médio Incompleto; Ensino Médio Completo; Educação Superior Incompleta e Educação Superior Completa. Ignorados/brancos também fizeram parte da coleta de dados. Nota-se que os maiores casos de sífilis gestacional, enquadra-se mulheres com escolaridade de 5ª a 8ª série incompleta do EF (1.658 – 22,10%), seguidos de Ensino Médio incompleto (1.155 – 15,39%), Ensino Médio Completo (1.138 – 15,15%), Ensino Fundamental completo (831 – 11,07%), 1ª a 4ª série incompleta do EF (290 – 3,86), 4ª série completa do EF (262 – 3,48%), Educação Superior Incompleta (164 – 2,18%), Educação Superior Completo (137 – 1,82%) e analfabeta (28 – 0,37%). Aponta-se um alto índice para ignorado/branco, sendo 1.846 casos (24,58%). É possível notar que a escolaridade de gestantes portadoras de sífilis na categoria analfabeto teve uma queda considerável, porém isso não impactou nas outras categorias, o que leva à conclusão de que o nível de escolaridade tem relação com o contágio da doença, pois existe um menor acesso à informação. Conforme Cabral et. al. (2017), essa baixa escolaridade se associa aos riscos de saúde, pois com menos acesso às informações para que se saiba sobre a doença (contágio, sintomas e tratamentos) maiores as chances de contágio e avanço da sífilis gestacional. Outra variável observada foi a raça/cor das gestantes nas categorias branca, preta, amarela, parda, indígena bem como ignorado/branco. Os dados retirados do SINAN apontam que a grande maioria das gestantes com sífilis gestacional são da raça/cor parda somando em torno de 4.052 casos (53,96%), seguido de branca 2.386 (31,77%), preta 462 (6,16%), indígena 287 (3,82%), amarela 88 (1,17%). Os dados ignorados ou que a ficha estava em branco somaram 234 (3,12%). Conforme observado, a grande maioria das mulheres se declaram pardas (53,96%), demonstrando que mulheres pardas enfrentam uma maior barreira na busca de assistência à saúde, e que esta tem menor índice de atenção ao pré-natal. Assim, mais uma vez percebe-se a importância de políticas públicas para facilitar o acesso à assistência à saúde. Nessa variável, foram observadas as categorias de 10 a 14 anos; 15 a 19 anos, 20 a 39 anos; e de 40 a 59 anos. Os dados apontaram que entre os anos de 2016 e 2021, a maior quantidade de casos de sífilis gestacional estava entre a faixa etária de 20 a 39 anos sendo 5.385, o que representa 71,72% dos casos, seguido de 15 a 19 anos (1.897 – 25,26%), 40 a 59 anos (122 – 1,63%) e de 10 a 14 anos (105 – 1,39%). Verifica-se que a grande maioria das mulheres portadoras de sífilis gestacional se encontram na categoria de 20 a 39 anos (71,72%). Desta forma se destaca a importância de desenvolver trabalhos educativos para a prevenção e promoção à saúde destinado a este público-alvo e a relevância em se dispor de testes rápidos em qualquer oportunidade no qual a mulher esteja em atendimento de saúde, independente dos motivos que a levaram até o serviço de assistência à saúde. Vale destacar que se observa uma porcentagem significativa em mães adolescentes, sendo a segunda incidência mais alta (GODOI NETO; GOMES; SOBRINHO 2019). No estudo realizado por Conceição; Câmara; Pereira (2019) averiguaram que a caracterização do perfil materno das gestantes portadoras de sífilis, apresentavam idades entre 20 e 24 anos, eram pardas, tinham menos de oito anos de estudos, sendo donas de casa, o que se infere que variáveis como raça/cor, baixa escolaridade, e desenvolvimento de atividades sem remuneração são prevalentes, o que corrobora com a pesquisa aqui desenvolvida. Foi verificada também a classificação clínica da doença em Mato Grosso do Sul no período de 2016-2021, nas categorias primária, secundária, terciária, latente e também ignorado/branco. Os dados apontam uma maior incidência na categoria latente (2.720 – 36,22%), seguido das categorias Primária (1.663 – 22,15%), Terciária (1.317 – 17,54%) e secundário (254 – 3.38%). Mais uma vez atenta-se para a quantidade alta de casos com esta categoria ignorada ou sem preenchimento (branco), totalizando 1.555 casos (20,71%). Os resultados apontam que a sífilis latente foi a mais detectada durante o período analisado (36,22%), seguida da sífilis primária, sífilis terciária e sífilis secundária. Ressalta-se a importância em se diagnosticar de forma precoce, pois reduz consideravelmente a transmissão vertical, pois nos estágios iniciais da infecção existe um maior risco de transmitir a sífilis para o feto. Contudo, conforme Carvalho, et. al. (2022), houve uma grande queda nos anos de 2020 e 2021. Os autores sugerem que os motivos estariam ligados às subnotificações, dificuldades no acompanhamento médico, pois muitas gestantes deixaram de frequentar o pré-natal e as medidas de segurança estavam voltadas à priorização do combate ao COVID-19. Além disso, destaca-se a redução na taxa de natalidade, de socialização pelo isolamento, entre outros. Um ponto característico em todas as variáveis analisadas trata-se do campo ignorados/branco, o que se torna uma preocupação, pois conforme Conceição; Câmara; Pereira (2019), todas as variáveis que são analisadas servem como avaliação para a situação do agravamento da doença, bem como fonte de pesquisa para a tomada de decisão, buscando estrangeiras na assistência à saúde prestada. Conclusão: Os resultados deste estudo apontaram os aspectos epidemiológicos da sífilis gestacional no Estado de Mato Grosso do Sul, percebendo uma grande diminuição de casos a partir do ano de 2020, com uma queda brusca no ano de 2021. Conforme análise, essa queda está relacionada à pandemia pelo SARS-CoV-2, devido ao distanciamento social necessário e devido a outros fatores que afastaram as gestantes das consultas de pré-natal e dos exames a serem realizados naquela época. Sobre as variáveis analisadas, constatou-se que as gestantes notificadas têm escolaridade de 5ª a 8ª série incompleta do EF (22,10%), ser da cor parda (53,96%), com faixa etária na categoria de 20 a 39 anos (71,72%) e com diagnóstico da doença na fase latente (36,22%). O perfil epidemiológico de casos de sífilis gestacional encontrando nesse estudo, podem estar ligados as questões culturais, sociais e financeira. Assim, conclui-se a importância de uma melhor compreensão do perfil epidemiológico dos casos de sífilis gestacional para definir meios de prevenção e tratamento, bem como para a possibilidade de criar políticas públicas adequadas para as gestantes, resultando em estratégias para a prevenção e tratamento da doença. 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Sífilis na gestante e congênita: perfil epidemiológico e prevalência. Enfermaría Global. n. 57, 2020. SOARES, Maria Auxiliadora Santos; AQUINO, Rosana. Associação entre as taxas de incidência de sífilis gestacional e sífilis congênita e a cobertura de pré-natal no Estado da Bahia, Brasil. Cadernos de Saúde Pública. v. 37, n. 7, 2021.
Título do Evento
3º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2022
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SOUZA, STEFFANI ALMERON DE; RIBEIRO, KARINA ANGÉLICA ALVARENGA. SÍFILIS GESTACIONAL: ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO NO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL.. In: Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.. Anais...Campo Grande(MS) Rua Abrão Júlio Rahe, 325, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2022/502654-SIFILIS-GESTACIONAL--ANALISE-DO-PERFIL-EPIDEMIOLOGICO-NO-ESTADO-DO-MATO-GROSSO-DO-SUL. Acesso em: 30/04/2025

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