DOENÇA RENAL CRÔNICA: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NAS POSSÍVEIS INTERCORRÊNCIAS DURANTE UMA SESSÃO DE HEMODIÁLISE

Publicado em 03/01/2023 - ISBN: 978-85-5722-522-0

Título do Trabalho
DOENÇA RENAL CRÔNICA: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NAS POSSÍVEIS INTERCORRÊNCIAS DURANTE UMA SESSÃO DE HEMODIÁLISE
Autores
  • Maria Jucieli Cruz Silva
  • Vanessa Pinto Oleques Pradebon
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
Data de Publicação
03/01/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2022/502685-doenca-renal-cronica--atuacao-do-enfermeiro-nas-possiveis-intercorrencias-durante-uma-sessao-de-hemodialise
ISBN
978-85-5722-522-0
Palavras-Chave
Cuidados de enfermagem, Insuficiência Renal Crônica, Diálise renal
Resumo
Introdução: A doença ou insuficiência renal crônica (DRC) é um dos problemas de saúde pública que vem crescendo significativamente nas últimas décadas. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (2019), a prevalência da DRC no mundo é de 7,2% para pessoas com mais 30 anos e 28% a 46% em pessoas com de 64 anos. A Insuficiência renal ocorre quando os rins perdem a capacidade de efetuar suas funções básicas, podendo ser aguda, quando essa perda ocorre de forma súbita e rápida, ou crônica, quando é lenta e progressiva, tornando-a irreversível (BRASIL, 2019). A classificação para o estágio da doença renal crônica é feita em cinco fases, de acordo com a função excretora do rim, que é avaliada pela taxa de filtração glomerular que o indivíduo apresenta. Em seu estado terminal (estágio 5), a DRC necessita de uma terapêutica para corrigir os problemas ocasionados pela perda da função renal. O transplante renal, a diálise peritoneal e a hemodiálise são as terapias renais substitutivas (TRS) mais utilizadas, sendo a hemodiálise o tratamento mais empregado para a substituição da função renal contribuindo para a manutenção da vida e promoção do bem-estar do paciente (BRASIL, 2014). Na hemodiálise, o sangue do paciente é obtido através de um acesso vascular, que pode ser um cateter ou uma fístula arteriovenosa, sendo levado ao dialisador onde é banhado por uma solução aquosa denominada dialisato, com as concentrações de plasma normais de um indivíduo (FERMI, 2010). Durante a filtração são retiradas do sangue as substancias que são prejudiciais em excesso, como a ureia, o potássio, o sódio e água. Quando o sangue sai do dialisador ele retorna ao paciente, porém filtrado (BRASIL, 2010). Esse processo é feito em um período variável de tempo, normalmente de três a quatro horas, numa frequência de três dias por semana é realizado, predominantemente, pela equipe de enfermagem e necessita de conhecimentos específicos que possibilitem a realização de intervenções de forma imediata quando necessário (COSTA et al. 2020). Diante do exposto o estudo justifica-se pela relevância no tema, visto que a DRC vem tendo um aumento significativo e o enfermeiro tem um papel primordial por permanecer na maior parte do tempo com o paciente durante a terapia hemodialítica, tendo ele que estar capacitado e ter conhecimento para garantir um atendimento seguro, eficiente e de qualidade com o fim de evitar riscos e agravos a saúde. Objetivos: descrever as intercorrências mais comuns que podem ocorrer em uma sessão de hemodiálise e como se dá a assistência do enfermeiro frente a elas. Materiais e Métodos: Esta pesquisa caracteriza-se por uma revisão integrativa da literatura de aspecto descritivo, exploratória que teve como questão norteadora “Quais são as atribuições do enfermeiro frente as principais intercorrências no processo de hemodiálise? ” A busca dos estudos foi realizada nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências (LILACS), Base de Dados de Enfermagem (BDENF), a partir do Portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Para a busca dos artigos foram utilizados descritores extraídos do Descritores em Ciências da Saúde (DECS), sendo eles: “Diálise Renal”, “Cuidados de Enfermagem” e “Insuficiência Renal Crônica, sendo feito a associação de “Dialise Renal” AND “Cuidados de Enfermagem” para as pesquisas da base dados LILACS, e a associação de “Insuficiência Renal Crônica” OR “Diálise Renal” and “Cuidados de Enfermagem” na base de dados BDENF. Foram selecionados como critérios de inclusão: artigos com texto completo, idioma em português, publicados no periodo de 2015 a 2020, que se encaixam nos objetivos da pesquisa. Para os critérios de exclusão foram eliminados artigos fora do período, de outros idiomas, dissertações, teses e manuais. As buscas foram feitas durante os meses de fevereiro e março de 2022, e selecionados oito artigos que facilitaram responder à questão de pesquisa e atingir os objetivos propostos. Resultados: Dos oito artigos selecionados para compor o estudo, quanto a metodologia abordada, houve predomínio de estudo qualitativos (três) e quantitativos (três), revisão integrativa da literatura (um artigo) e revisão narrativa da literatura (um artigo). Discussões: Houve a construção de categorias temáticas, de acordo com os objetivos propostos para resolução da questão norteadora: Categoria I - Identificação das intercorrências e seus fatores relacionados ao tratamento hemodialítico. Entre as principais intercorrências encontradas temos a hipotensão, fluxo sanguíneo inadequado, hipoglicemia, sangramento pelo acesso venoso, arritmias, coagulação do filtro ou sistema de hemodiálise, cãibras, vômitos, dores, náuseas, cefaléia e hipotermia. Nos estudos houve prevalência da hipotensão como complicação intradialítica. A hipotensão está relacionada a grande quantidade de líquidos que são removidos do volume plasmático do corpo do paciente, associada a fragilidade hemodinâmica em que ele se encontra, sendo de grande importância que seja feito a monitorização contínua e detecção precoce para que as intervenções sejam realizadas de modo eficaz (SILVA e MATTOS, 2019; COSTA et al, 2015). O fluxo sanguíneo inadequado foi observado como segunda principal intercorrência encontrado nos estudos apresentados, evidenciado com mais frequência em pacientes com acesso através de cateter duplo lúmen do que aqueles com fístulas arteriovenosas, podendo ocorrer por consequência de coágulos ou trombos que obstruem o cateter duplo lúmen impedindo o fluxo do sangue do paciente para a máquina de hemodiálise, por características próprias dos cateteres que não permitem o fluxo esperado (LESSA et al, 2018). A formação de coágulos apresenta relação com a não administração de anticoagulantes no início da hemodiálise ou a lavagem insuficiente do sistema com solução salina, assim como também pela inabilidade técnica do profissional que o manuseia, a posição inadequada da ponta do cateter e o seu tempo de permanência (SILVA et al, 2019; SOUZA et al, 2016). As arritmias foram encontradas em pacientes com alterações cardiológicas que fazem com que sejam potencializadas com a circulação extracorpórea, principalmente os que estavam na unidade de terapia intensiva (SILVA, 2019). Silva (2018) aponta que a hipoglicemia e hipotermia estão relacionadas a circulação extracorpórea e são intercorrências a serem evitadas, devendo ocorrer a monitorização frequente durante o procedimento. Sangramentos associados a punção e ao uso da heparina também foram identificados em seu estudo, pois a mesma pode induzir à trombocitopenia aumentando a possibilidade de sangramentos. Costa, (2020) também ressalta o uso da heparina como fator de causa para sangramentos, sendo usada para evitar a coagulação do sangue no sistema de circulação extracorpóreo, podendo ocasionar riscos graves ao paciente quando há erro na sua utilização. Como complicações secundárias decorrentes da troca de eletrólitos e a remoção rápida de líquidos foram identificados náuseas e vômitos, cefaleia, dores e câimbras musculares com ocorrência nos tratamentos dialíticos, tendo as alterações na pressão sanguínea e síndrome do desequilíbrio como fatores predisponentes (COSTA, 2015). Categoria II - Identificação de diagnósticos de enfermagem (DE) mais frequentes diante das intercorrências: Os principais diagnósticos de enfermagem encontrados para a sistematização das ações de enfermagem segundo a taxonomia NANDA I (2018-2020), ao paciente que está em TRS através da hemodiálise foram: Risco de pressão arterial instável; Risco de desequilíbrio eletrolítico ; Integridade da pele prejudicada e Risco de sangramento (JACON, 2020). Categoria III - Intervenções relacionadas a assistência do enfermeiro nas intercorrências. As intervenções para a “hipotensão” intradialítica podem ser feitas com base na diminuição da velocidade da ultrafiltração, associados a administração de solução salina fisiológica e agentes hipertônicos, e quando necessário o paciente deve ser colocado na posição de Trendelemburg (RIEGEL, SERTÓRIO e SIQUEIRA, 2018). Silva et al. 2018, acrescenta também medidas como diminuição da temperatura do dialisato, e para o doente com instabilidade hemodinâmica é recomendado a hemodiálise continua estendida com utilização de taxas de ultrafiltrações menores. As intervenções de enfermagem para o “fluxo sanguíneo inadequado”, incluem desde medidas preventivas que evitem danos e disfunções no dispositivo e fim de garantir a maior permeabilidade como a pratica de habilidades para decidir condutas apropriadas diante de cada situação. O uso de soluções de preenchimento como a heparina é responsável por manter essa permeabilidade do sangue no sistema e indica-se a lavagem do mesmo com flush solução salina, troca do sistema de linhas e filtros e a alteração da ultrafiltração (SILVA et al, 2019). Riegel, Sertório e Siqueira (2020) apontam medidas que devem ser tomadas ao interromper a sessão de hemodiálise em pacientes que utilizam a FAV que incluem o cuidado com a retirada da agulha, compressão no local da punção até a completa hemostasia, aplicação de gelo no local durantes as próximas 12 horas e não garrotear o braço. Em pacientes com arritmias, o enfermeiro deve monitorar e corrigir desequilíbrios ácidos-básicos e eletrolíticos que podem precipitar as arritmias, garantir o monitoramento constante do ECG, acesso a medicações de emergência e observar a ocorrência de fadiga, dispneia, ortopneia e taquipneia (SILVA, 2018). Para reações de náuseas e vômitos, salientam que devem ser usados antieméticos e tomados alguns cuidados quanto a alimentação com vista a controlar os fatores que agravam esses sintomas. Já para a diminuição da cefaleia, que normalmente é decorrente da hipotensão, hipertensão ou alteração do peso corporal, devem ser utilizados analgésicos. Conclusões: Com este estudo conclui-se que é fundamental que o enfermeiro mantenha uma relação estreita e conheça seu paciente, compreenda os processos que ocorrem no corpo durante uma sessão de hemodiálise, o funcionamento do circuito das maquinas de hemodiálise e as intercorrências que podem ocorrer, para que esteja apto a intervir da forma mais eficaz frente as individualidades e complexidades de seu paciente. A atuação do enfermeiro vai desde a monitorização, a detecção de anormalidades e rápida intervenção, a fim de garantir que esse processo seja eficaz, mantendo a saúde do paciente, assim também como manter os cuidados e medidas preveníveis, para evitar que as mesmas aconteçam durante o processo de hemodiálise. Diante disso considera-se necessário que sejam implementadas medidas educativas para reduzir as complicações intradialítacas, como educação permanente, educação continuada, educação em saúde e o cuidado baseado no processo de enfermagem nesses ambientes que direcione a tomada de decisões pelo enfermeiro. Referências: BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de Tecnovigilância: abordagens de vigilância sanitária de produtos para a saúde comercializados no Brasil. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2010. _______. Ministério da Saúde. 14/03- Dia Mundial do Rim 2019: Saúde dos Rins para todos. Biblioteca Virtual em Saúde. 2019. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/14-3-dia-mundial-do-rim-2019-saude-dos-rins-para-todos/>. Acesso em: 14 set. 2021. _______. Ministério da Saúde. Diretrizes clínicas para o cuidado ao paciente com Doença Renal Crônica – DRC no sistema único de saúde. Brasília, 2014. COSTA, B. C. P., et al. Vivências do cuidado de enfermagem em Unidade de Diálise: Relato de Experiência. Revista de Enfermagem do Centro Oeste Mineiro. Divinópolis, MG, v. 10, e.3084, Out. 2020. COSTA, R. H. S., et al. Complicações em pacientes renais durante sessões hemodialíticas e intervenções de enfermagem. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online. Rio de Janeiro, RJ, v. 7, n. 1, p. 2137-2146. Jan./mar. 2015. FERMI, M. R. Diálise para a enfermagem: guia prático. 2? edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. LESSA, S. R. O., et al. Prevalência e fatores associados para a ocorrência de eventos adversos no serviço de hemodiálise. Texto Contexto - Enferm. Florianópolis, SC, v. 27, n. 3, e3830017, 2018. Disponível em: <http://www.revenf.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072018000300333&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 22 mai. 2022. RIEGEL. F; SERTÓRIO, F. C; SIQUEIRA, D. S. Intervenções de enfermagem frente às complicações em hemodiálise. Rev. enferm. UFPI. Porto Alegre, RS, v. 7, n. 1, p. 63-70, Jan-Mar. 2018. SILVA, A. F. S., et al. Intervenções de enfermagem para complicações presentadas durante a hemodiálise em pacientes críticos e propostas de intervenções de enfermagem. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro. v. 8, e2327, 2018. Disponível em: <http://www.revenf.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072018000300333 >. Acesso em 22 maio 2022. SILVA, P. E. B. B.; MATTOS, M. Complicações hemodialíticas na unidade de terapia intensiva. Rev. enferm. UFPE on line. Recife, v. 13, n. 1, p. 162-168, Jan. 2019. Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/234781/31147>. Acesso em: 20 maio 2022. SOUZA, M. R. G., et al. Prevalência de eventos adversos em uma unidade de diálise. Rev Enferm UERJ, Rio de Janeiro, v. 24, n. 6, p. e18237, dez. 2016. Disponível em: < https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/18237 >. Acesso em: 20 maio 2022.
Título do Evento
3º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2022
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Maria Jucieli Cruz; PRADEBON, Vanessa Pinto Oleques. DOENÇA RENAL CRÔNICA: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NAS POSSÍVEIS INTERCORRÊNCIAS DURANTE UMA SESSÃO DE HEMODIÁLISE.. In: Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.. Anais...Campo Grande(MS) Rua Abrão Júlio Rahe, 325, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2022/502685-DOENCA-RENAL-CRONICA--ATUACAO-DO-ENFERMEIRO-NAS-POSSIVEIS-INTERCORRENCIAS-DURANTE-UMA-SESSAO-DE-HEMODIALISE. Acesso em: 28/04/2025

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