O CONCEITO DE PERVERSÃO E SUAS POSSÍVEIS RELAÇÕES COM O CRIME, A PARTIR DA OBRA “TRÊS ENSAIOS SOBRE A TEORIA DA SEXUALIDADE”, DE SIGMUND FREUD

Publicado em 05/12/2018 - ISSN: 2176-3968

Título do Trabalho
O CONCEITO DE PERVERSÃO E SUAS POSSÍVEIS RELAÇÕES COM O CRIME, A PARTIR DA OBRA “TRÊS ENSAIOS SOBRE A TEORIA DA SEXUALIDADE”, DE SIGMUND FREUD
Autores
  • Alessandra Triaca
Modalidade
Prorrogado envio de Resumo até dia 09/10/2018
Área temática
Filosofia da Psicanálise
Data de Publicação
05/12/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/humanitaspucprfilo/122409-o-conceito-de-perversao-e-suas-possiveis-relacoes-com-o-crime-a-partir-da-obra-tres-ensaios-sobre-a-teoria-da-s
ISSN
2176-3968
Palavras-Chave
PERVERSÃO, CRIME, SEXUALIDADE
Resumo
A partir do texto “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, dois caminhos se apresentam em relação ao conceito de perversão: A perversão como traço constituinte da sexualidade humana normal, ou seja, não patológica; e a perversão como patológica, estabelecida no psiquismo adulto. Dada então uma constituição psíquica perversa, o presente trabalho busca articular, na obra de Freud, possíveis relações entre perversão e crime. Em Freud, o conceito de perversão, tomado da psiquiatria, tem seu desenvolvimento no decorrer de toda a sua obra, de onde podemos apontar três momentos principais, que se integram: Na obra Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905), o eixo principal é a neurose tida como “negativo da perversão”. No artigo Uma criança é espancada (1919), Freud liga o masoquismo com a questão da identificação e finalmente em O fetichismo (1927) Freud demonstra o caráter ambíguo do fetiche, apresenta a recusa da castração e sua relação com a dissociação (clivagem) do ego. Nos ateremos aqui principalmente ao texto Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, tido, segundo Roudinesco e Plon (1998), como o livro inaugural de uma teoria "inteiramente inédita” da sexualidade humana, ao tratar principalmente das teorias sexuais infantis e sobre a disposição perverso-polimorfa, isto é, associada por Freud às condições de pré-prazer da sexualidade adulta. Foi um dos textos mais modificados de Freud, tendo sido corrigido e alterado várias vezes entre 1905 e 1920, e teve quatro edições lançadas. Em cada uma delas, Freud introduziu modificações, conforme foi aperfeiçoando sua teoria da libido na evolução geral de sua própria doutrina, organizando o “dualismo pulsional” e desenvolvendo sua concepção de narcisismo. Freud enfatiza aqui que a exposição da sua teoria é baseada nas observações de sua prática médica, e a elas a psicanálise busca acrescentar profundidade e importância científica. Através desta obra, podemos verificar que vários fatores são dispostos em uma ordem determinada de precedência: os acidentais tem prioridade, ficando os constitucionais em segundo plano, ou seja, a ontogênese teria mais peso que a filogênese. Freud atribui, ainda neste prefácio à quarta edição, que sua insistência na importância da sexualidade em todas as realizações humanas e a tentativa que ele faz de ampliar o conceito de sexualidade cria as fortes razões para as resistências contra a psicanálise. No resumo que segue os três ensaios, Freud descreve os efeitos que o recalque, a hereditariedade, a sublimação e a fixação geram na sexualidade. Assim, vários tipos de transtornos emocionais têm como origem dois tipos de perturbação, que ocorrem sempre numa dessas fases libidinais: fixação, devido à gratificação excessiva durante determinada fase, ou regressão, causada pela angústia, forçando ao retorno de um fase mais avançada para uma fase anterior. Se uma relação anormal entre todas as diferentes disposições persiste e se torna mais forte na maturidade, o resultado será uma vida sexual perversa. Fica a definição de sexualidade perversa como toda aquela que abandona o alvo da procriação e procura o prazer como um objetivo em si mesmo. Todo autor de um crime perverso, aqui se colocando a noção comum de perversidade, seria um perverso em sua estrutura psíquica, de acordo com a psicanálise? A psicanálise destaca o autor e não o crime, pois, para cada uma das estruturas (neurose, psicose, perversão), para cada um dos sujeitos, encontraremos diversas modalidades de crimes decorrentes de sua relação com o desejo, a satisfação e o objeto. (SUSINI, 2006). A autora diferencia o “crime perverso” do sujeito, para a psicanálise, que possui estrutura perversa. Portanto, um crime hediondo pode ser praticado por um sujeito psicótico, neurótico ou perverso. A principal divergência entre os objetivos da psicanálise e do direito penal, de acordo com Freud, seria a falta de colaboração do sujeito. Freud ainda coloca em dúvida a aplicação do método psicanalítico pelos juizes pela diferença entre as resistências que, no caso do criminoso e do neurótico, escondem a verdade. Se, na neurose, a resistência ao processo de elaboração é inconsciente, a "resistência" de um criminoso que, por razões óbvias quer ocultar seu crime, é consciente. Freud não se interessou especificamente pela criminologia em si. O crime que chamou sua atenção foi o parricídio, que ele ligava ao Complexo de Édipo e ao incesto, criando um paradigma dos atos criminosos praticados pelo homem: enquanto o histérico esconde um segredo que não conhece, o criminoso dissimula este mesmo segredo com plena consciência. Porém, para Shimizu (2016), os “textos sociais” de Freud são ferramentas teóricas para a leitura das relações de poder que permeiam a sociedade, bem como dos meandros da psique e das estruturas sociais. Segundo o autor, é preciso que se reconheçam “os méritos da criminologia psicanalítica na primeira metade do século XX, especialmente por ter rompido com a dicotomia entre crime e normalidade”. Trata-se então, no presente trabalho, a partir do estudo do conceito de perversão na obra de Freud, de pontuar a aplicação subjetiva relativa ao crime, antes e depois do ato, e se ela muda. Busca-se analisar, de acordo com o arcabouço psicanalítico da obra freudiana, o grau de responsabilidade do sujeito, para que se possa avaliar a adequação (ou não) de sua resposta ao ato. Seus sintomas, suas motivações e escolhas de objeto diferem; cada crime é único e estes aspectos, aprofundados, podem trazer a possibilidade de uma escuta deste caminho, da fantasia à conduta, dos perpetradores de crimes.
Título do Evento
Congresso Humanitas | Filosofia
Cidade do Evento
Curitiba
Título dos Anais do Evento
XVI Congresso de Filosofia Contemporânea da PUCPR: O Futuro das Humanidades
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

TRIACA, Alessandra. O CONCEITO DE PERVERSÃO E SUAS POSSÍVEIS RELAÇÕES COM O CRIME, A PARTIR DA OBRA “TRÊS ENSAIOS SOBRE A TEORIA DA SEXUALIDADE”, DE SIGMUND FREUD.. In: XVI CONGRESSO DE FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA DA PUCPR - O FUTURO DAS HUMANIDADES. Anais...Curitiba(PR) pucpr, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/humanitaspucprfilo/122409-O-CONCEITO-DE-PERVERSAO-E-SUAS-POSSIVEIS-RELACOES-COM-O-CRIME-A-PARTIR-DA-OBRA-TRES-ENSAIOS-SOBRE-A-TEORIA-DA-S. Acesso em: 28/04/2025

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