SAÚDE MENTAL E BEM-ESTAR DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

Publicado em 07/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0256-1

Título do Trabalho
SAÚDE MENTAL E BEM-ESTAR DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Autores
  • Mayara Da Cruz Silveira
  • Roberta Carolina Assis Palheta
  • Lívia de Aguiar Valentim
  • SHEYLA MARA SILVA DE OLIVEIRA
  • Franciane de Paula Fernandes
  • TATIANE COSTA QUARESMA
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
4. Assistência a populações tradicionais no contexto amazônico
Data de Publicação
07/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iicofs/779238-saude-mental-e-bem-estar-das-comunidades-quilombolas--uma-revisao-integrativa-da-literatura
ISBN
978-65-272-0256-1
Palavras-Chave
Saúde mental; Assistência de enfermagem; Comunidades quilombolas.
Resumo
Contextualização: A definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) para saúde mental destaca seu vínculo com o bem-estar, capacidade de lidar com desafios, produtividade e contribuição à comunidade (Gaino et al., 2018). O sofrimento psíquico, resultante da interseção de gênero, raça/etnia, sexualidade e geração, é agravado nas comunidades quilombolas devido à desigualdade social, isolamento geográfico, escassez de serviços e discriminação, impactando o acesso à saúde de qualidade (Dimenstein et al., 2022). Compreender as vulnerabilidades que afetam a saúde mental dessas comunidades é crucial exigindo uma prática de enfermagem adaptada às suas particularidades culturais, valorizando a saúde mental como aspecto essencial. Objetivo: Identificar transtornos mentais prevalentes e práticas tradicionais de cuidado em populações quilombolas. Métodos: Realizou-se uma revisão integrativa da literatura, no qual foram pesquisados estudos publicados entre 2017 a 2023, encontrados nas bases de dados: Scientific Electronic Library Online (Scielo), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Dentre os critérios de inclusão utilizou-se idiomas em português e inglês, artigos na íntegra e gratuitos, resumos de revisão bibliográfica e relatos de experiência. Assim, os critérios de exclusão foram dissertação de monografias, mestrados e doutorados, trabalhos duplicados e trabalhos incompletos. Já as variáveis determinantes pesquisadas foram “assistência de enfermagem” e “comunidade quilombola” e “saúde mental” e “povos tradicionais”. Resultados: A análise dos estudos pesquisados permitiu uma compreensão mais profunda sobre a saúde mental da comunidade quilombola e suas interações com a natureza e a cultura para a melhoria do seu bem estar, totalizou-se 50 artigos encontrados, porém no estudo incluiu-se 10 trabalhos que atenderam os critérios de inclusão. No resultado, a leitura e interpretação da literatura possibilitaram a identificação de quatro principais domínios interpretativos: 1) Principal transtorno mental: principais sintomas de transtorno mental; 2) Exploração do consumo excessivo de bebidas alcoólicas como um desafio para a saúde mental; 3) Exame dos recursos utilizados pelos quilombolas para o cuidado com a saúde mental, abrangendo o uso de ervas, plantas medicinais e práticas religiosa; 4) Avaliação do papel do enfermeiro na prestação de assistência à saúde mental da comunidade quilombola. Discussão: As comunidades quilombolas, marcadas por sua ancestralidade negra, enfrentam desigualdades socioeconômicas e geográficas, que contribuem significativamente o sofrimento psíquico (Batista e Rocha, 2020). De acordo com Queiroz et al., (2023), o Transtorno Mental Comum (TMC) se manifesta com sintomas depressivos, estados de ansiedade, irritabilidade, fadiga, insônia, dificuldade de memória e concentração, além de queixas somáticas, sendo uma das morbidades psíquicas mais prevalentes em diferentes regiões e populações, incluindo as comunidades quilombolas. Estudos apontaram que mulheres têm 2,9 vezes mais chances de desenvolver TMC do que os homens, sendo influenciadas por extensas jornadas de trabalho, desvalorização das atividades femininas e fatores sociais como desemprego, violência e precárias condições de vida, todos contribuindo para o sofrimento psíquico feminino nessas comunidades. Com isso, é essencial abordar o sofrimento psíquico nas comunidades quilombolas para melhorar a assistência em saúde mental. Segundo os autores Rodrigues e Krindges (2017), eles destacam que o início do consumo de bebidas alcoólicas ocorre precocemente, aos 14 anos, em comunidades quilombolas, devido à influência cultural e à sociabilidade. A bebida atua como a mediadora dos encontros entre as pessoas, sendo assim, ela está associada aos costumes das comunidades em decorrência da falta de lazer e entretenimento. Em relação a isso, Dimenstein et al., (2018) destacam em seu estudo que o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM III) e a Classificação Internacional de Doenças (CID-8) classifica o alcoolismo como um transtorno mental, por se tratar de uma droga depressora. Da mesma forma, Melo, Mesquita e Maciel (2022) ressaltam em seu estudo que o consumo excessivo de álcool em comunidades quilombolas é visto como problema e agravo de saúde, pois a bebida pode acabar agravando o estado psíquico do indivíduo, causando a diminuição nas atividades do Sistema Nervoso Central (SNC). Nesse contexto, elucida-se a importância da implementação e execução de políticas públicas com o objetivo de orientar e prevenir o alcoolismo dessas comunidades. Outrossim, os recursos utilizados pelos moradores da comunidade no cuidado em saúde mental, o qual tem forte influência nos saberes culturais das populações tradicionais em geral, são baseados conforme as dificuldades de acesso à saúde (Rezende et al., 2020). A partir disso, essas populações apresentam particularidades identificadas nos aspectos da afrodescendência, neles podem ser implementados vínculos de parentesco e manifestações culturais de práticas e saberes religiosos. Desse modo, estudo de Batista e Rocha (2019), evidencia-se o uso de ervas e plantas medicinais, essa prática segue pela tradição e aspectos culturais passados de geração em geração. Outra prática importante utilizada no cuidado à saúde é as práticas religiosas, que estão atreladas aos modos reprodutivos de costumes e crenças presentes há décadas nessa população. Assim, essa prática revela a importância de obter a presença do benzedor, um “curador” de pessoas doentes que utiliza rezas e plantas medicinais. Diante disso, o acesso à saúde de algumas comunidades ainda presencia empecilhos, visto que algumas apresentam um distanciamento da zona urbana. Além disso, destaca-se a falta de materiais nas unidades de saúde de referência e falta de profissionais qualificados. Conforme Rezende e colaboradores (2021), esses fatores contribuem para uma assistência de qualidade insatisfatória, resultando na dependência de transporte para alcançar a unidade de saúde mais próxima, o que dificulta o acesso à saúde. O papel do enfermeiro torna-se crucial ao promover práticas de responsabilidade e resolutividade, buscando fornecer assistência centrada nas necessidades da comunidade. Adicionalmente, a oferta de educação continuada é essencial para prevenir comorbidades e promover uma abordagem holística à saúde mental nessas comunidades. Conclusão: Este estudo destaca transtornos mentais e práticas de cuidado em comunidades quilombolas, ressaltando aspectos culturais e religiosos dessas comunidades como forma de suprir os desafios ao acesso de assistências à saúde, visto que a avaliação da saúde mental leva em consideração as vulnerabilidades presentes nos territórios das comunidades. No entanto, é importante salientar a escassez de estudos sobre a temática em foco e suas limitações no âmbito das comunidades quilombolas, estabelecendo, portanto, a importância de mais estudos a respeito da situação da saúde mental das populações negras vivendo em remanescentes dos quilombos.
Título do Evento
II CONGRESSO DE FORMAÇÃO EM SAÚDE DA REGIÃO NORTE: DA GRADUAÇÃO A PÓS-GRADUAÇÃO
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso de Formação em Saúde da Região Norte: da graduação a pós-graduação
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVEIRA, Mayara Da Cruz et al.. SAÚDE MENTAL E BEM-ESTAR DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA.. In: Anais do Congresso de Formação em Saúde da Região Norte: da graduação a pós-graduação. Anais...Santarém(PA) UEPA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IICOFS/779238-SAUDE-MENTAL-E-BEM-ESTAR-DAS-COMUNIDADES-QUILOMBOLAS--UMA-REVISAO-INTEGRATIVA-DA-LITERATURA. Acesso em: 26/04/2025

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