DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA SAÚDE MENTAL DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PARÁ

Publicado em 07/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0256-1

Título do Trabalho
DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA SAÚDE MENTAL DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PARÁ
Autores
  • Ellen Mara Fernandes Da Silva
  • Vitor Ribeiro Araujo
  • Lívia de Aguiar Valentim
  • TATIANE COSTA QUARESMA
  • Franciane de Paula Fernandes
  • SHEYLA MARA SILVA DE OLIVEIRA
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
4. Assistência a populações tradicionais no contexto amazônico
Data de Publicação
07/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iicofs/779898-desafios-e-perspectivas-na-saude-mental-de-comunidades-quilombolas--um-relato-de-experiencia-no-para
ISBN
978-65-272-0256-1
Palavras-Chave
Saúde mental; Quilombolas; Apoio psicológico; Educação em saúde.
Resumo
Contextualização: No processo saúde-doença, a atenção aos determinantes sociais de saúde é crucial, abrangendo condições de vida, moradia, trabalho, aspectos econômicos, relações sociais, culturais e étnico/raciais. Esses fatores exercem influência significativa na saúde mental, conectando-se a questões genéticas, de gênero, raça, capacidade adaptativa, laços afetivos, sociais e estruturais, como empregabilidade e acesso a políticas públicas. Comunidades quilombolas enfrentam desafios no acesso a serviços de saúde devido à distância das cidades, contribuindo para desigualdades sociais, preconceitos e discriminações, ampliando o descaso do poder público, especialmente na busca por atendimento de qualidade (BATISTA & ROCHA, 2020). O sofrimento psíquico nesse contexto está intrinsecamente ligado às fragilidades nos cenários cotidianos, resultantes da desigualdade social, emergindo como um dos principais problemas de saúde pública. Investigar esse sofrimento em comunidades quilombolas, embora complexo, é essencial para ampliar conhecimentos e criar estratégias de assistência. Uma alternativa buscada para a cura é a adoção de itinerários terapêuticos, incorporando plantas medicinais, religiosidade, automedicação, aliados a consultas médicas e conhecimento empírico (ACIOLE, 2019). Objetivo: Apresentar a concepção de saúde mental em uma comunidade quilombola, destacando sua singularidade por meio da análise da vivência e troca de conhecimentos no projeto de extensão "Tecendo o Bem-Estar: Curso de Saúde Mental para Fortalecimento das Comunidades Quilombolas”. Metodologia: O projeto de extensão Tecendo o Bem-Estar: Curso de Saúde Mental para Fortalecimento das Comunidades Quilombolas foi realizado na comunidade quilombola Murumuru por meio da parceria com o projeto Omulu – Terra de Quilombos no dia 17 de outubro de 2023. O grupo atuante no cenário foi composto por estudantes da graduação em enfermagem do 8º semestre e mestrandos da Universidade do Estado do Pará – UEPA. Através da prática de educação em saúde foram realizadas dinâmicas, palestras, compartilhamento de experiências, distribuição de material de apoio (cartilhas) e atendimentos de caráter multidisciplinar dentro do eixo de saúde mental. O público-alvo da ação foram os moradores da comunidade com participação, também, dos agentes de saúde atuantes na localidade. Resultados: Durante a abordagem inicial sobre o tema, foi discutido o conceito de saúde mental e os requisitos para mantê-la na comunidade. Nesse contexto, evidenciou-se a complexidade dos determinantes que impactam o processo saúde-doença nessa população. Ao explorar as práticas cotidianas, a comunidade concebe a saúde mental como um estado em que a estabilidade da mente é crucial para o bem-estar físico. Elementos como boas noites de sono, alimentação saudável, convívio comunitário, relações familiares positivas, prática esportiva e discernimento na interpretação do entorno foram destacados. Contudo, algumas problemáticas emergiram, incluindo a escassez de ações na comunidade, falta de profissionais qualificados como psicólogos e preparadores físicos, dificuldade de acesso a atendimento psicológico no centro urbano e a expressiva demanda da comunidade. Participantes compartilharam desconhecimento sobre a ansiedade, destacando a urgência de conhecimento científico. As indagações concentram-se no conceito de ansiedade, seu potencial impacto fatal, a capacidade do ser humano de compreender seus limites emocionais, a conquista do autocontrole e a conciliação das atividades diárias com enfrentamento de problemas e preocupações. Além disso, características extrínsecas às falas apontaram o desgaste físico e mental dos agentes de saúde da comunidade, relacionado à logística da unidade de saúde ausente em Murumuru. Esse desgaste, combinado ao atual cenário climático e dinâmicas familiares, influenciou negativamente a condição de saúde individual, representando um desafio adicional para a implementação efetiva das boas práticas de cuidado. Discussão: A saúde mental, crucial para a existência de todo indivíduo, desempenha um papel fundamental na configuração das relações interpessoais, interações com o ambiente, comunidade, autonomia e enfrentamento de desafios socioeconômicos. A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2022) a define como um estado de bem-estar em que o indivíduo pode aplicar suas habilidades, recuperar-se do estresse diário, ser produtivo e contribuir para a comunidade. No contexto das populações tradicionais, como os quilombolas, o sofrimento psíquico é complexo, influenciado por diversas dimensões e contexto histórico, marcado por desproteção social e inseguranças socioassistenciais (DIMENSTEIN, M. et al, 2022). O isolamento geográfico das comunidades quilombolas, distantes dos centros urbanos, representa um desafio para o sistema de saúde pública, limitando a implementação de ações consistentes e estruturas físicas especializadas (BATISTA & ROCHA, 2019). Os determinantes sociais, como condições de vida, trabalho, moradia e escolaridade, revelam a vulnerabilidade dessas comunidades, indicando a necessidade premente de políticas públicas eficazes (BATISTA & ROCHA, 2020). Frente a essa realidade, a população quilombola adota estratégias de cuidado, recorrendo ao conhecimento empírico, práticas cotidianas, uso de chás, ervas medicinais e práticas religiosas como recursos terapêuticos para preservar a saúde e prevenir o adoecimento individual e comunitário. Observa-se uma lacuna nas práticas relacionadas à saúde mental nessas comunidades, derivada da escassez de estudos e dados que identifiquem e caracterizem suas demandas específicas (ACIOLE, 2019). O "desconhecimento sobre a temática da ansiedade" destaca a necessidade de maior acessibilidade à informação por parte dos profissionais de saúde, rompendo a barreira paciente-médico e empoderando o indivíduo como agente ativo em seu próprio processo de cuidado (ACIOLE, 2019). Além disso, os profissionais de saúde, em especial os agentes comunitários de saúde (ACS), enfrentam desafios significativos, como o desgaste mental relacionado à logística e isolamento geográfico. Santos et al. (2017) ressaltam que os ACS, essenciais na atenção primária, estão expostos a riscos ocupacionais, fadiga, sobrecarga, insatisfação e desânimo, fatores que contribuem para o adoecimento mental. Portanto, a atenção à saúde mental das comunidades quilombolas não apenas demanda ações específicas e sensíveis às suas realidades, mas também exige um esforço conjunto para superar os desafios estruturais e promover uma abordagem integrada, considerando tanto as necessidades da população quanto o bem-estar dos profissionais de saúde envolvidos. Conclusão: Diante das complexidades apresentadas, torna-se evidente que a população quilombola enfrenta carências significativas no acesso a um atendimento psicológico adequado, uma lacuna fundamentada em fatores intrínsecos ao seu contexto social e ambiental. A presença marcante de discriminação e preconceito, aliada ao isolamento geográfico que dificulta o alcance aos centros de saúde e aos profissionais de saúde que poderiam atender diretamente na comunidade, contribui para a fragilidade desse suporte psicológico. Outra barreira enfrentada é a falta de acolhimento adequado por parte dos profissionais de saúde, que, por vezes, deixam de informar sobre as condições do indivíduo, agravando o distanciamento entre o usuário e os serviços de saúde. Entretanto, é perceptível a abertura e receptividade da população quilombola para discutir e compreender questões relacionadas à saúde mental, demonstrando um anseio por informações que possam beneficiar tanto o indivíduo quanto a comunidade. Essa predisposição facilita a aplicação de estratégias de cuidado em saúde mental. Portanto, a iniciativa de buscar e aprofundar as pesquisas sobre o adoecimento psíquico nas populações quilombolas se mostra crucial. Isso não apenas permitirá a identificação precisa das demandas e características específicas desse grupo, mas também possibilitará o desenvolvimento de estratégias de cuidado mais adequadas, eficazes e culturalmente sensíveis, visando promover a saúde mental de maneira integral e inclusiva.
Título do Evento
II CONGRESSO DE FORMAÇÃO EM SAÚDE DA REGIÃO NORTE: DA GRADUAÇÃO A PÓS-GRADUAÇÃO
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso de Formação em Saúde da Região Norte: da graduação a pós-graduação
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Ellen Mara Fernandes Da et al.. DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA SAÚDE MENTAL DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PARÁ.. In: Anais do Congresso de Formação em Saúde da Região Norte: da graduação a pós-graduação. Anais...Santarém(PA) UEPA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IICOFS/779898-DESAFIOS-E-PERSPECTIVAS-NA-SAUDE-MENTAL-DE-COMUNIDADES-QUILOMBOLAS--UM-RELATO-DE-EXPERIENCIA-NO-PARA. Acesso em: 26/04/2025

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