LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL COM O USO DA LITERATURA REGIONAL COMO INTERLOCUTORA DE SABERES CULTURAIS AMAZÔNICOS

Publicado em 03/05/2023 - ISBN: 978-85-5722-738-5

Título do Trabalho
LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL COM O USO DA LITERATURA REGIONAL COMO INTERLOCUTORA DE SABERES CULTURAIS AMAZÔNICOS
Autores
  • Vitória Cristine Cavalcante Da Silva
  • Ana Clara Soares Do Nascimento
  • Maria Gislanne de Sousa Silva Ferreira
  • Rogerio Andrade Maciel
Modalidade
Comunicações Orais - Resumo Expandido
Área temática
GT 3 - Educação Linguagens e saberes Interculturais nas territorialidades amazônicas
Data de Publicação
03/05/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iii-silssa/617109-letramento-no-ensino-fundamental-com-o-uso-da-literatura-regional-como-interlocutora-de-saberes-culturais-amazoni
ISBN
978-85-5722-738-5
Palavras-Chave
Letramento, Literatura Regional, Cultura Amazônica
Resumo
1-INTRODUÇÃO O presente trabalho trata das experiências de letramento utilizando a literatura regional como mediadora do conhecimento cultural na região amazônica, a partir dos resultados obtidos durante o Estágio Supervisionado no Ensino Fundamental, realizado com uma turma de 5º ano na Escola Municipal Jorge Travassos, localizada em Capanema-PA, no ano de 2022. Destarte, a temática abordada foi proposta a partir das vivências/dificuldades dos alunos em relação à leitura e escrita. Para solucionar esses problemas, foi escolhida a obra "Histórias Quase Verdadeiras de Pescador" de Cleni Guimarães, que faz parte do projeto "Olimpíadas de Leitura: Ler Pra Valer", promovido pela Secretaria Municipal de Educação (SEMED). O objetivo deste trabalho foi promover o letramento por meio da literatura, com foco em temas e conteúdos culturais da região amazônica, utilizando a obra supracitada para contribuir na construção do conhecimento local e ampliação do vocabulário dos educandos, além de identificar aspectos da cultura regional. A pesquisa se baseia nas ideias de Hage (2011) sobre a valorização da cultura amazônica no currículo escolar e na diversidade de saberes regionais, e nas ideias de Fraxe, Witkoski e Miguez (2009) sobre a importância das identidades dos povos amazônicos para uma inserção crítica e reflexiva no contexto para a construção de aprendizagens significativas. Oliveira e Santos (2014), discorre que vivenciar a cultura amazônica é confrontar-se com a pluralidade de saberes, das práticas sociais e educativas, tal qual os seus sujeitos. Logo, propor ideias que discutam esses saberes e contextualizá-los no processo educativo torna-se importante para os coletivos diversos que compõem essa região. O projeto de intervenção utilizou a literatura regional para enfatizar a interlocução com saberes culturais através da obra "Histórias Quase Verdadeiras de Pescador", no entanto, segundo Hage (2005), o sistema de ensino ainda não explora completamente o acervo literário produzido por autores do território amazônico e, muitas vezes, as práticas estão descontextualizadas, enfraquecendo os significados e saberes. De acordo com Soares (2003), o letramento, vai além do saber ler e escrever, pois trata da capacidade de aplicá-los em contextos sociais relevantes para o indivíduo. Com isso, adotamos uma abordagem interdisciplinar, usando saberes culturais da região amazônica, enfatizando a leitura e a escrita como fatores essenciais para o desenvolvimento cognitivo e a participação em práticas sociais. 2- METODOLOGIA O estudo adota uma abordagem qualitativa, que segundo Minayo (2002), busca compreender os significados dos fenômenos sociais a partir da realidade vivida e das interpretações desses fatos. Como procedimentos metodológicos, durante o estágio, as intervenções foram feitas por meio de observação participante e o uso da pesquisa de documentos com o uso da obra "Histórias Quase Verdadeiras de Pescador". 3- RESULTADOS O objetivo das atividades foi incentivar o interesse pela leitura por meio de histórias em quadrinhos. Foi realizada uma discussão coletiva sobre o texto "O Gavião e o Urubu", incluindo a análise dos dialetos presentes, com base na ideia de Piaget (1984) de que é papel do professor falar com as crianças em sua linguagem e incentivá-las a reinventar aquilo que são capazes de compreender, ao invés de simplesmente ouvir e repetir. Na atividade, os alunos foram separados em grupos e orientados a criar uma história em quadrinhos a partir do texto lido, superando a resistência inicial com intervenções e orientações para dividir as tarefas. Resultando em trabalhos individuais e em equipe. Trabalhamos, também, a descodificação textual através do texto "A Traíra e o Jejú", com a leitura coletiva da história e identificação de palavras desconhecidas, seguida pela apresentação de memes como mecanismo de gênero textual para instigar os alunos. Os mesmos foram divididos em grupos para confeccionar seus próprios memes e interpretá-los, visando ajudá-los a identificar características e aplicações sociais dos gênero textual "memes", inferir informações pressupostas ou subentendidas, estabelecer relações entre imagens e o texto. As atividades realizadas com os alunos foram bem-sucedidas, pois muitos deles desconheciam os termos regionais utilizados no texto e ficaram entusiasmados ao descobrirem novas palavras e seus significados. Os sujeitos participantes da pesquisa foram dois alunos do Ensino Fundamental e a professora regente. O aluno A expressou seu agrado com as aulas: "Professoras, eu gostei das aulas desses dias, foi tudo bem alegre, os trabalhos foram legais, queria que fosse assim todos os dias. Já o aluno B comentou que: ‘‘A professora disse que quando ela não puder vir, vai chamar vocês pra dar aula no lugar dela. Eu gostei desse dias, aprendi muita coisa nova.’’ A professora regente elogiou a condução das atividades e a eficiência da metodologia aplicada, que instigou constantemente a participação dos alunos. "Vocês estão de parabéns pela dinâmica das aulas, conseguiram contornar as situações, o uso dos memes foi uma estratégia muito boa, quando vocês associaram ao texto de caráter mais regional, digo que usaria essa aula em outras turmas, com certeza" Como aponta Freire (2020), o educando é um sujeito cognoscente, capaz de construir o conhecimento a partir do próprio conhecimento. E, embora houvesse lacunas no letramento, as atividades foram benéficas para expandir o conhecimento linguístico e cultural dos alunos, para desenvolver competências importantes para seu percurso escolar e pessoal. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em síntese, a pesquisa contribuiu de maneira significativa tanto para a formação dos profissionais da pedagogia, assim como para os estudantes do 5° ano, pois possibilitou diferentes contatos e troca de saberes. No que diz respeito à linguagem amazônica, cabe reforçar a importância de se trabalhar no currículo escolar a perspectiva da valorização cultural, ancorando os saberes já existentes, que operam como vivências contextualizadas do processo educativo. REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. O trabalho com os diferentes gêneros textuais na sala de aula: diversidade e progressão escolar andando juntas. Ano 3, unidade 5. Brasília: MEC, SEB, 2012. FRAXE, Therezinha de Jesus Pinto; WITKOSKi, Antônio Carlos; MIGUEZ, Samia Feitosa. O ser da Amazônia: identidade e invisibilidade. Ciência e Cultura, vol. 61 n. 3, São Paulo, 2009. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 75ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2020. GUIMARÃES, Cleni. Histórias quase verdadeiras de pescador. São Carlos : Pedro e João editores, 2021. HAGE, Salomão Mufarrej et al. Educação do campo na Amazônia: retratos de realidade das escolas multisseriadas no Pará. Belém: Gráfica e Editora Gutemberg Ltda, v. 1, 2005. HAGE, Salomão Mufarrej. Por uma escola do campo de qualidade social: transgredindo o paradigma (multi)seriado de ensino. Brasília, v. 24, n. 85, p. 97-113, abr/ 2011. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 19. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. 80 p. OLIVEIRA, Ivanilde Apoluceno de; SANTOS, Tânia Regina. A cultura amazônica em práticas pedagógicas de educadores populares. Trabalho apresentado na 30ª Reunião Anual da ANPEd (Associação de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação), no GT Educação Popular. Caxambu (MG): 2001. Disponível em:https://www.anped.org.br/biblioteca/item/cultura-amazonica-em-praticas-pedagogicas-de-educadores-populares Acesso em: 21 de fevereiro de 2023. PIAGET, Jean. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1984. SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita. UFMG, 2003.
Título do Evento
III SILSSA - Seminário Internacional Linguagens Saberes e Sociobiodiversidade na Amazônia
Cidade do Evento
Bragança
Título dos Anais do Evento
Anais do III Silssa - Seminário Internacional de Linguagens, Saberes e Sociobiodiversidade na Amazônia
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Vitória Cristine Cavalcante Da et al.. LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL COM O USO DA LITERATURA REGIONAL COMO INTERLOCUTORA DE SABERES CULTURAIS AMAZÔNICOS.. In: Anais do III Silssa - Seminário Internacional de Linguagens, Saberes e Sociobiodiversidade na Amazônia. Anais...Bragança(PA) UFPA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/iii-silssa/617109-LETRAMENTO-NO-ENSINO-FUNDAMENTAL-COM-O-USO-DA-LITERATURA-REGIONAL-COMO-INTERLOCUTORA-DE-SABERES-CULTURAIS-AMAZONI. Acesso em: 26/04/2025

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