FORA DAS BANCAS: O APAGAMENTO DE MULHERES NEGRAS E INDÍGENAS NAS CAPAS DA REVISTA O CRUZEIRO (1930 - 1949)

Publicado em 13/10/2022 - ISBN: 978-65-5941-851-0

Título do Trabalho
FORA DAS BANCAS: O APAGAMENTO DE MULHERES NEGRAS E INDÍGENAS NAS CAPAS DA REVISTA O CRUZEIRO (1930 - 1949)
Autores
  • BRUNA LUISA BURATTO REMES
Modalidade
Resumo
Área temática
Discurso, relações de gênero e étnico raciais
Data de Publicação
13/10/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/isiiad2022/482459-fora-das-bancas--o-apagamento-de-mulheres-negras-e-indigenas-nas-capas-da-revista-o-cruzeiro-(1930---1949)
ISBN
978-65-5941-851-0
Palavras-Chave
Análise do Discurso, Identidade nacional, Jornalismo, Revista, Raça.
Resumo
Criada em 1928 com a pretensão de aproximar a população brasileira da modernidade vivida na Europa e nos Estados Unidos, a revista O Cruzeiro foi estrela em incontáveis momentos da política, história e cultura nacionais. Autointitulada “Revista semanal illustrada”, a publicação conquistava os leitores já na capa, ocupada majoritariamente pelo retrato de uma mulher. Embora o rosto variasse, a ilustração ou fotografia trazia aspectos em comum a cada nova edição: elas estavam sempre maquiadas, com penteados, roupas sofisticadas (e não trajes laborais, por exemplo) e, em sua esmagadora maioria, eram mulheres brancas. A percepção de que houve uma delimitação racial na escolha das protagonistas das capas de O Cruzeiro trouxe o objetivo de analisar como essa (não) representação midiática poderia estar relacionada à formação da sociedade brasileira e à construção de uma identidade nacional. Partindo dos aparatos teórico-metodológicos da Análise do Discurso materialista, constituiu-se um corpus de análise com os exemplares disponíveis no acervo digital da Biblioteca Nacional. Foram observadas 892 capas referentes às publicações de 1930 até 1949 e, destas, catalogadas as 38 capas do ano de 1940. Entre os efeitos de sentido observados no corpus, destaca-se o apagamento (ORLANDI, 2020; MODESTO, 2021;) de mulheres negras e indígenas das capas nas duas décadas, porém, de forma mais expressiva, no segundo período analisado. Ao colocar-se como uma ponte entre o povo brasileiro e o “progresso”, a publicação instituía modelos e ideais a serem seguidos pelos leitores. A ilustração de mulheres brancas em destaque apresentava não somente um padrão que deveria ser instituído como referência para a população, mas também uma garantia do que seria registrado enquanto documento histórico. Além disso, a não aparição de mulheres negras e indígenas removia-nas da possibilidade de serem vistas, retratadas e representarem, historicamente, a nação brasileira. Entretanto, outro destaque dos efeitos de sentido identificados na pesquisa foi a relação entre as capas e a popularização do mito da democracia racial. A ideia proposta por Gilberto Freyre em Casa Grande & Senzala apresentava uma noção de falsa solidariedade, apontando a miscigenação como um fator espontâneo, não violento e fruto da colaboração mútua entre as três raças formadoras do povo brasileiro (indígenas, negros e brancos), (BERNARDINO, 2021). A teoria, disseminada na década de 30, conecta-se às materialidades discursivas encontradas nas capas de O Cruzeiro que, recorrentemente nos anos desse período, ilustravam grupos de pessoas negras e brancas ou casais “miscigenados”. As capas de Carnaval também apostavam na confraternização interracial, embora esse fosse um espanto para os visitantes internacionais (especialmente estadunidenses) que visitavam o Brasil na época da festividade (TOTA, 2000). Também foram identificadas capas com ilustrações cujo destaque era de pessoas brancas, porém, com presença de personagens negros em posição e vestimentas de subserviência. Elas foram comparadas às representações de sujeitos racializados contemporâneas às publicações da revista (como a personagem Tia Nastácia, do sítio d’O Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato) e, por fim, associadas às reflexões de bell hooks e Patrícia Hill Collins sobre os papéis sociais pré-determinados pela marginalização dessas populações negra e indígena.
Título do Evento
I SEMINÁRIO INTERINSTITUCIONAL E INTERNACIONAL EM ANÁLISE DE DISCURSO (SIIAD)
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Interinstitucional e Internacional em Análise de Discurso (SIIAD)
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

REMES, BRUNA LUISA BURATTO. FORA DAS BANCAS: O APAGAMENTO DE MULHERES NEGRAS E INDÍGENAS NAS CAPAS DA REVISTA O CRUZEIRO (1930 - 1949).. In: Anais do Seminário Interinstitucional e Internacional em Análise de Discurso (SIIAD). Anais...Dourados(MS) UFGD/UFMA, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/ISIIAD2022/482459-FORA-DAS-BANCAS--O-APAGAMENTO-DE-MULHERES-NEGRAS-E-INDIGENAS-NAS-CAPAS-DA-REVISTA-O-CRUZEIRO-(1930---1949). Acesso em: 27/04/2025

Trabalho

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