ENTRE REPRESENTAÇÕES E NOMEAÇÕES: O USO DE IMAGENS GEOGRÁFICAS NA DISPUTA GEOPOLÍTICA ENTRE REPÚBLICA ARGENTINA E GRÃ-BRETANHA SOBRE O ATLÂNTICO SUL E ANTÁRTICA (2010-2020)

Publicado em 14/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0268-4

Título do Trabalho
ENTRE REPRESENTAÇÕES E NOMEAÇÕES: O USO DE IMAGENS GEOGRÁFICAS NA DISPUTA GEOPOLÍTICA ENTRE REPÚBLICA ARGENTINA E GRÃ-BRETANHA SOBRE O ATLÂNTICO SUL E ANTÁRTICA (2010-2020)
Autores
  • Cristina de Moraes
Modalidade
Resumo/Trabalho completo - Apresentação oral
Área temática
Eixo 1: Geografia Política e Geopolítica: dos Enfoques Clássicos às Renovações Contemporâneas
Data de Publicação
14/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ivcongeo/670312-entre-representacoes-e-nomeacoes--o-uso-de-imagens-geograficas-na-disputa-geopolitica-entre-republica-argentina-e
ISBN
978-65-272-0268-4
Palavras-Chave
Geopolítica, imagens geográficas; disputa anglo-argentina.
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar o uso de imagens geográficas relacionadas a disputa territorial anglo-argentina em torno do Atlântico Sul e a Antártica, partindo da premissa que referidos documentos são portadores de discursos geográficos e participam ativamente das disputas territoriais (Harley, 2009). As imagens geográficas analisadas são três documentos publicados desde 2010, sendo eles: o Mapa bicontinental de la República Argentina (2010) e sua respectiva lei 26.651/2010, o Mapa de Los Espacios Marítimos de la República Argentina (2020) e o selo comemorativo da coroação da Rainha Elizabeth II (2018). Como procedimentos metodológicos tem-se a revisão de literatura atinente a proposta de Lois (2000) e Harley (2009) de entender e analisar os documentos visuais como dotados de textualidade e contextualidade. O conceito de território também é revisitado para construir a análise, tendo como referência as propostas de Elden (2016) e Raffestin (1993). Seguindo a proposta metodológica torna-se pertinente contextualizar a publicação dos três documentos no conjunto dos interesses dos dois agentes estatais. Ambos os países possuem uma longa disputa sobre espaços como as Ilhas no Atlântico Sul e também no setor antártico, não sendo portanto, uma novidade esse litígio. Como elementos contemporâneos que podem ser indicados como explicativo para um uso estratégico destes documentos podemos mencionar: a) a crescente valorização da economia marítima nas últimas décadas, acompanhada de uma retração das fontes pesqueiras no Atlântico Norte. Esse aspecto é particularmente relevante para o caso, visto que ambos os países tem na pesca marinha um importante setor econômico; b) avanço tecnológico na prospecção e na exploração de hidrocarbonetos em ambientes marinhos (como na baía Norte nas Ilhas Malvinas) e no continente Antártico (este último apenas como possibilidade, visto que somente atividades científicas são autorizadas neste continente); c) processo de ampliação da plataforma continental marítima de cada país, que foi coordenado pela Convenção das Nações Unidas pelos Direitos do Mar. Neste caso, a ampliação da plataforma continental marítima da República Argentina, acabou por envolver as Ilhas do Atlântico Sul, ampliando o espaço marítimo de exploração econômica sob direitos argentinos, tornando ainda mais delicado o litígio. É fundamental ressaltar que embora a plataforma continental requerida abrange as Ilhas Malvinas, a soberania em relação a esta não é uma questão relativa ao tema das plataformas continentais marítimas; d) assim como vários países latino-americanos, a República Argentina também teve governos progressistas desde os anos 2000, os quais foram mais proativos para questões de soberania e do Sul Global; e) por sua vez, o Reino Unido, após o Brexit tem estabelecido alianças e adotado posturas que valorizam princípios da Geopolítica das Nações. Como exemplo podemos mencionar o acordo militar Aukus (entre Reino Unido, Austrália e Estados Unidos), que visa sobretudo afastar a presença chinesa do Indo-Pacífico, mas que consequentemente reforça a presença britânica nos mares e perante outros interesses territoriais. É neste contexto que foram publicadas imagens geográficas que, levando em consideração a sua textualidade, como cores, escritos, legendas, disposição dos elementos, etc, nos permitem inquirir que sua publicação integra parte das estratégias de disputas destes países mediante a construção de um discurso territorial. O Mapa Bicontinental da República Argentina (2010), não é em si uma novidade, visto que já existia desde 1954, porém, os objetivos vinculados na obrigatoriedade de seu uso visam reforçar que a Argentina é constituída pelo espaço sul-americano, insular e antártico (LOIS, 2012). O selo comemorativo do jubileu de coroação da Rainha Elizabeth II, tem como elemento que merece atenção o fato de representar o setor antártico disputado entre Reino Unido, Argentina e Chile com o nome que fora atribuído recentemente pelo Reino Unido: Terra da Rainha Elizabeth II. Neste caso, o ato de nomear a terra é também uma prática que visa formar um território. E na caixa que armazena os selos, a presença do busto da Rainha Elizabeth II ao lado do mapa do setor antártico reitera as intenções sobre esse espaço, transformando uma pequena imagem (como é o selo) em um veículo de afirmação política. Por fim, O Mapa de Los Espacios Marítimos (2020) é muito semelhante ao Mapa Bicontinental, porém, as porções terrestres (sul-americana, insulares e setor antártico) assim como os domínios marítimos estão representadas na cor azul, mudando apenas a sua tonalidade, reafirmando que a unidade e indivisibilidade argentina envolve continentes, ilhas e mar. A importância desta análise unificada entre mar e terra já havia sido indicada por Mahan. Uma análise mais profunda destas relações é realizada no trabalho completo.
Título do Evento
IV Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território (CONGEO)
Cidade do Evento
São Paulo
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território - CONGEO
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MORAES, Cristina de. ENTRE REPRESENTAÇÕES E NOMEAÇÕES: O USO DE IMAGENS GEOGRÁFICAS NA DISPUTA GEOPOLÍTICA ENTRE REPÚBLICA ARGENTINA E GRÃ-BRETANHA SOBRE O ATLÂNTICO SUL E ANTÁRTICA (2010-2020).. In: Anais do Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território - CONGEO. Anais...Sao Paulo(SP) USP, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IVCONGEO/670312-ENTRE-REPRESENTACOES-E-NOMEACOES--O-USO-DE-IMAGENS-GEOGRAFICAS-NA-DISPUTA-GEOPOLITICA-ENTRE-REPUBLICA-ARGENTINA-E. Acesso em: 26/04/2025

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