A DIÁSPORA ÁRABE NA TRÍPLICE FRONTEIRA BRASIL, ARGENTINA E PARAGUAI: ASPECTOS ECONÔMICOS E CULTURAIS

Publicado em 14/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0268-4

Título do Trabalho
A DIÁSPORA ÁRABE NA TRÍPLICE FRONTEIRA BRASIL, ARGENTINA E PARAGUAI: ASPECTOS ECONÔMICOS E CULTURAIS
Autores
  • Guilherme Ribeiro Guerra
Modalidade
Resumo/Trabalho completo - Apresentação oral
Área temática
Eixo 3: Fronteiras e Limites em Múltiplas Escalas
Data de Publicação
14/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ivcongeo/672299-a-diaspora-arabe-na-triplice-fronteira-brasil-argentina-e-paraguai--aspectos-economicos-e-culturais
ISBN
978-65-272-0268-4
Palavras-Chave
Diáspora Árabe, Tríplice Fronteira, Oriente Médio
Resumo
Uma das características mais proeminentes da Tríplice Fronteira Brasil-Argentina-Paraguai - a região fronteiriça mais importante da América do Sul - é sua diversidade étnica. Nesse sentido, entre os grupos populacionais da região, merece destaque a comunidade árabe. Segundo Carneiro (2016), Foz do Iguaçu abriga a segunda maior comunidade de língua árabe do Brasil (em 2013, eram 22 mil imigrantes árabes e seus descendentes). A Tríplice Fronteira também concentra grande número de muçulmanos, sendo que entre 12 e 18 mil vivem em Foz do Iguaçu e 9 mil em Ciudad del Este, não havendo presença expressiva de árabes na cidade fronteiriça argentina de Puerto Iguazú. A origem da diáspora árabe da Tríplice Fronteira data de meados do século XX, quando indivíduos de países como Líbano, Palestina e Síria começaram a imigrar para o Brasil em virtude dos conflitos no Oriente Médio. Corroborando este entendimento, Carletti e Kotz (2012) afirmam que na década de 1960, um grande contingente de imigrantes árabes (principalmente libaneses) se estabeleceu em Foz do Iguaçu, pois a cidade oferecia oportunidades comerciais (a Ponte internacional da Amizade foi construída entre 1956-1965). Outro importante fator de atração para a região foi a construção da hidrelétrica de Itaipu Binacional (1975-1982), que trouxe um número significativo de pessoas para trabalhar na usina, fomentando o comércio local. Segundo Demant (2004), uma onda mais recente de imigração árabe para o Brasil está relacionada à guerra civil libanesa e está concentrada em Foz do Iguaçu. Mais recentemente, a partir de 2011, a guerra da Síria também passou a influenciar nas migrações. Um ponto fundamental a ser destacado é que este contingente possui presença frequente na grande imprensa brasileira por conta da imagem da comunidade árabe na Tríplice Fronteira ser vinculada pela mídia internacional, sem nenhuma evidência sólida, ao terrorismo islâmico, especialmente nas últimas três décadas. Nesse sentido, Souza (2017) destaca que o governo brasileiro rejeita as acusações sobre a existência de células terroristas na Tríplice Fronteira, embora assuma que existe um problema de segurança pública na região, representado, sobretudo, pela prática de crimes de contrabando, tráfico de drogas e armas e lavagem de dinheiro. Por sua vez, Said (2007) recorda que um aspecto do mundo eletrônico pós-moderno é que houve um reforço dos estereótipos pelos quais o Oriente é visto. Televisão, filmes e todos os recursos de mídia forçaram a informação a se encaixar em moldes cada vez mais padronizados. No que diz respeito ao Oriente, a padronização e os estereótipos culturais intensificam o domínio da demonologia imaginativa e erudita do "misterioso Oriente" do século XIX. Todavia, apesar do estereótipo pejorativo amplamente divulgado nas mídias nacional e internacional, a população de origem árabe que vive na Tríplice Fronteira possui na constituição de suas identidades árabe e muçulmana (na maior parte dos casos, ainda que não em todos) uma complexa relação entre elementos locais e transnacionais. Além disso esta comunidade desempenha um papel fundamental no intercâmbio cultural e econômico entre a América do Sul e o Oriente Médio e também possui destaque no comércio transfronteiriço entre Brasil, Argentina e Paraguai e nas demais fronteiras do Mercosul. Isto faz com que a diáspora árabe termine por influenciar a vida política, econômica e cultural da Tríplice Fronteira. Para além da região, a importância da diáspora árabe da Tríplice Fronteira também é refletida no fluxo comercial entre os países do Oriente Médio e a América do Sul. No caso do Brasil, por exemplo, houve um crescimento das relações comerciais e de cooperação com os países árabes em anos recentes. Em 2021, o comércio com esses países chegou a US$ 24 bilhões, sendo que o Brasil exporta carne de frango, minério de ferro, milho, açúcar, bovinos de corte e soja para o Oriente Médio, ao passo que importa petróleo, fertilizantes e inseticidas daquela região. Dessa forma, tendo em vista a importância estratégica da diáspora árabe para a Tríplice Fronteira, o presente trabalho traz uma análise geográfica do tema. Inicialmente, o texto apresenta o processo histórico de formação da região. Em seguida, é abordada a presença da comunidade árabe na Tríplice Fronteira. Por fim, são analisadas as conexões entre o Oriente Médio e a América do Sul permeadas pela atuação da diáspora árabe da Tríplice Fronteira. Em relação à metodologia, este artigo configura uma pesquisa qualitativa, de cunho exploratório, pautada em análise bibliográfica e documental, sob a ótica da Geografia Política.
Título do Evento
IV Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território (CONGEO)
Cidade do Evento
São Paulo
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território - CONGEO
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GUERRA, Guilherme Ribeiro. A DIÁSPORA ÁRABE NA TRÍPLICE FRONTEIRA BRASIL, ARGENTINA E PARAGUAI: ASPECTOS ECONÔMICOS E CULTURAIS.. In: Anais do Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território - CONGEO. Anais...Sao Paulo(SP) USP, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IVCONGEO/672299-A-DIASPORA-ARABE-NA-TRIPLICE-FRONTEIRA-BRASIL-ARGENTINA-E-PARAGUAI--ASPECTOS-ECONOMICOS-E-CULTURAIS. Acesso em: 27/04/2025

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