USO DE FÁRMACOS DURANTE A GESTAÇÃO DE ÉGUAS

Publicado em 16/12/2021 - ISBN: 978-65-5941-477-2

Título do Trabalho
USO DE FÁRMACOS DURANTE A GESTAÇÃO DE ÉGUAS
Autores
  • Igor Malta De Rezende
  • Ana Flávia Andrade Reis
  • Claudinei Henriques Gonçalves
  • Antonio Catunda
  • Heloísa de Paula Pedroza
Modalidade
Revisão de Literatura
Área temática
Obstetrícia Veterinária
Data de Publicação
16/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ivjavetunipaclafaiete/424293-uso-de-farmacos-durante-a-gestacao-de-eguas
ISBN
978-65-5941-477-2
Palavras-Chave
anormalidades, má formação, teratogenia
Resumo
REZENDE, Igor Malta de¹*; REIS, Ana Flávia Andrade1; GONÇALVES, Claudinei Henriques1 ; PINHO NETO, Antônio Catunda2; PEDROZA, Heloísa de Paula² ¹ Graduando(a) em Medicina Veterinária, UNIPAC – Lafaiete, MG ² Professor(a) do curso de Medicina Veterinária, UNIPAC – Lafaiete, MG * imaltaderezende@gmail.com RESUMO: Nos equinos foram descritos diversos defeitos congênitos, mas pouco se sabe a respeito das causas. O uso de fármacos durante a gestação pode estar envolvido nessas anomalias. O objetivo do resumo foi fazer uma revisão de literatura sobre o uso de medicamentos durante a gestação. Diante dos poucos dados atuais sobre o tema, recomenda-se evitar o uso de qualquer medicamento durante a gestação, a menos que exista uma indicação clínica convincente. INTRODUÇÃO Na espécie equina, são descritos mais de 80 defeitos congênitos. É muito difícil determinar o(s) evento(s) que podem ter resultado na anomalia, uma vez que a informação no dia exato ou na semana de gestação quando a égua estava em contato com um possível teratógeno raramente está disponível (Crowe e Swerczek, 1985). Mais de um fator ambiental pode estar envolvido, assim, sua relação também pode ter um impacto significativo no tipo ou gravidade da anormalidade resultante. O objetivo desse trabalho é fazer uma revisão de literatura sobre o uso de fármacos durante a gestação de éguas. REVISÃO DE LITERATURA A placenta equina é do tipo epiteliocorial difusa e microcotiledonária (Ginther, 1992). Acreditava-se que a membrana placentária dos equinos oferecia uma barreira efetiva para impedir a passagem de substâncias nocivas e microorganismos, protegendo o embrião/feto (Delatour, 1983). Porém, muitos compostos são capazes de atravessar a barreira placentária (Asbury e Leblanc, 1993). O momento de exposição teratogênica ao embrião/feto, pode determinar qual será o efeito final do agente tóxico no potro. A maioria das anomalias de desenvolvimento ocorre nas primeiras 6 semanas de gestação, durante o estágio embrionário. Durante o período de rápido crescimento e desenvolvimento, as células estão abertas as ações teratogênicas que podem resultar em anormalidades ao danificar as células, alterando o padrão de crescimento normal ou bloqueando o crescimento celular (Manson e Wise, 1991). À medida que a gestação avança, a susceptibilidade do feto a vários agentes muda. No estágio fetal, a exposição teratogênica é mais provável que afete o crescimento fetal geral, o tamanho ou função de um órgão específico. As deficiências funcionais podem não ser evidentes durante vários dias, semanas ou mesmo durante vários anos após o parto (Brumbaugh, 2003). A função do fígado ou rim da égua também tem um papel importante, caso ela seja prejudicada, a exposição fetal prolongada resultará na incapacidade da égua eliminar o agente do seu próprio sistema circulatório, caindo no sistema circulatório do potro. A égua metaboliza alguns agentes teratogênicos para que o nível de exposição ao feto seja reduzido. No entanto, mesmo numa égua saudável, o sistema de intercambio placentário/nutriente é incapaz de remover eficientemente todos os teratógenos transmitidos pelo sangue do sistema de circulação fetal. Já que o fígado fetal é incapaz de desintoxicar sangue até o nascimento, os teratógenos que atravessam a barreira placentária durante um longo período de tempo se concentraram nos tecidos fetais à medida que a gestação avança (Brumbaugh, 2003). Agentes potencialmente prejudiciais ao feto são encontrados em medicamentos terapêuticos. O problema ocorre quando a égua precisa ser medicada durante a gestação, seja por problema de doença/lesões, ou pelo uso de vacinas e anti-helmínticos (Crisman et al., 1991). No início da gestação, os nutrientes mais críticos são as vitaminas e minerais. Hipervitaminoses (A, D, E e K) podem atingir níveis tóxicos e danificar o embrião. A vitamina D interfere no equilíbrio Ca-P, causando anomalias musculoesqueléticas, raquitismo neonatal, enquanto deficiência de vitamina A pode causar defeitos oculares (Maxie, 2015). A deficiência ou excesso de iodo pode promover bócio congênito, contratura e síndrome da dismaturidade. Um estudo relacionou potros com hipotireoidismo e síndrome do potro dismaturo com a exposição de éguas prenhas a dietas contendo nitrato ou com baixos níveis de iodo (Allen et al., 1996). O uso de glicocorticoides durante a gestação pode estar relacionado com fenda palatina. Nos equinos isso não está bem estabelecido, toda via, há um relato de um potro com fenda palatina nascido de uma égua que tinha sido tratada com corticosteroides em vários momentos durante a gestação devido a “asma” (Brumbaugh, 2003). O uso de a2 agonistas durante a gestação é uma incógnita. A detomidina aplicada repetidas vezes durante a gestação e durante os últimos quatro meses de gestação não causou problemas em éguas (Luukkanen et al., 1997). Potros nascidos de éguas que receberam fenilbutazona por até 20 dias antes do parto apresentaram quantidades substanciais de fenilbutazona e oxifenilbutazona no plasma até 48 horas após o nascimento e nenhum efeito adverso foi observado no parto (Crisman et al., 1991). O dipropionato de imidocarb quando administrado no período da organogênese reduziu o crescimento da vesícula embrionária e causou aborto em alguns animais. Porém os animais que vieram a termo nasceram saudáveis e com peso normal (Almeida, 2001). O uso de griseofulvina em égua gestante no segundo mês de gestação causou microftalmia, braquignatia superior e palatoquelose no potro (Schutte e Ingh, 1997). Outros medicamentos também são relatados serem teratogênicos para equinos, cabendazole, sulfonamidas e pirimetamina. Toda via, isso não exclui que medicamentos utilizados no dia a dia não sejam tóxicos para equinos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pouco se sabe quais os efeitos da maioria das drogas e produtos químicos utilizados na indústria do cavalo terá sobre o embrião/feto.A melhor estratégia é evitar o uso de qualquer medicamento, a menos que exista uma indicação clínica convincente. Deve-se haver um equilíbrio entre a segurança máxima ao feto e os benefícios terapêuticos para a égua. REFERÊNCIAS ALLEN, A.L.; TOWNSEND, H.G.; DOIGEM C.E.; FRETZ, P.B. A case-control study of the congenital hypothyroidism and dysmaturity syndrome of foals. CanVet J., v.37, n.6, p. 354-358, 1996. ALMEIDA, R.C. 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Título do Evento
II Web Congresso Mineiro de Medicina Veterinária – COMVET e IV Jornada Acadêmica de Medicina Veterinária (JAVET)
Título dos Anais do Evento
Anais do II Web Congresso Mineiro de Medicina Veterinária: COMVET e IV Jornada Acadêmica de Medicina Veterinária (JAVET)
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

REZENDE, Igor Malta De et al.. USO DE FÁRMACOS DURANTE A GESTAÇÃO DE ÉGUAS.. In: Anais do II Web Congresso Mineiro de Medicina Veterinária: COMVET e IV Jornada Acadêmica de Medicina Veterinária (JAVET). Anais...Conselheiro Lafaiete(MG) UNIPAC, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IVJAVETUNIPACLAFAIETE/424293-USO-DE-FARMACOS-DURANTE-A-GESTACAO-DE-EGUAS. Acesso em: 26/04/2025

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