"EU DESEJO TUDO": A TRAGÉDIA DA FEITICEIRA YENNEFER EM "THE WITCHER".

Publicado em 22/03/2021 - ISBN: 978-65-5941-128-3

Título do Trabalho
"EU DESEJO TUDO": A TRAGÉDIA DA FEITICEIRA YENNEFER EM "THE WITCHER".
Autores
  • Thiago Braga Calheiro
  • Luciana dos Santos Salles
Modalidade
Resumo apresentação oral padrão
Área temática
Centro de Letras e Artes (CLA)/Literaturas
Data de Publicação
22/03/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/jgmictac/318717-eu-desejo-tudo--a-tragedia-da-feiticeira-yennefer-em-the-witcher
ISBN
978-65-5941-128-3
Palavras-Chave
bruxa, simbologia, gênero, sexualidade, subversão, semiótica
Resumo
Através do pressuposto semiótico de que tudo aquilo que pode ser apreendido pelos sentidos e é transmitido de forma cultural deve ser entendido como uma comunicação - e portanto texto - , e seguindo as expressões de Adorno sobre a Industrialização da Cultura aliada à noção de Declínio da Aura preconizada por Benjamin, proponho-me a debruçar minha pesquisa com relação ao símbolo arquetípico da bruxa ou feiticeira representada na série televisiva "The Witcher" e seu papel questionador ou até mesmo subversivo enquanto progressão de um objeto recorrente da Cultura Pop, cuja essência declina de outras feiticeiras ancestrais na literatura ocidental. No seriado em questão, produzido pelos estúdios Netflix, somos introduzidos ao universo da personagem Yennefer, uma mulher corcunda nascida em Aedirn e com talento para a magia. Não demora até que seja cooptada pela Academia de Magia de Aretuza. Depois, a tortura física e psicológica, bem como a rejeição de sua família - que a vendeu por algumas moedas -, atinge seu ápice em uma tentativa de suicídio que culmina na transformação de sua personalidade. A personagem inicia então uma jornada de descoberta e ambição, que a levará a transitar entre diversos arquétipos femininos defendidos por Clarissa Pinkola Estés em seu "Mulheres que correm com os lobos", rumo à ascensão mágica e social. O processo será lido através de mecanismos do "Tratado Geral da Semiótica" e dos "Limites da Interpretação" de Umberto Eco, amparado nas concepções destas teóricas do feminismo. No contexto da série, a personagem abandona o lugar de vítima, compreendendo enquanto subverte a lógica do universo ficcional ao possuir dentro de si, uma aptidão e capacidade de potencial destrutivo ilimitado. Essa energia primordial caótica e fonte de magia deverá também ser considerada como um veículo de profundo significado, já que a feiticeira arquetípica sempre foi associada ao mistério e ao imprevisível. Em seu livro "As Deusas, As Bruxas e a Igreja", Maria Nazareth Alvim de Barros irá descrever bem este processo de declínio do sagrado feminino, que partiu da esfera luminosa para um papel lunar, sombrio, ctônico. Bem como serão considerados os aspectos transformadores defendidos por Olga Rinne em "Medeia: A Redenção do Feminino Sombrio como Símbolo de Dignidade e Sabedoria", que usarei para traçar paralelos entre a obra clássica e a personagem. Este trabalho será apresentado como parte das pesquisas do Grupo de Estudos Interdisciplinares em Semiótica e Cultura Pop da Faculdade de Letras da UFRJ, onde nos dedicamos ao processo em que discursos teóricos, ideológicos e políticos são transformados em entretenimento através da Cultura de Massa preconizada por Freud, não limitando-nos apenas à identificação do processo, mas também à sua descrição pautada nos pensamentos e teorias de outros estudiosos da ciência da literatura ocidental. O presente trabalho apresenta ainda outras referências bibliográficas como Roland Barthes em sua "Morte do Autor", Roxane Gay em seu "Má Feminista" e Joseph Campbell no livro "Deusas: Os Mistérios do Divino Feminino", para discutir as relações entre o poder e o sagrado feminino, sua transfiguração ao longo dos séculos e sua natureza de inerente subversão ao ser retratado em uma sociedade patriarcal conservadora, além da maneira como este tipo de arquétipo - a feiticeira, ou a bruxa - sempre gerou fascínio em suas diferentes apresentações ao longo da narrativa literária ocidental. Sejam as feiticeiras de Macbeth clamando por Hécate ou Yennefer de Vengerberg abrindo mão de sua plenitude pelo poder, o desconforto e a inquietação suscitados por estas mulheres indômitas deve ser estudado. Razão pela qual arrisco-me neste tema, citando as palavras de Umberto Eco, percussor da Semiótica: “Existe apenas uma coisa que excita os animais mais do que o prazer, é a dor.”
Título do Evento
XLII Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural (JICTAC 2020 - Edição Especial) - Evento UFRJ
Título dos Anais do Evento
Anais da Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CALHEIRO, Thiago Braga; SALLES, Luciana dos Santos. "EU DESEJO TUDO": A TRAGÉDIA DA FEITICEIRA YENNEFER EM "THE WITCHER"... In: Anais da Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UFRJ, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/jgmictac/318717-EU-DESEJO-TUDO--A-TRAGEDIA-DA-FEITICEIRA-YENNEFER-EM-THE-WITCHER. Acesso em: 28/04/2025

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