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Apresentação

Em 2023, o Seminário Projetar completa 20 anos desde o seu primeiro evento, de 07 a 10 de outubro de 2003, na ocasião organizado na UFRN como iniciativa dos professores do Grupo de Pesquisa Projetar, dentre outros, as professoras Maisa Veloso, Gleice Elali e Sônia Marques. Naquele ano, o Seminário Projetar iniciava sua trajetória após uma lacuna de 18 anos, desde 1985, quando ocorreu o ‘Encontro sobre o Ensino de Projeto Arquitetônico’ na FAU/UFRGS. Esse encontro deixou de herança o livro organizado por Comas (1986), “Projeto Arquitetônico: Disciplina em crise, disciplina em renovação”. Em 2003, durante o primeiro seminário, foi publicado o livro organizado por Fernando Lara e Sônia Marques, “Projetar: Desafios e Conquistas da Pesquisa e do Ensino”, retomando os desafios do ato de projetar e apontando as conquistas a partir das décadas anteriores.

No Brasil, durante os 18 anos entre os dois seminários algumas mudanças foram significativas no âmbito do ensino, da pesquisa e da prática projetual, dentre elas, o aumento significativo dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, a ampliação da oferta de cursos de pós-graduação no campo da Arquitetura e Urbanismo, e a introdução das tecnologias digitais nos processos de formação e prática da arquitetura. Seguindo o percurso do Seminário Projetar, depois de passar por diversas cidades, como Rio de Janeiro (2005); Porto Alegre (2007); São Paulo (2009); Belo Horizonte (2011) e Salvador (2013), o evento retornou a sua cidade de origem, Natal, em 2015, para fazer um balanço geral de sua trajetória e, entre outros, elevar o patamar do seminário para a categoria de internacional, na ocasião elegendo a cidade de Buenos Aires, na Argentina, como sede da edição de 2017. Em 2019, o seminário retornou ao Brasil, tendo Curitiba como contexto, e, em 2021, em plena pandemia da Covid-19, destaca-se a corajosa atuação remota da Universidade de Lisboa, enfrentando a crise e tornando-a uma oportunidade de reflexão no âmbito do ensino, pesquisa e prática projetual.

No evento de Lisboa, a cidade de João Pessoa, por meio do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e do seu programa de pós-graduação PPGAU, foi a cidade escolhida para sediar o décimo primeiro Seminário Projetar, completando os 20 anos do evento. Esses Anais apresentam a produção científica do 11º Seminário Internacional Projetar João Pessoa 2023, organizado pela Universidade Federal da Paraíba e sediado nas instalações do Espaço Cultural José Lins do Rego. O 11PROJETAR2023 ainda teve a colaboração da UFRN e da UFCG, além do apoio do IAB-PB e CAU/PB, e do patrocínio do CNPq, por meio da Chamada CNPq No. 13/2022 de Auxílio à Promoção de Eventos Científicos, Tecnológicos e/ou de Inovação, e da CAPES, por meio do Edital nº 11/2023 do Programa de Apoio a Eventos no País (PAEP).

O tema geral do evento ‘Projetar hoje: para quem, para quê, como?’ procurou reposicionar o ato de projetar frente às responsabilidades sociais e ambientais atuais da profissão, desde a formação e suas atividades envolvidas como ensino, investigação e práticas - dentre elas a extensão, até as práticas profissionais, sobretudo as projetuais, enfrentando os desafios que envolvem a complexidade urbana jamais vista, e procurando responder às questões: ‘Projetar para quem? Projetar para quê? Projetar como?’.  As três questões procuraram suscitar uma reflexão crítica sobre a função social da arquitetura e do urbanismo, buscando revisitar os propósitos originais e essenciais da arquitetura, no que diz respeito ao provimento de espaços dignos para todos, desde as habitações aos espaços coletivos e públicos em suas diversas funções. Sobretudo, procurou provocar reflexões sobre ‘quem’ são essas pessoas e viventes para ‘quem’ a arquitetura e o urbanismo são ainda mais necessários. Nesse sentido, tornou-se fundamental também refletir sobre ‘para quê’ serve a arquitetura e o urbanismo nesse contexto planetário hodierno, complexo em sua plenitude, prejudicado pelas ações humanas e imensamente injusto para a maioria dos viventes do planeta. Portanto, pensar sobre o ‘como’ projetar adquire uma importância fundamental na reflexão dos paradigmas que envolvem as atividades da arquitetura e urbanismo. São reflexões que colocam os profissionais de arquitetura e urbanismo como protagonistas de decisões metodológicas sobre o como agir, o como atuar, quais ferramentas podem melhor contribuir para as atividades projetuais e, notadamente, quais interfaces podem tornar o exercício projetual mais acessível para os diferentes contextos e perfis de pessoas que necessitam dos profissionais de arquitetura e urbanismo.

As respostas ao tema deste seminário foram instigantes, 189 artigos foram aprovados para publicação com mais de 300 autoras e autores de diversas regiões do país e do exterior. Foram 134 artigos apresentados oralmente em 10 mesas redondas, 21 sessões temáticas, 15 banners, 1 mesa de apresentação de projetos nordestinos, 1 mesa de encerramento com a leitura da carta Parahyba Projetar 2023, 3 conferências internacionais, 2 oficinas e lançamentos de livros. Além das atividades acadêmicas, o encontro ainda contou com atrações culturais que envolveram grupos de artistas locais e regionais.

Atendendo aos três eixos temáticos do seminário, ‘Projetar para quem?’, ‘Projetar para quê?’ e ‘Projetar como?’, os artigos aprovados procuraram refletir sobre tais questões. Dos 189 artigos aprovados para publicação, 63 artigos (33,33%) atenderam ao chamado de ‘Projetar para quem?’, demonstrando a responsabilidade social e a inserção do profissional de arquitetura e urbanismo no vasto território vulnerável das nossas cidades, assim como procurando atender aos desafios envolvidos na diversidades das demandas humanas; 31 artigos (16,40%) escolheram o eixo ‘Projetar para quê?’ refletindo criticamente sobre a contribuição da arquitetura e do urbanismo frente à complexidade contemporânea do nosso habitat; e 95 artigos (50,26%) reforçaram o grande propósito original do evento atendendo ao ‘Projetar como?’, o que demonstra a grande preocupação metodológica, processual, acadêmica e científica de ‘como’ realizar e contribuir com as transformações do nosso campo disciplinar, em especial, das questões que envolvem o ato de projetar em sua plenitude.

Encontra-se, portanto, esta rica produção acadêmica que procura refletir sobre os diversos aspectos que envolvem o ensino, a pesquisa, a extensão e a prática projetual, colaborando com a busca por um equilíbrio entre a justiça social, a qualidade das cidades e de seus edifícios, e a sua viabilidade socioeconômica e ecológica.


 

Amélia de Farias Panet Barros

Presidente da Comissão Organizadora do 11PROJETAR2023

Maisa Fernandes Dutra Veloso

Coordenadora da Comissão Científica do 11PROJETAR2023

  


João Pessoa, outubro de 2023.




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