TEICOPLANINA NO TRATAMENTO DA OSTEOMIELITE POR MRSA EM CÃO: RELATO DE CASO

Publicado em 27/01/2021 - ISSN: 2237-4949

Título do Trabalho
TEICOPLANINA NO TRATAMENTO DA OSTEOMIELITE POR MRSA EM CÃO: RELATO DE CASO
Autores
  • Maria Luísa Riet
  • Margareth Balbi
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Clínica de Animais de Companhia
Data de Publicação
27/01/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/samvet2020/318668-teicoplanina-no-tratamento-da-osteomielite-por-mrsa-em-cao--relato-de-caso
ISSN
2237-4949
Palavras-Chave
Glicopeptídeos, resistência-antimicrobiana, Staphylococcus aureus resistentes a meticilina.
Resumo
Introdução Por meio de mecanismos adaptativos, os microrganismos adquirem maneiras de neutralizar os mecanismos de ação (bactericida e bacteriostático) dos antibióticos, desenvolvendo resistência aos antimicrobianos (CASTANHEIRA, 2016). Na década de 60, foi identificado o primeiro isolado de Staphylococcus aureus resistente a meticilina (MRSA), resistência essa contraída em razão da conquista do gene cromossómico mecA que codifica PBP2a (proteína ligadora de penicilina modificada), tornando a bactéria resistente a meticilina e a todos os antibióticos betalactâmicos, como as cefalosporinas e os carbapenêmicos. (CASTANHEIRA, 2016; FLORENTINO et al., 2019). A osteomielite é definida como uma condição inflamatória óssea, sendo aguda ou crônica. Sua ocorrência está relacionada às lesões traumáticas, cirúrgicas ou até contaminação por via hematógena, normalmente, causada por bactérias aeróbicas Gram-positivas, especialmente Staphylococcus (HENRIQUE et al., 2013; Schulz, 2015). S. aureus é um patógeno comum em infecções ósseas, já que apresentam como mecanismos de virulência, adesinas que nada mais são que proteínas de superfície que possibilitam a aderência da bactéria aos componentes da matriz óssea (SANTOS et al., 2007). Produto da evolução dos antimicrobianos, a teicoplanina é um antimicrobiano do grupo dos glicopeptídeos, assim como a vancominica. Os glicopeptídeos são antibióticos bactericidas. A teicoplanina possui como espectro de ação a atividade contra bactérias Gram-positivas aeróbias e anaeróbias, incluindo a superbactéria MRSA (BRASIL, 2015), mostrando grande eficácia no tratamento da osteomielite. Relato de caso Um cão macho, da raça Rottweiler, com pouco menos de um ano de idade, desenvolveu osteomielite 20 dias após procedimento cirúrgico para osteotomia corretiva de desvio angular com placa de TPLO (Tibial Plateau Leveling Osteotomy) no membro pélvico esquerdo próximo à articulação tíbio-társica. Procedeu-se exame de cultura e antibiograma de material coletado de fragmentos ósseos, secreção mucopurulenta de permeio e parafuso, a fim de se instituir o escalonamento da antibioticoterapia apropriada. A teicoplanina foi administrada na dose de 10mg/kg q12 horas por via endovenosa por um período de 5 dias, passando para uma vez ao dia por 43 diasFinalizado o tratamento com teicoplanina, novo exame de cultura e antibiograma foi realizado, utilizando como amostra secreção de um abscesso formado no local da ferida cirúrgica. Resultados e Discussões Em sua maioria, como observado por Henrique et al. (2013), as infecções ósseas em caninos são causadas por bactérias aeróbicas Gram-positivas, sendo comumente encontrada a bactéria do gênero Staphylococcus, mais especificamente Staphylococcus aureus, assim como o ocorrido no caso em análise. Há tempos as bactérias vêm apresentando resistência aos inúmeros antimicrobianos disponíveis no mercado, justamente o como o que foi observado no presente caso onde foi isolado S. aureus resistente a meticilina e multirresistente, sensível somente à teicoplanina e linezolida. Membro desse grupo, o patógeno S. aureus atualmente pode apresentar-se resistente a penicilinas, meticilina e, também, a vancomicina, conforme refere Castanheira (2016). Eis aí a importância do cuidado e da técnica do médico veterinário frente ao combate das infecções por bactérias multirresistentes, cujo fármaco antimicrobiano deve ser monitorado de forma adequada, como contextualizado por Ishii et al. (2011). Avançados nas pesquisas, Ribeiro et al. (2018) trazem o escalonamento para o uso dos antibióticos através da pirâmide de classificação dos antimicrobianos conforme sua relevância crítica para o ser humano, em associação ao risco de desenvolvimento e propagação de resistência. A pirâmide evolui da base ao ápice, de modo que os antibióticos posicionados no pico mais alto da pirâmide, como a teicoplanina, devem ser utilizados na medicina veterinária tão somente em casos isolados, nos quais a infecção presente represente um risco de vida iminente ao animal ou exista sofrimento agudo do paciente, associado(s) obrigatoriamente a melhora prognóstica com a terapêutica, condições essas existentes no caso descrito. Os autores ressaltam, ainda, a necessidade dos exames de cultura bacteriana e antibiograma provenientes de laboratórios reconhecidos, evidenciando a existência de bactéria resistente a todos os antibióticos dos níveis abaixo na pirâmide, assim como a sensibilidade ao fármaco sugerido. No relato, o antibiograma mostrou resistência a todos os antibióticos abaixo da teicoplanina na pirâmide, não havendo outra opção terapêutica, o uso da teicoplanina levou a erradicação de Staphylococcus aureus resistente a meticilina, configurando, assim, resposta positiva ao tratamento até o presente momento. Reações adversas não ocorreram com a teicoplanina no protocolo estabelecido, concordando com Luna et al. (2010), que ressalta que, em oposição à vancomicina, a teicoplanina não apresenta reações anafiláticas. Conclusão O uso de antibióticos como a teicoplanina, que estão escalonados no grupo dos antibióticos contraindicados para uso em medicina veterinária, só devem ser feitos quando testes de sensibilidade não mostrarem outra opção terapêutica e a vida do animal estiver em risco. Desta forma, evita-se o uso indiscriminados desse antibiótico, reduzindo o desenvolvimento de resistência bacteriana e preservando esse ativo para o tratamento de pacientes humanos em quadros críticos com risco de vida. Referências Bibliográficas BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Consultoria Jurídica/Advocacia Geral da União. Nota Técnica n° 53/2012. Brasília, DF, dez. 2015. CASTANHEIRA, V. R. Pesquisa de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) em farmácias comunitárias da região de Lisboa: uma possível via de transmissão na comunidade? 2016. 83 f. Trabalho de conclusão de curso (Mestrado em Ciências Farmacêuticas)- Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, Lisboa, 2016. FLORENTINO, A. O. HENRIQUE, F. V.; PIMENTA, C. L. R. M.; CARNEIRO, R. S.; LEITE, A. R. A.; DIAS, R. A. Osteomielite em felino jovem por Streptococcus spp.: relato de caso. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, Garça, n. 21, jul. 2013. ISHII, J. B.; FREITAS, J. C.; ARIAS, M. V. B. 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Título do Evento
VI SAMVET 2020 - Semana Acadêmica da Pós-Graduação em Medicina Veterinária - SamVet / VI Mostra de Trabalhos da Medicina Veterinária
Título dos Anais do Evento
Anais SamVet 2020
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

RIET, Maria Luísa; BALBI, Margareth. TEICOPLANINA NO TRATAMENTO DA OSTEOMIELITE POR MRSA EM CÃO: RELATO DE CASO.. In: Anais SamVet 2020. Anais...Seropédica(RJ) UFRRJ, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SamVet2020/318668-TEICOPLANINA-NO-TRATAMENTO-DA-OSTEOMIELITE-POR-MRSA-EM-CAO--RELATO-DE-CASO. Acesso em: 25/04/2025

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