PANCREATITE AGUDA POR USO DE ORLISTATE® - UM RELATO DE CASO

Publicado em 06/04/2023 - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
PANCREATITE AGUDA POR USO DE ORLISTATE® - UM RELATO DE CASO
Autores
  • Barbara Straub Loureiro Rodrigues
  • Camila Mendonça Ferreira Fernandes
  • Carla Andrea Moreira Ferreira
  • Gabriella Grabikoski de Aguiar
  • Giovana Quadros Elmor
  • Karine Cortacio
Modalidade
Relatos de Caso
Área temática
Medicina
Data de Publicação
06/04/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp2022/547977-pancreatite-aguda-por-uso-de-orlistate%ae---um-relato-de-caso
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
Pancreatite aguda, medicamento, Orlistate®, relato de caso
Resumo
INTRODUÇÃO A pancreatite aguda é um processo inflamatório agudo do pâncreas por autodigestão tecidual, podendo acometer estruturas peripancreáticas e órgãos a distância. O medicamento Orlistate, indicado para tratamento de pacientes com sobrepeso ou obesidade, inibe as lipases gástricas e pancreáticas diminuindo a absorção de 30% da gordura ingerida na alimentação. Dentre os efeitos adversos, estão as reações gastrointestinais, como esteatorreia e flatulência. Uma das possíveis complicações pelo uso indevido do fármaco é a pancreatite aguda, apesar do mecanismo ser desconhecido. No relato de caso, a paciente apresentou quadro de pancreatite aguda após 1 mês de uso contínuo de Orlistate®, medicamento até então pouco elucidado como causa de Pancretite aguda, sendo diagnosticada através da exclusão de outras possíveis causas e evoluiu com melhora do quadro após interrupção do medicamento e tratamento conservador. RELATO DO CASO Paciente, sexo feminino, 15 anos, sem comorbidades prévias conhecidas. Negava uso continuo de medicação, exceto pelo inicio do medicamento Orlistate® há cerca de 1 mês do inicio dos sintomas. A paciente abriu o quadro com dor abdominal em epigástrio com irradiação para o dorso, característica da “dor em barra” encontrada na pancreatite aguda, além de náuseas e vômitos pós-prandiais. Ao exame físico: paciente lúcida, orientada, acordada, normocorada, hidratada, anictérica, acianótica, afebril, eupneica em ar ambiente sem esforço respiratório, Glasgow 15, normotensa e normocárdica. Abdome flácido, peristáltico, timpânico, doloroso a palpação superficial em andar superior, sem lesões aparentes. Restante sem alterações. Na admissão hospitalar apresentava amilase cerca de 23x maior do que o limite superior da normalidade, além de PCR, gama GT, fosfatase alcalina, TGO e TGP também elevados. Laudo da Tomografia Computadorizada de abdômen sem contraste venoso evidenciava discreta efusão líquida periesplênica e perihepática. Vesícula normodistendida, sem presença de cálculos, ausência dilatação de vias biliares, pâncreas de aspecto anatômico. A paciente evoluiu de maneira satisfatória durante a internação, realizado tratamento clinico com hidratação venosa, dieta zero até melhora da intolerância gastrointestinal e medicamento sintomáticos, além da interrupção do possível medicamente causador do quadro (Orlistate®). DISCUSSÃO A pancreatite aguda é definida como um processo inflamatório agudo do pâncreas por autodigestação tecidual pelas enzimas pancreáticas, podendo acometer estruturas peripancreaticas e órgãos a distancia. Pode apresentar diversas causas, sendo as mais comuns a pancreatite de origem biliar em primeiro lugar e alcoólica em segundo lugar, sendo que essas 2 etiologias somam cerca de 80-90% dos casos de pancreatite aguda. Há ainda outras etiologias, porém essas menos comuns, sendo elas: hipertrigliceridemia, pós CPRE, alguns fármacos (Azatioprina, Sulfonamidas, estrogênio, Tetraciclina, Ácido Valpróico, antirretrovirais, entre outros), traumatismo, pós-operatório de cirurgias abdominais e não abdominais etc. A pancreatite aguda é a maior causa de hospitalização por causa gastrointestinal nos EUA, sendo que sua incidência varia entre 13 a 45 mil casos por 1.000 habitantes, anualmente. Tal incidência elevada gera custos cada vez maiores para o sistema de saúde, prejudicando seu funcionamento. O paciente com pancreatite aguda apresenta como principal sintoma a dor abdominal, que pode se localizar no epigástrio e/ou região periumbilical, sendo muitas vezes descrita como uma dor em barra que irradia para o dorso. A dor abdominal, por se tratar de um sintoma muito comum pode ser um fator confusional para o diagnóstico. O paciente pode apresentar ainda outros sintomas bastantes comuns como náusea, vômitos e distensão abdominal. O diagnostico é feito pela presença de 2 ou mais critérios dos listados a seguir: (1) dor abdominal típica em epigástrio, que pode irradiar para o dorso; (2) elevação em cerca de 3x ou mais nos níveis séricos de lipase e/ou amilase; (3) alterações confirmatórias de pancreatite aguda nos exames de imagem abdominais no plano transversal. Como já citado anteriormente, uma etiologia não comum, porém de grande importância clinica é o uso de fármacos como causadores da pancreatite aguda. O medicamento Orlistate®, indicado para tratamento de pacientes com sobrepeso ou obesidade, inibe as lipases gástricas e pancreáticas diminuindo a absorção de 30% da gordura ingerida na alimentação. Dentre os efeitos adversos, estão as reações gastrointestinais, como esteatorreia e flatulência. Uma das possíveis complicações pelo uso indevido do fármaco é a pancreatite aguda, apesar do mecanismo ser desconhecido. A paciente do relato de caso, não possuía outras etiologias possíveis para pancreatite aguda, sendo assim, foi levantada a hipótese da medicação Orlistate® como causadora do quadro. Não havia colelitíase, negava histórico de alcoolismo ou uso de outros medicamentos recentemente, lipidograma dentro da normalidade, pâncreas sem alterações anatômicas que indicassem alguma malformação congênita, não possuía história de trauma abdominal recente, swab de COVID-19 negativo, excluída também causas autoimunes e infecciosas. Dentro das possibilidades listadas, a maioria foi excluída, restando como diagnóstico de exclusão o uso recente e frequente do medicamente Orlistate®, embora não seja um medicamento típico causador de Pancreatite aguda. CONCLUSÃO O uso da medicação Orlistate® apresenta seus riscos, assim como qualquer outra medicação. Embora a Pancreatite aguda pelo uso desse medicamento seja um relato ainda incomum na literatura, quando estamos diante de um quadro onde as principais etiologias da doença foram excluídas e com uso recente da medicação, não podemos exclui-la como etiologia da doença. O diagnóstico precoce da patologia e do fator causador é de vital importância para um bom desfecho do quadro do paciente.
Título do Evento
XXVIII Semana Científica UNIFASE/FMP
Cidade do Evento
Petrópolis
Título dos Anais do Evento
Anais da Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

RODRIGUES, Barbara Straub Loureiro et al.. PANCREATITE AGUDA POR USO DE ORLISTATE® - UM RELATO DE CASO.. In: Anais Semana Científica. Anais...Petrópolis(RJ) Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP2022/547977-PANCREATITE-AGUDA-POR-USO-DE-ORLISTATE%ae---UM-RELATO-DE-CASO. Acesso em: 28/04/2025

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