ESCLEROSE HIPOCAMPAL OU ESCLEROSE MESIAL TEMPORAL E SUAS REPERCUSSÕES PSIQUIÁTRICAS

Publicado em 06/04/2023 - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
ESCLEROSE HIPOCAMPAL OU ESCLEROSE MESIAL TEMPORAL E SUAS REPERCUSSÕES PSIQUIÁTRICAS
Autores
  • Georgia Ingridh Kilo
  • Carolina Kaczelnik Benisti
  • Isabelle Turon Vahia de Abreu
  • José Carlos Baldelim Santiago Júnior
  • Jayme Eduardo Guimarães e Silva
  • Sheylla K Medeiros
  • Rosane Bittencourt
  • THIAGO CORONATO NUNES
Modalidade
Relatos de Caso
Área temática
Medicina
Data de Publicação
06/04/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp2022/547993-esclerose-hipocampal-ou-esclerose-mesial-temporal-e-suas-repercussoes-psiquiatricas
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
esclerose hipocampal, psicose orgânica, neuropsiquiatria
Resumo
Introdução: A maioria dos diagnósticos psiquiátricos baseia-se em alterações comportamentais ou de percepções subjetivas emocionais pessoais que caracterizam-se em sinais e sintomas que descrevem síndromes e diagnósticos nosológicos, raramente existindo, ou que seja conhecido até o momento, especificidades orgânicas que permitam estabelecer o diagnóstico etiológico. No entanto, cada vez mais, estudam-se as origens neurológicas dos transtornos psiquiátricos, seja pela hipótese inflamatória cerebral, ou através de alterações neurológicas específicas, muitas delas ligadas a focos epiléticos ou alterações elétricas cerebrais. A esclerose hipocampal (também chamada de esclerose mesial temporal) é uma das alterações patológicas provacadoras de déficits neuropsiquiátricos de maior relevância. Trata-se de crises epilépticas focais, sem comprometimento da consciência, capaz de desencadear alterações comportamentais violentas, além de provocar sintomas psicóticos específicos, principalmente com alucinações visuais e táteis (marcadores de organicidade) e também de delírios. Trazemos, portanto, um caso real que nos auxilia a pensar a importância desta origem sintomatológica, que será fundamental para escolha do tratamento e compreensão do quadro clínico. Relato do caso: Paciente do sexo masculino, inicia quadro de agressividade aos 12 anos de idade, com episódios de franco furor com ira extrema, heteroagressividade e frangofilia. Apesar de não haver especificamente gatilhos geradores destes episódios, os momentos onde o paciente era desagradado ou contrariado eram disparadores frequentes destes momentos. O paciente relatava ainda frequentes alucinações visuais nítidas em detalhes, onde via animais como gatos ou ratos com olhos de fogo que apareciam nos ambientes de sua casa, saindo de buracos negros por todos os lados, ou ainda a presença de seres bizarros, como extraterrestres que o perseguiam e zombavam dele. Eventualmente descrevia que sentia areia caindo sobre sua pele, principalmente quando estava em sua cama, descansando. Durante uma década o paciente esteve em mais de uma dezena de psiquiatras ou neurologistas diferentes em diversas cidades, recebendo diagnósticos como os de esquizofrenia, esquizoafetividade, esquizotipia, bipolaridade, sempre sem certeza diagnóstica a cada mudança de profissional avaliador. Foi tratado com praticamente todos os antipsicóticos existentes no Brasil, associados ou não com estabilizadores de humor, anticonvulsivantes e benzodiazepínicos, sem jamais ter apresentado melhora franca, tendo quadro flutuante mas sempre presente dos sintomas de furor agressivo, alucinações e delírios. Próximo aos 28 anos foi realizada uma revisão do caso, descobrindo-se, apesar dos eletroencefalogramas normais, o resultado de um exame de Ressonância Nuclear Magnética com achado de esclerose hipocampal realizado no passado. A hipótese diagnóstica muda radicalmente para a possibilidade de transtorno neuropsiquiátrico com causa etimológica específica, tornando o prognóstico a partir de agora mais bem delimitado. Discussão: A literatura evidencia que a esclerose hipocampal possui grande importância clínica tendo em vista sua alta prevalência e elevada proporção nos pacientes com crises epilépticas refratárias ao tratamento medicamentoso. Entre os fenômenos psicóticos possíveis com padrões originados nas epilepsias do lobo temporal mesial (região onde encontra-se o hipocampo), citam-se alucinações visuais ou auditivas combinadas com agitação, agressividade, medo ou paranóia, bem como alterações na consciência do eu como despersonalização, desrealização, autoscopia ou experiências fora do corpo. Esses fenômenos ictais surgem de focos epilépticos localizados em lobos temporais com recrutamento de áreas límbicas e neocorticais. Confirmando-se, portanto, neste paciente, este diagnóstico como origem de seus sintomas psiquiátricos, fica evidente a necessidade do uso de forma eficiente de medicamentos anticonvulsivantes. Evoluindo a partir disto em refratariedade de resposta ao tratamento, sendo o paciente farmacorresistente, indica-se a neurocirurgia como última opção terapêutica. Conclusão: O diagnóstico da esclerose hipocampal é desafiador, pois demanda do médico avaliador a destreza em compreender que alguns aspectos de sintomas (como as alucinações visuais e táteis, bem como os episódios de furor agressivo) direcionam para organicidade como causa. Além disso, temos a importância da solicitação de neuroimagem para casos psiquiátricos, sabendo-se que a maioria dos diagnósticos desta especialidade não terá achados relacionados, mas casos como o que relatamos possuem a chave diagnóstica no sinal específico que demanda o exame correto. Em ressonâncias de encéfalo comuns não são realizadas sequências que evidenciam este diagnóstico, devendo o médico solicitar especificamente o exame de Ressonância para avaliação do hipocampo, para que o diagnóstico seja identificado. A perícia do médico/psiquiatra/neurologista assistente na avaliação do caso, bem como do radiologista na avaliação da imagem, trazem luz a casos aparentemente refratários, mas que possuem causa e tratamentos conhecidos, apesar de pouco estudados.
Título do Evento
XXVIII Semana Científica UNIFASE/FMP
Cidade do Evento
Petrópolis
Título dos Anais do Evento
Anais da Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

KILO, Georgia Ingridh et al.. ESCLEROSE HIPOCAMPAL OU ESCLEROSE MESIAL TEMPORAL E SUAS REPERCUSSÕES PSIQUIÁTRICAS.. In: Anais Semana Científica. Anais...Petrópolis(RJ) Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP2022/547993-ESCLEROSE-HIPOCAMPAL-OU-ESCLEROSE-MESIAL-TEMPORAL-E-SUAS-REPERCUSSOES-PSIQUIATRICAS. Acesso em: 26/01/2025

Trabalho

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