ENDOCARDITE NEONATAL

Publicado em - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
ENDOCARDITE NEONATAL
Autores
  • Rafael Couto Figueirinha
  • Maria Eduarda Miranda e Silva de Sá Earp
  • Rafael De Carvalho Chimelli
Modalidade
Relatos de Caso
Área temática
SAÚDE E BEM-ESTAR
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp2023/689442-endocardite-neonatal
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
Endocardite Neonatal, Endocardite Infecciosa, Sepse Tardia
Resumo
INTRODUÇÃO A Endocardite Infecciosa (EI) caracteriza-se por colonização ou invasão de um agente microbiano nas valvas cardíacas e no endocárdio mural, resultando na formação de vegetações volumosas e friáveis, bem como na destruição dos tecidos cardíacos subjacentes. A EI no período neonatal (primeiros 28 dias de vida) é uma doença rara. Até a década de 1980, o diagnóstico da doença em neonatos era extremamente difícil, realizado quase sempre através de necropsia. Em estudo multicêntrico de EI pediátrica, evidenciou 7,3% dos casos; destes, 31% dos óbitos por endocardite infecciosa ocorreram em prematuros. RELATO DO CASO: Antecedentes maternos: 27 anos G2/P2/A1 fez 8 consultas de pré-natal, com início no 1º trimestre, apresentando todas as sorologias negativas no período, sem outras intercorrências. Trata-se de um RN do sexo masculino, que nasceu com uma idade gestacional de 41 semanas e 1 dia, de parto cesário, com tempo de bolsa rota no ato, APGAR 9/9, sem necessidade de reanimação neonatal, com boa vitalidade. Peso ao nascer de 3110g e AIG. Apresentou cordão com artéria umbilical única e ânus imperfurado, sendo encaminhado à UTI neonatal de hospital da região serrana do estado do Rio de Janeiro. Raio-x da admissão sem alterações, com área cardíaca normal, sem qualquer má formação à imagem. Paciente com 45 dias de internação hospitalar, sendo submetido à colostomia com fístula mucosa. No período, foi realizada uma punção em veia jugular interna direita, quatro inserções de cateter central com infusão periférica, totalizando 34 dias. Apresentou ainda três hemoculturas positivas para Staphylococcus coagulase (MRSA). Ao trigésimo oitavo dia de vida, apresentou ecocardiograma com hipertensão pulmonar (PSAP 80), insuficiência aórtica moderada a grave, com imagem sugestiva de vegetação em folheto coronariano e persistência de canal arterial amplo. Evoluiu com sepse tardia, choque séptico, mesmo em vigência de antibiótico terapia de amplo espectro. Optou-se por intubação orotraqueal, bem como uso de aminas e de óxido nítrico. Paciente veio a óbito ao quadragésimo quinto dia de vida, às 07h20 da manhã. DISCUSSÃO: A Endocardite Infecciosa (EI) no período neonatal é uma doença de difícil diagnóstico, mostrando-se necessária uma investigação minuciosa, sendo mais comum em recém nascidos que estão sob cuidados intensivos por grandes períodos. A EI pode ser causada por infecção fúngica ou bacteriana, sendo esta mais comum. Dentre os patógenos que frequentemente estão associados aos casos de Endocardite Infecciosa, o Staphylococcus aureus é o mais relacionado a uso prolongado de catéter venoso e drogas injetáveis. Até a dedada de 1980, o diagnóstico em neonatos era extremamente difícil, realizado quase sempre através da necrópsia, com letalidade de 100%. Já a clínica da endocardite infecciosa, sobretudo no período neonatal, tem caráter inespecífico, em que o paciente pode apresentar febre, desconforto respiratório, anorexia, sopro cardíaco, taquicardia, insuficiência cardíaca e hipotensão. Os sintomas clássicos como esplenomegalia, petéquias e aranhas vasculares raramente são observados nessas crianças. Em estudo multicêntrico de EI pediátrica, evidenciou-se 7,3% dos casos no período neonatal; destes 31% dos óbitos por endocardite infecciosa ocorreram em prematuros. Para realizar o diagnóstico de EI são utilizados os critérios maiores e menores de DUKE, dentre os critérios maiores estão: hemocultura positiva para EI; Micro-organismo típico para EI de duas hemoculturas isoladas (Streptococcus viridans, Streptococcus bovis, grupo HACEK ou Staphylococcus aureus); hemoculturas persistentemente positivas; evidência de envolvimento endocárdico, ecocardiograma positivo para EI; novo sopro regurgitante. Já os critérios menores são: predisposição: lesão cardíaca prévia; febre maior que 38 graus celsius; fenômenos vasculares (ex.: lesões de Janeway); fenômenos imunológicos (ex.: nódulos de Osler); evidência microbiológica: hemocultura positiva, mas sem critério maior; ecocardiograma: consistente com endocardite, mas sem critério maior. O diagnóstico definitivo é obtido por 2 critérios maiores ou 1 maior e 3 menores ou 5 menores. No caso descrito neste artigo, o paciente não apresentava nenhuma malformação cardíaca congênita que pudesse ser um fator predisponente para o desenvolvimento de EI, tendo ficado sob cuidados de terapia intensiva durante 45 dias, dos quais permaneceu por 34 com acesso venoso (PICC), 16 com tubo orotraqueal, teve 3 hemoculturas positivas para Staphylococcus aureus coagulase positiva (sensível à Vancomicina) e apresentou alteração ecocardiografia no 38o dia de vida, com imagem sugestiva de vegetação (imagem arredondada em folheto coronariano à direita). Foi realizada antibioticoterapia de amplo espectro, porém o paciente evoluiu para sepse tardia, choque cardiogênico e foi a óbito no 45º dia de vida. CONCLUSÃO: Como descrito neste relato, a endocardite infecciosa neonatal é uma condição rara, que apresenta-se de maneira inespecífica, com diagnóstico difícil, sendo necessária a avaliação cautelosa e minuciosa para que a abordagem do quadro seja realizada de maneira correta. É importante estar atento aos fatores de risco, sobretudo invasões com catéter venoso central, possíveis condições anatômicas predisponentes, população mais acometida, bem como aos critérios diagnósticos da endocardite infecciosa e aos seus tratamentos, para que sejam instituídos de maneira acurada.
Título do Evento
XXIX Semana Científica UNIFASE/FMP
Cidade do Evento
Petrópolis
Título dos Anais do Evento
Anais Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FIGUEIRINHA, Rafael Couto; EARP, Maria Eduarda Miranda e Silva de Sá; CHIMELLI, Rafael De Carvalho. ENDOCARDITE NEONATAL.. In: . Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP2023/689442-ENDOCARDITE-NEONATAL. Acesso em: 29/04/2025

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