RELATO DE CASO: MIELITE TRANSVERSA LONGITUDINALMENTE EXTENSA (MTLE)

Publicado em - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
RELATO DE CASO: MIELITE TRANSVERSA LONGITUDINALMENTE EXTENSA (MTLE)
Autores
  • JULIA ROSA MIRANDA
  • Beatriz Henrique Correa Ferreira
  • Alícia Azevedo da Costa Bairral
  • Eneida Quadrio De Oliveira Veiga
  • Priscilla Feleppa
  • Bianca Aparecida Sant’anna Dine
Modalidade
Relatos de Caso
Área temática
SAÚDE E BEM-ESTAR
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp2023/714576-relato-de-caso--mielite-transversa-longitudinalmente-extensa-(mtle)
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
Mielite Transversa Aguda, Mielite longitudinalmente extensa, Desordens do Espectro da Neuromielite Óptica, Mielina Oligodendrócito Glicoproteína Anticorpo Associada à Doença
Resumo
Mielite transversa aguda (MTA) é uma síndrome heterogênea caracterizada por inflamação da medula espinhal, podendo ter como etiologia causas paraneoplásicas, metabólicas, vasculares, doenças auto-imunes sistêmicas como o lúpus, e doenças desmielinizantes como a Esclerose Múltipla (EM) e as Desordens do espectro da neuromielite óptica (DENMO). Contudo, em cerca de 45% dos casos, a afecção é considerada idiopática. Os sintomas variam de acordo com o grau e altura de acometimento da medula espinhal, sendo que os déficits neurológicos podem evoluir dentro de horas até, normalmente, 4 semanas. A prevalência estimada da MTA na população pediátrica é menor do que na população adulta, sendo de cerca de 1,7 a 2,0 milhão/ano, correspondendo a cerca de 20% das doenças desmielinizantes em menores de 18 anos. O caso clínico ilustra um caso clássico de MTA, para ajudar os profissionais de saúde na identificação dos sinais e sintomas da doença, assim como demonstrar como deve ser o manejo básico desses casos. Dessa forma, espera-se reduzir a progressão dos déficits neurológicos e melhorar o prognóstico do paciente. Adolescente, 12 anos, feminina, previamente hígida, com um irmão com Síndrome de Crouzon e sem história de infecções recentes, iniciou quadro de dor abdominal difusa, de forte intensidade, de início súbito, que irradiava para região lombar. Um dia após início do quadro, a paciente evoluiu com anúria, e dois dias após início do quadro, apresentou parestesia associada a paresia de membros inferiores que, dentro de 1 hora, evoluiu subitamente com paraplegia de membros inferiores, levando à queda da própria altura. Com esse quadro procurou atendimento médico, sendo a única alteração um bexigoma na tomografia de abdome e pelve. No mesmo dia a paciente foi transferida para enfermaria pediátrica do Hospital Escola Alcides Carneiro, em Petrópolis-RJ. Ao exame, apresentava nos membros superiores (MMSS): Força muscular grau 5, tônus, sensibilidade e reflexos profundos preservados; e nos membros inferiores (MMII): Força grau 0, hipotonia, reflexo aquileu com hiporreflexia e reflexo patelar com arreflexia, presença do sinal de Babinski, parestesia assimétrica em MMII, com hipoestesia à esquerda, anestesia dolorosa em ambos os membros, com nível sensitivo na altura de T4. Presença de rigidez de nuca, manobras de Kernig e Brudzinski negativas. Restante do exame neurológico e sistêmico sem alterações. Análise liquórica (08/08/2023) mostrou líquor de aspecto límpido, celularidade de 170 células/mm, sendo 80% monócitos e 20% polimorfonucleares, glicose de 59 mg/dL, proteína de 213 mg/dL, LDH de 38 U/L, presença de raros cocos gram +, ausência de crescimento bacteriano na cultura. Foi iniciado tratamento com Ceftriaxone e Vancomicina; Aciclovir e Albendazol. Também foi realizada Ressonância Magnética de Crânio e Neuroeixo (RNM - 09/08/2023), que evidenciou hipersinal em T2/STIR dos segmentos medulares de C4 à T3, sem captação evidente pelo meio de contraste. Foram solicitados também anticorpos sorológicos e prova inflamatória no LCR, como será discutido mais à frente. Durante a internação, a paciente realizou 3 ciclos de pulsoterapia com metilprednisolona, com duração de 5 dias cada. Nesse período, evoluiu com melhora clínica progressiva, com recuperação total da força e sensibilidade em MMII, e do controle urogenital, recebendo alta deambulando. O caso relatado é a respeito de uma paciente de 12 anos que apresentou um quadro de dor abdominal de instalação aguda, seguida de alterações sensoriais, motoras e autonômicas, alcançando plegia em 48 horas. Um dos sintomas iniciais mais comuns da MTA em crianças é a dor (60%), como nesse caso. Cerca de 90% dos pacientes possuem perda sensorial, geralmente em nível torácico, sendo este o caso dessa paciente. Devido à suspeita de afecção medular, foi realizada uma RNM de Crânio e Neuroeixo que possuía imagem compatível com mielite transversa longitudinalmente extensa (MTLE). Entretanto, o diagnóstico diferencial é amplo, com necessidade de afastar a possibilidade de Mielina Oligodendrócito Glicoproteína Anticorpo associada à doença (MOGAD), DENMO, EM, entre outras. Após a RNM, foi realizada uma punção lombar para verificar a existência de conteúdo inflamatório no líquido cefalorraquidiano (LCR). A análise do LCR demonstrou uma proteinorraquia e aumento da celularidade importante, assim como indícios de infecção. Dessa forma, optou-se por iniciar esquema terapêutico com Vancomicina, Ceftriaxona, Albendazol e Imunoglobulina humana durante 3 dias, devido à impossibilidade de iniciar pulsoterapia com corticosteróides, sob a possibilidade de infecção. Para a investigação diagnóstica da etiologia da MTA, foi solicitado anticorpo IgG Anti-MOG e Anti-AQP4, além de bandas oligoclonais e índice de IgG no LCR. A presença de IgG Anti-AQP4 é altamente específica para DENMO, e diferencia esse distúrbio da EM. Por motivos financeiros, não foi possível a realização desses exames essenciais para o diagnóstico da etiologia da MTA. O tratamento da MTA deve ser feito com altas doses de corticosteróides intravenoso, sendo a metilprednisolona na dose de 30mg/Kg/dia, máximo de 1g/dia, por 3 a 5 dias, a droga de escolha. Não há um consenso em relação ao tempo de manutenção do corticosteróide pós-pulsoterapia para evitar recaídas da doença. Nesse caso, optou-se por manter o corticoide oral até que a paciente conseguisse acompanhamento em um centro de referência. O caso relatado é de extrema importância na prática clínica e para a comunidade acadêmica, a fim de ampliar diagnósticos diferenciais de condições neurológicas que possam se apresentar nos pronto-atendimentos. Dessa forma, espera-se que a identificação e diagnóstico dessas condições seja precoce, para que a terapêutica adequada seja realizada oportunamente.
Título do Evento
XXIX Semana Científica UNIFASE/FMP
Cidade do Evento
Petrópolis
Título dos Anais do Evento
Anais Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MIRANDA, JULIA ROSA et al.. RELATO DE CASO: MIELITE TRANSVERSA LONGITUDINALMENTE EXTENSA (MTLE).. In: . Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP2023/714576-RELATO-DE-CASO--MIELITE-TRANSVERSA-LONGITUDINALMENTE-EXTENSA-(MTLE). Acesso em: 27/04/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes