ATAXIA CEREBELAR AGUDA PÓS-INFECCIOSA: RELATO DE CASO

Publicado em - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
ATAXIA CEREBELAR AGUDA PÓS-INFECCIOSA: RELATO DE CASO
Autores
  • Giullia Mattesco Santos Fernandes
  • Maria Clara Gaião
  • João Victor Teixeira de Mello
  • Mariana Ventura Soares Neves
Modalidade
Relatos de Caso
Área temática
SAÚDE E BEM-ESTAR
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp2023/721083-ataxia-cerebelar-aguda-pos-infecciosa--relato-de-caso
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
Ataxia; diagnóstico de exclusão; ataxia cerebelar aguda
Resumo
A ataxia cerebelar aguda, condição rara na literatura, abrange a variante pós-infecciosa e cerebelite aguda. Marcada por súbita perda de coordenação motora e equilíbrio por disfunções cerebelares por diversas causas. Tem incidência estimada de 1 em 100.000/500.000. (YILDRIM M et al, DOI: 10.1177/0883073820901407). Os agentes etiológicos mais comuns são: varicela zoster, HSV1, EBV, sarampo e rubéola. É uma reação autoimune em que anticorpos reagem contra antígenos da bainha de mielina do cerebelo. No estudo, foram analisados livros de alta hospitalar da pediatria, entre 01/01/18 e 16/09/23. Das 5340 internações, 5 eram de síndrome cerebelar aguda, sendo 2 de cerebelite aguda e 3 de ataxia cerebelar aguda pós-infecciosa. Não demonstrou predileção por sexo e mais incidente na primeira infância. Nossos objetivos são (1) Relatar caso clínico de patologia incomum, (2) diferenciar cerebelite aguda de ataxia cerebelar aguda pós infecciosa e (3) discutir a respeito dos principais diagnósticos diferenciais. Escolar, feminino, 9 anos, natural de Petrópolis, relata 10 dias antes da internação, coriza hialina e tosse produtiva. Nega febre, dispneia, taquipneia, sibilância, êmese, diarreia e sintomas gastrointestinais e genitourinários. Houve melhora espontânea do quadro infeccioso 5 dias após o início. Assintomática nos dias posteriores. Após 72 horas, evoluiu com desequilíbrio e dificuldade na deambulação. Nega paresia, parestesia, perda da consciência, convulsões, alterações na fala. Houve piora do quadro nas 48 horas seguintes associado a cefaleia frontal, pulsátil, leve intensidade, contínua, sem desencadeantes, com melhora com dipirona. No mesmo dia, trazida a UPA de Itaipava, realizados exames laboratoriais e de imagem, que evidenciaram velamento do seio frontal e parcial das células etmoidais com espessamento da mucosa (TC de crânio e seios da face). No mesmo dia, relata manutenção do desequilíbrio de marcha e incapacidade de permanecer sentada, junto a náuseas e êmese com restos alimentares e turvação visual. Nega alterações na fala e comportamento. Trazida novamente a UPA de Itaipava, no mesmo dia, repetidos exames de sangue. Admitida um dia depois na enfermaria do HAC, com manutenção dos sintomas e em investigação do quadro. Nega doenças comuns da infância, alergias, internações, uso regular de medicações, infecções de repetição. Caderneta vacinal vista e atualizada, sem vacinação recente. Exame físico:ativa, reativa, normocorada, hidratada, anictérica, afebril, eupneica em AA, PCP preservada. Sem lesões de pele e linfonodomegalias. SatO2 100% em AA, TAX 36,5 °C, FC: 88 bpm, FR: 23 lRPM. RCR, 2T, normofonéticas. Sopro sistólico em foco aórtico de +1/+6, sem irradiação. Na ausculta pulmonar, MVUA, sem RA e esforço respiratório. Abdome flácido, indolor à palpação superficial e profunda, peristáltico, timpânico, sem massas ou VMG. No exame neurológico: acordada, orientada, cooperativa. ECG 15. Tônus e trofismo preservados. Força grau 5 em MMSS e grau 4 em MMII. Reflexos superficiais e profundos preservados. Reflexo cutâneo-plantar bilateralmente em flexão. Disdiadococinesia e dismetria na prova index-nariz. Romberg impossibilitado. Pares cranianos e sensibilidades sem alterações. Marcha atáxica. Sinais meníngeos ausentes. Permaneceu internada na enfermaria por 12 dias, iniciando Aciclovir 30mg/kg/dia no D1 de internação. Realizados nesse dia, punção liquórica com pesquisa para H. influenzae, S. pneumoniae, N. meningitidis e Arbovírus. Indisponível, naquele momento, pesquisa para herpes vírus e varicela-zoster. Foram solicitados pareceres da oftalmologia e neuropediatria. No parecer da oftalmologia, não apresentou alterações ao exame. Pela neuropediatra foi solicitado RNM de crânio com contraste.Na ataxia cerebelar aguda, o aciclovir é uma medida profilática, já que o Herpes vírus tem maior chance de evoluir com gravidade. Além do antiviral, podem ser usados: antibiótico, corticóide e antifúngicos. Como não há uma diretriz, terapia varia entre os casos e agente causador. Realizado aciclovir por 12 dias devido a ausência da pesquisa para Herpes simples no LCR e remissão total dos sintomas no D12 IH. É importante diferenciar a ataxia cerebelar aguda pós-infecciosa da cerebelite aguda. Esta primeira é, em geral, autolimitado e surge após infecção. A cerebelite aguda, inflamação do cerebelo, pode ser causada por alguma infecção ou outras causas, com sintomas sistêmicos além da ataxia: cefaléia, febre, náuseas, vômitos e alterações no estado mental. Cerebelite aguda pode ter achados na RNM, como hipersinal cerebelar em T2 e FLAIR. A pós-infecciosa é um diagnóstico de exclusão, sendo necessária a realização de exames complementares para descartar hipóteses, como punção LCR, TC e RNM de crânio. Sobre outros diagnósticos, podemos destacar: Guillain Barré, polineuropatia inflamatória aguda, doença autoimune desmielinizante de raízes e nervos periféricos, que causa paresia muscular ascendente, iniciada em MMII. Outro achado clínico é a hipo/arreflexia. Em relação ao LCR, o padrão característico de GB é a dissociação albumino-citológica. Outro diagnóstico diferencial é a meningite, que é uma inflamação das meninges. Os sintomas envolvem irritação meníngea, febre, fotofobia, vômitos em jato e cefaléia. As meningites não manifestam quadro ataxico. Assim, destaca-se como hipótese diagnóstica. Na ataxia cerebelar aguda pós infecciosa é esperado que a RNM não tenha alterações. A TC de crânio não apresentou alterações, que seriam mais comuns em casos de cerebelite aguda, em função da inflamação, e possíveis complicações como compressão do tronco encefálico pelo edema. Em conclusão, a ataxia cerebelar aguda pós-infecciosa é um diagnóstico de exclusão. O prognóstico é geralmente excelente, com recuperação completa dos sintomas na maioria dos casos. Logo, destaca-se a importância do diagnóstico precoce e acompanhamento médico. MASRUHA, Marcelo. Tratado de Neurologia Infantil. São Paulo: Atheneu, 2016.
Título do Evento
XXIX Semana Científica UNIFASE/FMP
Cidade do Evento
Petrópolis
Título dos Anais do Evento
Anais Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FERNANDES, Giullia Mattesco Santos et al.. ATAXIA CEREBELAR AGUDA PÓS-INFECCIOSA: RELATO DE CASO.. In: . Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP2023/721083-ATAXIA-CEREBELAR-AGUDA-POS-INFECCIOSA--RELATO-DE-CASO. Acesso em: 30/04/2025

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