FEIRAS AGROECOLÓGICAS: A GÊNESE DA TRAVESSIA

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
FEIRAS AGROECOLÓGICAS: A GÊNESE DA TRAVESSIA
Autores
  • Ivonei Andrioni
  • Edson Caetano
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 06] Economia Popular e Solidária e Desenvolvimento Local
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/102791-feiras-agroecologicas--a-genese-da-travessia
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Feiras convencionais; Coletivo de Produção; Feiras Agroecológicas.
Resumo
O objetivo deste trabalho é apresentar como foi criada, de quem surgiu a ideia, com que objetivo, quais as potencialidades, quais as fragilidades e como ocorre a comercialização do excedente de produção na feira agroecológica denominada Canteiros de Comercialização Solidária (CANTASOL), criada pelos coletivos de produção “Sal da Terra” do Assentamento Keno e coletivo de produção “Mulheres Livres da Amazônia” do Assentamento “Doze de Outubro”, situados no Município de Cláudia, no Estado de Mato Grosso. Os protagonistas da pesquisa são trabalhadores e trabalhadoras que produzem a existência de forma cooperada, a partir dos princípios agroecológicos e comercializam o excedente da produção na feira CANTASOL, viabilizada pela Cooperativa Via Campesina (COOPERVIA) em parceria com a Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT). É uma pesquisa do tipo estudo de caso e para análise dos dados nos apropriamos do método materialista histórico, de abordagem qualitativa. Para a coleta de dados fizemos uso das técnicas de entrevista com questões semiestruturadas, observação, e bibliografias que abordam o tema. Para compreender a categorias feiras livres e feira agroecológica nos fundamentamos em autores como Porto (2005, p. 24) que afirma que “as feiras livres sempre fizeram parte das práticas humanas”; Oliveira e Lima (2017, p. 2), ao destacar o importante papel das feitas “na implantação do dinheiro, consequentemente na evolução do capitalismo e, o mais importante, no surgimento das cidades”; Lima (2012, p. 17), para quem na Idade Média “as feiras livres tornaram-se locais importantes para a dinâmica da distribuição de produtos, destacando-se enquanto atividade econômica”; e Araujo (2012, p. 52) que aponta a feira como “local em que as sociabilidades se manifestam em todas as suas dimensões, sendo na rua que elas se expressam com maior intensidade”, provocando dinamicidade na economia, troca de informações, intercâmbio entre o urbano e o rural, bem como abre espaço para a reflexão e a criação de outro mundo possível, para além da sociedade do capital. Para entender a distinção entre feiras convencionais e feiras agroecológicas nos embasamos em Godoy (2005, p. 102), que alega que as feiras convencionais comercializam produtos cultivados a partir de técnicas que incluem “adubos químicos, inseticidas, fungicidas e outros insumos”, e não existe restrição quanto a venda de produtos cultivados a partir das técnicas modernas onde predomina o uso de adubos sintéticos e agrotóxicos, bem como a maximização da produção e do lucro; para isso, e em Gliessman (2001, p. 34), faz-se necessário o uso de técnicas modernas de “cultivo intensivo do solo, monocultura, irrigação, aplicação de fertilizantes inorgânicos, controle químico de pragas e manipulação genética de plantas cultivadas”. Para compreender o que são feiras agroecológicas nos baseamos em Gliessman (2001, p. 34) que afirma que nas feiras agroecológicas os feirantes primam por produtos cultivados a partir de técnicas de “reciclagem de resíduos sólidos, uso de adubos verdes, manejo e controle biológico de insetos, e a exclusão do uso de compostos sintéticos”; em Godoy (2005, p. 16) ao assegurar que nas feiras agroecológicas são comercializados “produtos oriundos do sistema agrícola de base ecológica”; em Ricotto (2002, p. 7), que afirma ser a feira agroecológica espaço em que consumidores encontram “alimentos de alta qualidade, sem agrotóxicos, sem aditivos químicos e produzidos com base no conhecimento acumulado no local, possibilita aos habitantes urbanos terem uma alternativa para melhorar a sua alimentação”. Para entender a feira como espaço de trocas de experiências e solidariedade nos embasamos Burg (2005, p. 83), afirma ser a feira agroecológica espaço de resistência e de “troca de conhecimentos recíprocos dos trabalhadores feirantes e das suas experiências, fato esse que dificilmente poderia ocorrer se fossem utilizados outros canais de comercialização mais individualizados”; e em Nora e Dutra (2015, p. 52) que relatam que nas feiras agroecológicas observa-se “constante presença da solidariedade entre os mesmos, como a troca de favores, uma vez que, quando um deles precisava se ausentar, o outro feirante assumia a sua barraca vendendo seus produtos”, dando clara demonstração de outro projeto de sociedade contraponto ao projeto que enfatiza a individualidade, a competitividade, a concorrência e a exploração da força de trabalho alheia; bem como em Mascarenhas e Dolzani (2008, p. 83) que afirmam que a feira agroecológica é “filha rebelde da modernidade, que insiste em desafiá-la”, pois, é no espaço urbano da feira que “os excluídos da ordem dominante realizarem sua sobrevivência material cotidiana” contraponto ao projeto do capital. Para saber o que pensam, quais as potencialidades e fragilidades do CANTASOL, observamos e entrevistamos trabalhadoras e trabalhadores envolvidos, que são unânimes em afirmar que a feira é um dos espaços de um projeto maior, que objetiva contrapor o projeto do capital. Marciano Silva (membro do CANTASOL) afirma que o “objetivo é produzir, consumir e “comercializar alimentos sem ágio, sem veneno e colocar esses produtos direto na mesa do consumidor”, pois, as feiras são, também, “espaços para denúncia, apresentações culturais, troca de sementes, bem como a materialidade de outro projeto de sociedade que se contraponha ao projeto do capital”. Quanto às potencialidades, Ana Maria Reis (Coordenadora do coletivo de produção “Mulheres Livres da Amazônia”) afirma que agora que já conseguimos a documentação dos lotes, construímos casa, temos escola para os filhos, organizamos os coletivos de produção, a cooperativa e o CANTASOL, “as coisas estão mais fáceis, pois temos terra para plantar, viabilidade para chegar até o consumidor e nosso produto é de qualidade”. Quanto as fragilidades, Edesmar Sackser (Coordenador do Coletivo de Produção “Sal da Terra”) afirma que existe uma burocracia muito grande para as políticas públicas de custeio chegar até o pequeno produtor, bem como “não é fácil produzir a partir dos princípios agroecológicos em um Estado que se afirma como capital do agronegócio”. Conclui-se que as feiras agroecológicas são alternativas que os coletivos de produção se apropriaram para contrapor-se ao projeto do capital, produzir alimentos livres de agrotóxicos, comercializar o excedente da produção sem intermediação, bem como garantir a opção de permanência das famílias no campo.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ANDRIONI, Ivonei; CAETANO, Edson. FEIRAS AGROECOLÓGICAS: A GÊNESE DA TRAVESSIA.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/102791-FEIRAS-AGROECOLOGICAS--A-GENESE-DA-TRAVESSIA. Acesso em: 26/12/2024

Trabalho

Even3 Publicacoes