ANASTILOSE DA MEMÓRIA: DOS VESTÍGIOS ÀS SOLUÇÕES

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
ANASTILOSE DA MEMÓRIA: DOS VESTÍGIOS ÀS SOLUÇÕES
Autores
  • Heidi Ferreira da Costa
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 04] Cultura e Desenvolvimento
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/103266-anastilose-da-memoria--dos-vestigios-as-solucoes
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Patrimônio material, Políticas públicas, Ruínas, Memória
Resumo
A anastilose é uma técnica de restauro que consiste em identificar elementos que originalmente faziam parte de um monumento ou construção e buscar remontar, parcial ou integralmente, este monumento, através da recolocação destas peças em seus locais originais e da adição de elementos alheios à construção original, mas que ajudem na fixação ou composição da parte restaurada. Semelhante em vários pontos ao trabalho de memória, onde se reúne vestígios e imaginação para a recomposição de uma lembrança que pareça mais o fiel possível em relação ao original, a anastilose é capaz de reordenar elementos que foram dispersos, atribuindo-lhes um sentido original dentro do todo. Essa técnica foi umas das utilizadas no projeto de revitalização do circuito arqueológico no Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, durante a execução de um projeto financiado pelo BNDES, com recursos do subcrédito social. Trata-se de um recurso da linha “Investimentos Sociais de Empresas”, do Banco Nacional do Desenvolvimento, voltado para, segundo a definição do próprio banco, “ [apoiar] projetos envolvendo as comunidades nas áreas de influência geográfica das empresas e ações que beneficiem segmentos da população, mesmo aqueles que não estejam associados às iniciativas empresariais ou em suas áreas de influencia, mas que visem somar esforços com programas e políticas sociais públicas.” BNDES, 2006. O objetivo deste trabalho é apresentar um estudo de caso do projeto denominado “Consolidação do patrimônio arqueológico, geração de conhecimento e capacitação no Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos”, que irá analisar a forma de financiamento aplicada, sua relevância para a preservação patrimonial do Parque e seu impacto na representação da memória da cidade de São João Marcos. O primeiro passo será apresentar brevemente o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, explicando sua relação com a memória da cidade de São João Marcos e relacionando as ruínas que fazem parte do que a gestão do Parque convencionou chamar de seu “circuito arqueológico”. Passaremos então para uma análise da relação do Parque com a localização onde está inserido, a saber, a região do Vale do Café. Será feita uma reflexão sobre o fato de o Parque ser um dos raros equipamentos culturais na região, conter infraestrutura adequada para área de lazer e entretenimento e, ao mesmo tempo, ser o lugar de memória que traz em si a lembrança da cidade de São João Marcos. Tentaremos estabelecer nesta sessão do artigo uma diferença para três categorias de visitantes do Parque: turistas, usuários e visitantes locais. Esta divisão proposta buscará diferenciar a relação do Parque com seu público, justificando, desta forma, seu impacto multifacetado na região. Após essas reflexões iniciais, chegaremos ao tema central do trabalho: o projeto realizado em 2014 com os recursos de subcrédito social do BNDES. Nesta sessão serão apresentadas as características gerais deste tipo de financiamento, os pré-requisitos necessários para submissão de projetos e a forma como se deu a submissão do projeto realizado no Parque. Também serão apresentados todos os atores envolvidos no projeto, a saber, a Light S.A. como proprietária do Parque, o BNDES como patrocinador do projeto, e o Instituto Cultural Cidade Viva, como idealizador e realizador deste projeto específico. A seguir apresentaremos o projeto como um todo, passando rapidamente por seus diversos objetivos, e nos atendo mais especificamente ao objetivo de “qualificação do circuito arqueológico”. Aqui serão apresentadas questões referentes à preservação e manutenção do patrimônio material, tais como cuidados e restrições regulamentados pelo IPHAN e Inepac, considerando que, enquanto a Estrada Imperial no perímetro do Parque é tombada pelo IPHAN, o conjunto das ruínas referentes ao centro da cidade de São João Marcos teve seu tombamento decretado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural. Refletiremos sobre conflitos entre o desejo de evidenciação das ruínas, a necessidade de manutenção e os custos imediatos e a longo prazo destas ações. Este será o caminho para investigar a escolha das técnicas de restauro escolhidas para serem aplicadas no projeto. Haverá então uma demonstração da técnica de anastilose, através de imagens de sua aplicação em duas ruínas do Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos. Neste ponto será importante esclarecer que este não se tratou de um trabalho de arqueologia, mas de restauro, segundo as definições e diferenças entre os dois, que serão também relacionadas. Também será interessante refletir sobre a escolha das ruínas que foram selecionadas para esse trabalho. Buscaremos refletir sobre o impacto das mudanças na paisagem do Parque para a memória da cidade de São João Marcos e sua representação. Embora a justificativa inicial para o projeto tenha sido aumentar a capacidade do Parque em atrair turismo e fomentar o desenvolvimento na região, é possível aferir que, com o trabalho realizado no circuito arqueológico, a memória da cidade ganhou um poderoso elemento para sua ativação, especialmente com as fachadas levantadas através da anastilose. Os vestígios que antes poderiam parecer apenas pedras espalhadas pelo chão, para um visitante mais desatento, agora se levantam e se mostram por si mesmos, sem precisar que alguém os aponte. Passam a se tornar monumentos de si mesmos, tornando-se um símbolo visual do próprio Parque. Nas conclusões finais, o trabalho trará uma reflexão sobre as dificuldades burocráticas, operacionais e financeiras para a manutenção do patrimônio material no país, e das oportunidades e soluções que podem ser encontradas, tomando como base o caso do projeto “Consolidação do patrimônio arqueológico, geração de conhecimento e capacitação no Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos” realizado em 2014.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

COSTA, Heidi Ferreira da. ANASTILOSE DA MEMÓRIA: DOS VESTÍGIOS ÀS SOLUÇÕES.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/103266-ANASTILOSE-DA-MEMORIA--DOS-VESTIGIOS-AS-SOLUCOES. Acesso em: 29/04/2025

Trabalho

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