HISTÓRIAS DAS MULHERES: A QUEM SERVE O AMOR ROMÂNTICO?

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
HISTÓRIAS DAS MULHERES: A QUEM SERVE O AMOR ROMÂNTICO?
Autores
  • Ivana Patrícia Almeida
  • Márcia Santana Tavares
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 10] Gênero, Violências, Cultura - Interseccionalidade e(m) Direitos Humano
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/112266-historias-das-mulheres--a-quem-serve-o-amor-romantico
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Amor Romântico, Gênero, História, Memória
Resumo
Este trabalho é uma revisão bibliográfica de diversos estudiosos que discutem o Amor Romântico e suas nuances, cujo propósito é, numa perspectiva de gênero, revelar que, historicamente, este objeto de análise, alimentado pela memória coletiva e social, respalda e corrobora com o fenômeno da violência contra a mulher em nossa sociedade. Este estudo evidencia que a história do amor no ocidente está marcada, desde a sua origem, pela relação desigual entre os gêneros, materializada através de uma relação de forças em que a mulher, em todos os momentos históricos estudados, encontra-se em uma posição desigual e desvantajosa diante do homem. Um dos grandes conceitos históricos sobre o amor está relacionado ao romantismo. O amor romântico tão explorado pela literatura, pelo teatro, pela música e pelo cinema alimenta e retroalimenta há séculos os suspiros femininos e apaixonados de numerosas gerações. Diversas/os autoras/es, principalmente as/os que discutem a condição feminina numa perspectiva feminista, condenam o amor romântico como cúmplice do machismo, ao percebê-lo como construção de valores que promovem o aprisionamento da mulher no espaço doméstico, sobre a égide do seu amado. O casamento será o locus de análise deste estudo, por destacar-se como instituição alvo das construções sociais do Amor romântico, além de ser um dos elementos fundamentais para a atual organização social. Considerando a importância em resgatar genealogias e memórias que alimentam e retroalimentam os sentimentos amorosos e as motivações das atuais escolhas matrimoniais, a análise busca compreender, panoramicamente, a forma pela qual o Ocidente, ao longo do tempo, construiu seus conceitos, expectativas e aspirações para o amor nas relações conjugais. Para a proposta deste estudo, será realizada revisão bibliográfica das principais publicações sobre o tema proposto, pautadas nos recortes de gênero e nas epistemologias feministas. O amor tal qual o conhecemos hoje é uma invenção moderna e muito recente na história da humanidade. O amor assume diferentes facetas ao longo da história, com grandes mudanças no espaço e no tempo. A intensidade do desejo que este sentimento desperta nos sujeitos, torna-se muitas vezes, razão de vida, de morte, de felicidade e de sofrimento.Balizado pelo momento histórico e conduzido pelas mudanças sociais, as concepções sobre o amor e suas configurações são fundamentais para as mais variadas formas de organização social e cultural, elas demarcam comportamentos e atitudes tanto desejados quanto refutados socialmente. Mary Del Priore (2005) evidencia que o amor, discutido em livros, surge a partir da Idade Média e, por isso, este período histórico é considerado, para a autora, berço do amor cortês e pai do amor romântico, conceitos que influenciam as concepções amorosas da contemporaneidade. Época em que surge a figura dos trovadores, responsáveis por estabelecerem novas configurações para as relações afetivas entre homens e mulheres. De acordo com Del Priore (2005), o sentimento amoroso cantado pelos trovadores reproduzia as relações feudais que caracterizavam as condições sociais da época, eles normalmente eram servos de suas damas e, portanto, configurava-se um amor impossível pelos diversos e ásperos obstáculos. A trama romanesca é precisamente a dificuldade e a impossibilidade, aqueles que assumiam posturas socialmente desviantes na tentativa de realizá-la (antes da morte), como os clássicos contos de Tristão & Isolda e Romeu & Julieta, invariavelmente tinham um fim trágico. Mas, em matéria de amor, o trovadorismo foi a grande invenção da Idade Média. Para Del Priore (2005), a nossa grande herança da poesia medieval é a busca do amor impossível. Ao pensar a categoria Amor romântico na contemporaneidade, D’Incao (1993, p. 56) defende que os efeitos do romantismo, inseridos especialmente na literatura, contribuíram para a configuração da família moderna, particularmente no que se refere à possibilidade da constituição do casamento por livre escolha – tendo o amor romântico como precondição. Assim como nos contos de fadas, as ressonâncias deste tipo de amor estão presentes de forma fantasiada nos projetos matrimoniais femininos. Coadunando com a autora,Giddens (1993) enfatiza que o amor romântico é culturalmente específico e essencialmente feminilizado, portanto, é associado à conjugalidadeao contribuir com a organização tradicional da sociedade. Neste sentido, Costa (1998, p.150) concebe o viés ideológico do amor romântico, pelo seu suporte de predicação moral em que representa tanto a felicidade quanto o sofrimento, capturando em suas teias idealizadas o sujeito feminino dócil e obediente. Portanto,Bozon (2005) assegura que diante das várias visões sobre o amor, o mais importante é compreender que o amor se constitui como fenômeno prático que norteia a intimidade contemporânea e cujo sentido se encontra em um jogo que envolve relações de força, de sedução e de poder. A história do Amor Romântico alimenta e retroalimenta a memória coletiva das relações conjugais no Ocidente e evidencia o quanto a mulher foi subordinada à dominação masculina, destituída de poder, especialmente dentro da instituição matrimonial, vivendo “apagada”, socialmente, por muitos séculos. Os estudos sobre mulheres, em especial as Epistemologias Feministas contribuem com reflexões sobre o caráter multifacetado e dinâmico das relações sociais, com análises que tornam possível vislumbrar transformações na gramática de gênero. Desse modo, este estudo teve a intenção de politizar e problematizar as concepções naturalizadas sobre o Amor Romântico, na tentativa de suscitar debates e reflexões que permitam ao leitor(a) desconfiar de suas certezas sociais, e quem sabe, colaborar para a construção de novos pontos de vista, que considerem as discussões aqui desenvolvidas.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ALMEIDA, Ivana Patrícia; TAVARES, Márcia Santana. HISTÓRIAS DAS MULHERES: A QUEM SERVE O AMOR ROMÂNTICO?.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/112266-HISTORIAS-DAS-MULHERES--A-QUEM-SERVE-O-AMOR-ROMANTICO. Acesso em: 28/04/2025

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