A GEOPOLÍTICA CLÁSSICA: A IMPORTÂNCIA DAS TEORIAS DO PODER MARÍTIMO E TERRESTRE PARA A COMPREENSÂO DO CENÁRIO INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO

Publicado em 15/12/2023 - ISBN: 978-65-272-0120-5

Título do Trabalho
A GEOPOLÍTICA CLÁSSICA: A IMPORTÂNCIA DAS TEORIAS DO PODER MARÍTIMO E TERRESTRE PARA A COMPREENSÂO DO CENÁRIO INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO
Autores
  • EULLER DA SILVA FARIA
  • Vinicius Modolo Teixeira
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Ciências Humanas
Data de Publicação
15/12/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viii-semana-academica-de-sinop-346898/677935-a-geopolitica-classica--a-importancia-das-teorias-do-poder-maritimo-e-terrestre-para-a-compreensao-do-cenario-int
ISBN
978-65-272-0120-5
Palavras-Chave
Geopolítica, Teoria do Poder Marítimo, Teoria do Poder Terrestre.
Resumo
O sistema internacional sofreu diversas transformações com o passar do tempo, Andrew Korybko, em seu livro, Guerras Híbridas: Das Revoluções Coloridas aos Golpes, discorre sobre as barreiras que limitam a atuação das grandes potências em sua disputa pela hegemonia global, como as armas de destruição em massa e as Organizações de Cooperação em Defesa. Esses elementos que surgiram na segunda guerra, transformaram a maneira como os conflitos entre Estados eram perpetuados, tornando as abordagens diretas inviáveis para o prosseguimento dessas disputas. A partir do surgimento dessas barreiras, o sistema internacional foi se tornando cada vez mais complexo, já que com o encerramento da Guerra Fria e a queda da URSS, a bipolaridade mundial entre Estados Unidos e União Soviética também chegou ao fim, originando um período de unipolaridade, onde o EUA se estabelecia como potência hegemônica. Contudo, de acordo com Korybko, essa situação já não é mais a realidade do sistema internacional contemporâneo, por conta do surgimento de diversos Estados capazes de contestar a influência estadunidense no globo, o cenário geopolítico global pode ser considerado como multipolar, adicionando mais uma camada de complexidade ao tabuleiro geopolítica mundial. É importante observar que as armas de destruição em massa e as organizações de cooperação em defesa, evitam conflitos diretos entre os Estados, mas ao mesmo tempo determina que as disputas pela hegemonia sejam feitas através de abordagens indiretas. Essa discussão sobre as novas formas em que os conflitos se darão na contemporaneidade, é muito trabalhado por Frank G. Hoffman em seu livro Conflict in the 21st century: The rise of hybrid wars. Nessa obra, o autor discorre sobre algumas características dos conflitos contemporâneos, como a participação de agentes não estatais, aplicação de táticas de guerra irregular em um mesmo conflito, a indefinição de que cenário pode ou não ser um cenário de guerra, entre outras características. Levando em consideração o que foi apresentado, cabe entender onde a geopolítica clássica, mais especificamente as teorias do Poder Marítimo e Poder Terrestre, se encaixam em toda essa complexidade que envolve o sistema internacional contemporâneo. A teoria do Poder Marítimo criada por Alfred Thayer Mahan (1840-1914), um oficial da marinha dos Estados Unidos, que, observando a história da Grã Bretanha e a sua constituição como um grande império propiciada pela sua grande frota e pelos seus vários territórios espalhados pelo globo, aponta a importância que esse poder possui para definir o destino das nações, afirmando que esse elemento é indispensável para seu desenvolvimento, prosperidade e segurança. Para Mahan, o Poder Marítimo não é constituído apenas pela capacidade militar de uma marinha, mas de uma junção da mesma com uma grande marinha mercante. Isso ocorre, pois para o autor dessa teoria, para que um país se expanda politicamente, economicamente e culturalmente, atingindo assim a grandeza nacional, o governo deve possuir riqueza acumulada. Por sua vez, para que essa acumulação de riqueza ocorra, é necessário que exista um comércio externo intenso e crescente, sendo esse o papel da marinha mercante. Para que essas atividades de comércio externo realizadas pela marinha mercante sejam bem sucedidas, é necessário que exista um apoio de uma grande e forte armada, que deverá ter pontos de apoio espalhadas estrategicamente pelo globo, sendo esse conjunto de elementos que formam, para Mahan, o Poder Marítimo. Dessa forma, o domínio dos mares se torna algo extremamente importante para essa teoria, através de bases espalhadas pelos mares e o domínio de pontos estratégicos do globo como os estreitos e através da criação de canais. A teoria do Poder Terrestre foi desenvolvida por Halford Jhon Mackinder (1861-1947), um geógrafo e político Britânico, que a construiu observando um recorte da Eurásia. Para Mackinder, por conta da sua localização privilegiada, sua abundância de recursos e a sua geografia, caso essa região fosse dominada por um Estado, ela garantiria condições suficientes para sobrepujar o império marítimo Inglês, essa região foi chamada por Mackinder de Pivô Geográfico da História, permitindo um vasto poder terrestre para quem a ocupa. Posteriormente, Mackinder denominou essa região de Heartland, e observou que caso esse poder se expanda para além dos limites da Eurásia, os vastos recursos capitados nessas regiões poderiam ser convertidas para uma frota naval capaz de rivalizar com o poderio naval da Inglaterra (século XIX). Posteriormente, um outro estudioso, Nicholas Jhon Spykman (1893-1943), um geógrafo nascido na Holanda, mas naturalizado nos Estados Unidos, desenvolveu uma estratégia de contenção baseada nas ideias de Mackinder. A teoria da Rimland, como foi chamada, é uma estratégia de contenção criada para restringir o poder da Heartland, definida pelo domínio das regiões circundantes da região, não permitindo que o Estado pivô ultrapasse os limites da Eurásia. Pode-se observar que ambas as teorias influenciaram diversas movimentações no cenário geopolítico mundial, um exemplo desse fato é a forma como a Guerra Fria foi conduzida no continente Euroasiático. Diversas Organizações de Cooperação em Defesa (OCD’s) surgiram naquele período, como é o caso da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), da CENTO (em português Organização do Tratado Central), a ANZUS (a sigla é uma junção das iniciais dos países membros da aliança, Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos da América), assim como várias outras organizações e pactos bilaterais. Essas OCD’s, colocaram em prática a teoria da Rimland de Spykman, sendo utilizadas para conter o poder terrestre soviético dentro da área pivô. Assim como várias movimentações dos Estados Unidos também demonstram a pertinência da teoria do Poder Marítimo, como a finalização da construção do Canal do Panamá, que permitiu uma rota comercial mais eficaz entre Pacífico e Atlântico. Da mesma forma, as recentes movimentações, tanto da OTAN, na Guerra entre Rússia e Ucrânia e a criação da AUKUS (sigla formada pelas iniciais dos países participantes da aliança, que em português são Austrália, Inglaterra e Estados Unidos), na região do mar no Sul da China, visando limitar a atuação do governo Chinês na região. Esses são alguns exemplos de como as teorias do poder marítimo e do poder terrestre, ainda se mostram relevantes no cenário internacional contemporâneo, ajudando definir os rumos da geopolítica mundial.
Título do Evento
VIII Semana Acadêmica de Sinop
Cidade do Evento
Sinop
Título dos Anais do Evento
Semana Acadêmica de SINOP
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FARIA, EULLER DA SILVA; TEIXEIRA, Vinicius Modolo. A GEOPOLÍTICA CLÁSSICA: A IMPORTÂNCIA DAS TEORIAS DO PODER MARÍTIMO E TERRESTRE PARA A COMPREENSÂO DO CENÁRIO INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO.. In: Semana Acadêmica de SINOP. Anais...Sinop(MT) Universidade Federal de Mato Grosso, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/viii-semana-academica-de-sinop-346898/677935-A-GEOPOLITICA-CLASSICA--A-IMPORTANCIA-DAS-TEORIAS-DO-PODER-MARITIMO-E-TERRESTRE-PARA-A-COMPREENSAO-DO-CENARIO-INT. Acesso em: 26/04/2025

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