AUTENTICIDADE E TURISMO NA CONTEMPORANEIDADE

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
AUTENTICIDADE E TURISMO NA CONTEMPORANEIDADE
Autores
  • Alison Sapienza de Oliveira Valladão
  • Karla E. Godoy
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 12 - Outros olhares sobre o turismo: resistências possíveis a práticas hegemônicas
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/427274-autenticidade-e-turismo-na-contemporaneidade
ISSN
Palavras-Chave
Turismo, hipermodernidade, capitalismo contemporâneo, autenticidade, consumo turístico
Resumo
Introdução Situado no contexto da hipermodernidade, o turismo, associado ao capitalismo artista, cria novos elementos e formas para a construção e produção de lugares e destinos a serem consumidos por turistas, promovendo mudanças no comportamento e nos desejos do sujeito. Nesse sentido, para o desenvolvimento da sociedade, é necessário que a sociedade de consumo, que é produto desse capitalismo, submeta-se a nova ordem, à qual a imagem, como representação imaterial do objeto, soma o valor subjetivista ao produto, com base em a partir de meios e elementos, como a publicidade e o marketing. Na sociedade contemporânea, há mudanças de paradigmas no que tange ao modo de consumir, em especial, o consumo de experiências. Experiências essas, construídas com imagens que são, em maior parte, idealizações e fetichizações de locais, culturas e identidades interpretadas da realidade, com a finalidade de serem consumidas por turistas ávidos por essas experiências. Nesse ínterim, encontram-se a autenticidade, e as implicações e os efeitos dessas explorações e novas formas de consumir no turismo. Cria-se, então, uma imagem de autenticidade de determinado local, forjando e criando simulacros da cultura e identidade deste local. Posto isso, o presente trabalho, apresentado na forma de ensaio e ancorado em pesquisa qualitativa de caráter descritivo-explicativo, tem por finalidade compreender como o conceito da autenticidade vem sendo utilizado para o consumo turístico, bem como analisar a lógica desse fenômeno e de seus desdobramentos no campo sociocultural. Optou-se pela pesquisa bibliográfica, adotando critérios que delimitaram o universo de estudo definidos pelo parâmetro temático de obras relacionadas ao objeto de estudo, bem como o uso de livros e periódicos como fontes de consulta. 1. Fundamentação teórica Situando o turismo na pós-modernidade, associado ao capitalismo contemporâneo neoliberal que cria novos elementos e formas para a construção e produção de lugares e destinos a serem consumidos por turistas, o trabalho ancora-se em Bauman para explicar as mudanças ocorridas na contemporaneidade, no qual há mudanças no comportamento e nos desejos do indivíduo, passando de uma era sólido-moderna da “sociedade de produtores”, no qual a satisfação parecia de fato residir na promessa de segurança a longo prazo e não no desfrute imediato de prazeres (BAUMAN, 2008, p.43). Para situar numa época mais atual, utiliza-se o termo cunhado por Lipovetsky (2004) para designar o período; a hipermodernidade. A hipermodernidade é se caracteriza como uma era de tendências contraditórias, antagônicas, efêmeras, hedônicas e marcadamente paradoxais (LIPOVETSKY, 2004). Outro pensamento utilizado para fundamentar o trabalho é a ideia de estetização de mundo e capitalismo artista, no qual não estamos mais no tempo em que produção industrial e cultura remetiam a universos separados, radicalmente inconciliáveis; estamos no momento em que os sistemas de produção, de distribuição e de consumo são impregnados, penetrados, remodelados por operações de natureza fundamentalmente estética (LIPOVETSKY; SERROY, 2015, p. 13). No bojo da estetização do mundo, há um capitalismo artista que, segundo Lipovetsky e Serroy (2005), multiplicam-se os estilos, as tendências, os espetáculos, os locais da arte, de modo a lançar constantemente novas modas em todos os setores, bem como a criação em larga escala do sonho, do imaginário e das emoções (LIPOVETSKY; SERROY, 2015). Nesse sentido, em vista de nesse contexto e na indústria de consumo, criam-se produtos carregados de sedução, veiculando afetos e sensibilidades, moldando assim, um universo estético (LIPOVETSKY; SERROY, 2005) e estamos vivendo um período marcado pela abundância de estilos, de imagens, de paisagismos, de espetáculos e lugares turísticos, encontra-se a autenticidade. O conceito de autêntico pode ter diversas interpretações, entendido como algo “verdadeiro”, “legítimo”, “sem imitação”, o que é original. Contudo, não se pretende colocar em questão e trazer o conceito de autenticidade para o turismo, no sentido de questionar a artificialidade de uma experiência turística ou colocar em debate como sendo ou não autêntica. A partir disso, evoca-se a ideia de autenticidade encenada (MACCANNELL, 1973), no qual a busca da autenticidade é a motivação básica dos turistas que seria uma espécie de romantização da autenticidade para fins de consumo turístico (MACCANNELL, 1973). Tal conceito, aproxima-se do que se pretende abordar. 2. Resultados alcançados A pesquisa tem o intuito de entender como se dá a produção de lugares para o consumo turístico, no contexto do capitalismo contemporâneo, bem como analisar o fenômeno em que o capitalismo se apropria da ideia e do conceito de autenticidade com intuito de serem criadas narrativas de uma experiência turística como autêntica. Dessa maneira, o trabalho se divide em 3 momentos. No primeiro momento, aborda-se a sociedade e cultura de consumo. Nesse sentido, aponta-se as mudanças de paradigmas ocorridas na sociedade contemporânea, dentre elas, as mudanças envolvendo os modos de produção, consumo e circulação de bens simbólicos. Com isso, a cultura do consumo se tornou papel de interesse, no que concerne a mudança do consumo como uma necessidade, passando a ser existência, passa-se de um consumo para um "consumismo", nomeada por Bauman (2008) como "revolução consumista”. Associado a isso, está o que Lipovetsky e Serroy (2015) caracterizam como estetização do mundo, no qual produção industrial e cultura se fundem, fazendo com que os sistemas de produção, de distribuição e de consumo são impregnados, penetrados, remodelados por operações de natureza fundamentalmente estética (LIPOVETSKY; SERROY, 2015, p. 13). A partir disso, a indústria cultural de massa, por intermédio de suas técnicas de manipulação, cria e forja necessidades a cada instante e os consumidores, ávidos por preencher um vazio. Assim, coloca-se em perspectiva o turismo, entendido como parte da lógica de consumo contemporâneo. É a partir disso que se discute, em um segundo momento, as mudanças na maneira de consumir no turismo. Dessa maneira, se colocam as experiências turísticas e o consumo dessas experiências; muitas das vezes construídas a partir de imagens que, em maior parte, são idealizações e fetichizações de locais, culturas e identidades deturpadas da realidade, com a finalidade de serem consumidas por turistas ávidos por essas experiências. Ainda nessa linha, o turismo, com as novas formas de consumo, traz consigo uma nova ordem e lógica econômica estética, fazendo com que a imagem seja um fator principal do consumo no âmbito das experiências turísticas. E por fim, no último momento, a partir da produção das experiências que serão consumidas por turísticas e construídas, principalmente, por intermédio das imagens, se evoca a autenticidade. Dessa forma, a autenticidade é entendida, no âmbito do trabalho, como uma representação de autêntico. O olhar para autenticidade está no mercado, por meio de campanhas, publicidades e marketing que criam imagens de culturas e identidades como autênticas e verdadeiras, no intuito de serem vendidas para turistas em busca de experiências definidas como autênticas. Posto isso, utiliza-se e apropria-se do conceito de autenticidade com uma forma de serem produzidas narrativas de locais, culturas e, consequentemente, experiências como sendo autênticas. Desse modo, tal processo acarreta e traz consigo diversos efeitos, em especial, no âmbito sociocultural de uma determinada localidade, principalmente, no que diz respeito ao forjamento de culturas e identidades em detrimento de uma multiplicidade da cultura, ou seja, a seleção do que seria interessante para o turista e seria apresentado a ele como a autêntica cultura local. Conclusões O presente artigo procurou refletir sobre as novas formas de exploração no turismo, bem como destacar as novas formas de produzir e de consumir no turismo, inserido em um contexto no qual a fluidez e as mudanças são constantes. Pode-se dizer que o turismo, no contexto da hipermodernidade – cujas mudanças nas formas de consumir estão expressas – utiliza-se de artifícios que se ocorrem, principalmente, pelo fetichismo e a estetização da economia, acarretando, novas formas de exploração. Colocou-se então em debate, a autenticidade, de modo que se transforme apenas em novo artifício de mercado para venda e consumo de experiências turísticas, com vistas aos turistas ávidos por essas experiências. Cria-se, então, a imagem de autenticidade de um determinado local, forjando e criando simulacros da cultura e identidade deste local. Com isso, cabe ressaltar que o debate em processo é base para pesquisas futuras e, desse modo, coloca-se o ensejo de o debate proposto seja observado em uma determinada localidade, no intuito de aprofundar e verificar sobre como esse fenômeno e seus desdobramentos ocorrem no turismo. Referências bibliográficas BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2008. LIPOVETSKY, Gilles. Os tempos hipermodernos. São Paulo: BARCAROLLA, 2004. ______; SERROY, Jean. A estetização do mundo: viver na era do capitalismo artista. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. MACCANNELL, Dean. The tourist: a new theory of the leisure class. Berkeley: University of California Press, 1999.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

VALLADÃO, Alison Sapienza de Oliveira; GODOY, Karla E.. AUTENTICIDADE E TURISMO NA CONTEMPORANEIDADE.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/427274-AUTENTICIDADE-E-TURISMO-NA-CONTEMPORANEIDADE. Acesso em: 30/04/2025

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