EROS EM AGONIA E LIQUIDEZ DO AMOR – O EU E O OUTRO EM CHUL HAN E BAUMAN

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
EROS EM AGONIA E LIQUIDEZ DO AMOR – O EU E O OUTRO EM CHUL HAN E BAUMAN
Autores
  • ALINNE ARQUETTE LEITE NOVAIS
  • Moyana Mariano Robles Lessa
  • MARIA EDUARDA PEREIRA ARQUETTE LEITE
  • Rafaela Cristina Fernandes de Oliveira
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 38 - Contemporaneidade, interdisciplinaridade e tradições fenomenológicas e existenciais-humanistas.
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/431316-eros-em-agonia-e-liquidez-do-amor---o-eu-e-o-outro-em-chul-han-e-bauman
ISSN
Palavras-Chave
Eros, Amor, Chul Han, Bauman.
Resumo
Introdução Analisar os impactos da tecnologia e da tecnolatria nos seres humanos e na sua sociedade é um passo necessário para compreender a pós-modernidade e buscar meios de evitar o perecimento da humanidade, não como espécie animal, mas como características que dotam tal espécie de um status diferenciado das demais, que possibilitam a inter-relação, a socialização, a comunicação, o amor, a paixão. Nessa análise, despontam os pensadores pós-modernos Chul Han e Bauman, que tratam de temas próprios dessa época cheia de paradoxos, em que a transparência gera a vigilância, o consumo gera a busca incansável pela autossuperação, acarretando um cansaço e uma desconsideração do outro, trazendo a decadência do eros e do amor, surgindo o problema da pesquisa: Quais são as percepções de Chul Han e Bauman sobre o eu e o outro e em que ponto essas percepções são convergentes e refletem a sociedade atual? A metodologia utilizada no presente estudo foi a qualitativa, com base no referencial teórico sobre as questões tratadas, através de pesquisa bibliográfica nas obras de Chul Han e Bauman, de outros filósofos e de autores que analisam seus escritos. 1. Fundamentação teórica O outro em sua alteridade está, no dizer de Chul Han, se erodindo, em um processo dramático, caminhando de “mãos dadas com a narcisificação do si-mesmo” (2017a, p. 6). Se as sociedades do consumo, do desempenho e do cansaço se caracterizam pela substituição da alteridade pelo inferno do igual, o eros entra em agonia, pois ele é “precisamente uma relação com o outro, que se radica para além do desempenho e do poder.” (HAN, 2017a, p. 13). Assim também o amor se torna líquido, na medida em que, conforme aponta Bauman, “amar diz respeito a auto-sobrevivência através da alteridade”, pois “no amor, o eu é, pedaço por pedaço, transplantado para o mundo. O eu que ama se expande doando-se ao objeto amado” (BAUMAN, 2004, p. 20). Enfim, para Chul Han, a agonia do eros é uma característica da atual sociedade, que se diz pós-moderna, em que o amor está desaparecendo e a paixão está se arrefecendo (HAN, 2017a, p. 6), não apenas pelas possibilidades ilimitadas de escolha, mas também e, principalmente, pela “erosão do outro”, pela narcisificação do eu e pela transformação de tudo em objeto de consumo, inclusive o amor, que se positiva em sexualidade, equiparando o corpo a uma mercadoria e, portanto, objeto consumível (HAN, 2017a, p. 14). E para Bauman isso também está ocorrendo, com o amor e todas as espécies de vínculos sociais se caracterizando por “uma inédita fluidez, fragilidade e transitoriedade em construção (a famosa ‘flexibilidade’)” (BAUMAN, 2004, p. 80). A experiência erótica, para Chul Han, é uma experiência no outro, não podendo ser abarcada “pelo regime do eu”, pressupondo, ao contrário, “a assimetria e exterioridade do outro” (HAN, 2017a, p. 6). O autor afirma que “o eros arranca o sujeito de si mesmo e direciona-o para o outro” (HAN, 2017a, p. 7) e, justamente por isso, por conduzir o sujeito “do inferno do igual para a atopia, para a utopia do completamente outro”, o eros vence a depressão (HAN, 2017a, p. 10). Contudo, como o eros agoniza na sociedade pós-moderna, ela está sendo caracterizada pela depressão, por essa doença narcísica, em que o sujeito está saturado de si mesmo (HAN, 2017a, p. 7), impedindo a realização do amor (HAN, 2017a, p. 10), impossibilitando a expiação da culpa (HAN, 2017a, p. 13), incapacitando o sujeito de tirar uma conclusão (HAN, 2017a, p. 23). Da mesma forma, para Bauman, a pós-modernidade apresenta como característica um elevado número de “pessoas que tendem a chamar de amor mais de uma de suas experiências de vida, que não garantiriam que o amor que atualmente vivenciam é o último e que têm a expectativa de viver outras experiências como essa no futuro” (BAUMAN, 2004, p.16), pois o homem da pós-modernidade vai se ‘conectando’ em uma sociedade igualmente líquida, apresentando nas relações sociais, econômicas e afetivas uma fragilidade subjetiva, inconstante e incerta. Baseadas nessas reflexões de Byung-Chul Han e Zygmunt Bauman sobre as relações interpessoais na sociedade pós-moderna e na complexidade decorrente de sua superficialidade foi desenvolvido do presente estudo, através do qual se buscou entender um pouco mais o que esse admirável mundo novo nos apresenta, como ele nos controla, o que ele nos reserva e como será possível sobrevivermos humanamente a ele. 2. Resultados alcançados Buscou-se promover uma reflexão do leitor a respeito do relacionamento afetivo humano na pós-modernidade, especialmente com o olhar voltado aos estudos dos filósofos contemporâneos Byung-Chul Han e Zygmunt Bauman. Ambos possuem literaturas que se complementam, apresentando um efeito de continuação em busca do conhecimento do eu e do outro. O eixo geral que envolve os estudos de Bauman é a liquidez contemporânea, presente e atuante na pós-modernidade, perpassando pela individualidade até chegar ao social e global. Por outro lado, as pesquisas de Chul Han apresentam uma linha que se fixa no desaparecimento do outro, tendo como consequência o desaparecimento do eu. Chul Han identifica a manifestação do narcisismo como um problema de invisibilidade do eu, que acaba por refletir em uma sociedade do cansaço, ou como apresenta Bauman, uma sociedade líquida. O eros/amor em agonia, de Byung-Chul Han, traz um questionamento das relações pessoais e sociais, sejam essas relações com o mundo ou com o outro. Esse desaparecimento do outro exposto por Chul Han é um indicativo de que a sociedade pós-moderna está se tornando cada vez mais narcisista, não conseguindo reconhecer a importância do outro em todas as relações, mas, mais especificamente nas relações afetivas, tornando-se, portanto, uma sociedade contemporânea sem eros, ou com um eros que se apresenta em angústia e sofrimento. O narcisismo dá existência a uma crise no amor, tornando o indivíduo incapaz de amar, refletindo negativamente em todos os âmbitos da vida. Byung-Chul Han traz como análise social o modo como o indivíduo compara tudo o tempo todo, tentando nivelar à igualdade, desconsiderando o que é diferente e, desta forma chega-se às sociedades do consumo, do desempenho e do cansaço, que substituem a alteridade pela angústia do igual. Nessa mesma linha de intelecção, Bauman apresenta a liquidez humana em seu modo de se inter-relacionar consigo mesmo e com o outro. O indivíduo pós-moderno se tornou superficial em excesso. Para o filósofo a liquidez/superficialidade é tão extenuada que o ser humano acaba “se afogando” nas informações e ainda assim, continua “faminto” pela sabedoria. Característica de uma sociedade de consumo líquida, com amores líquidos, que iniciam e acabam com a mesma rapidez, sem criar vínculos afetivos ou morais. Conclusões Chul Han aponta o desaparecimento do amor e a morte da paixão, o filósofo apresenta a agonia do eros que tem se tornado na pós-modernidade um objeto consumível. E Bauman aponta a liquidez humana em suas relações afetivas e sociais, apresentando, portanto, a subjetividade fenomenológica de um amor frágil, incerto e líquido. Referências bibliográficas BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Trad. Carlos Alberto Medeiros, Rio de Janeiro: Zahar, 2004. BAUMAN, Zygmunt. Tempos líquidos. Trad. Carlos Alberto Medeiros, Rio de Janeiro: Zahar, 2007. HAN, Byung-Chul. Agonia do eros. Tradução de Ênio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2017a. HAN, Byung-Chul. Sociedade da transparência. Tradução de Ênio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2017b. HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. 2 ed. Tradução de Ênio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2019.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

NOVAIS, ALINNE ARQUETTE LEITE et al.. EROS EM AGONIA E LIQUIDEZ DO AMOR – O EU E O OUTRO EM CHUL HAN E BAUMAN.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/431316-EROS-EM-AGONIA-E-LIQUIDEZ-DO-AMOR---O-EU-E-O-OUTRO-EM-CHUL-HAN-E-BAUMAN. Acesso em: 25/04/2025

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