FORMAÇÃO PROFISSIONAL E CURRÍCULO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL DA PUC-RIO (1980-1990)

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
FORMAÇÃO PROFISSIONAL E CURRÍCULO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL DA PUC-RIO (1980-1990)
Autores
  • Ana Lole
  • Isabella Lorrany Marinho Silva
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 16 - Educação, Memória, História
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/432510-formacao-profissional-e-curriculo-do-curso-de-graduacao-em-servico-social-da-puc-rio-(1980-1990)
ISSN
Palavras-Chave
Currículo, Formação profissional, Serviço Social.
Resumo
Introdução Esse trabalho refere-se a uma pesquisa de iniciação científica financiada pelo Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Foi realizado um mapeamento dos currículos do curso de graduação em Serviço Social do Departamento de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), referente as décadas de 1980 e 1990. No período da nossa pesquisa vivenciamos duas revisões curriculares, em 1982 e 1996, desta forma, considerando a preocupação das unidades de ensino em incorporar a proposta das Diretrizes Curriculares da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) é necessário destacar, no entanto, que não ocorre uma ruptura com a concepção original do currículo, na medida em que o esforço é de agregar as propostas. Por meio de revisão bibliográfica, acreditamos que a análise dos currículos tem muito a nos dizer, pois nos permite examinar a dimensão do avanço dessa discussão através da história recente da profissão. A relação entre o conteúdo da formação e o perfil profissional tem marcado as estratégias de legitimidade, reconhecimento social e rupturas em torno do Serviço Social desde muito tempo. 1. Fundamentação teórica Em meados dos anos 1980, diante das transformações societárias vivenciadas na década de 1970, o Serviço Social buscou estratégias profissionais para responder as novas demandas a ele apresentadas, inaugurando-se no período a ruptura com o conservadorismo da profissão. O rompimento com o conservadorismo concebeu uma “cultura profissional muito diferenciada, preenche de diversidades, mas que acabou, ao longo da década de oitenta e na entrada dos anos noventa, por gestar e formular uma direção social estratégica que colide com a hegemonia política que o grande capital pretende construir” (NETTO, 1996, p. 116). Direção essa que está explícita no Código de Ética Profissional em vigência desde 1993. A luta pela definição da profissão pode ser catalogada no decorrer da história recente de reformulação dos códigos de ética profissionais, que terá impactos importantes para as diretrizes curriculares no Serviço Social. Nesta direção, os currículos são elementos estratégicos para os sentidos profissionais que se deseja engendrar, ou seja, eles não são apenas reflexos ou representação de uma condição objetiva dada, mas também participam da construção dessas condições. Cabe ressaltar que a experiência do currículo não se resume na grade curricular, mas se operacionaliza em atos, rotinas, processos cotidianos que envolvem sujeitos variados que vão construindo sentidos inesperados. Conforme dito na introdução, a pesquisa foi desenvolvida junto ao Departamento de Serviço Social da PUC-Rio, curso criado em 1937. O curso de graduação em Serviço Social da PUC-Rio é o segundo criado no Brasil, colocando-o em um lugar de relevância na história da profissão. Assim, podemos ressaltar que sua matriz curricular muito influenciou os demais cursos de Serviço Social no país. Outro destaque que fazemos é que no ano de 2022 o curso completa 85 anos de existência. Nossa pesquisa versa sobre as décadas de 1980 e 1990, período após o processo de renovação do Serviço Social, o qual tivemos duas revisões curriculares, em 1982 e 1996. Foi na reforma curricular de 1982 que a pesquisa aparece como uma das exigências da formação profissional. Já o projeto pedagógico da década de 1990 estabelece as “dimensões investigativa e interventiva como princípios formativos e condição central da formação profissional e da relação teoria e realidade” (ABEPSS, 1996, p. 6). 2. Resultados alcançados Esta pesquisa compõe o projeto interinstitucional “Por uma História do Gênero e Feminismos no Serviço Social” desenvolvido em conjunto com as instituições Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A referida pesquisa versa sobre os estudos de formação profissional, produção acadêmica e científica, e gênero/feminismos em Serviço Social nas décadas de 1980 e 1990, período da primeira fase dos currículos pós-reconceituação do Serviço Social. Em meados dos anos 1980, diante das transformações societárias vivenciadas na década de 1970, o Serviço Social buscou estratégias profissionais para responder as novas demandas a ele apresentadas, inaugurando-se no período a ruptura com o conservadorismo da profissão. Nesta direção, os currículos são elementos estratégicos para os sentidos profissionais que se deseja engendrar, ou seja, eles não são apenas reflexos ou representação de uma condição objetiva dada, mas também participam da construção dessas condições. Com o material coletado podemos verificar que o curso de Serviço Social da PUC-Rio realizou duas revisões curriculares no período compreendido desta pesquisa: em 1984 e 1994. Contudo, iremos apresentar também as revisões de 2002 e 2021. Observamos nas estruturas curriculares das revisões de 1984 e 1994 alterações entre elas, tais como: nome de disciplinas, quantidade de disciplinas ofertadas, carga horária e número de créditos das disciplinas. Isso demonstra que as matrizes curriculares estavam em sintonia com as diretrizes profissionais, como também com as mudanças ocorridas na realidade social. Na estrutura curricular de 2002 duas alterações nos chamaram a atenção: o aumento das disciplinas Seminário de Conteúdo Variável que aparecem em número de 6 e a ausência das disciplinas de Educação Física. Essa nova proposta curricular em curso a partir deste ano de 2021 nos apresenta diversas alterações importantes, tais como: o aumento das disciplinas de Estágio Supervisionado em Serviço Social; incorporação da nomenclatura Fundamentos Históricos e Teórico-metodológicos do Serviço Social; a incorporação da disciplina de Ética Profissional em Serviço Social no Núcleo de Formação Profissional; a criação de eletivas do próprio Curso. Ressaltamos que a análise de documentos, longe de buscar evidenciar uma realidade empírica ou descrever o que ocorre na prática, permite mostrar os discursos e narrativas que formulam determinada compreensão da profissão e, especialmente para os propósitos de nossa pesquisa, ressaltam as construções teóricas produzidas e aquelas que são apartadas no jogo das definições do trabalho e da formação profissional. No caso dos currículos, sabemos que existem inúmeras táticas, resistências e embates teóricos que tem lugar no cotidiano das escolas de Serviço Social. Estes cenários formulam brechas e possibilidades para outras linguagens no campo das teorias críticas ou não, os quais ultrapassam as formulações postas pelos documentos institucionais. Nesta direção, as Diretrizes Curriculares de 1996 apresentam-se como uma estratégia importante do processo de formação profissional do Serviço Social disseminando novos signos profissionais (COSTA, 1995), baseados na perspectiva segundo a qual o Serviço Social “se particulariza nas relações sociais de produção e reprodução da vida social como uma profissão interventiva no âmbito da questão social, expressa pelas contradições do desenvolvimento do capitalismo monopolista” (ABEPSS, 1996, p. 5). Desse modo, participa da definição do que a profissão é. Conclusões O estudo teórico sobre currículo e o mapeamento das grades curriculares do período de 1980/1990 do curso de graduação em Serviço Social do Departamento de Serviço Social da PUC-Rio permitiram uma maior compreensão da importância desse debate para a formação profissional do Serviço Social. Também nos possibilitou entender a cultura profissional nos diferentes períodos de elaboração dos currículos. O currículo, a nosso ver, faz parte das relações hegemônicas. Desta forma, é necessário que a educação possa ser um instrumento para que o indivíduo tenha condições e capacidade para ser dirigente. Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL (ABEPSS). Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social. Rio de Janeiro, nov. 1996. COSTA, Suely Gomes. Signos em transformação: a dialética de uma cultura profissional. São Paulo: Cortez, 1995. LOLE, Ana. Gênero e Serviço Social: uma análise a partir do paradigma indiciário. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, n. 127, p. 555-573, set./dez. 2016. NETTO, José Paulo. Transformações societárias e Serviço Social: notas para uma análise prospectiva da profissão no Brasil. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, ano 17, n. 50, p. 87-132, abr. 1996. SÁ, Jeanete Liasch Martins de. Conhecimento e currículo em Serviço Social: análise das contradições (1936-1975). São Paulo. Cortez, 1995.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

LOLE, Ana; SILVA, Isabella Lorrany Marinho. FORMAÇÃO PROFISSIONAL E CURRÍCULO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL DA PUC-RIO (1980-1990).. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/432510-FORMACAO-PROFISSIONAL-E-CURRICULO-DO-CURSO-DE-GRADUACAO-EM-SERVICO-SOCIAL-DA-PUC-RIO-(1980-1990). Acesso em: 29/04/2025

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